Buscar

DIREITO TRIBUTÁRIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Capítulo I - DIREITO TRIBUTÁRIO 
● CONCEITO 
Direito tributário é o ramo do direito público que trata das relações entre o fisco 
e os contribuintes. Ramo do direito que estuda os tributos. 
Direito tributário é o ramo da ciência jurídica que cuida da arrecadação 
(obtenção) dos recursos públicos; não de quaisquer recursos públicos, mas 
unicamente daqueles que configuram tributos. É o estudo, sob o ponto de vista 
normativo, da obtenção (arrecadação) da receita sucedida dos tributos. 
Podemos, para fins didáticos, dizer que direito tributário é o ramo do direito 
público que abrange o complexo de princípios e regras jurídicas que regem as 
relações sobre imposição, fiscalização e arrecadação de tributos entre entidades 
de direito público e sujeitos passivos da relação jurídica tributaria. 
● NATUREZA JURIDICA 
O direito tributário situa-se no campo do direito público. A imposição de tributos 
não se faz por ato de vontade ou consenso do sujeito passivo, mas de soberania 
do Estado. 
Em síntese, o direito público é aquele que regula as relações em que o Estado 
é parte e age dotado de poder de império, em razão de sua soberania, exercida 
nos limites da lei e em função do interesse coletivo. 
Sua natureza jurídica trata-se de direito público, obrigacional e comum. 
É direito obrigacional, pois a relação jurídica tributaria tem por objeto a 
prestação que satisfaz a obrigação tributária, que é uma específica relação de 
débito e crédito entre sujeito ativo e passivo. É direito comum porque rege 
relações permanentes entre fisco e contribuinte, não se destinando a vigência 
temporária ou excepcional. 
● AUTONOMIA 
Autonomia didática - cadeiras próprias, com a denominação "Direito Tributário'" 
Nas Faculdades de Direito, aliás como matéria obrigatória no seus currículos. 
Autonomia científica – o direito tributário tem institutos (a própria noção de 
tributo, lançamento, formas de não-incidência, conceitos de fato gerador, crédito 
tributário, elisão e evasão fiscais etc.) e princípios próprios (legalidade, 
anterioridade, universalidade, generalidade, isonomia, irretroatividade, não 
cumulatividade, capacidade contributiva, seletividade etc.). 
Capítulo II - TRIBUTOS 
São prestações obrigatórias, em espécie, exigidas pelo Estado, em função de 
seu poder de império, sem caráter sancionatório. 
Normalmente visam a finalidade fiscal: obter os recursos necessários para o 
regular funcionamento do Estado. Modernamente a isso se agrega finalidade 
extrafiscal: estimular (ou desestimular) certas atividades, como forma de 
intervenção do Poder Público no domínio económico. 
O tributo é prestação obrigatória, compulsória; nisto, distingue-se de qualquer 
prestação voluntaria. Só poderá ser instituído ou aumentado por lei. 
Não têm os tributos caráter sancionatório, no que se distinguem das multas 
penais ou administrativas pois não constituem sanção pela prática de ilícito. 
● CONCEITO 
"Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela 
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e 
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada" art. 3 CTN. 
Prestação pecuniária compulsória: o ordenamento jurídico tributário brasileiro só 
conhece tributos cujo objeto é prestação pecuniária, ou seja, cujo cumprimento 
se faz pela entrega de dinheiro. Não se admitem, entre nós, tributos cujo objeto 
sejam prestações in natura ou in labore. E compulsória porque o dever jurídico 
tributário é imposto coativamente, pelo Estado, ao contribuinte, por lei, 
independente do concurso da vontade deste. Ao argumento de que qualquer 
prestação obrigacional é compulsória, pois não há facultatividade no seu 
cumprimento, pode-se contrapor que enquanto as obrigações de direito civil vêm 
do agir do sujeito passivo (sua vontade ou a prática de ato ilícito a gerar 
obrigação de indenizar), a obrigação jurídica tributaria (cuja prestação é o 
pagamento do tributo) surge ex lege, independentemente da vontade do sujeito 
passivo ou da prática por ele de qualquer ilícito. 
Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, para cumprir a obrigação de 
contribuinte é necessário efetuar o pagamento do tributo em dinheiro. 
Que não constitua sanção de ato ilícito, tributo depende da prática de ato licito, 
o que se aplica quando há a ocorrência de ato ilícito é a pena, penalidade, a 
multa. 
Instituída em lei: como decorrência do princípio de legalidade tributaria 
(Constituição Federal, art. 150,1), o tributo só pode ser instituído (ou aumentado) 
por lei ordinária. 
Cobrada mediante atividade plenamente vinculada: os atos administrativos 
podem ser vinculados ou discricionários. Vinculados são aqueles atos que têm 
todo seu conteúdo determinado em lei não restando campo para escolha política 
ou administrativa do administrador ou agente político. Discricionários são 
aqueles que têm seu conteúdo, ou pelo menos parte dele, não predeterminado 
em lei, mas deixado ajuízo de conveniência político-administrativa do agente 
competente para praticá-lo. 
● CLASSIFICAÇÃO 
O Código Tributário Nacional, em seu art. 5, adotou uma classificação (legal) de 
tributos, dizendo: "os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria". 
Dispõe a Constituição Federal, em seu art. 145, caput: 
"A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os 
seguintes tributos: 
I — impostos; 
II — taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva 
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao 
contribuinte ou postos a sua disposição; 
III — contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas". 
Portanto, a classificação legal dos tributos, em face de nosso direito positivo, se 
faz em três espécies: impostos, taxas e contribuição de melhoria. 
Em doutrina, hoje prepondera a aceitação de cinco espécies do género tributo: 
impostos, taxas, contribuições de melhoria, outras contribuições e empréstimos 
compulsórios. 
° IMPOSTOS 
Típico exemplo de tributos não-vinculados. 
O Código Tributário Nacional no art. 16, define imposto: "é o tributo cuja 
obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer 
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte". 
É certo que da contribuição dos cidadãos, principalmente se exigida 
compulsoriamente, deverá haver retorno à sociedade, salvo situação de extrema 
deterioração do aparelho estatal, ou seja, de generalizada corrupção. 
Esse retorno, em função dos impostos, será realizado através da prestação dos 
serviços públicos indivisíveis: segurança, manutenção das forças armadas, do 
aparelho estatal como um todo etc. O que caracteriza o imposto é não haver uma 
contraprestação específica, na forma de um serviço estatal, individualmente para 
a pessoa que o paga; mas os recursos advindos dos impostos deverão ser 
carreados sob a forma de serviços públicos (não divisíveis e prestados direta e 
proporcionalmente ao contribuinte que o paga, mas gerais e prestados ao 
conjunto da sociedade). 
° TAXAS 
Se os impostos são exemplo de tributos não-vinculados, as taxas são de tributos 
vinculados. Pressupõem urna atividade estatal específica, prestada aquele 
contribuinte que a paga. 
"As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos 
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, tem como fato gerador o 
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de 
serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua 
disposição". Art. 145, I CF. 
◦ Taxas de serviço 
Fato gerador da taxa é "a utilização, efetiva ou potencial,de serviço público 
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.” 
O tributo é vinculado e, na modalidade de taxa de serviço, a contraprestação 
estatal ao contribuinte é um serviço público. A primeira nota qualificativa do 
serviço é esta: serviço público. As taxas (como tributos que são) têm de ser 
cobradas por entes públicos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios e 
respectivas autarquias), e os serviços prestados por estes são, por natureza, 
públicos. 
A utilização do serviço público não necessita ser real, efetiva; pode ser efetiva 
ou potencial. E o serviço pode ser efetivamente prestado ao contribuinte, ou 
apenas posto a sua disposição. 
Serviços públicos específicos e divisíveis. Têm de ser prestados aos 
contribuintes que irão pagar a taxa. 
Podem ser criadas por lei ordinária federal, estadual ou municipal. 
