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Online 2 A REPUBLICA DAS ESPADAS

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Online 2 A REPUBLICA DAS ESPADAS: CONSOLIDAÇÃO DA REPUBLICA E A PRIMEIRA DITADURA MILITAR BRASILEIRA
História republicana
Apesar de o adesismo  ter sido o fenômeno recorrente nessa fase inicial da nossa história republicana, não podemos esquecer que algumas importantes lideranças intelectuais e políticas se manifestaram contra os governos militares, sofrendo, por isso, a violenta repressão que caracterizou a atuação política desses militares.  
A análise apresentada nessa aula pretende evitar o tratamento do Exército como o detentor absoluto do poder ou como uma instituição manipulada pelas elites civis. Ambas as abordagens simplificam a complexidade das alianças políticas construídas no período.
É inegável que os militares controlavam o Estado e conduziam os rumos da administração do Brasil. Porém, não há como negar que, mesmo estando desalojadas do poder executivo, as oligarquias cafeicultoras, particularmente a paulista, também exerceram grande influência nas políticas públicas e nas estratégias mobilizadas para a consolidação do regime republicano.
Nesse sentido, podemos dizer que a principal característica da República das Espadas foi a aliança entre as elites civis mais poderosas do Brasil e o Exército. Contudo, enquanto existiu, essa aliança foi frágil e conflituosa, o que ficou claro no momento em que Floriano Peixoto entregou o poder ao primeiro Presidente civil da República brasileira, o paulista Prudente de Morais. A partir de então, e até o começo do século XX, os militares florianistas não mais serias aliados dos civis, seriam, ao contrário, os seus principais inimigos, como veremos.
Marechal Manuel Deodoro da Fonseca- Após a Guerra do Paraguai o exercito se fortaleceu e ganhou prestigio , passando a reivindicar privilégios e participações políticas. O que foi negado por D. Pedro II.
O abalo entre as Igrejas e o Estado Monárquico, diante de questões como o Regime do padroado e o Regime beneplácito, que se mantiveram vigentes, contrariando ordenamentos impostos aos Clérigos através da Bula Papal “ SYLLABUS” , emitida pelo Papa Pio IX.
Os barões do café, elite da época, se sentiram prejudicados pela monarquia quando da assinatura da ‘Lei áurea’ e também se voltaram contra o regime monárquico.
Veja ao lado a foto tirada momentos após assinatura da lei áurea de Princesa Isabel sendo recebida na varanda central do paço imperial.
Os difíceis primeiros anos de vida da República brasileira
A reorientação na política externa
Como vimos na aula anterior, com a exceção do incidente envolvendo o Barão de Ladário(José da Costa Azevedo, primeiro e único barão de Ladário, (Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1823 — 24 de setembrode 1904) foi um militar, nobre e diplomata brasileiro.Foi ministro da Marinha, deputado geral e senador da República de 1894 a 1897 e de 1903 a 1904.Foi a única vítima da Proclamação da República Brasileira, tendo sido baleado por um atirador desconhecido, por ter resistido à uma ordem de prisão, sobrevivendo porque um estudante, Carlos Vieira Ferreira, o socorreu.), na tarde do dia 15 de novembro, o golpe militar que demitiu o gabinete ministerial chefiado pelo Visconde de Ouro Preto transcorreu sem resistência. 
Porém, os anos que se seguiriam, os primeiros da República, não seriam tão tranquilos...
Os difíceis primeiros anos de vida da República brasileira
A reorientação na política externa
As instituições ainda eram frágeis, a ausência do Poder Moderador como árbitro dos conflitos e a resistência das lideranças monarquias inconformadas transformaram os cinco primeiros anos da jovem República brasileira em um período conflituoso e particularmente violento.
Ao contrário do que era comum na Monarquia, o governo, na época controlado pelo Exército, mostrou-se pouco tolerantes com as oposições: jornais foram empastelados, lideranças foram assassinadas e presas.
O que estava em jogo nesse momento era o modelo político brasileiro e a imagem do País no mundo. A Inglaterra, que até então era a principal parceira econômica do Brasil, recebeu a novidade com algumas ressalvas.
O Imperador D. Pedro II era muito estimado na Europa e a estabilidade do Estado monárquico era considerada uma qualidade que distinguia o Brasil dos países com os quais fazia fronteira.
