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Trabalho Ergonometria e Acessibilidade - Gino

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
INSTITUTO DE ENGENHARIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
CAMPUS – SÃO JOSÉ DO RIO PARDO
GINO S. T. FILGUEIRAS
GIOVANI PILLON NOGUEIRA 
RAPHAEL FERRACIN
ACESSIBILIDADE
São José do Rio Pardo
Setembro - 2013
TEMA
LEI N°10.098 DE DEZEMBRO DE 2000 E NBR 9050
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, fala-se muito sobre acessibilidade....mas o que realmente é acessibilidade? 
Segundo o dicionário Aurélio, acessibilidade é um substantivo feminino que significa: Qualidade do que é acessível, do que tem acesso. / Facilidade, possibilidade na aquisição, na aproximação: a acessibilidade de um emprego. Já o dicionário Houaiss define acessibilidade como: qualidade ou caráter do que acessível e facilidade na aproximação no tratamento ou aquisição.
Na engenharia, a palavra acessibilidade ganha um contexto semelhante, porém, com uma conotação totalmente diferenciada, sendo definida como a forma de facilitar a aproximação das pessoas em locais com determinado objetivo, ou seja, o direito de ir e vir de qualquer cidadão. Tal conceito é tão importante que é garantido pela Constituição Federal de 1988, art 5º inc XV.
Para podermos nos situar e criarmos um conceito nesta discussão sócio cultural, precisamos resgatar a história desta lei antes de nos posicionarmos a cerca de qualquer conclusão.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
 Antes da Constituição Federal de 1988, este tema havia sido tratado apenas na Emenda Constitucional nº 12, de 17 de outubro 1978, e, ainda assim, o texto dizia respeito tão somente ao acesso aos edifícios e logradouros. 
Com a promulgação da Constituição de 1988, houve a inserção efetiva do assunto no marco legal federal brasileiro, ainda que de forma muito tímida. O tema é citado na Carta Magna em seu artigo 5º, que garante o direito de ir e vir, e estabelece que:
“XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens” e no artigo 227, que define que: ”§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.”
Em 2000, finalmente, o assunto foi regulamentado pelas Leis Federais nº 10.048 e 10.098, que apresentaram uma visão muito mais ampla e completa sobre a matéria.
Como nosso curso tem foco específico na engenharia civil, trataremos deste assunto somente nesta esfera.
ATUALIDADE
Pesquisas recentes apontam uma população de cerca de 45,6 milhões de brasileiros com alguma deficiência, o que representa 23,92% da população (Censo IBGE 2010). Visto que todos têm direito a utilização dos espaços da Cidade, das construções privadas e públicas, ao transporte, livre de qualquer obstáculo que nos limite, com toda autonomia e segurança, por que hoje se ouve e se fala tanto sobre acessibilidade como uma grande novidade? 
Parece novidade, mas não é... 
Um fato de grande importância que revela de forma clara, evidente e palpável a falta de atitude perante o cumprimento e respeito à lei, principalmente nesta década em que estamos às vésperas da Copa do Mundo no Brasil. Foi em uma pesquisa realizada pela USP, a qual foi divulgada em abril deste ano. Foi feita uma avaliação nos seis principais aeroportos brasileiros, onde o objetivo era realizar uma fiscalização a cerca da legislação de acessibilidade, estabelecendo um índice de conformidade como segue: 
Os indicadores de acessibilidade foram avaliados através de pesquisas e levantamentos de campo, recebendo notas de acordo com o seu desempenho, que poderia variar de 0,0 a 1,0 como nota máxima, representando 100% de adequação legal.
O maior valor encontrado foi o índice 0,63 no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Já os aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Juscelino Kubitscheck, em Brasília, apresentaram valores muito próximos e obtiveram os piores resultados dentre os seis aeroportos analisados, 0,469 e 0,472, respectivamente.
Ainda mais próximo da nossa realidade, servindo como um excelente exemplo, é a UNIP de São José do Rio Pardo. Um possível aluno com deficiência de locomoção não poderia cursar qualquer curso ou circular livremente pelas dependências do campus (portaria, laboratórios, biblioteca, banheiros, pavimentos, etc..) por falta de adequação as leis de acessibilidade, como vamos constatar a seguir.
DEFINIÇÕES LEGAIS
De acordo com a Lei N°10.098 de dezembro de 2000, fica estabelecido:
“Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.”
