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Independência e a formação de uma nova África
Introdução
A partir do século XX, uma série de movimentos de resistências passou a criticar a estrutura colonial. O advento das duas Guerras Mundiais também levou ao questionamento da ideologia imperialista. A soma desses dois movimentos resultou no processo de independência das nações africanas, tema que será analisado nesta aula por meio de uma abordagem geral.
PREMISSA
Esta aula vai trabalhar com um princípio que consideramos ideal para entendermos o contínuo processo de observação de uma sociedade complexa. 
Já discutimos que a ideia de uma África, uma sociedade única, tribal, atrasada é um mito tantas vezes contado como verdade que boa parte das pessoas ainda tem essa visão.    
Na última aula, inclusive, falamos de elos aglutinadores, a construção da unidade africana e uma transformação das mentalidades do mundo sobre o continente.
A exploração da África acaba com o colonialismo?
Devemos também sinalizar que a realidade como a África continua sendo tão invenção como o tratado na Idade Antiga, o que temos é um amplo território que por conta de uma história recente próxima, construiu afinidades em suas lutas políticas.
Muito se engana quem imagina que a exploração da África acaba com o colonialismo. 
Foi um passo importante, mas a Guerra Fria, a partilha desastrada, e o modelo de exploração por meio de empresas, indústrias que enriquecem pequenas elites e exploram o coletivo continua sendo uma realidade.
O filme Diamante de Sangue, aliás, é um dos muitos que nos fazem lembrar esta realidade. 
Apesar de a referência ser contemporânea o filme mostra como o conluio entre as grandes empresas e a exploração da África não cessou, e este foi o maior ponto de tensões das lutas de independência.  
Assim, a tensão entre o modelo capitalista e o modelo comunista representava a negação ou o acordo com esta dinâmica e se tornou um palco de guerras das mais difíceis.
Essa introdução é para que fique clara a quebra de outra ideia preconceituosa de que a África, uma vez que deixou de ser tutelada, mergulhou em um quadro de guerra civil tirando a importância dos processos de independência.  
Uma proposta comparada
Tentando fugir desta visão, o ideal seria construir uma grande proposta de comparação como sugerido por Jurgen Kocka, em que definiríamos sob os mesmos parâmetros os processos de independência; estudaríamos especificamente cada um deles e os colocaríamos lado a lado, observando proximidades e rupturas como forma de compreensão de seu papel e suas decorrências.
Como não é viável, ainda que convide você a pensar e a buscar, como foi proposto na atividade desta aula, vamos ver apenas alguns deles.  
Ajudando a gente a pensar: SATRES X CAMES
A Guerra Fria colocou em lados opostos os amigos Camus e Satres.
Um era argelino, ativista político engajado desde jovem e fazia sucesso entre as mulheres. O outro, parisiense, misantropo( que vive isolado) e um intelectual de gabinete que circulava com livre trânsito pelo créme de la créme da sociedade francesa. Em comum, Albert Camus e Jean-Paul Sartre nada tinham, somente diferenças de “origem” e personalidade. Dois dos maiores pensadores do Século XX, os escritores construíram, no entanto, uma das relações amistosas mais sinceras da Filosofia moderna. Tão intensa e fugaz quanto um fogo-fátuo. “Ele foi meu último bom amigo”, consentiu certa vez Sartre.
Pan-arabismo
As regiões da África islâmica certamente foram os maiores focos de resistência enfrentados por europeus na África, grupos historicamente rivais, desde a ocupação islâmica sobre o domínio bizantino, fortalecido pela expansão do Império turco, nunca foi entendido o domínio europeu como algo que pudesse trazer uma estrutura definitiva, um poderio que fortalecesse.  
 Assim, quando os movimentos nacionalistas tiveram seus primeiros apontamentos, foram em torno dos líderes religiosos( em um primeiro momento, não se entendia como africanos, mas principalmente como mulçumanos e esta caba por ser sua identificação) que identificamos certo nível de cooperação entre os grupos.  
Islamismo de vertente sunita – nacionalismo – direitos iguais dentro do sistema francês  sem abrir mão de suas leis e moralidade X emancipação por meios legais.  
 É desta disputa que em 1956 é conseguida a liberação definitiva destes conjuntos muçulmanos, mas mantendo uma forte relação com o domínio francês, uma vez entendido que não seria possível a manutenção, optou-se pelo diálogo e a aceitação da liberdade sem mais conflitos coloniais.
Princípio da autodeterminação
É aquele em que um povo de qualquer país tem o direito de se autogovernar determinando os caminhos de sua política e organização social. 
 Ele foi inserido no âmbito da Carta das Nações Unidas, em 1945, e passa a ser a chave mestra para entendermos muito das organizações e afirmações que daí decorre.
Gana e Quênia: A Costa do Ouro
Em 1951, Kwame N'krumah, intelectual e político africano lutava por um processo de transição do domínio inglês, na Costa do Ouro, região que chamamos atualmente de Gana.  
O governo inglês, no entanto, queria limites e na região de fronteira atual do Quênia, destituía o primeiro ministro recém-escolhido e o prendia, Jomo Kenyatta, e investia em uma guerra étnica contra os Mau Mau (1952 – 1956).  
Os conflitos deixaram 10 mil mortos, africanos, e os campos de concentração para reeducação de 50.000 mil homens. As denúncias e o receio de que todo o sistema ruísse, deu vazão ao pedido de N’ Krumah, e Gana foi reconhecido no princípio da auto determinação, ainda que com essa transição culturas como o cacau , chá, café e tabaco eram de controle dos colonos brancos da região. 