Enfim, a imagem da República na Europa não era nada boa, o que dificultou bastante a concretização de contratos financeiros e a aquisição de empréstimos e financiamentos.
Analisando a documentação de época
Eduardo Prado foi um escritor e polemista paulista que se destacou na oposição aos primeiros governos republicanos.
Em 30 de agosto de 1894, Eduardo Prado deu uma entrevista ao “Jornal do Comércio”, um importante periódico português sobre a situação política no Brasil.
De acordo com Eduardo:
“A truculência dos militares que hoje governam o Brasil contaminou a mocidade da escola militar com seu jacobinismo rubro. É correto que o governo queira empregar a mocidade para efetuar prisões políticas mandando depois os alunos militares ser carcereiros dos deportados, cumprimentando que mais hábeis  ferozes se mostram como verdugos e fuziladores? Pois Floriano pela distribuição de dinheiros e de postos entre jovens conseguiu isso. 
A mocidade em toda parte é clemente generosa: no Brasil, graças a Floriano os verdugos são mancebos, às vezes imberbes. Benjamin Constant corrompeu a inteligência da mocidade ensinando-lhe a doutrina endeusadora da tirania, que se chama positivismo: Floriano, rematou a corrupção transformando em agentes de suas crueldades os alunos da Escola Militar. 
 (JORNAL DO COMÉRCIO, 30 de agosto de 1894)
Se por um lado no Velho Mundo, onde Eduardo Paulo da Silva Prado fazia duras críticas à primeira ditadura militar brasileira, a República era vista como uma espécie de retrocesso político, na América, países como Argentina e EUA viam na mudança de regime a possibilidade de estreitar as relações diplomáticas com o Brasil.
O golpe militar republicano
O golpe militar republicano aconteceu quando era realizada nos EUA a I Conferência Internacional Americana, evento organizado pelo governo norte-americano visando aumentar os contatos com o restante do continente, enfraquecendo assim a influência europeia.
Imediatamente, o recém-empossado governo chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca substituiu o representante brasileiro enviado ao congresso pelo governo monárquico por Salvador Mendonça, um republicano histórico que deu o pontapé inicial na nova política externa brasileira, muito mais americanista do que aquela desenvolvida ao longo do século XIX.
Proclamação da República em o Campo da Acclamação no dia 15 de novembro de 1889
‘Campo da Acclamação’ teve o nome mudado em 1831, mas a população carioca insiste em chamar de Campo de Santana.
No calor dos acontecimentos
Uma das principais características do primeiro ano da República foi a intensidade dos negócios e da especulação financeira, tendo como consequência as vultosas emissões de dinheiro e a facilidade do crédito.
Várias empresas nasceram da noite para o dia, algumas eram fantasmas, e o resultado foi a elevação da inflação a índices superiores a 134% ao dia.
No início de 1891, a crise de manifestou de forma mais clara com a derrubada nos preços das ações, a falência dos estabelecimentos bancários e de empresas. 
O valor da moeda brasileira, que era mensurado a partir do valor da libra inglesa, despencou.
Esses foram os resultados do “Encilhamento” ― política econômica desenvolvida por Rui Barbosa (1849-1923), na época o Ministro da Economia do governo provisório de Deodoro da Fonseca.
O objetivo de Rui Barbosa com o “Encilhamento” era fomentar a atividade industrial no Brasil, fazendo com que o país não dependesse tanto das atividades agrícolas.
Enquanto o governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca dava seus primeiros tropeços no planejamento econômico, os primeiros representantes eleitos sob a égide da República, reunidos em Assembleia Constituinte entre novembro de 1890 e fevereirode 1891, redigiam a nova constituição brasileira, que deveria substituir a carta monárquica de 1824.
Orientados por Rui Barbosa e tomando como modelo a constituição dos EUA, as novas leis introduziram importantes mudanças no sistema político do país, até então caracterizado pela centralização monárquica.
Posse de Deodoro na presidência da República em 26 de fevereiro  de 1891, dois dias depois de promulgada a Constituição.
