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9a aula OS PROCEDIMENTOS TRABALHISTAS

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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Prof. MARCÍLIO FLORÊNCIO MOTA
profmarciliomota@hotmail.com
Tema da aula: OS RITOS PROCEDIMENTAIS TRABALHISTAS
1. DEFINIÇÃO DE PROCEDIMENTO
	O processo é uma relação jurídica e ao mesmo tempo um conjunto ou complexo de atos coordenados no exercício da jurisdição. Assim, se processo é o conjunto de atos, o procedimento é o modo ou a forma como esses atos preordenados são praticados, ou seja, é a forma ou rito com que o processo se desenvolve e se exterioriza. Nesse contexto não custa lembrar que o procedimento, o jeito de ser do processo e a forma como os atos processuais serão praticados até a solução do conflito, também integra a garantia do devido processo legal. 
	Após fazer breve distinção entre processo e procedimento, Cintra, Grinover e Dinamarco (2009) traçam as seguintes linhas esclarecedoras sobre o procedimento:
O procedimento é, nesse quadro, apenas o meio extrínseco pelo qual se instaura, desenvolve-se e termina o processo; é a manifestação extrínseca deste, a sua realidade fenomenológica perceptível. A noção do processo é essencialmente teleológica, porque ele se caracteriza por sua finalidade de exercício do poder (no caso, jurisdicional). A noção de procedimento é puramente formal, não passando da coordenação de atos que se sucedem. Conclui-se, portanto, que o procedimento (aspecto formal do processo) é o meio pelo qual a lei estampa os atos e fórmulas da ordem legal do processo.	
	
No processo do trabalho conhecemos alguns procedimentos que lhe são próprios e outros trazidos do processo comum de modo supletivo. Passamos a tratar dos procedimentos do processo do trabalho.
	 
2. O PROCEDIMENTO DA LEI N. 5.584/1970
	2.1. Cabimento: Causas de até 02 salários mínimos
	2.2. Recepção da Lei pela CF: Súmula 356 do TST.
Nº 356    ALÇADA RECURSAL. VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
O art. 2º, § 4º, da Lei nº 5.584, de 26.06.1970, foi recepcionado pela CF/1988, sendo lícita a fixação do valor da alçada com base no salário mínimo.
	
	2.3. Características: §§ 3º e 4º do art. 2º. 
a) Possibilidade de dispensa do resumo dos depoimentos, devendo constar do Termo a conclusão da Vara quanto à matéria de fato - § 3º do art. 2º;
b) O recurso contra a sentença só será cabível em se tratando de matéria constitucional - § 4º do art. 2º. O valor a ser considerado é o do salário mínimo na época do ajuizamento da ação. O recurso que couber não será para o recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal e sim para o Tribunal Regional. O recurso a ser utilizado será, pois, o Recurso Ordinário. 
	
A doutrina diverge quanto à aplicabilidade do procedimento da Lei n. 5.584/70. Para alguns (SCHIAVI, 2009), o procedimento teria sido absorvido pelo rito sumaríssimo. Ainda que prevaleça essa teoria, podemos interpretar que remanesce, contudo, a regra que veda recurso nas causas de até dois salários mínimos, exceto em matéria constitucional.
	Na prática trabalhista quase não encontramos causas de até dois salários mínimos, o que revela o desuso do procedimento.
	