◦ Taxas de Polícia 
As taxas podem ter por fato gerador o “exercício regular do poder de polícia”. A 
título de noção, podemos dizer que poder de polícia é o poder que tem a 
Administração Pública de limitar direitos individuais em função do interesse 
coletivo na manutenção da segurança, higiene, ordem e sossego públicos. O 
CTN, em seu art. 78, caput, define poder de polícia como "atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou 
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse 
público referente a segurança, a higiene, a ordem, aos costumes, a disciplina da 
produção e do mercado, ao exercício de atividades económicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, a tranquilidade pública ou ao 
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos". 
O fato gerador das ditas taxas de polícia não é apenas o exercício do poder de 
polícia do Estado, mas seu exercício regular. 
Quatro então são os requisitos para que o exercício do poder de polícia seja 
regular: a) seu desempenho pelo órgão competente; b) nos limites da lei 
aplicável (decorrência do texto constitucional segundo o qual ninguém é 
obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei); c) com 
observância do devido processo legal; e d) se a atividade for discricionária, sem 
abuso ou desvio de poder. 
Nas taxas de polícia, o fato gerador se expressa na concessão de licença para 
a prática de atos que dependem de autorização administrativa. 
Assim, são fundadas no poder de polícia, entre outras, as taxas para emissão de 
passaporte, expedição de alvará de localização, porte de arma, licenciamento de 
construção etc. 
◦ Taxas e preços públicos 
Se de taxa se tratar, cuida-se de tributo, sujeito a todos os princípios de direito 
tributário, principalmente só pode ser instituída ou aumentada por lei (legalidade) 
e só pode ser exigida no ano seguinte ao da publicação da lei (anterioridade), 
observado, ainda, cumulativamente, prazo de noventa dias entre a publicação 
da lei que a instituiu ou aumentou e sua exigência (CF, art. 150, III, c — alínea 
acrescida pela EC n. 42, de 19-12-2003). Já os preços são contratualmente 
fixados, independentemente de lei; todavia só podem ser cobrados pela 
utilização efetiva do serviço, enquanto a exigência de taxas basta utilização 
potencial. 
Súmula 545 do Supremo Tribunal Federal: "Preços de serviços públicos e taxas 
não se confundem porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e 
têm sua cobrança condicionada à previa autorização orçamentária, em relação 
à lei que as instituiu". As taxas são compulsórias, porque são tributos e tributo é 
prestação pecuniária compulsória. E também por serem tributos, sujeitam-se ao 
princípio da anterioridade. 
O preço pressupõe contratação, e o particular só contratará quando utilizar 
efetivamente o serviço. 
Se o serviço é prestado por pessoa jurídica de direito público (União, Estado, 
Distrito Federal, Município ou autarquias) deverá ser remunerado por taxa; se é 
prestado por pessoa jurídica de direito privado (empresa pública, sociedade 
de economia mista ou delegado a particulares), a contraprestação toma a 
espécie de preço ou tarifa. O Poder Público pode delegar ou não a prestação de 
serviços: se os prestar diretamente, haverá taxa; se os delegar, o delegado (que 
não tem capacidade tributaria ativa) será remunerado por preço público. 
◦ Pedágio 
"Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios... estabelecer 
limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou 
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias 
conservadas pelo Poder Público". art. 150, V, da CF. 
O texto constitucional deixa claro que o pedágio é tributo. Pelo texto 
constitucional, a hipótese de incidência do pedágio é a utilização de vias 
conservadas pelo Poder Público. A conservação de vias é um serviço público 
específico, de vez que o tributo só é cobrado de quem efetivamente se utiliza da 
rodovia conservada pelo Poder Público. 
Assim, o pedágio é taxa e taxa de serviço, cobrada pela utilização efetiva de 
rodovia conservada pelo Poder Público. 
° CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 
"Compete a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios, cobrar: 
I — contribuição de melhoria, quando se verificar valorização do imóvel, em 
consequência de obras públicas". 
Parágrafo único. A contribuição de melhoria não poderá ser exigida em limites 
superiores a despesa realizada, nem ao acréscimo de valor que da obra decorrer 
para o imóvel beneficiado". Art. 30, CF/1946. 
