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ONLINE 7 Brasil Republicano
Entre as indústrias e a vocação agrícolas: A agenda econômica dentro da Primeira República Brasileira.
Introdução
A transição da monarquia para a República foi marcada, ao mesmo tempo, por continuidades e rupturas. Se, de um lado, o golpe militar republicano transformou completamente as instituições político-administrativas e substituiu o princípio do direito dinástico pelo princípio eletivo, e, como vimos na aula anterior, reorientou a política externa desenvolvida pelo Estado brasileiro, de outro, manteve os incentivos governamentais à produção e à exportação de café, que continuou sendo o carro-chefe da economia brasileira. Da mesma forma como ocorreu durante grande parte do século XIX, as riquezas nacionais continuaram a ter sob o governo republicano seu fundamento no “ouro negro”. É claro que o próprio cultivo de café mudou; os setores agroexportadores mais poderosos não estavam mais no sul do Rio de Janeiro, mas sim no oeste de São Paulo. Nossa sétima aula de História do Brasil Republicano tem como tema as estratégias econômicas desenvolvidas pelos governos republicanos entre 1889 e 1930, quando podemos perceber a combinação entre o interesse de proteger os preços do café e incentivar o desenvolvimento das atividades industriais. Foi desse modo que os governos republicanos tentaram contornar a crise econômica que, desde a década de 1870, corroía as finanças públicas brasileiras. Esses investimentos foram fundamentais para que de fato o Brasil pudesse se transformar em um país industrializado, o que ocorreria, de forma efetiva, apenas na década de 1930, já sob o governo de Getúlio Vargas. Nesse sentido, é possível afirmar que a Primeira República (1889-1930) representou um prelúdio fundamental para o processo de modernização industrial e econômica que caracterizou a Era Vargas (1930-1945).
A República e as transformações socioeconômicas
Certamente, a imigração em massa foi um dos principais fatores responsáveis pelas transformações sociais e econômicas que caracterizaram os primeiros anos de vida da República brasileira. 
O Brasil, junto com os Estados Unidos e a Argentina, foi o principal receptor de europeus e asiáticos que vieram para as Américas em busca de melhores condições de trabalho e ascensão social. 
De acordo com os dados apresentados pelo historiador Boris Fausto, cerca de 2,8 milhões de estrangeiros entraram no Brasil entre 1889 e 1930.
O historiador Boris Fausto afirma:
O período 1889-1914 concentrou o maior número de imigrantes, com a cifra aproximada de 2,74 milhões, cerca de 72% do total. 
Essa concentração se explica, além de outros fatores, pela forte demanda de força de trabalho naqueles anos para a lavoura de café. 
A Primeira Guerra Mundial reduziu muito o fluxo de imigrantes. Após o fim do conflito, constatamos uma nova corrente imigratória, que se prolonga até 1930 (1995, p. 155-156).
O fluxo migratório não foi o mesmo em todo o território nacional. As regiões Sudeste e Sul foram as que mais receberam imigrantes no período que estamos analisando nesta aula. Ainda de acordo com as considerações de Boris Fausto, em 1920, 93,4% da população estrangeira vivia nessas regiões do território brasileiro. 
Destaca-se aqui especialmente o Estado de São Paulo, que, na época, concentrava 52,4% dos imigrantes residentes no Brasil. 
Em relação às fontes do fluxo imigratório, alguns países têm importância especial, como Itália, Portugal e Espanha, países natais de, respectivamente, 35,5%, 29% e 14% dos imigrantes que entraram no Brasil durante a Primeira República.
O INCENTIVO A IMIGRAÇÃO
O incentivo à imigração não foi uma novidade estabelecida pelos governos republicanos; já fazia parte dos planos das elites proprietárias desde o início da década de 1870, quando se tornou evidente que a escravidão não veria o século XX nascer.
Em um primeiro momento, ficou claro que a principal função dos imigrantes seria ocupar o lugar dos escravos e garantir que a abolição do trabalho compulsório não prejudicasse demasiadamente a economia brasileira.
