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OS PRIMEIROS GOVERNOS CIVIS E A PACIFICAÇÂO DOS MILITARES - 1894/1902
“O lustro da existência, que hoje completa a República Brasileira, tem sido de lutas quase permanentes com adversários de toda espécie, que têm tentado destruí-la, empregando para isso todos os meios (...) essa luta foi travada pela coligação de todos os inimigos, a vitória da República foi decisiva para provar a estabilidade das novas instituições, que tiveram para defendê-las a coragem, a pertinácia e a dedicação do benemérito chefe de estado, auxiliado eficazmente pelas forças de terra e mar. Graças a Deus e aos esforços do saudoso Floriano Peixoto a República hoje navega em águas mais calmas. A tempestade passou. É chegado o momento da liberdade e da democracia!” 
(Prudente de Morais, presidente da República entre 1894 e 1898, em manifesto publicado em O Paiz, imprensa carioca, em 16 de novembro de 1894).
“Conto com a dedicação de todo pessoal da escola para o bom êxito de sua administração, certo de que os seus intuitos de bem servir ao governo que ora dirige os destinos da nação serão eficazmente secundados por aquele glorioso estabelecimento militar, que em seu passado foi sempre um elemento de ordem e respeito ao princípio da autoridade, a que a força armada principalmente tem por dever acatar e obedecer; condições estas imprescindíveis para a tranquilidade da pátria e estabilidade de seus governos”.
(Jacques Ourique, Gazeta de Notícias, 2 de fevereiro de 1895).
O grande projeto idealizado
Tanto as palavras de Prudente de Morais quanto às de Jacques Ourique são fundamentais para esta aula na medida em que traduzem aquele que foi o grande projeto idealizado pelo grupo político que assumiu a Presidência da República brasileira em novembro de 1894. 
Ambos acreditavam que a República já estava consolidada; realmente, salvo raras exceções, os monarquistas inconformados foram desmobilizados pela violenta repressão desenvolvida pela ditadura florianista. Floriano Vieira Peixoto (Maceió, 30 de abril de 1839 — Barra Mansa, 29 de junho de 1895 ) foi um militar e político brasileiro. Primeiro vice-presidente e segundo presidente do Brasil, presidiu o Brasil de 23 de novembro de 1891 a 15 de novembro de 1894, no período da República Velha. Foi denominado "Marechal de Ferro" e "Consolidador da República“.
O marechal Floriano encarnava uma visão da República não identificada com as forças econômicas dominantes. Pensava construir um governo estável, centralizado, vagamente nacionalista, baseado sobretudo no exército e na mocidade das escolas civis e militares. Essa visão chocava-se com a da chamada "República dos Fazendeiros", liberal e descentralizada, que via com suspeitas o reforço do Exército e as manifestações da população urbana do Rio de Janeiro.
Floriano Peixoto, em seus três anos de governo como presidente, enfrentou a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, iniciada em fevereiro de 1893. Ao atacá-la, apoiou Júlio Prates de Castilhos. O apelido de "Marechal de Ferro" se popularizou devido à força com que o presidente suprimiu tanto a "Revolução" Federalista, que ocorreu na cidade de Desterro (atual Florianópolis), como a Segunda Revolta da Armada.
O culto à personalidade de Floriano – o florianismo – foi o precursor dos demais "ismos" da política do Brasil: o getulismo, o ademarismo, o janismo, o brizolismo, o malufismo e o lulismo.
Prudente de Morais
Sou Prudente no nome, prudente por princípios, e prudente por hábito. 
Sou também prudente, procurando evitar questões pessoais odiosas.”
Prudente José de Morais Barros
Prudente de Morais, sucessor de Floriano Peixoto, reconheceu a importância da “coragem, a pertinácia e a dedicação do benemérito marechal” para a consolidação das novas instituições. 
Contudo, ao mesmo tempo que o primeiro presidente civil manifestou publicamente sua gratidão a seu antecessor, deixou claro qual seria o principal desafio dos civis, que, ligados diretamente aos interesses das oligarquias cafeicultoras, controlariam a partir de então, e até 1930, os rumos da República brasileira: pacificar a conduta política do Exército e reconduzir os militares à caserna, retirando-os da arena política.