Dali. Constitucionalmente, a disposição passou para o art. 19, III e § 3, da 
Constituição de 1967, mas na Emenda Constitucional n. 1, de 1969 (art. 18, II), 
retoma-se, na substancia, o texto de 1946, inclusive com expressa menção, na 
Constituição, do "limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para 
cada imóvel beneficiado" 
O Código Tributário Nacional, por sua vez, disciplina detalhadamente a 
contribuição de melhoria, nos seus arts. 81 e 82. O primeiro dispõe que o tributo 
pode ser cobrado indistintamente pela União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios "para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra 
valorização imobiliária, tendo por limite total a despesa realizada e como 
individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel 
beneficiado". Art. 81 CTN. 
"A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos 
mínimos: 
I — publicação previa dos seguintes elementos: 
a) memorial descritivo do projeto; 
b) orçamento do custo da obra; 
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; 
d) delimitação da zona beneficiada; 
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a 
zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; 
II — fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos 
interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; 
III — regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da 
impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação 
judicial". Art. 82 CTN. 
° OUTRAS CONTRIBUIÇÕES 
art. 149 da Carta Federal: "Compete exclusivamente a União instituir 
contribuições sociais, de intervenção no domínio económico e de interesse das 
categorias profissionais ou económicas, como instrumento de sua atuação nas 
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150.I e III, e sem 
prejuízo do previsto no art. 195, § 62, relativamente as contribuições a que alude 
o dispositivo. 
§ I Os Estados, o Distrito Federal e os Municípiosinstituirão contribuição, 
cobrada de seus servidores, para o custeio, em beneficio destes, do regime 
previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da 
contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União". 
° EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS 
Empréstimo compulsório é tributo, pois se enquadra na definição do art. 3 do 
CTN, que não aponta como característica essencial dos tributos não serem 
restituíveis. 
Acreditamos, todavia, ser da natureza desse tributo (o que o diferencia dos 
impostos) a restituição. E restituição integral (caso contrário, não se está 
restituindo, ao menos parte). Hoje, correção monetária é regra geral no direito 
brasileiro. A incidência ou não de juros (que constituem acréscimo ao valor 
emprestado) fica a discrição do legislador que instituir o empréstimo. Ademais, 
restituir sem correção implicaria não restituir parte do valor do empréstimo 
compulsório, o que caracterizaria sua utilização com efeito de confisco, vedada 
pelo art. 150. IV. da Constituição Federal. 
Art 148 da Carta: 
"A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios: 
I — para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência; 
II — no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse 
nacional, observado o disposto no art. 150, III, b. 
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada a despesa que fundamentou sua instituição". 
Só a União pode instituir empréstimos compulsórios. Estados, Distrito 
Federal e Municípios não podem exigi-lo, em nenhum caso. 
O empréstimo compulsório fica, por norma expressa, subordinado ao princípio 
da legalidade. A exigência é, inclusive, de legalidade qualificada: só pode ser 
instituído por lei complementar. Consequentemente, não pode ser instituído 
por medida provisória, que tem forca de lei ordinária. A partir da Emenda 
Constitucional n. 32, a proibição, inclusive, é expressa (art. 62, § 1, III). 
Casos em que é admissível a criação, por lei complementar, de empréstimo 
compulsório: calamidade pública, guerra externa ou sua iminência ou 
investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional. 
Capítulo IV – FONTES DO DIREITO TRBUTÁRIO 
● FONTES 
Fontes materiais são aqueles órgãos que produzem o direito. 
Diz-se que são o Poder Legislativo, a revolução ou o golpe de estado. 
No atual direito constitucional positivo brasileiro, há que incluir, entre as fontes 
materiais do direito, o Presidente da República, dada a amplitude com que lhe é 
permitido legislar unipessoalmente. 
Já fontes formais do direito são aquelas leis, normas ou usos donde provém o 
direito. São a lei em sentido lato, os tratados e convenções internacionais e as 
normas complementares da legislação tributária. 
● LEI EM SENTIDO LATO 
Lei em sentido lato é expressão que compreende todos os atos normativos, ou 
atos que contém disposições gerais, aplicáveis indistintamente a todos que se 
encontrem nas situações previstas em lei. 
° CONSTITUIÇÃO 
A Constituição é o Código político da Nação, a lançar as bases do Estado, traçar 
seus princípios e objetivos. É a própria Lei Fundamental do Estado. 