Leia entrevista feita a Rui Barbosa, em 20 de novembro de 1889, concedida pela revista veja: http://veja.abril.com.br/historia/republica/entrevista-ruy-barbosa.shtml
As principais determinações previstas na Nova Constituição
Veja as principais determinações previstas na constituição dos Estados Unidos do Brasil foram:
- A adoção da organização federativa. Com isso, as antigas províncias se tornaram Estados membros da federação, adquirindo amplos direitos como os de organizar força militar própria, constituir a justiça estadual e criar impostos. 
- Nos termos do pacto federativo, seria o dever da União organizar as forçar armadas, regular a emissão de papel moeda e intervir nos governos estaduais quando a ordem republicana estivesse correndo perigo.
- A manutenção da separação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo, obviamente, extinto o poder moderador.
- O cargo máximo da administração pública passava a ser o de Presidente da República, que deveria ser eleito majoritariamente através da votação direta, com a exceção do primeiro Presidente, que seria eleito de forma indireta pelo congresso.
- O corpo legislativo passava a ser formado pelo Congresso Nacional, que por sua vez se dividia em duas casas: a Câmara dos Deputados, formada por parlamentares eleitos proporcionalmente à população dos Estados, e o Senado Federal, com três representantes por Estado, que não mais eram vitalícios.
- O fim do padroado com a implantação do Estado Laico, ou seja, a separação entre Igreja e Estado.
- O fim da exigência de renda mínima para a obtenção do direito ao voto.
De acordo com as considerações do historiador Renato Lessa, a constituição de 1891 não fortaleceu apenas o poder executivo, mas também o legislativo.  
O autor afirma que:
- O projeto oficial e o texto final da constituição representam inovações na história institucional brasileira. Este é o caso da adoção do presidencialismo, que fortalecia em termos políticos o poder Executivo, fazendo-o emanar da vontade geral, ao contrário da tradição do Império que o definiu como criação do Poder Moderador (...).  
- Outra novidade relevante foi a indissolubilidade do poder legislativo que, a partir de 1891, passou a contar com um amplo leque de prerrogativas, incluindo, entre outras, o controle total do orçamento federal, a possibilidade de criar bancos de emissão, o direito de legislar sobre a organização das forças armadas, a criação de empregos públicos federais, e o que é crucial, o direito exclusivo de verificar e reconhecer poderes (ou seja, a eleição) dos seus membros. Esta última atribuição exclusiva implicava o completo controle do poder legislativo sobre a sua renovação. (LESSA; 2003. p. 142).
Governo de Deodoro da Fonseca e seu vice Floriano Peixoto
Em plena crise econômica provocada pelo fracasso do encilhamento, o Congresso formalizou o governo de Deodoro da Fonseca, sendo Floriano Peixoto (1839-1895), eleito, também de forma indireta, o Vice-Presidente. 
Apesar de ambos serem oficiais do Exército, havia grandes diferenças entre os modelos político/administrativos defendidos pelo Presidente e pelo Vice-Presidente da República brasileira.
Floriano Peixoto
Defendia uma proposta “jacobina” de República baseada no forte personalismo do líder e no diálogo direto com alguns setores da população urbana.
Deodoro
Convicções republicanas frágeis, o que provocava certa desconfiança por parte dos republicanos históricos, que temiam o alinhamento do Presidente com as lideranças monarquistas.
Essa diferença ficou clara já na organização das chapas na ocasião das eleições presidenciais. Parte do oficialato do Exército apoiou a candidatura de Deodoro e os parlamentares civis aglutinaram-se ao redor de Prudente de Morais. 
 Durante o mês de fevereiro de 1891 os dois lados se articularam e duas chapas foram formadas.
1ª chapa Deodoro da Fonseca e Almirante Eduardo Wandenkolk.
2ª chapa Prudente de Morais e Marechal Floriano Peixoto.
Como o voto para Presidente e Vice-Presidente não era agregado, o resultado da eleição foi a construção de um governo militar chefiado por Deodoro da Fonseca e vice-presidido por Floriano Peixoto.
A essa altura Deodoro da Fonseca já era extremamente impopular, tanto entre os parlamentares civis como para grande parte da imprensa...
...assim começaram os trabalhos, o parlamento em junho de 1891 e já demonstrava uma forte disposição para a oposição ao governo e, consequentemente, para a restrição da ação do Presidente da República.
Em agosto o senado aprovou a Lei das Responsabilidades do Presidente da República, a câmara dos deputados fez o mesmo em setembro.
No mês seguinte o Presidente vetou esse projeto e um intenso conflito político foi travado no legislativo.