Escola Militar da Praia Vermelha
O novo diretor da Escola Militar da Praia Vermelha, General Jacques Ourique, assumiu o comando da mais importante instituição de ensino militar do Brasil - após a exoneração do General Francisco Raimundo Ewerton Quadros - , empossado no cargo por Floriano Peixoto, em dezembro de 1892, e deixou claro, desde o início, que era fiel ao novo governo. 
Jacques Ourique iniciou um programa de disciplinarização da conduta política dos alunos da Escola Militar, a que o General Teixeira Jr., diretor da escola no quadriênio Campos Sales, deu prosseguimento. 
Esse empreendimento não se mostrou bem-sucedido, visto que, depois de anos de indisciplina, a escola foi fechada em 1904, após o envolvimento de seus alunos na Revolta da Vacina (Carvalho, 1987 ).
A Revolta da Vacina foi uma revolta popular ocorrida na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904. Ocorreram vários conflitos urbanos violentos entre populares e forças do governo (policiais e militares).
 A principal causa foi a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, realizada pelo governo brasileiro e comandada pelo médico sanitarista Dr. Oswaldo Cruz. A grande maioria da população, formada por pessoas pobres e desinformadas, não conheciam o funcionamento de uma vacina e seus efeitos positivos. Logo, não queriam tomar a vacina.
 O clima de descontentamento popular com outras medidas tomadas pelo governo federal, que afetaram principalmente as pessoas mais pobres. 
Entre estas medidas, podemos destacar a reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil), que desalojou milhares de pessoas para que cortiços e habitações populares fossem colocados abaixo para a construção de avenidas, jardins e edifícios mais modernos.
Abordaremos essa revolta mais detidamente na próxima aula.
Desenvolvimento do projeto político
O desenvolvimento do projeto político esteve longe de ser harmônico. Prudente de Morais administrou as Forças Armadas de forma completamente diferente de como havia feito Floriano Peixoto. 
O primeiro presidente civil da República brasileira reduziu os efetivos do Exército, prestigiou a brigada policial, dando-lhe o caráter de força de segurança privada, promoveu oficiais contrários à participação castrense( militara) na política e negou promoções aos que dela participavam. 
Isso desagradou profundamente os jacobinos, que, como vimos na aula anterior, foram a principal base de apoio popular a Floriano Peixoto, e gerou atritos constantes entre eles e o governo civil.
Sucessão presidencial
Como vimos na aula anterior, um acordo tático entre Floriano e a elite política de São Paulo determinou os rumos da sucessão presidencial. 
Dispondo de poucas bases de apoio, entre as quais se encontravam os jacobinos, Floriano não teve força política suficiente para indicar seu sucessor, que, muito provavelmente, seria o General Moreira César. 
Prevaleceu assim o nome do paulista Prudente de Morais, eleito em 1o de março de 1894. O marechal demonstrou sua contrariedade não comparecendo à posse.
A sucessão presidencial marcou o fim da presença de figuras do Exército na presidência da primeira República, com exceção do Marechal Hermes da Fonseca, eleito para o quadriênio 1910-1914. Além disso, a atividade política dos militares como um todo declinou. 
O clube militar, que coordenava essas atividades, ficou fechado entre 1896 e 1901. Nos governos de Prudente de Morais e Campos Sales, radicalizou-se a animosidade ― já existente no governo de Floriano Peixoto ― entre as oligarquias civis e o republicanismo militar dos jacobinos, concentrados no Rio de Janeiro.
A ação urbana dos jacobinos era organizada pelos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, a “mocidade militar”, como falavam os contemporâneos. A imprensa da época érepleta de notícias a respeito dos meetings promovidos pelos jovens alunos.
Eduardo Prado - um dos principais adversários políticos da ditadura florianista
Eduardo Prado, um dos principais adversários políticos da ditadura florianista, criticou a enorme influência de Floriano Peixoto(Mesmo após sua morte, em junho de 1895, Floriano continuou sendo muito estimado pelos alunos da Escola Militar. A litografia do marechal era presença obrigatória nas manifestações que eles organizavam.) entre os estudantes da Escola Militar. 
Logo após sua chegada à Europa, o escritor paulista, na condição de foragido político, deu uma entrevista ao periódico português Jornal do Comércio. 