A Constituição não cria quaisquer tributos, apenas defere competência, a uma 
ou mais pessoas jurídicas de direito público, para criá-los, por lei ordinária, via 
de regra, após lei complementar de normas gerais (art. 146, III, a) defini-los, bem 
como seus fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes. Tanto assim é que 
o imposto sobre grandes fortunas, previsto no art. 153, VII, da CF, tem previsão 
constitucional mas não existe em nosso direito positivo, pois a União não o 
instituiu, não tendo adotado a legislação infraconstitucional que, exercendo 
aquela competência, criaria tal imposto. 
° EMENDAS CONSTITUCIONAIS 
A elaboração da Constituição é obra do Poder Constituinte originário, pelo qual 
a Nação escolhe representantes, que se reunirão em Assembleia Constituinte, 
para elaboração da Carta Política. As emendas à Constituição são atribuições 
do poder constituinte derivado. O Poder Constituinte derivado, ao contrário do 
originário, sofre limitações. São as chamadas "cláusulas pétreas", matérias que 
não podem ser objeto de emenda à Constituição. 
° LEIS COMPLEMENTARES 
São complementares à Constituição. 
Cabe às leis complementares a complementação das normas constitucionais 
que carecem de eficácia plena. 
A única diferença que entre leis complementares e ordinárias é o quórum de 
aprovação: maioria absoluta no caso da lei complementar: maioria simples no 
caso da lei ordinária. (art 53, CF 1967 e E.C n.1/69) 
Não há hierarquia entre lei complementar e ordinária. Ambas estão no mesmo 
plano. O que há é diversidade de matérias. As matérias reservadas pela 
Constituição à lei complementar não podem ser regradas ou alteradas por lei 
ordinária. 
A matéria só poderá ser regrada por lei complementar quando a Constituição 
assim dispuser expressamente ou tal resultar de sua interpretação sistemática. 
O critério da Constituição para diferenciar leis complementares é meramente 
formal: diferente quórum para aprovação e nada mais. 
° LEIS ORDINÁRIAS 
Ato emanado do Poder Legislativo, apto a criar direitos e obrigações e, em 
matéria tributária, instituir ou aumentar tributo. Lei em sentido estrito. 
Art. 97, caput, CTN 
"Somente a lei pode estabelecer: 
I — a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II — a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos arts. 
21, 26, 39, 57 e 65; 
III — a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o 
disposto no inciso I do § 3 do art. 52, e do seu sujeito passivo; 
IV — a fixação da alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o 
disposto nos arts. 21, 26, 39, 57 e 65; 
V — a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrarias a seus 
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
VI — as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou 
de dispensa ou redução de penalidades". 
As leis ordinárias são aprovadas por maioria de votos (maioria simples), presente 
a maioria absoluta dos membros da Casa Legislativa, nos termos do art. 47 da 
Constituição. 
Como, em nível federal, nosso Poder Legislativo é bicameral (composto pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal), o projeto de lei será apreciado 
inicialmente na Casa de origem: se de iniciativa de deputado, na Câmara; se 
oferecido por senador, no Senado. 
A Casa onde se concluir a votação enviará o projeto ao Presidente da República. 
Este, concordando com o projeto, o sancionará. Se dele divergir, poderá vetá-lo 
por inconstitucional ou contrário ao interesse público. 
O Presidente da República tem o prazo de quinze dias úteis para sancionar ou 
vetar o projeto, no todo ou em parte. Se nada fizer no prazo, o projeto é dado por 
sancionado, ocorrendo a chamada "sanção tácita" (art. 66, § 3). 
° LEIS DELEGADAS 
Situam-se no mesmo plano que as leis ordinárias. A elas se equiparam, exceto 
quanto à matéria de que podem tratar, mais restrita, pois lhes é vedada aquela 
objeto do § 1 do art. 68 da Constituição. 
Tem valor e força de lei ordinária. 
A delegação é dada pelo Congresso Nacional ao Presidente da República 
A lei delegada pode instituir e aumentar tributos, exceto os casos de tributos que 
exigem criação por lei complementar. 