3. O PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO – ARTS. 852-A A 852-I DA CLT
	O procedimento sumaríssimo foi introduzido no processo do trabalho pela Lei n. 9.957/2000, que criou diversos dispositivos na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
Esse procedimento veio como uma tentativa do legislador de resgatar a prática da audiência única. É que, ainda que do ponto de vista legal, o rito ordinário também deva ser praticado em audiência única, a maioria dos juízes dividem o procedimento em diversas sessões.
	3.1. Cabimento: 
Causas de até 40 salários mínimos, exceto em que figure pessoa jurídica de direito público – Parágrafo único do art. 852-A - e as que necessitem da citação do réu por edital – inciso II do art. 852-B.
	O procedimento, assim, é previsto apenas em se considerando o valor da causa. No processo do trabalho, a única matéria que não pode ser apresentada através do rito sumaríssimo é o pedido de reconhecimento de justa causa de empregado estável, que terá de assumir o procedimento previsto para o Inquérito Judicial.
	3.2. Características:	
a) O pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente – inciso I do art. 852-B – sob pena de arquivamento do processo, ou seja, extinção do processo sem solução de mérito, e custas pelo autor § 1o.
A doutrina interpreta que para que a causa assuma o rito sumaríssimo, o autor deverá formular pedido certo e determinado. O autor não poderá, assim, formular pedido genérico, como o que se dá no pleito de indenização por dano material na hipótese em que ainda não for possível precisar os efeitos da lesão sofrida – art. 286 do CPC.
Questão que se apresenta intrigante é aquela referente à vinculação do juiz ao valor pretendido pelo autor. A aplicação da regra do art. 460 do CPC nos conduz a que interpretemos que o juiz do trabalho está adstrito ao valor pretendido. Por outro lado, a Lei n. 9099/1995 prevê que a adoção do rito previsto na referida lei implica em que o autor está abrindo mão de quantia maior a que fazia eventualmente jus. 
A interpretação de que o Juiz do Trabalho não fica adstrito ao valor fixado pelo autor ao pedido para efeito de condenação e, assim, pode condenar o réu em quantia superior conduz a indagar se não haverá nulidade quando o valor da condenação superar 40 salários mínimos. É que, superando a causa 40 salários mínimos, ela deveria assumir o rito ordinário, quando se reconhece às partes a possibilidade de ouvir mais testemunhas e quando o acesso ao sistema recursal é mais amplo.
b) A apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da Vara do Trabalho - Inciso III do art. 852-B.
O prazo previsto em lei é impraticável na maioria das Varas. A necessidade da citação do reclamado, que se faz pelo Correio, via de regra, impede a observação do prazo em questão. A prática revela a possibilidade de que a causa seja apreciada num prazo médio de 25 dias.
c) As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação - § 2º do art. 852-B.
Aqui nós temos uma presunção juris et de jure, ou seja, uma presunção legal. O CPC prevê presunção idêntica na segunda parte do Parágrafo único do art. 39. A regra celetista impõe que não apenas os advogados, mas também as partes deverão comunicar ao juízo o endereço para recebimento de intimações. A regra ingressa na perspectiva de dar celeridade ao procedimento.
d) Serão instruídas e julgadas em audiência única - Art. 852-C.
	
A regra trata, como já sublinhamos, da tentativa do resgate da audiência única no processo do trabalho, o que concretiza o princípio da oralidade (CINTRA; DINAMARCO; GRINOVER, 2009).
A prática revela que os julgamentos, via de regra, não são praticados na mesma audiência de instrução. Assim, os juízes recebem as partes, tentam a conciliação, obtêm à defesa e colhem as provas em audiência única. A sentença é proferida em outra audiência. A sentença na mesma audiência tem três inconvenientes: o juiz estará julgando o caso sem “amadurecer” a decisão; as provas, especialmente os documentos, poderão ser consideradas com equívoco; e outros processos estarão aguardando o término da audiência, o que pode implicar na necessidade de que as partes e testemunhas dos processos subseqüentes esperem por mais tempo do que o razoável. 
e) Terão registro resumido dos atos essenciais, das afirmações fundamentais das partes e das informações úteis à solução da causa trazidas pela prova testemunhal - art. 852-F.
	O legislador está prevendo, nesse caso, a desnecessidade da transcrição literal das afirmações das partes e de testemunhas, o que acontece no rito ordinário.O juiz obterá as informações e fará o registro do resumo daquilo que obtiver e que julgar ser importante para o julgamento da causa.
No procedimento de causas de até dois salários mínimos, o juiz está dispensado de registrar os fatos trazidos pelas partes e testemunhas. Ele poderá registrar no termo de audiências apenas as conclusões que obteve da prova colhida, conforme o § 3º do art. 2º da Lei n. 5.584/70.
f) Serão decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência e do processo - Art. 852-G.
	