Reproduzida em vários jornais brasileiros, essa entrevista foi importantíssima para fazer de Prado uma das figuras mais odiadas pelo grupo dos jacobinos.
Publicada entre 4 e 11 de dezembro de 1894 no jornal jacobino A Bomba, nessa entrevista o escritor criticou violentamente o governo de Floriano Peixoto, acusando o marechal de ter “contaminado a mocidade da escola militar com seu jacobinismo rubro (...)”.
Prado afirma:
“É correto que o governo queira empregar a mocidade para efetuar prisões políticas mandando depois os alunos militares ser carcereiros dos deportados, cumprimentando que mais hábeis e ferozes  se mostram como verdugos e fuziladores? Pois Floriano pela distribuição de dinheiro e de postos entre estes jovens conseguiu isso.
A mocidade em toda parte é clemente e generosa: no Brasil, graças a Floriano, os verdugos são mancebos, às vezes imberbes. Benjamin Constant corrompeu a inteligência da mocidade ensinando-lhe a doutrina endeusadora da tirania, que se chama positivismo; Floriano rematou a corrupção transformando-a em agentes de suas crueldades os alunos da Escola Militar”.
 (A Bomba, 9 de novembro de 1894)
Recepcionando o regimento de cavalaria
O interesse do governo em se aproximar do Exército ficou claro em 27 de janeiro de 1895, quando o primeiro regimento de cavalaria retornou de Santa Catarina, onde lutara por dez meses contra os federalistas. 
Em carta ao Ministro da Guerra, General Bernardo Vasques, que ocupou o cargo após a exoneração, em dezembro de 1894, do General Carlos Machado Bittencourt, que foi um dos baluartes do governo de Floriano Peixoto, Prudente de Morais solicitou a organização de uma grande festa para receber o regimento comandado pelo Coronel Martinho da Silva.
General Vasques,
 Não poupe esforços na recepção da força comandada pelo coronel Martinho Silva. É grande o interesse que o governo tem de mostrar aos seus irmãos de farda que não somos seus inimigos. Desejo uma grande festa, mande chamar as crianças, os jornais e as praças; é preciso o congraçamento.
 (Coleção Adyr Guimarães; cx. 3, doc. 12).
O ministro da Guerra atendeu ao pedido do presidente da República e uma grande festa foi organizada para recepcionar o regimento de cavalaria. 
Os militares chegaram ao porto conduzidos por embarcações do arsenal de guerra e foram ovacionados por uma multidão na praça XV de Novembro, onde uma banda do Exército tocou músicas militares. 
De acordo com o historiador Rodrigo Perez Oliveira, o projeto de desmilitarização da política nacional não foi idealizado e efetivado apenas pelos governos civis; contou com a colaboração de segmentos do próprio Exército, destacando-se aí nomes como Jacques Ourique e Nepomuceno Mallet.
Arraial de Canudos
Não foi somente o jacobinismo dos alunos da Escola Militar que criou dificuldades ao governo de Prudente de Morais. 
Desde meados de 1893, formava-se no sertão norte da Bahia, em uma fazenda abandonada, uma povoação conhecida como “Arraial de Canudos”. 
Seu líder era Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro. Vamos examinar a Revolta de Canudos mais detidamente na próxima aula.
Antônio Vicente Mendes Maciel (Quixeramobim, 13 de março de 1830 — Canudos, 22 de setembro de 1897), mais conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro, que se autodenominava "o peregrino", foi um líder religioso brasileiro.
Figura carismática, adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi destruído pelo Exército da República na chamada Guerra de Canudos em 1897.
A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no como um louco, fanático religioso e contra-revolucionário monarquista perigoso.
Desafios no Governo Campos Salles
Apesar do esforço empreendido, Prudente de Morais não conseguiu entregar a seu sucessor, o também paulista Campos Sales, uma República pacificada. 
Eleito em 1o de março de 1898, quando derrotou Lauro Sodré, candidato do PRF, que contou com o apoio dos jacobinos, Campos Sales herdou um cenário de grave crise econômica e de grande instabilidade política. 
O principal desafio para o novo presidente foi a consolidação da hegemonia das oligarquias cafeicultoras. Para tal, era imprescindível dar continuidade ao projeto de pacificação da conduta política dos militares iniciado no governo de Prudente de Morais.