Clique aqui e saiba mais sobre a polêmica dos colonos de Santa Veridiana
Colonos de Santa Veridiana
Em outubro de 1883, um grupo formado por sete famílias se desligou da propriedade de Antônio Prado e migrou para o Uruguai. Como Antônio já era um importante líder do Partido Conservador, o caso foi prontamente politizado, e seus adversários políticos tentaram se apropriar do ocorrido. Vejamos: Algumas famílias italianas fugiram em outubro do corrente ano da colônia Santa Veridiana, de propriedade do ilustríssimo sr dr Antônio Prado, e rumaram para o sul, onde esperam encontrar melhores condições de trabalho e sobrevivência. O sr Antônio Sigalglia, chefe de uma dessas famílias, fez acusações graves ao dr Antônio Prado, aquele mesmo que nos acostumamos a ver como defensor da liberdade dos escravos (...). A julgar verdadeiras as acusações do sr Sigalglia, parece que o ilustríssimo político pretende apenas clarear a sua escravaria (Tribuna Liberal, 23 de novembro de 1883). 
Essas palavras foram publicadas no jornal Tribuna Liberal, que, na época, era o órgão oficial do Partido Liberal, que, como vimos na disciplina História do Brasil Imperial, era o principal adversário do Partido Conservador. É claro que Antônio Prado se defendeu das acusações e fez a seguinte afirmação: Prometi publicar a conta-corrente dos colonos que saíram da minha colônia em Santa Veridiana, no município de Casa Branca, para contestar o que se pretende insinuar a respeito da sorte desses colonos, que seguiram para o Rio da Prata em outubro desse mesmo ano (Correio Paulistano, 23 de dezembro de 1883). 
Realmente, Antônio publicou os recibos de gastos e ganhos de todas as famílias emigradas, incluindo aquela liderada por Sigalglia. Os documentos apresentados, que podem muito bem ter sido forjados, mostravam que os italianos não estavam endividados. Eles haviam ganhado mais do que gastado. Nesse sentido, a verdadeira vítima seria o proprietário, que investira no “transporte e na manutenção de uma subsistência digna para os colonos, que partiram sem honrar com os compromissos firmados” (Correio Paulistano, 23 de dezembro de 1883). Para Antônio, a verdadeira motivação da partida era outra. Ele evitou utilizar o termo “fuga”, afinal, segundo afirmava, os italianos não eram prisioneiros: A colonização particular, da forma como foi estabelecida nessa província, não satisfaz os interesses dos colonos, que desejam ser proprietários da terra beneficiada pelo seu trabalho. (...) Não acredito ser outro o móvel da partida desses colonos, que preferem a incerteza do Rio da Prata à estabilidade da Província de São Paulo, onde sabem bem ser muito difícil que um imigrante particular consiga se tornar um proprietário agrícola em boas condições de prosperidade (Correio Paulistano, 23 de dezembro de 1883). 
Seja como for, a polêmica dos colonos de Santa Veridiana demonstrou como poderiam ser tensas as relações entre os imigrantes e os proprietários. Alguns pesquisadores especializados na história da Primeira República brasileira apontam para o fato de que a mobilizada social ascendente dos imigrantes foi algo relativamente comum no período. Alguns trabalhadores estrangeiros chegaram mesmo a se transformar em grandes fazendeiros. Isso pode ser verificado com mais frequência nas atividades urbanas, como comércio e indústria, do que nas áreas mais rurais. De acordo com Boris Fausto: 
O caso do campo era mais complicado (...). Nos primeiros anos da imigração em massa, os imigrantes foram submetidos a uma dura existência, resultante das condições gerais de tratamento dos trabalhadores no país, onde eles quase equivaliam a escravos. Atesta esse quadro o grande número de retornados, as queixas dos cônsules e as medidas tomadas pelo governo italiano (1995, p. 158)
Antônio da Silva Prado (1840-1929)
Um dos casos mais emblemáticos dessa resistência se deu no município paulista de Casa Branca, na colônia de Santa Veridiana,de propriedade de Antônio Prado, um dos principais políticos e fazendeiros brasileiros da segunda metade do século XIX.
É possível encontrar vestígios que apontam para a péssima qualidade de moradia e de trabalho que os proprietários dispensavam aos trabalhadores estrangeiros, que, assim como os escravos, não foram passivos e resistiram ao poder dos grandes fazendeiros.