A regra em questão reforça o art. 852-C no tocante a que as causas de rito sumaríssimo devem ser decididas em audiência única. Os incidentes os mais diversos, sobretudo o de incompetência relativa não terá o condão de suspender o processo. 
A alegação de impedimento ou de suspeição que não for reconhecida pelo juiz suspenderá o processo pela necessidade de remessa dos autos ao juízo de apreciação, qual seja o TRT, conforme o art. 13 da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho. 
Ressaltamos, entretanto, que ainda não é uniforme a interpretação dos juízes e tribunais quanto à aplicabilidade das regras do processo comum nos incidentes de suspeição e de impedimento. Alguns juízes e tribunais interpretam que o próprio juiz cuja suspeição ou impedimento é levantado julgará o incidente.
g) Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente - Art. 852-H.
	
A desnecessidade de requerimento prévio da prova é uma característica do processo do trabalho. Em quaisquer dos ritos procedimentais não há exigência de que as partes requeiram a prova a ser produzida. No processo comum impera, inversamente, a necessidade da indicação das provas a serem produzidas, tanto pelo autor, quanto pelo réu, conforme os arts. 282 e 300 do CPC. 
	Ressaltamos, nesse ponto, que o processo do trabalho, inclusive no rito sumaríssimo, comporta a produção de prova testemunha ou pericial a partir da expedição de carta precatória.
	Será possível, também, que o juízo vá ao encontro de testemunha, se for autoridade que goza dessa prerrogativa ou doente que não possa se locomover.
	
h) Manifestação imediata sobre os documentos apresentados pela parte adversa, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz – § 1º do art. 852-H.
	A regra prevê que as partes falarão sobre os documentos do adversário na audiência. Ressalva, no entanto, que competirá ao juiz à concessão de prazo para essa manifestação, o que será justificado pela quantidade e/ou complexidade deles. Destacamos, nesse ponto, que a decisão do juiz deve ser razoável porque ela poderá implicar em nulidade do processo por cerceamento do direito de defesa.
i) As partes apresentarão até duas testemunhas, que comparecerão à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação - § 2º do 852-H.
	No rito ordinário, as partes poderão ouvir até três testemunhas. No caso do Inquérito Judicial, o número de testemunhas por litigantes sobre para seis. No rito sumaríssimo esse número desce para dois. 
	As partes não têm a necessidade de requerer ao juízo a prévia intimação das testemunhas. No rito sumário do processo comum, as testemunhas têm a necessidade de serem arroladas pelo autor e pela defesa nas suas peças postulatórias.
j) As testemunhas das partes serão conduzidas à audiência pelos litigantes independentemente de intimação. A testemunha convidada pela parte que não comparecer será conduzida coercitivamente - 3º do 852-H; 
	A ausência da testemunha na audiência do rito sumaríssimo implicará na sua condução coercitiva por ordem do juízo. A parte que foi prejudicada pelo não comparecimento da testemunha não tem o ônus de demonstrar o convite, o qual é presumido. Assim, apenas pela alegação do convite já restará a necessidade de condução da testemunha faltosa.
k) Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito - § 4º do art. 852-H.      
	
A regra em questão é cheia de palavras... Não há prova pericial se não houver necessidade em vista do fato a ser provado. Ressalte-se, no entanto, que conforme interpretação ainda vigente alguns fatos reclamam necessariamente a prova pericial. A alegação de trabalho insalubre ou perigoso exige a nomeação de perito, conforme a interpretação vigorante, ainda que o reclamado tenha sido revel, conforme se extrai do § 2º do art. 195 da CLT.
	A CLT não estabelece o prazo para a realização da perícia. Esse prazo é do tipo judicial e será fixado pelo juiz de acordo os princípios que regem a fixação dos prazos processuais. Ele deve ser, assim, um prazo razoável e necessário a que o perito se desincumba de seu trabalho.
O juiz deve fixar o objeto da pericia, ainda que ao perito se reconheça, na jurisprudência, margem para trabalho que extrapole os limites impostos – Súmula n. 293 do TST.
A nomeação do perito recai sobre pessoa da confiança do juiz, normalmente entre peritos que se cadastram perante a Vara para servir ao juízo. 
l) A manifestação sobre o laudo é no prazo comum de 05 dias - § 6º do art. 852-H.
	
