Buscar

Parvovírus Canino: Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

Prévia do material em texto

PARVOVÍRUS
	É um vírus que causa enterite. A variante canina é originária da panleucopenia felina. As raças mais suscetíveis são: rottweiler, pinscher, pitbull e labrador, estes tem o prognóstico pior. 
	A transmissão é oro-nasal ou oro-fecal por fômites ou ambientes contaminados. O vírus pode permanecer por mais de 6 meses no ambiente e insetos e roedores podem carrear o vírus. 
A doença deve ser evitada com a vacina, que é essencial. É responsabilidade do médico veterinário fazer um protocolo vacinal adequado pra proteger o paciente. Deve-se verificar se houve ingestão do colostro, qual a idade do paciente e até que idade a vacina será ministrada (até a 16ª semana). 
Patogenia: exposição oro-nasal replicação em tecidos linfoides próximos (orofaringe) corrente sanguínea tecidos de rápida divisão celular (medula óssea, órgãos linfopoiéticos, criptas do jejuno e íleo). Então o vírus vai pela corrente sanguínea e se aloja nas criptas do jejuno. Aqui, o paciente começa a apresentar anorexia, anemia, prostração acontece a infecção intestinal se replica nas células epiteliais das criptas e as destroem diminui barreira de proteção intestinal achatamento das vilosidades diarreia exposição capilares sanguíneos diarreia com sangue colapso e necrose epitelial. É importante a nutrição durante a internação do paciente, para a proteção das microvilosidades. O tratamento com antibiótico também é importante, não porque trata o vírus, mas porque trata as infecções secundárias e porque tem translocação bacteriana, que pode resultar em sepse. 
A diarreia é resultante da má absorção, costuma ser hemorrágica. Sangramento dos capilares subjacentes ao revestimento epitelial da mucosa. A perda do epitélio permite a penetração das bactérias na circulação sanguínea, que é facilitada pela leucopenia. A replicação do vírus nas células linfoides e na medula óssea resulta em linfopenia e neutropenia. Quando tem infecção bacteriana, tem neutrófilo no exame, o que confunde o clínico. O primeiro exame a ser feito é o coprológico, em seguida, o hemograma. Dentro dos leucócitos totais temos os neutrófilos, linfócitos, monócitos e eosinófilos. Se for uma doença parasitária, os eosinófilos estarão aumentados, as outras células de defesa podem estar normais. Se for uma doença viral, terá linfopenia, pode ter neutropenia. Pode ser também que tenha parvovirose ainda que os leucócitos totais estejam normais ou aumentados por causa translocação bacteriana, isso causará aumento de neutrófilos. É preocupante quando o leucograma for muito alto ou muito baixo, pois pode ser indicativo de sepse.
	Se a mãe tiver contato com o parvovírus enquanto prenhe, o neonato pode apresentar miocardite, que é um processo inflamatório no miocárdio que pode causar morte súbita. Também pode ter sinais de insuficiência cardíaca congestiva. A gastroenterite hemorrágica também pode acontecer e é comum, o animal apresenta prostração, anorexia, vômitos frequentes, febre dor abdominal, diarreia hemorrágica desidratação, hipovolemia e choque. O filhote tem uma “tríade”, que consiste em hipotermia, desidratação e hipoglicemia. Quando entra em hipotermia, para todo o seu metabolismo, levando ao óbito rapidamente.
	O período de incubação é de 2 a 14 dias, é comum entre o 4º e o 7º a apresentação de sintomas, e a viremia é intensa do 1º ao 5º dia. O paciente fica em torno de 5 dias internado. A excreção do vírus pelas fezes se inicia após o 3º dias após a infecção e pode continuar excretando por mais 20 dias.
	Sinais clínicos: enterite grave, vômito, anorexia, diarreia hemorrágica, choque (hipovolêmico ou séptico).
	Diagnósticos diferenciais: coronavirose, salmonelose (caso tenha comido algo estragado), intussuscepção, corpo estranho, giardíase, verminoses severas, cinomose.
	Diagnóstico: swab do reto paciente, pega o conteúdo fetal e mistura no reagente, dissolve e faz um snap. 
	ELISA: 4 a 6 dias após a infecção. Pode ter falso-positivo se fizer até 15 dias após a vacina. Se for inicial, pode ter falso-negativo.
	PCR e rtPCR
	Biópsia: lesão nas criptas e imunofluorescência de anticorpos.
	