Se a devassa promovida pelo governo anterior havia desmobilizado os clubes jacobinos, os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha continuaram se manifestando contra a liderança política dos civis. 
Os conflitos entre a mocidade militar e as forças do governo foram constantes também no governo de Campos Sales. Por isso, o presidente da República, contando com a fidelidade de setores do oficialato do Exército, prosseguiu tentando controlar as ações dos estudantes militares e enfraquecer a influência do jacobinismo florianista entre eles.
O Governo de Campos Sales e a restruturação econômica
O governo de Campos Sales (1898-1902) promoveu a consolidação da República liberal-oligárquica. Após grandes esforços, a elite política dos grandes estados triunfou. 
Para tanto, o Presidente Campos Sales precisou reestruturar a economia, em crise desde os últimos anos da monarquia, e estabilizar a política, sobretudo naquilo que se referia à participação dos militares. 
No plano financeiro, o governo republicano herdara do Império uma dívida externa que consumia grande parte do saldo da balança comercial. O quadro se agravou ao longo da década de 1890, com o aumento do déficit público.
O apelo ao crédito internacional foi utilizado com frequência, e a dívida cresceu aproximadamente 30% entre 1890 e 1897, gerando novos compromissos de pagamento. 
Em junho de 1898, foi acertado o penoso funding loan.( Foi um acordo com os credores que resultou em novos empréstimos destinados ao pagamento dos juros do montante dos empréstimos anteriores.)
O Brasil deu em garantia aos credores as rendas da Alfândega do Rio de Janeiro e ficou proibido de contrair novos empréstimos até junho de 1901. 
Comprometeu-se ainda a cumprir um duro programa de austeridade econômica caracterizado pela restrição interna do crédito e pelo corte dos gastos públicos. Esse pacote econômico se tornou bastante impopular e comprometeu a imagem do governo perante a sociedade.
O Governo Campos Sales e as estratégias políticas
O governo de Campos Sales foi marcado pela criação de uma estratégia política destinada a dificultar a atuação das oposições no Congresso Nacional. 
A enorme importância atribuída aos estados provocou, muitas vezes, conflitos entre facções locais. O governo federal aí intervinha, usando de seus controvertidos poderes estabelecidos na Constituição. Isso tornava incerto o controle do poder central em alguns estados e reduzia as possibilidades de um acerto entre estes e a União. 
Acrescente-se o fato de que o Poder Executivo encontrava extremas dificuldades em se impor ao Legislativo. 
Diante disso, Campos Sales idealizou um arranjo político conhecido como “política dos governadores”. (Por meio de uma alteração artificiosa do Regimento Interno daCâmara dos Deputados, assegurou-se que a representação parlamentar de cada Estado corresponderia ao grupo regional dominante. Ao mesmo tempo, garantiu-se maior subordinação da Câmara ao Poder Executivo. O propósito da política dos governadores, apenas em parte alcançado, foi eliminar as disputas entre as facções nos estados, reforçar o Poder Executivo e inaugurar a “rotinização do poder” na Primeira República.)
Campos Sales e seus aliados entenderam bem que a origem da instabilidade política não estava na ordem jurídica, mas sim na dificuldade dos governos em garantir o respeito à sua autoridade e à ordem constituída. 
Por isso, o governo desse presidente desenvolveu a “política dos governadores”, tb conhecida como Política dos Estados. Tratou-se de um acordo entre o presidente da República e os presidentes dos estados, que hoje corresponderiam aos governadores. 
Em termos gerais, o governo central dava ampla autonomia aos governos estaduais, que, por sua vez, ajudavam a controlar as eleições legislativas, fazendo com que apenas candidatos da base de apoio chegassem ao Congresso Nacional. 
Na falta de uma justiça eleitoral autônoma, quem reconhecia os diplomas dos candidatos eleitos era a própria Câmara, o que era feito de acordo com os interesses do governo federal.
Reflexão crítica de Rui Barbosa
O governo federal entregava cada um dos Estados à facção que dele primeiro se apoderasse. Contanto que se pusesse nas mãos do presidente da República, esse grupo de exploradores privilegiados receberia dele a mais limitada outorga, para servilizar, corromper e roubar as populações. (...). A hipótese da intervenção federal não o inquietaria nunca mais. O governador da União não ousaria dela mais nunca, a não ser e quando a quadrilha protegida a solicitasse, para ultimar, em nome da autonomia estadual, a escravidão, a desonra e a pilhagem do Estado.