O legislador fixou o prazo para a manifestação das partes sobre o laudo. Esse prazo é comum e de cinco dias. Em sendo o prazo comum, os autos não poderão sair da secretaria, exceto nas hipóteses do § 2º do art. 40 do CPC. Assim, os autos poderão ser retirados em conjunto ou mediante prévio ajuste por petição nos autos e, ainda, para a obtenção de cópias para a qual cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora independentemente de ajuste. 
m) Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa - § 7º do art. 852-H.
	Existem várias razões para que a audiência seja interrompida. Pode acontecer pela necessidade da condução de testemunha, para a realização de uma prova pericial, para o cumprimento de uma carta precatória, etc. O que se destaca, na regra, é a necessidade de que haja uma data para o prosseguimento da audiência e que, caso essa data não fique dentro do prazo de trinta dias do adiamento o juiz faça a justificação nos autos.
	
n) A sentença dispensa o relatório e deve ser líquida - Art. 852-I.
	
Os requisitos estruturais da sentença são o relatório, os fundamentos e o dispositivo ou conclusão. No caso das sentenças do rito sumaríssimo, o juiz estará dispensado do relatório. A dispensa proporciona um ganho de tempo para o juiz. Ressaltamos, no entanto, que a dispensa do relatório não significa que o juiz não possa fazê-lo. No que respeita à necessidade de que a sentença seja líquida, essa interpretação decorre da constatação de que a inicial é com pedido certo e determinado. As sentenças ilíquidas, que não prevêem de antemão a quantia da condenação, são justificadas pelos pedidos genéricos, os quais são previstos no art. 286 do CPC. 
o) O Recurso Ordinário tem apenas Relator; o relatório é dispensado; o MPT oferecerá parecer oral na Sessão de julgamento e a decisão pode ser com a confirmação dos fundamentos da decisão de primeiro grau - § 1º do art. 895 da CLT;
	
A sentença que o juiz profere no rito sumaríssimo admite Recurso Ordinário conta o ato. O RO, por sua vez, terá apenas relator. No RO do rito ordinário temos um relator e um revisor para o recurso. 
O relatório propriamente dito é dispensado. Na sessão de julgamento o relator expõe a causa e o recurso de modo oral para os demais julgadores do recurso. 
O parecer que o Ministério Público costuma oferecer por escrito, quando vislumbra interesse público, será oral na sessão de julgamento. 
	Por fim, a regra ressalta que a decisão de julgamento do RO pode ser com a confirmação dos fundamentos utilizados pelo primeiro grau. Não haverá, assim, necessidade de fundamentos próprios pelo órgãorecursal.
p) O Recurso de Revista tem restrição quanto à admissibilidade, ou seja, é admitido quando o acórdão contrariar Súmula do TST ou violar diretamente dispositivo da Constituição - § 6º do art. 896.
	O Recurso de Revista é cabível contra decisões de Turmas dos Tribunais Regionais do Trabalho. Assim, por exemplo, quando a Turma julga um Recurso Ordinário a decisão (acórdão) pode comportar o RR. O RR é de índole extraordinária e o seu cabimento não se dá pela simples sucumbência da parte. O perdedor no julgamento do RO terá de aliar a sucumbência a uma das hipóteses previstas em lei para o cabimento da Revista. As hipóteses de cabimento do RR são mais amplas quando do julgamento do Recurso Ordinário no rito ordinário – alíneas do art. 896 da CLT. No caso de julgamento de RO em rito sumaríssimo, o RR só é cabível se a decisão regional violar a Constituição Federal ou contrariar Súmula do TST.
	
4. O PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
	4.1. Cabimento: Para as causas de valor superior a 40sm ou inferior a 40sm, mas em que figure pessoa jurídica de direito público ou haja necessidade de citação do reclamado por edital.
	