Diante da pressão, o governista Mata Machado, Presidente da câmara, renunciou e o oposicionista Bernardino de Campos assumiu o cargo. Esse foi um duro golpe para a governabilidade do executivo e agravou ainda mais o conflito entre este e o legislativo.  
Insatisfeito com a oposição, Deodoro determinou a dissolução da câmara e do senado, a demissão do ministério e a convocação do barão de Lucena, político historicamente identificado com a Monarquia, para chefiar o novo ministério.
A reação foi imediata. Os líderes políticos paulistas, apoiados pelo vice-presidente Floriano Peixoto, reuniram-se secretamente e traçaram as estratégias da resistência. 
 No dia 23 de novembro, a marinha, fundeada no porto do Rio de Janeiro, juntamente com grande parte da guarnição de terra, iniciou o levante militar. 
 Percebendo a impossibilidade da resistência armada Deodoro da Fonseca decidiu renunciar ao cargo de Presidente da República, começava assim o governo do Marechal Floriano Peixoto.
Os interesses reais dos republicanos  tinham tanto peso que Deodoro chamou eleições em novembro de 1890. 
 Essa situação seria constante, ainda que com alguma diferença, no governo do Marechal Floriano Peixoto, que subiu ao poder e nele se manteve até o fim do quadriênio 1890-1894 com o apoio da oligarquia paulista.
 Sempre urgindo a necessidade da institucionalização e da legitimidade para os créditos externos e a boa ordem dos negócios.
Para o sociólogo e ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, a grande característica da administração do “Generalíssimo” Deodoro da Fonseca foi o confronto entre o doutrinarismo(o meio termo entre a democracia e o tradicionalismo.) dos republicanos históricos civis com os “brios militares”.
O conturbado governo do Marechal Floriano Peixoto
O governo de Floriano Peixoto foi extremamente conturbado. A situação não seria nada fácil para o vice-presidente da República, afinal a Constituição de 1891, versava em seu artigo 42 que no caso de vaga, da presidência ou vice-presidência, sem que houvesse decorrido pelo menos dois anos do mandato, deveriam ser convocadas novas eleições.
A primeira grande luta de Floriano seria para se manter no poder na medida em que a legitimidade de seu mandato era questionada por alguns grupos. Entre eles estavam os políticos monarquistas adesistas, os “republicanos de última hora”, que exigiam a convocação de novas eleições.
Fora isso, havia também dois grandes conflitos que ameaçavam o seu governo:
Desde fevereiro de 1891, o Rio Grande do Sul estava sendo abalado pela disputa entre federalistas, partidários de Silveira Martins, político monarquista, e os republicanos, liderados por Júlio de Castilhos e base de apoio político do Marechal Floriano neste Estado.
O outro conflito foi a Revolta da Armada(SegundoMaria de Lourdes de Mônaco Janoti, a Revolta da Armada foi um movimento antirrepublicano e monarquista, demonstrando a instabilidade política dos primeiros anos da República brasileira.), iniciada em setembro de 1893 e liderada pelos Almirantes Custódio de Melo e Saldanha da Gama.
Diante de tantas dificuldades Floriano Peixoto empunhou a bandeira da legalidade e organizou a resistência.
Os interesses mobilizados pelas circunstâncias políticas lhe renderem ampla base de apoio político, principalmente das grandes oligarquias, em especial a paulista.
“Aceitação na Câmara”
Foi publicada na edição de 1° de novembro de 1894 do jornal Diário de Notícias, que circulava no Rio de Janeiro, uma matéria intitulada “Aceitação na Câmara”, que tratava do apoio que o poder legislativo concedeu a Floriano Peixoto visando à consolidação das instituições republicanas.
Segundo a referida matéria, o projeto de combate às revoltas idealizado pelo governo recebeu apoio de 120 dos 132 deputados presentes na casa legislativa na ocasião da seção em questão.
Tal adesão mostra que até mesmo as elites civis, que jamais confiaram plenamente no governo dos militares, entenderam que o momento era crítico e que a força se fazia necessária.
Esses grupos, então, se retiraram da arena política e deixaram a consolidação da República sob a responsabilidade daqueles que eram peritos no uso da força: os militares.