Considera-se PcD – Pessoa com Deficiência, aquela que apresenta, em caráter permanente ou provisório, perdas ou anomalias de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que geram incapacidade para o desempenho de atividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. Portanto, quando se fala em uma sociedade acessível e em cidadania para todos, não deve-se esquecer dessa igualdade de direitos. Além disso, mais do que apenas dispensar às pessoas deficientes um tratamento caritativo e piedoso, estes indivíduos reclamam seu papel como cidadãos autônomos e com plenos direitos, onde começam pelo direito de ir, vir, comunicar-se e expressar-se com dignidade.
Para tanto, é importante continuarmos ressaltando os termos técnicos mais importantes e usuais de acordo com a legislação supra citada:
Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas em:
a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público;
b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios públicos e privados;
c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa;
Ajuda técnica: qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o uso de meio físico.
As barreiras arquitetônicas são impostas por projetos equivocados, e também por execuções inadequadas, por falta de conhecimento, de manutenção e principalmente fiscalização, do projeto e efetivamente da execução. 
De forma sintética, os capítulos desta lei tratam:
Capítulo II - DOS ELEMENTOS DA URBANIZAÇÃO
Capítulo III – DO DESENHO E DA LOCALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO URBANO.
Capítulo IV – DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS OU DE USO COLETIVO
Capítulo V – DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS DE USO PRIVADO
Capítulo VI - DA ACESSIBILIDADE NOS VEÍCULOS DE TRANSPORTE COLETIVO
Capítulo VII – DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO
Capítulo VIII – DISPOSIÇÕES SOBRE AJUDAS TÉCNICAS
Capítulo IX - DAS MEDIDAS DE FOMENTO À ELIMINAÇÃO DE BARREIRAS
REGULAMENTAÇÕES E OBRIGATORIEDADES
A modificação de construções bem como a inclusão de dispositivos de acessibilidade é obrigatória e regida pelas seguintes leis e decretos:
Lei n. 7.853 de 24 de outubro de 1989 – dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a CORDE, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes e dá outrasprovidências. 
Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamentou a Lei n. 7.853/89, e dispõe sobre a política Nacional para a Integração da Pessoa portadora de deficiência, consolidando normas de proteção.
Lei n. 10.098 de 19 de dezembro de 2000 – estabeleceu normas gerais e critérios básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Decreto n. 5.296 de 02 de dezembro de 2004 – Regulamentou as Leis n. 10.048/2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica e Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Todas as construções e modificações civis, atuais ou antigas devem seguir a NBR 9050, que trata: “Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos.”
Ela foi criada em 1985, onde até o presente momento, passou por duas revisões, uma em 1994 e a última em 31/05/2004, versão esta que foi corrigida em 31/12/2005. Por se tratar de uma norma que pretende assegurar qualidade ao meio construído em todo o território nacional, é notório o seu alcance e importância social.
A NBR 9050 contempla todos os requisitos para elaboração e dimensionamento de acessos e vias de locomoção para pessoas com limitações sejam estas quais forem (motora, visual ou auditiva).
CONCLUSÕES
O Brasil possui uma das melhores leis sobre acessibilidade no mundo, o único problema elas não são colocadas em prática. A inclusão de acessos para portadores de deficiência se tornou obrigatória muito mais pela exigência dos CREAs estaduais do que pela cobrança legal, podemos citar como exemplo o campus onde estudamos, que apesar de abrigar cerca de 800 alunos restringe o acesso aos cursos de engenharia a pessoas com deficiência, casa de ferreiro espeto de pau.
Como futuros engenheiros não nos compete sensibilizar, comover ou conscientizar as pessoas, mas sim fiscalizar nossos direitos e deveres e termos uma postura crítica, ética e participativa nos municípios e sociedades onde estivermos inseridos, visando incluir ao meio todas as pessoas, inclusive as pessoas com alguma deficiência seja esta motora, visual ou auditiva.
Lembrando que apesar do termo acessibilidade possuir muitos significados o significado mais importante é o de ELIMINAR BARREIRAS. 
FONTES DE PESQUISA
http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br
http://www5.usp.br/24651/pesquisa-da-eesc-aponta-indice-de-acessibilidade-de-seis-aeroportos-brasileiros/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm
http://www.mp.sc.gov.br/portal/conteudo/imagens/noticias/manual_acessibilidade.pdf
http://www.centroruibianchi.sp.gov.br/usr/share/documents/ABNTNBR9050_2004Vc_2005.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estatuto_da_Cidade

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