“Ao vencedor às batatas”: o reconhecimento da independência de Angola
Se você conhece o conto de Machado de Assis, releia e depois relembre a situação das guerras em Angola. QUINCAS BORBA
Machado cria em Quincas Borba o seguinte dilema moral: se dois grupos estivessem um diante do outro e a vitória representasse o domínio do último campo de batatas. 
 Ambos estão esfomeados, estão sem condições de mais do que uma única luta. O campo é pequeno; se os grupos fizerem a paz e dividirem as batatas ambos morrerão.   
Esta é a analogia feita com as disputas entre Angola e Portugal; Amilcar Cabral e o último suspiro do governo de Salazar.
Diz-se que Portugal escolheu mal as estratégias de sua luta de independência. 
Em um país com uma economia combalida, perder as colônias seria um golpe duro, mas ao mesmo tempo a manutenção de uma guerra colonial longa contra a independência de Moçambique. 
Angola representaria um buraco ainda mais fundo nas contas portuguesas.
Um dilema, e a escolha foi o conflito; conflito este que teve consequências nefastas para os dois lados, os sentimentos antiportugueses na África e antiafricanos geraram expulsão dos colonos, perda de contatos no exterior, tecnologia e do desenvolvimento em Angola, em uma região que, uma vez independente da economia portuguesa se vê em um quadro de desagregação, piorado pelas disputas internas entre as etnias diversas.
Conferência de Bandung  é o nome com o qual ficou conhecido historicamente o encontro ocorrido nesta cidade indonésia entre 18 e 24 de abril de 1955 e que reuniu os líderes de 29 estados asiáticos e africanos, responsáveis pelos destinos de 1 bilhão e 350 milhões de seres humanos. Patrocinaram esta conferência Indonésia, Índia, Birmânia, Sri Lanka e Paquistão, e tinha como objetivo promover uma cooperação econômica e cultural de perfil afro-asiático, buscando fazer  frente ao que na época se percebia como atitude neocolonialista das duas grandes potências, Estados Unidos e União Soviética, bem como de outras nações influentes que também exerciam o que consideravam imperialismo, ou seja, promoção indiscriminada de seus próprios valores em detrimento dos valores cultivados pelos povos em desenvolvimento.
A maioria dos países participantes da conferência vinham da amarga experiênciada colonização, experimentando o domínio econômico, político e social, sendo os habitantes locais submetidos à discriminação racial em sua própria terra, parte da política de domínio europeia.
A Conferência de Bandung prima pelo seu pioneirismo em tratar de assuntos inéditos à época, como a influência negativa dos países ricos em relação aos pobres e a prática de racismo como crime. Foi proposta ainda a ideia de criar um Tribunal da Descolonização, que julgaria os responsáveis pela prática deste crime contra a humanidade, responsabilizando também os países colonialistas, significando ajudar a reconstruir os estragos perpetrados pelos antigos colonos no passado. Tal ideia, porém, foi abafada pelos países centrais, ou seja, aqueles mais influentes no cenário internacional.
Outra importante ideia saída desta conferência é a concepção de Terceiro Mundo, além dos princípios básicos dos países não-alinhados, o que se traduz em uma postura diplomática geopolítica de equidistância das duas super-portências. Assim, a "inspiração" para a implementação do movimento dos não-alinhados surge nesta conferência, sendo que sua fundação se dará na Conferência de Belgrado de 1961.
Todos os países declararam-se socialistas nesta reunião, mas deixando claro que não iriam se alinhar ou sofrer influência da União Soviética. Num momento em que EUA e URSS lutavam abertamente pela conquista de influência em todos os países, o maior desafio do movimento não-alinhado era manter-se coeso ante as pressões dos grandes. Ao invés da tradicional visão de americanos e soviéticos de um conflito Leste-Oeste, a visão que predominava em Bandung era a do conflito norte-sul, onde as potências localizadas mais ao norte industrializadas, oprimiam constantemente e inibiam o desenvolvimento daquelas nações localizadas mais ao sul, exportadoras de produtos primários.
Os princípios emersos da Conferência de Bandung podem ser resumidos nestas dez disposições descritas abaixo:
Respeito aos direitos fundamentais, de acordo com a Carta da ONU.
Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações.
Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações, grandes e pequenas.
Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outro país. (Autodeterminação dos povos)
Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e coletivamente, de acordo com a Carta da ONU
Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada a servir aos interesses particulares das superpotências.
Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade territorial ou a independência política de outro país.
Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos (negociações e conciliações, arbitragens por tribunais internacionais), de acordo com a Carta da ONU.
Estímulo aos interesses mútuos de cooperação.
Respeito pela justiça e obrigações internacionais.
Há muito mais e você pode e deve valorizar essa busca, notar as proximidades, os afastamentos, os caminhos e os descaminhos. Então, veja com dedicação os textos propostos a seguir, eles vão ajudá-lo a entender melhor esta sociedade.
• Independência de Angola;
• Heróis da independência africana;
• Argélia;
• Moçambique – Guerra Colonial;
• Dia 25 de Junho.
PDF
• “Ao vencedor, as batatas": o reconhecimento da independência de Angola;
• Aventura e Rotina e Baltasar Lopes ou a adiada identificação africana de Cabo Verde;
• A Cultura Migratória da África Ocidental: Continuidades e Rupturas no Pós-Independência;
• A Sociedade da Arte e o Fazer do Modernismo Pós-colonial da Nigéria;
• Memória, pan-africanismo e revisão crítica da história no poema “Australidades (Na Madrugada dos Sons)”, de José Luis Hopffer C. Almada;

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