Até hoje nenhum projeto conseguiu na câmara dos deputados tão alta votação em seu favor, testemunhando isso o espírito de ordem e patriotismo de que se acha dominada a representação direta do povo brasileiro.
Voltando ao calor dos acontecimentos...
As oligarquias que dominavam o poder legislativo apoiaram Floriano Peixoto na manutenção de seu mandato e na repressão à Revolução Federalista e à Revolta da Armada.
Esse apoio teve efeito ambíguo no que se refere ao governo do Marechal. Se por um lado foi fundamental para a manutenção das instituições republicanas, por outro fez com que Floriano ficasse preso na rede política tecida pelas oligarquias.
Tal fato foi central para transição ao governo civil de Prudente de Morais. O Marechal não teve uma sólida base política que o apoiasse em seu projeto de continuar no poder.
Voltando ao calor dos acontecimentos...
Quando se dá a convenção do Partido Republicano, em 25 de setembro de 1893, que ratificou o nome de Prudente de Morais para a corrida presidencial, a rebelião da marinha já estava em pleno curso e Floriano Peixoto não poderia rejeitar o apoio da oligarquia paulista.
Revolta da armada e a Revolução Federalista
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelo governo do Marechal Floriano Peixoto certamente estão a Revolta da Armada e a Revolução Federalista, ambas em 1893.
As duas revoltas consistiram em movimentos de contestação à legitimidade do governo do Marechal Floriano, que contou, como já vimos, com o apoio irrestrito do Congresso, na época controlado pelas oligarquias regionais.
De acordo com a historiadora Maria de Lourdes Mônaco Janoti, de fato houve a participação de lideranças monarquistas nessas revoltas. Ainda nesse momento, havia quem acreditasse ser possível a restauração do regime deposto pelo golpe militar de novembro de 1889.
Entre esses líderes, destacam-se os nomes do já citado Eduardo Prado, que certamente foi a principal intelectual monarquista em atuação nos primeiros anos da República, e Carlos de Laet.
Porém, a autora afirma que o verdadeiro potencial restaurador desses movimentos foi exagerado pelo governo militar e utilizado como elemento legitimador da repressão contra as manifestações da oposição.
A motivação inicial da Revolução Federalista foi uma questão interna à política do Estado do Rio Grande do Sul.
Após fraudes escandalosas em duas eleições e uma sucessão de assassinatos políticos, Júlio de Castilhos assumiu a presidência desse Estado em janeiro de 1893.
Poucos dias depois, os adversários políticos do novo governante organizaram um movimento armado que tinha o objetivo de depor Castilhos.
Guerra Civil
Começou nesse momento a Guerra Civil, que colocou frente a frente as forças do governo e da oposição ― liderança federalista organizada por Gaspar Silveira Martins, contrária à centralização do Estado e ao cerceamento da liberdade administrativa do Estado.
Portanto, a oposição ao governo de Júlio de Castilho era heterogênea demais, tornando, assim, a sua principal fraqueza.
Por outro lado, os castilhistas possuíam uma agenda muito clara e coesa. Eram positivistas de vontade férrea que fechavam colunas sólidas e ainda contavam com o apoio do governo presidido pelo Marechal Floriano.
A guerra durou 31 meses e se estendeu por mais três Estados fronteiriços, chegando mesmo até São Paulo. 
Teve como resultados a vitória dos castilhistas e a morte de pelo menos 10 mil homens — muitos assassinados por degola. 
Esse foi o momento em que a violência do governo do Marechal Floriano ficou mais evidente.
Segunda Revolta da armada
A Segunda Revolta da Armada foi promovida por setores do oficialato da Marinha e liderada pelo contra-almirante Custódio José de Melo.
Os revoltosos não possuíam um programa definido e se manifestavam contra a corrupção e a inconstitucionalidade do governo do Marechal Floriano.  
O movimento jamais assumiu a sua identidade monarquista, apesar de ter sido incentivado por líderes relacionados ao regime deposto.
A Revolta da Armada foi debelada ainda em 1893, quando o governo fez um acordo, intermediado pelo governo português, com os líderes revoltosos, que foram exilados.
Seria um navio oficial da Marinha portuguesa o responsável por transportar esses homens. Porém, os revoltosos foram desembarcados no Rio Grande do Sul, onde se integraram às tropas comandadas por Silveira Martins.