A parceria e o colonato
A relação entre os imigrantes e os proprietários, que obviamente era desfavorável para os primeiros, foi se transformando ao longo do tempo à medida que o sistema ia se sofisticando. 
A principal transformação consistiu na substituição da parceria pelo colonato.
Parceria- Os imigrantes se responsabilizavam pelo cultivo do cafezal, recebendo por isso dois pagamentos anuais: o primeiro acontecia no momento do plantio de um número previamente estabelecido de pés de café, e o segundo na ocasião da colheita. A quantia a ser paga aos trabalhadores variava de acordo com o sucesso da colheita. O fazendeiro fornecia pequenos lotes de terra aos colonos, que podiam cultivar também alguns gêneros alimentícios.
Colonato- O colonato era diferente da parceria porque, entre outros motivos, não havia a divisão de lucros entre o proprietário e o trabalhador. Nesse tipo de relação, os colonos plantavam o café e cuidavam do cultivo em um período que variava de quatro a seis anos. Os trabalhadores praticamente não recebiam salários, mas poderiam utilizar a terra para produzir gêneros de interesse próprio, que poderiam ser destinados tanto à subsistência quanto ao comércio local. 
De acordo com o historiador Boris Fausto, os trabalhadores preferiam esse tipo de relação porque lhes proporcionava mais autonomia e não os deixavam tão dependentes dos resultados das safras.
Conforme o historiador Boris Fausto:
O colonato estabilizou as relações de trabalho, mas não eliminou os problemas entre colonos e fazendeiros. Ocorreram constantes atritos individuais e mesmo greves.
Além disso, os colonos não eram escravos e realizavam uma intensa mobilidade espacial, deslocando-se de uma fazenda para a outra, ou até mesmo para os centros urbanos, em busca de melhores oportunidades (1995, p. 160).
A estrutura econômica da Primeira República brasileira
A República nasceu sob os impactos de uma grave crise econômica que abalava as contas do Estado brasileiro desde a década de 1870, quando os preços internacionais do café começaram a experimentar as primeiras grandes quedas. 
Fora isso, o novo regime gastou bastante com as operações militares destinadas a reprimir a Revolta de Canudos e a Revolução Federalista. 
O resultado foi um rombo no erário e, para contornar a situação, os governos republicanos utilizaram as mesmas estratégias que o governo monárquico: a obtenção de empréstimos para financiar a capacidade de investimento do Estado e para saldar os juros das dívidas anteriores.
Guerra de Canudos ou Campanha de Canudos foi o confronto entre o Exército Brasileiro e os integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no nordeste do Brasil.
A Revolução Federalista ocorreu no sul do Brasil logo após a Proclamação da República, e teve como causa a instabilidade política gerada pelos federalistas, que pretendiam "libertar o Rio Grande do Sul da tirania de Júlio de Castilhos", então presidente do Estado, e também conquistar uma maior autonomia do estado do Rio Grande do Sul, descentralizando o poder da então recém proclamada República.Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear uma guerra civil, que durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895, e que foi vencida pelos pica-paus, seguidores de Júlio de Castilhos.A divergência teve início com atritos ocorridos entre aqueles que procuravam a autonomia estadual, frente ao poder federal e seus opositores. A luta armada atingiu as regiões compreendidas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
- continuação...a estrutura econômica da Primeira República brasileira
CAMPOS SALES- Percebendo a gravidade da situação, o governo presidido por Campos Sales assinou, em 1898, um acordo com credores brasileiros no exterior. 
Segundo os termos do acordo(Considerações do historiador Boris Fausto:O Brasil recebeu um crédito de dez milhões de libras (...). Em troca, o Brasil deu em garantia aos credores a renda da alfândega do Rio de Janeiro e ficou proibido de contrair novos empréstimos até junho de 1901. Comprometeu-se ainda a cumprir um duro programa de deflação, incinerando parte do papel-moeda em circulação. O país escapava assim da insolvência. Mas, nos anos seguintes, pagaria um pesado tributo por essas medidas, e outras que se seguiram no governo de Campos Sales, gerando a queda de atividade econômica e a quebra de bancos e outras empresas 1995, p. 143).), o governo brasileiro adquiria um novo empréstimo no valor de 10 milhões de libras e em troca se comprometia a adotar uma rígida política de austeridade econômica, o que na prática significava o controle dos gastos públicos e a elevação dos impostos.