4.2. Características: 
a) O procedimento deve ser em audiência única – art. 843 a 852 da CLT.
Os ritos procedimentais do processo do trabalho devem ser em audiência única. A prática, no entanto, consagrou ao longo do tempo a divisão do rito ordinário em várias sessões, o que acarretou a providência legislativa da adoção do rito sumaríssimo com o objetivo de resgatar a audiência única.
Assim, a audiência do rito ordinário na prática é subdivida em três sessões: na primeira ou inaugural, o juiz tenta conciliar as partes e, caso não obtenha êxito, recebe a defesa do reclamado; na audiência em sequência, o juiz faz a instrução da causa, quando é colhida a prova oral, as partes aduzem as razões finais e são instadas novamente à conciliação; e na audiência de julgamento, quando o juiz profere a sentença. Na prática, não há uma audiência de julgamento. O juiz prepara a sentença em seu gabinete ou residência e entrega o documento para que os seus assistentes promovam a colação dele aos autos.
b) As exceções de incompetência, suspeição e impedimento são recebidas com efeito suspensivo – art. 799. 
A exceção de incompetência relativa é recebida pelo juiz, no rito ordinário, com a suspensão do processo. O juiz reconhecerá ao excepto o prazo de 24 horas para manifestação, art. 800 da CLT - e designará audiência para a instrução e o julgamento do incidente. A instrução terá lugar para as questões de fato que forem controvertidas. 
Nos casos de exceção de suspeição e de impedimento, não custa lembrar, se o juiz não reconhecer o defeito alegado pela parte, os autos serão remetidos ao Tribunal para julgamento do incidente, o que, como já destacamos, está previsto na Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, mas que não tem aceitação unânime dos juízes e tribunais. 
c) As partes podem ouvir até 03 (três) testemunhas – art. 821 da CLT.
	O número de testemunhas será de até três por litigante, o que revela uma diferença para com o rito sumaríssimo, quando são ouvidas até duas testemunhas, e o Inquérito Judicial, quando são ouvidas até seis testemunhas. No caso de litisconsórcio ativo facultativo, o número de testemunhas será para o conjunto de litigantes do pólo ativo. No litisconsórcio passivo, cada parte terá direito a apresentar três testemunhas.
d) Os recursos interpostos têm Relator e Revisor.
	
O Recurso Ordinário é o equivalente da apelação no processo do trabalho, quando interposto contra decisão da Vara do Trabalho na fase de conhecimento. O RO é julgado por uma Turma do Regional composta de três juízes. Independentemente do teor do RO, o recurso terá relator e revisor. Ressaltamos esse aspecto porque no rito sumaríssimo o RO tem relator e não tem revisor. Além do mais, a apelação nos casos de indeferimento da petição inicial também não tem revisor, o que não se aplica no processo do trabalho.
	
e) O cabimento do Recurso de Revista é mais amplo em se considerando a previsão para o rito sumaríssimo.
 
	Como ressaltamos em linhas passadas, o RR interposto contra acórdão proferido em julgamento de RO em rito ordinário tem maior possibilidade de cabimento em se considerando o cabimento no rito sumaríssimo – alíneas e § 6º do art. 896 da CLT.
5. O INQUÉRITO JUDICIAL
	5.1. Cabimento: É cabível para a obtenção de sentença constitutiva de despedida do obreiro que goza estabilidade no emprego e que cometeu falta grave – art. 853 da CLT. Valetin Carrion (2009) afirma que a jurisprudência interpreta que a ação é para a dispensa de qualquer empregado que goze estabilidade, ainda que de natureza provisória. O procedimento nos remete ao princípio da indispensabilidade do controle jurisdicional, que corresponde ao reconhecimento da atuação necessária do Poder Judiciário para a constituição de alguns estados ou reconhecimento de condutas como jurídicas (CINTRA; DINAMARCO; E GRINOVER, 2009).
	5.2. Prazo decadencial: O inquérito deverá ser ajuizado em 30 (trinta) dias, se houver suspensão do empregado. Esse prazo é decadencial – art. 853 da CLT – o que corresponde a dizer que, caso haja a suspensão do trabalhador se o processo não for instaurado em 30 dias, o empregador perde o direito de pedir o reconhecimento da justa causa na Justiça do Trabalho.
	