O governo do Marechal Floriano considerou o fato uma traição e rompeu relações diplomáticas com Portugal.
Consolidação das instituições republicanas
Realmente, o governo do Marechal Floriano Peixoto parece ter cumprido o seu objetivo: desmobilizar as oposições e consolidar definitivamente as instituições republicanas, praticamente excluindo a possibilidade da restauração da Monarquia.
Para as elites civis, com destaque para a oligarquia paulista, a necessidade passava a ser outra: desmilitarizar a república. Pois, esses grupos acreditavam que os militares já haviam cumprido seu papel.
Porém, para alguns setores do Exército, justamente aqueles mais identificados com a liderança de Floriano Peixoto, a República ainda corria risco e os civis não tinham condições morais de assumir o controle do país.
Foi nesse momento, na segunda metade do ano de 1894, que a aliança entre os militares florianistas e as oligarquias civis mostrou a sua fragilidade.
De acordo com o historiador Rodrigo Perez Oliveira, a última semana de governo do Marechal Floriano, que marcou também as festividades do quinto aniversário da República e a posse de Prudente de Morais,  deixou evidente que a partir de então a história política do Brasil seria caracterizada por outro conflito:
Deixava de ser Monarquistas X Republicanos
 Para se tornar Militares Florianistas X Governo Civil
Governo de Prudente de Morais e seu vice Manoel Vitorino
Em 1° de março foram realizadas as eleições presidenciais destinadas a definir o sucessor de Floriano Peixoto. O resultado confirmou o controle da máquina eleitoral pela oligarquia paulista.
Prudente de Morais e Manoel Vitorino foram eleitos Presidente e Vice-Presidente da República. Aproximava-se, então, o momento da transferência do poder para os civis.  
Entretanto, os militares não voltariam ao quartel de forma tranquila.  
Se por um lado a cúpula florianista declinou aos anseios jacobinos por um movimento militar que mantivesse a ditadura, por outro, não entregou o poder aos civis sem antes encenar simbolicamente a sua insatisfação.
Os meses que antecederam à posse de Prudente de Morais foram tensos, espalhavam-se os boatos de que Floriano Peixoto lideraria um golpemilitar para permanecer no poder. 
 Isso não aconteceu, não havia condições políticas para uma intervenção dessa natureza. Entretanto, a ausência de um golpe militar continuísta não significa que a transição da “República das espadas” para a “República das casacas” tenha acontecido harmonicamente.
De acordo com o historiador Rodrigo Perez Oliveira, Prudente José de Morais Barros chegou ao Rio de Janeiro para tomar posse da principal magistratura da República na manhã do dia 3 de novembro de 1894.
O Presidente eleito, acompanhado da sua família e de uma pequena comitiva, foi recebido por um grupo de populares.
Uma ausência foi especialmente sentida nessa ocasião: Floriano Peixoto quebrou o decoro e não foi recepcionar o seu sucessor na Estação Central da Estrada de Ferro Central do Brasil. Alegando estar indisposto, o Marechal enviou o seu ajudante de ordens, o Capitão Saddock de Sá.
A partir de então as indisposições de Floriano Peixoto seriam frequentes nas ocasiões em que ele deveria cortejar Prudente de Morais a fim de promover os rituais político-simbólicos da sucessão presidencial (OLIVEIRA; 2003, p. 99). Oliveira afirma ainda que o Marechal Floriano estava preso à teia política construída pela oligarquia paulista, que lhe deu apoio irrestrito nos momentos mais críticos do seu governo, e sabia bem das poucas possibilidades de sucesso de um golpe militar continuísta.
Porém, o Presidente Militar fez questão de deixar clara a sua insatisfação e não compareceu aos rituais cívicos destinados a marcar a posse do novo chefe de Estado. Quebrando completamente o protocolo, Floriano Peixoto não compareceu à posse do seu sucessor.
Estava feito! Em 15 de novembro de 1894, quando a República comemorava o seu quinto aniversário, o paulista Prudente de Morais assumiu a chefia do Estado brasileiro.  
Finalmente, o projeto da oligarquia paulista que estava sendo idealizado desde a década de 1870 era concretizado: o grupo mais rico do Brasil agora controlava também o governo do país.  
Entretanto, a vida dos primeiros governos civis não seria nada fácil. Mas isso é assunto para a próxima aula.

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