Essas medidas tornaram o governo bastante impopular.	
Produção de riqueza
Naquilo que se refere à produção de riqueza, a grande tentativa dos governos republicanos do período foi o equilíbrio entre as atividades agroexportadoras e a produção industrial. Apesar de a indústria brasileira ter se desenvolvido bastante nesse período, em nenhum momento, entre 1889 e 1930, o Brasil deixou de ser um país agrícola. Segundo o censo de 1920, 69,7% da população economicamente ativa estava envolvida em atividades agrícolas. É claro que o café representava o coração da economia brasileira. O produto chegou a representar, de acordo com os dados mostrados pelo economista Celso Furtado, 67,6% das exportações brasileiras em 1897. No entanto, sob nenhum aspecto a produção cafeeira estava imune às crises, que eram causadas pelas flutuações no preço do produto no mercado externo, decorrentes dos efeitos climáticos sobre os cafezais e da concorrência de outros centros de produção.
A austeridade que passou a caracterizar o comportamento econômico dos governos republicanos após a presidência de Campos Sales contrariou diretamente os interesses dos grandes proprietários de café. 
Para tentar contornar essa insatisfação, os governos dos três principais estados produtores de café, sob pressão dos cafeicultores, assinaram um acordo, em 1906, na cidade de Taubaté, comprometendo-se a garantir, se necessário com dinheiro público, os preços rentáveis do produto e estimular seu consumo interno.
Proteção do café
Em um primeiro momento, foi o governo de São Paulo o mais interessado na proteção do café, que se esforçou para pôr em prática os comportamentos acordados em Taubaté. 
Depois disso, em 1908, já sob a presidência de Afonso Pena, o próprio governo federal estimulou o governo paulista a contrair um empréstimo de 15 milhões de libras esterlinas para intensificar a política de valorização do café.
O esforço do Estado Brasileiro para proteger os preços deste produto no mercado internacional denota a força política da elite cafeicultora, sobre a paulista.
Celso Furtado afirma:
O primeiro esquema de valorização teve de ser posto em prática pelos Estados cafeicultores ― liderados por São Paulo ― sem apoio do governo federal. 
Diante da relutância deste último, os governos estaduais ― aos quais a descentralização republicana concedera o poder constitucional exclusivo de criar impostos às exportações ― apelaram diretamente para o crédito internacional e puseram em marcha o projeto. Essa decisão lhes valeu a vitória sobre os grupos opositores. 
O governo federal teve finalmente que chamar a si a responsabilidade maior na execução da tarefa. O êxito financeiro da experiência veio consolidar a vitória dos cafeicultores, que reforçaram seu poder por mais de um século (...). O plano de defesa elaborado pelos cafeicultores foibem-sucedido. Sem embargo, deixava em aberto um lado do problema. Mantendo-se firmes os preços, era evidente que os lucros se mantinham elevados. E também era óbvio que os negócios do café continuariam atrativos para os capitais que nele se formavam. 
Dessa forma, a redução artificial da oferta engendrava a expansão dessa mesma oferta e criava um problema maior para o futuro (1979, p. 76).
O predomínio da agroexportação cafeicultora, contudo, não foi completo durante a Primeira República. Tanto a produção agrícola voltada para o mercado interno quanto a atividade industrial tiveram grande importância na macroeconomia brasileira nesse período.
Ainda que com cifras bem mais modestas do que aquelas observadas em relação ao café, outros produtos agrícolas- café, cacau, mate, fumo, algodão e borracha.- também foram importantes para a riqueza nacional.
Vejamos a seguir a importância da atividade industrial na economia brasileira a partir das décadas de 1880 e 1890.
A atividade industrial
Já a atividade industrial passou a ter mais importância no conjunto da economia brasileira a partir das décadas de 1880 e 1890, quando foram criadas as condições necessárias para o desenvolvimento de um número considerável de pequenas oficinas e grandes fábricas nas principais cidades brasileiras. 
De acordo com as considerações do historiador Paulo Sérgio Pinheiro, a nascente indústria brasileira tinha um perfil bem claro, sendo especializada sobretudo no ramo dos bens de consumo não duráveis, como o têxtil e o alimentar, voltados basicamente para o mercado interno.