(Rui Barbosa. Jornal do Brasil, 13 de junho de 1901).
Nesse trecho, Rui Barbosa desenvolve uma reflexão crítica a respeito da política dos governadores, apontando aquela que era sua principal característica: o acordo entre os governos central e estadual.
Campos Sales e à administração militar
Naquilo que se refere à administração militar, Campos Sales enfrentou os mesmos problemas que caracterizaram o governo de Prudente de Morais: o conflito com militares exaltados, especificamente os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. 
 A mocidade militar continuou a promover dificuldades ao governo civil. Eram comuns os conflitos entre a brigada policial e setores legalistas do Exército contra os estudantes. Campos Sales trocou o comando do Ministério da Guerra e da Escola Militar da Praia Vermelha. 
 O General João Nepomuceno Medeiros Mallet, um dos 13 generais reformados compulsoriamente no governo de Floriano Peixoto, assumiu o Ministério da Guerra no lugar do General Bernardo Vasques, e o General Teixeira Jr. assumiu a direção da Escola Militar no lugar do General Jacques Ourique.
Em 1698, construiu-se uma modesta fortificação na Praia Vermelha, considerada ponto vulnerável. 
Em 27 de novembro de 1935 foi deflagrada uma rebelião militar de esquerda, e o 3º R.I., por se encontrar na vanguarda do movimento inspirado pela Aliança Nacional Libertadora, foi duramente atingido pela repressão das forças governistas, comandadas pelo general Dutra. 
O prédio foi seguidamente bombardeado, e, após a contenção da revolta, decidiu-se pela demolição, dado seu estado precário.
A antiga Escola Militar foi sucedida por outras instalações na Praia Vermelha, dentre elas o Instituto Militar de Engenharia, página mais recente em uma história iniciada há mais de trezentos anos, quando alguns poucos e corajosos soldados defenderam a cidade das espadas e bacamartes dos corsários.
O Instituto Militar de Engenharia (IME) é uma instituição acadêmica de nível superior pertencente ao Exército Brasileiro.
O IME oferece cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia, sendo considerado um centro de excelência e referência nacional e internacional no ensino da Engenharia.
Segundo o jornal Gazeta de Notícias, de 23 de maio de 1898, a troca foi motivada porque Campos Sales considerou “infrutífero o que até então havia sido feito para controlar os ânimos dos militares subversivos”. 
Tanto o novo ministro da Guerra quanto o novo diretor da Escola Militar não alteraram consubstancialmente a prática repressora desenvolvida por seus antecessores. 
A mocidade militar continuou a ser controlada de perto, e suas manifestações eram violentamente combatidas, sobretudo aquelas realizadas no dia 29 de junho, aniversário de morte de Floriano Peixoto. 
Era comum, nessas ocasiões, a ocorrência de grandes conflitos entre os estudantes e as forças do governo; “as lojas de comércio fecham suas portas sempre que esses meninos promovem suas arruaças” (Gazeta de Notícias, 30 de junho de 1898).
Término do mandato de Campos Sales
Campos Sales passou a faixa presidencial em 1902, ao também paulista Rodrigues Alves (1848-1919) com a certeza de que a República, de fato, navegava em águas mais tranquilas e começava a viver um período de estabilidade e de relativa prosperidade, que era baseada na agroexportação de café. 
Tal estabilidade, porém, não resultou necessariamente na ausência de contestações por parte da população mais pobre, até então excluída dos mecanismos formais de participação política. Analisar essas manifestações é o objetivo da próxima aula.
Francisco de Paula Rodrigues Alves (Guaratinguetá, 7 de julho de 1848 — Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1919) foi um advogado, político brasileiro, Conselheiro do Império, presidente da província de São Paulo, presidente do estado, ministro da fazenda e quinto presidente do Brasil.
Governou São Paulo por três mandatos: 1887 - 1888, como presidente da província, e como quinto presidente do estado de 1900 a 1902 e como nono presidente do estado de 1912 a 1916.

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