5.3. Peculiaridades:
a) As partes podem ouvir até 06 (seis) testemunhas – art. 821 da CLT;
b) A natureza da ação e da sentença que é natureza constitutivo-negativa.
6. OS DISSÍDIOS COLETIVOS – ARTS. 856 E SS.
	6.1. Definição: É a ação que envolve os sindicatos que representam as categorias dos trabalhadores e empregadores, proposta por um dos sindicatos contra o outro, para que o Tribunal fixe uma interpretação para uma regra controvertida, ou por ambos os sindicatos, em comum acordo, para que o Tribunal estabeleça regras que deverão ser observadas nos contratos individuais.
6.2. Cabimento: Conflitos jurídicos (de interpretação de norma) ou econômicos (para fixação de regras que serão observadas nas contratações individuais) que envolvam a categoria patronal e dos trabalhadores representadas por sindicato. 
	
6.3. Peculiaridades: 
a) A competência para o processo é dos Tribunais. Será do Tribunal Regional do Trabalho se os sindicatos em conflito tiverem base de atuação restrita à área de jurisdição do Tribunal. Se a área de atuação dos sindicatos exceder a base de jurisdição de um Tribunal Regional, a competência será do TST.
b) O conflito de natureza jurídica pode ser apresentado ao Tribunal por um dos sindicatos, ou seja, não há necessidade do mútuo consentimento para o ajuizamento do dissídio;
c) Em matéria de conflito econômico só pode ser instaurado o processo pelos sindicatos em comum acordo - § 2º do art. 114 da CF - exceto se houver greve em atividade essencial, quando o dissídio pode ser instaurado pelo MPT� - § 3º do art. 114;
d) Em conflitos econômicos a decisão do Tribunal, chamada de “sentença normativa”, fixa regras que são observadas pelas categorias em conflito.
7. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO:
	O TST dispôs por meio de ato normativo que os procedimentos especiais do processo comum tramitarão na Justiça do Trabalho segundo o rito procedimental estabelecido na legislação comum. Esse reconhecimento do TST de que procedimentos do processo comum podem ser adotados no processo especial do trabalho segue uma interpretação bastante comum dos estudiosos e a prática de todos os Tribunais trabalhistas do país.
	Na seqüência indicamos as ações de rito especial que mais são praticadas no processo do trabalho.
	7.1. A ação de consignação em pagamento – arts. 890 a 900 do CPC e 334 a 345 do Código Civil. É a ação pelo qual o devedor postula o pagamento e a quitação de uma dívida que o devedor se nega a receber ou que não foi paga em decorrência do devedor não saber quem é o credor. Em ambos os casoso devedor pretende não incidir na mora e nas suas consequências.
	A hipótese comum no processo do trabalho é a da consignação de verbas trabalhistas pelo empregador. Exemplos comuns são o abandono do emprego e a morte do trabalhador. O empregador pretende pagar o que é devido ao trabalhador ou aos seus dependentes, conforme o caso, e não tem alternativa, muitas vezes, que não a consignação. Pensemos no caso do empregado que não reconhece o abandono e se nega a receber o que o empregador está dizendo que ele tem direito. Por outro lado, na morte do trabalhador o empregador pode não saber quem são, ao certo, os seus dependentes e, por isso, promove a consignação para que recebam na Justiça conforme o direito de cada um.
	7.2. As ações possessórias: A ação possessória é para a manutenção ou restituição de posse ou propriedade. Pode ocorrer, por exemplo, quando o empregado recebe uma casa para residir, em vista do contrato de trabalho, e, ao final do contrato, não desocupa o imóvel. O empregador proporá a ação de restituição da coisa. As ações possessórias estão disciplinadas a partir do art. 920 do CPC.
	7.3. A ação de interdito proibitório: É a ação proposta pelo sindicato ou por empresa para a defesa de patrimônio ou manutenção de regular funcionamento em decorrência de greve. Temos recebido muitas causas dessa natureza nos períodos de greve. O empregador vai à Justiça pedindo a desobstrução das entradas de agências, filiais, etc., e que não haja piquetes na entrada impedindo o ingresso de clientes e de empregados que desejem trabalhar. A referência legal é o art. 932 do CPC.