Naquilo que se refere à indústria têxtil, o autor Paulo Sérgio Pinheiro afirma que, entre as décadas de 1890 e 1910, o principal centro produtor é o Rio de Janeiro, o que nos ajuda a pensar melhor o princípio de que, em seus primórdios, a atividade industrial brasileira esteve restrita a São Paulo.
Na indústria de alimento destacaram-se a produção de cerveja e a de carne congelada. No primeiro, foi importante a presença de capitais de imigrantes europeus na formação das primeiras fábricas, localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo e particularmente no Rio Grande do Sul, onde era grande a influência da colônia alemã.
 Também em terras gaúchas floresce a indústria de carnes congeladas, que, mais tarde, já durante a Primeira Guerra Mundial, receberia enorme impulso com o ingresso no país de grandes empresas norte-americanas como a Armour e Swift (Pinheiro, 1978, p. 258).
O agente impulsionador do primeiro movimento industriais foi a agroexportação, com sua força e dinamismo, que, ao gerar renda, ao possibilitar a montagem de uma infra estrutura de transporte e ao ampliar o mercado interno de consumo, criou o ambiente propício para um longo processo de industrialização que somente chegaria ao fim em meados do século XX.
O impulso industrial das primeiras décadas do século XX teve grandes consequências. Podemos destacar o aumento considerável nas importações de matérias-primas como ferro e cimento e de máquinas e equipamentos. 
Por isso, a indústria brasileira passou por vários problemas durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando a crise do comércio internacional dificultou a importação de bens de produção. 
Foi nesse momento que o poder público passou a estimular a produção interna daquilo que antes era importante.
Temos aqui a primeira manifestação do que a bibliografia especializada costuma chamar de “ INDUSTRIALIZAÇÂO POR SUBSTITUIÇÂO DE IMPORTAÇÕES”.
Foi neste momento que a industria brasileira se diversificou, conforme comprova o estabelecimento dos primeiros núcleos de indústria pesada, com as usinas siderúrgicas e de máquinas e equipamentos.
É possível afirmar, então, que a Primeira Guerra Mundial modificou sensivelmente o perfil da indústria brasileira. De acordo com os dados apresentados por Nelson do Valle Silva e Maria Ligia Barbosa (2003), essa mudança pode ser analisada na tabela a seguir:
LER FOLHA!!!
Industrialização brasileira
A bibliografia especializada na história da industrialização brasileira discute a real importância da ação do Estado para o estabelecimento e a consolidação do setor secundário no país. 
O historiador Boris Fausto é uma das principais autoridades nessa discussão.
Teria o Estado facilitado ou dificultado o crescimento industrial?
A principal preocupação do Estado não estava voltada para a indústria, mas para os interesses agroexportadores. Entretanto, não se pode dizer que o governo tenha adotado um comportamento anti-industrialista. 
Houve proteção governamental em certos períodos à importação de maquinaria, reduzindo-se as tarifas de alfândega. Em alguns casos, o Estado concedeu empréstimos e isenção de impostos para a instalação de indústrias de base. Por outro lado, a tendência de longo prazo das finanças brasileiras no sentido da queda da taxa de câmbio tinha efeitos contraditórios com relação à indústria. 
A desvalorização da moeda encarecia a importação dos bens de consumo e, portanto, estimulava a indústria nacional, mas, ao mesmo tempo, tornava mais cara a importação de máquinas de que o parque industrial dependia. Resumindo, se o Estado não foi um adversário da indústria, esteve longe de promover uma política deliberada de desenvolvimento industrial (1995, p. 259).
Com essa análise, Boris Fausto se apresenta de forma bastante cuidadosa na discussão Estado industrialista x Estado agrícola. 
Apesar de reconhecer a “vocação agrícola” do Estado brasileiro durante a Primeira República, o autor deixa claro que as atividades industrial e agrária não eram obrigatoriamente excludentes entre si. 
Se, de um lado, a agricultura foi o carro-chefe da economia brasileira até meados do século XX, de outro, os próprios excedentes de capital produzidos pela agroexportação de produtos primários possibilitaram o desenvolvimento da atividade industrial.

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