° MEDIDAS PROVISÓRIAS 
Art. 62 da Constituição, "em caso de relevância e urgência, o Presidente da 
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediatoao Congresso Nacional". Não há mais previsão de 
convocação extraordinária do Congresso, se estiver em recesso. As medidas 
provisórias perdem eficácia se não convertidas em lei no prazo de sessenta dias, 
prorrogável por uma só vez, por mais sessenta dias, se não encerrada sua 
votação (§§ 3 e 7), prazos que se suspendem nos períodos de recesso do 
Congresso (§ 4). Se a medida provisória não for apreciada no prazo de quarenta 
e cinco dias, entra em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma 
das Casas do Congresso, sobrestadas todas as demais matérias na Casa em 
que estiver tramitando (§ 6). É expressamente vedada, na mesma sessão 
legislativa — que é anual, art. 57 —, a reedição de medida provisória rejeitada 
ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. 
§ 1 do art. 62 dispõe sobre as matérias vedadas a medida provisória. 
Medida provisória tem forca de lei, nos termos do art. 62 da Constituição; ainda, 
uma vez aprovada pelo Congresso, converte-se em lei ordinária. De outra banda, 
não podia ser regrada por medida provisória matéria para a qual a Constituição 
exige lei complementar (por exemplo, a criação de empréstimo compulsório), de 
vez que a medida provisória tem forca de lei ordinária. 
- é possível a majoração de impostos por medida provisória; 
- a medida provisória só produzirá efeitos no exercício seguinte se convertida 
em lei até o último dia daquele em que foi editada. 
° RESOLUÇÕES E DECRETOS LEGISLATIVOS 
Por resoluções e decretos legislativos o Congresso Nacional prática os atos de 
sua competência exclusiva, como os previstos nos arts. 49, 51 e 52 da 
Constituição Federal, isto é, atos que não necessitam de sanção do Presidente 
da República. 
Os termos resolução e decreto legislativo são usados, as vezes, indistintamente, 
com atecnia, pela própria Constituição. Em princípio, resolução seria o 
instrumento de veiculação das deliberações de uma das Casas (Câmara ou 
Senado) isoladamente e decreto legislativo o daqueles atos atribuídos à 
competência do Congresso (as duas Casas, conjuntamente). Não obstante, a 
Constituição se refere, por exemplo, a resolução do Congresso Nacional para 
delegação ao Presidente da República da elaboração de lei delegada (art. 68, § 
2). 
° DECRETOS REGULAMENTARES 
Encontram-se abaixo da leis ordinárias e atos equivalentes (medidas provisórias 
e leis delegadas). 
Há dois tipos de decretos: os de efeitos concretos, pelos quais o chefe do Poder 
Executivo prática atos administrativos (v. g., nomear ministros ou secretários de 
Estado, ministros de Tribunais Superiores, embaixadores, conceder pensões 
especiais etc.) e os decretos regulamentares, expedidos pelo Presidente da 
República (governadores e prefeitos, no caso de Estados e Municípios), para fiel 
execução das leis (CF, art. 84, IV, in fine). 
Decreto não é lei, é ato do Poder Legislativo. Assim, o decreto jamais poderá: a) 
dispor contrariamente à lei ou além das previsões da lei que está a regulamentar; 
ou b) pretender dispor sobre matéria reservada à lei (por exemplo, aquela 
prevista no art. 97 do CTN: instituir tributos, majorá-los — aqui há exceções, 
previstas no art. 153, § 1, da CF —, definir fato gerador, fixar alíquotas, bases de 
cálculo etc.). No primeiro caso (a), se o fizer, incidirá em invalidade, por contrariar 
norma de maior hierarquia, o que se sujeita a controle judicial, inclusive sem 
necessidade de declarar inconstitucionalidade do decreto; o juiz aplicará a lei, 
norma de maior hierarquia, e consequentemente deixará de aplicar o decreto no 
que a contrariar. No segundo caso (b), incidirá em inconstitucionalidade por 
dispor por decreto de matéria constitucionalmente reservada à lei. 
Cabe, porém, validamente ao decreto minudenciar as disposições legais, 
explicitá-las e prever normas para viabilizar ou facilitar sua execução. 
° TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS 
Visão evitar a bitributação em matéria de imposto de renda e disciplinar relações 
comerciais, no mundo atual, em que cada vez menos relevam as fronteiras dos 
Estados Nacionais 
Não são os tratados e convenções que revogam ou modificam a legislação 
interna, mas sim o decreto legislativo que os aprova. Só ai ingressam em nosso 
direito positivo, pois o art. 49,1, da CF diz ser da competência privativa do 
Congresso "resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos 
internacionais...". Há duas alternativas possíveis ao legislador constituinte: na 
monista (Kelsen), os tratados e convenções, uma vez a eles o país adira, 
ingressam automaticamente no direito interno; na dualista (Triepel), nele só se 
inserem mediante regra própria que os incorpore. Este o sistema da Constituição 
brasileira: os tratados e convenções internacionais só se inserem em nosso 
direito, uma vez aprovados pelo Congresso, o que é feito por decreto legislativo. 
Este, como vimos, é fonte de direito e é este instrumento (o decreto legislativo) 
que ingressa no direito interno e revoga legislação anterior com ele incompatível. 
A jurisprudência vem distinguindo os tratados e convenções internacionais em 
normativos e contratuais. Normativos são os que traçam normas gerais, a ser 
incorporadas pelas legislações dos respectivos países; contratuais são os que 
criam direitos subjetivos em favor de pessoas determinadas. Estes últimos não 
podem ser alterados pela legislação superveniente, por gerar direitos subjetivos. 
● NORMAS COMPLEMENTARES 
As normas complementares da legislação tributária complementam as leis, os 
tratados e convenções internacionais e os decretos. São atos infra legais que se 
encontram no sexto nível da pirâmide normativa. No primeiro, está a 
Constituição; no segundo, as emendas constitucionais, em face dos limites ao 
poder constituinte derivado, que não pode afrontar as chamadas cláusulas 
pétreas; no terceiro, as leis complementares; no quarto, os decretos legislativos 
e resoluções, as leis ordinárias e os atos equivalentes (leis delegadas e medidas 
provisórias); no quinto, os decretos, cujos limites há pouco examinamos; e, no 
sexto, as chamadas normas complementares da legislação tributária. 
Não se confundem com as leis complementares: estas complementam a 
Constituição. As chamadas normas complementares completam a legislação 
tributária (lei em sentido lato). 
- Art. 100, caput, CTN. 
◦ Atos Normativos Expedidos Pelas Autoridades Administrativas 
São as portarias, as instruções normativas, os atos declaratórios normativos 
expedidos por autoridades administrativas, para precisar a interpretação da 
legislação tributária. 
◦ Decisões Administrativas 
Refere o Código, como normas complementares da legislação tributaria, as 
decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa a que a 
lei atribua eficácia normativa. 
◦ Práticas Reiteradamente Observadas Pelas Autoridades Administrativas 
Não se trata de atos formais, escritos, de existência material, mas sim de práticas 
uniformes (reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas, diz a 
lei). É o costume administrativo. E a pratica que for reiteradamente observada, 
quanto a vários contribuintes em situação análoga, deverá ser, por igual, adotada 
quanto aos demais, até em atenção ao princípio da isonomia. 
Capítulo V – VIGÊNCIA, APLICAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO 
DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
● VIGÊNCIA 
Os três planos do mundo jurídico são o da existência, o da validade e o da 
eficácia. No primeiro deles, diz-se que a lei, urna vez promulgada, tem existência 
jurídica; no segundo, a lei, urna vez vigente, tem validade; e no terceiro, a lei é 
eficaz, quando apta a produzir efeitos. 
A regra geral sobre vigência das leis tributárias encontra-se no art.101 do CTN: 
a vigência, no espago e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas 
disposições legais aplicáveis as normas jurídicas em geral, ressalvadas as 
exceções previstas no próprio Código. Estas se encontram nos arts. 102 a 104 
e 106 do CTN. 