	7.4. O mandado de segurança: O mandado de segurança é a ação proposta por quem teve direito líquido e certo violado por ato de autoridade pública. No juízo monocrático trabalhista, o mandado de segurança é impetrado contra ato da autoridade do Ministério do Trabalho. Nos Tribunais, os mandados de segurança são para a impugnação de atos dos juízes. Nos Tribunais, os mandados de segurança funcionam como sucedâneos recursais, ou seja, quando o ato do juiz não admite um recurso – Lei n. 12.016/2009.
	7.5. A ação rescisória: A ação rescisória é para desconstituir sentença ou acórdão de mérito transitado em julgado, que tenha sido proferido com defeito grave. É cabível quando o caso pode ser enquadrado em qualquer das hipóteses do art. 485 do CPC. Essa ação é relativamente comum no processo do trabalho por previsão do art. 836 da CLT. A ação rescisória é da competência do Tribunal, exceto se em casos de sua competência originária, quando o conhecimento passa ao TST.
	7.6. A ação anulatória: Essa ação é proposta pelo MPT para desconstituir cláusula de convenção ou acordo coletivo. A competência é do Tribunal. Pode ser usada, também, para atacar decisões que transitaram em julgado com defeitos gravíssimos, como o da falta de citação. A base legal é o art. 486 do CPC.
	7.7. Os embargos de terceiro: É a ação proposta por quem não sendo parte num processo trabalhista viu um bem seu ser atingido por ato judicial como o de penhora ou constata a possibilidade de um ato prejudicial a sua posse ou propriedade. Arts. 1046 a 1056 do CPC. Essa ação é comum na fase de execução, quando o juiz do trabalho determina a penhora ou a efetiva sobre um bem de pessoa que não figura na execução como devedor.
	7.8. A ação civil pública: É a ação do sindicato ou do MPT na defesa de direitos coletivos, difusos, individuais homogêneos e da ordem jurídico-trabalhista. A competência é do juiz monocrático. É ação de significativa importância e alcança inúmeras pessoas, o que também revela a sua importância. 
	7.9. A execução fiscal: É o procedimento executivo proposto por pessoa de direito público para a cobrança de tributo ou de outro crédito da Fazenda. No processo do trabalho a execução fiscal é utilizada pela União para a execução de multas impostas pelo Ministério do Trabalho. A base legal é a Lei n. 6.830/80. A competência para o processo é da Vara.
	7.10. O habeas corpus: O habeas corpus foi competência que restou explicitada pela Emenda n. 45/2004. Até a emenda, então, havia discussão se a Justiça do Trabalho tinha competência para julgar habeas corpus. O julgamento é do TRT.
8. A QUESTÃO DA INDISPONIBILIDADE DO PROCEDIMENTO
	Uma questão bastante instigante é a relativa à possibilidade das partes disporem dos ritos procedimentais. Parece-nos que essa disposição de ritos não seja possível à luz do direito objetivo, sobretudo porque o modo de tramitação dos processos não é interesse exclusivo dos litigantes. Assim, interpretamos que seja imposta ao juiz do processo a verificação da adequação procedimental, inclusive quando a previsão de procedimento tiver sido determinada pelo valor da causa. A inadequação do procedimento é causa de extinção do processo sem solução de mérito.
9. REFERÊNCIAS
Carrion, Valentim. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. São Paulo, LTr, 2009.
CINTRA; Antonio Carlos de Araújo; Dinamarco, Cândido Rangel; Grinover, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros, 2009.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2009.
Prof. MARCÍLIO FLORENCIO MOTA
� Encontramos na doutrina a defesa de que o dissídio coletivo de natureza econômica pode ser instaurado por um dos sindicatos, sem o consentimento do outro, se o sindicato acionado tiver se recusado injustificadamente à negociação coletiva.

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