	Tratamento: o manejo adequado faz com que a taxa de sobrevida seja maior, como, por exemplo, fazer tricotomia e colocar fralda no paciente, pois se o paciente filhote já tem tendência à hipotermia, se ficar sujo e molhado de diarreia pode baixar ainda mais o metabolismo e piorar o prognóstico. O objetivo do tratamento é restaurar o balanço hídrico e eletrolítico, prevenir infecções secundárias (trabalhar na translocação bacteriana), controlar náuseas e vômitos, cuidar para prevenir translocação bacteriana e sepse. 
	Ao receber o paciente, deve-se avaliar seu estado clínico, aferir sua pressão arterial para verificar se está hipotenso, associada à desidratação e sua gravidade, pois isso influencia no manejo. Então faz a tricotomia, higienização, canula está hipotenso, pode ser por desidratação ou por vasodilatação, então faz a prova de choque: fluidoterapia intensa, se melhorar a pressão, era desidratação, se não, é vasodilatação sistêmica secundária à sepse, então tem que administrar vasopressor. Deve-se trocar o cateter do acesso a cada 72 horas. É indicado fazer uma sondagem nasogástrica para esvaziamento gástrico em animais em condições viáveis, para evitar que os mesmos tenham vômito. 
Então: tricotomia perianal, enema com carvão ativado (pra adsorver as bactérias, melhorar a translocação e fazer uma proteção da mucosa, esse procedimento é feito por sonda intraretal), uso de fraldas descartáveis. Fluidoterapia (ringer lactato) com cristaloides (10 mL/kg de 6 a 10 minutos e afere pressão normalmente, pode fazer no máximo 3 vezes, senão irá hiperhidratar o paciente). Se tiver mais vômito perde ácido alcalose NaCl. 
Se tiver mais diarreia perde bicarbonato tem que alcalinizar ringer lactato. 
Se tiver vômito e diarreia ringer lactato.
Se o procedimento citado não responder, é vasodilatação, então deve ser usada a noradrenalina – vasopressor. Coloca o paciente em infusão contínua. Se o paciente estiver muita diarreia com sangue, deve ter cuidado com a fluidoteparia, tem que cuidar do hematócrito, se hemodiluir mais, ele terá hipóxia. Se os hematócritos e albumina estiverem muito baixos, tem que usar hemoderivados.
Medicamentos: 
Antibióticos: ceftriaxona 30 mg/kg bid/tid; a sulfa só não é indicada em casos de muito vômitos e diarreia, pois é nefrotóxica, e se o paciente está tendo perda de fluido e desidratação, então seu uso pode causar nefropatia; Ampicilina 25 mg/Kg iv tid
Antiemético: ondasentrona e maropitant (cerenia). O plasil aumenta a motilidade, então não é indicado, pois aumenta o risco da intussuscepção. 
Antiácidos: omeprazol. Para pacientes muito neutropênicos pode-se utilizar filgastrin 0,1 ml/5 kg sc/sid, pra melhorar a condição de células de defesa, indicada para pacientes que fazem quimioterapia.
Manejo hospitalar: 
Sondagem e esvaziamento gástrico – sonda nasolacrimal fixa suga e quantifica volume de suco gástrico, tem que chegar a um valor inferior a 0,5 mL/kg/h pode, então, fazer o suporte nutricional.
Após colocar a sonda, lava o estômago infundindo ringer com lactato aquecido com 1 mL de carvão ativado (enterex) em 40 mL de NaCl ou ringer espera um pouco drena conteúdo estomacal.
Microenteral: 1 mL de glutamax ou glicopan para 49 mL de ringer numa taxa de infusão de 0,1 mL/kg/h, ou divide os 49 mL em microfrações e administra progressivamente. Faz o esvaziamento gástrico a cada hora, e em seguida coloca 0,5 mL de nutrição. 
Resumindo: interna sonda lava estômago drena de hora em hora faz microenteral aspirações a cada duas horas paciente não vomitou mais aumenta volume até chegar 1 mL/kg/h de microenteral não vomitou nutrição drena até paciente não formar mais líquido, ainda que esteja nutrindo. 
Pode administrar nutrição em pó diluída, através da sonda. O objetivo é não entrar com 100% da dieta no primeiro dia, começa com ¼ da alimentação diária, quanto menor volume, melhor, pois evitao vômito. Então, se drenar a cada 2 horas, divide a nutrição para cada 2 horas.
Complicações: intussuscepção.
O cálculo de fluido diminui, pois não haverá mais desidratação. Se continuar com o mesmo volume de fluido, dá hipervolemia, o que causará edema. Deve-se avaliar o paciente e ir mudando o cálculo de fluido.
RESUMINDO: infecção viral corrente sanguínea criptas intestinais lesão das criptas translocação bacteriana perda de sangue pelos capilares sepse vasodilatação sistêmica avalia grau de prostração e desidratação afere pressão arterial hipotenso desidratação ou vasodilatação? Prova de choque cristaloide no máximo 3x 10 mL por kg em 6 minutos afere pressão após cada prova não respondeu noradrenalina.
Respondeu era desidratação.
Manejo: canula tricotomia perianal enema com carvão ativado sonda nasogástrica esvaziamento gástrico quantifica volume de secreção gástrica a cada hora sonda enema com carvão ativado gástrico drena. Se for retal, coloca e deixa drena de hora em hora o conteúdo gástrico microenteral diminuiu volume e não tem vômito nutrição hipercalórica por sonda continua com a drenagem a cada hora ou a cada duas horas quantifica nutrição.
	CUIDADO com desidratação, hipovolemia, hipoglicemia.

Outros materiais