A lei começa a vigorar, em todo o país, quarenta e cinco dias depois da 
publicação. Portanto, se não possuir disposição específica sobre sua vigência, a 
lei tributaria entra em vigor quarenta e cinco dias após publicada. Esta seria a 
regra geral que, em verdade, tornou-se exceção, de vez que a grande maioria 
das leis contém dispositivo sobre sua vigência. E como o mundo atual tem 
pressa, com comunicações em tempo instantâneo e generalização de urgências, 
a maioria das leis repete disposições como "esta lei entra em vigor na data de 
sua publicação". Em leis de maior complexidade, ou que alterem mais 
profundamente o ordenamento jurídico, prevê-se prazo maior para vigência. 
As leis podem dispor que entrarão em vigor na data de sua publicação, em data 
determinada ou após determinado intervalo de tempo, após sua publicação. Se 
nada dispuserem entram em vigor quarenta e cinco dias após a publicação. 
O intervalo que pode ocorrer entre a publicação e a vigência da lei denomina-se 
vacatio legis. 
Existe disposição especial sobre a entrada em vigor das normas 
complementares da legislação tributária. Os atos normativos expedidos por 
autoridades administrativas entram em vigor na data de sua publicação. As 
decisões dos órgãos unipessoais ou colegiados de jurisdição administrativa, a 
que a lei atribui eficácia normativa, quanto a esses efeitos normativos, trinta dias 
após sua publicação. E os convênios entre os entes de direito público (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios), na data neles prevista, tudo nos termos 
do art. 103 do CTN. 
- Art. 104 CTN 
"Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte aquele em que ocorra a 
sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio 
ou a renda: 
I — que instituem ou majoram tais impostos; 
II — que definem novas hipóteses de incidência; 
III — que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira 
mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no art. 178". 
Observações ao art. 140 
Em primeiro lugar, imperfeita a dicção do texto legal de que "entram em vigor no 
primeiro dia do exercício seguinte" os dispositivos de lei que instituem ou 
majoram impostos. Tais dispositivos entram em vigor na data que decorrer da 
aplicação das regras sobre vigência, aliás, na mesma data que entrar em vigor 
a lei de que fazem parte, que bem poderá conter outros dispositivos que não 
criem nem aumentem impostos. Do contrário, haveria vigência "parcial" de lei, 
que não faz sentido. Na verdade, os dispositivos que criam ou aumentam tributos 
produzem efeitos a partir do primeiro dia do exercício seguinte à publicação e 
uma vez completado também o prazo de noventa dias de sua publicação embora 
a lei como um todo já estivesse em vigor desde data anterior (o que corresponde 
ao plano da validade). 
Também não prospera a limitação da abrangência do dispositivo "a impostos 
sobre o patrimônio e a renda". É que, à época da promulgação do CTN, assim 
dispunha o texto constitucional (Emenda n. 18/65). A Constituição hoje vigente 
dispõe em termos genéricos ser vedado exigir quaisquer tributos no mesmo 
exercício em que publicada a lei que os instituiu ou aumentou, bem como antes 
de decorridos noventa dias de sua publicação. 
A regra constitucional não é restrita aos impostos, menos ainda aqueles sobre 
patrimônio e renda. Alcança quaisquer tributos, apenas com as exceções 
previstas na própria Constituição (impostos de importação e exportação, IPI, 
IOF, extraordinários de guerra e empréstimo compulsório de que trata o art. 
148,1 — art. 150, § 1, e ICMS sobre combustíveis — art. 155, § 4, IV, c, acrescido 
pela Emenda Constitucional n. 33). 
Quanto as isenções, não há requisito constitucional de observância de regra de 
anterioridade para sua revogação (a Constituição não contém norma expressa a 
respeito). Assim, a previsão é apenas em nível de lei complementar — art. 104 
do CTN —, e ai, nos limites desse dispositivo, restrita as isenções relativas a 
impostos sobre o patrimônio e a renda. A revogação de outras isenções (por 
exemplo, ICMS e IPI) não necessitará observar o princípio da anterioridade. 
● APLICAÇÃO 
A regra geral sobre aplicação de leis encontra-se no art. 62, caput, da Lei de 
Introdução: as leis não retroagem, mas têm efeito imediato e geral. Tal se aplica, 
como regra geral, as leis tributarias. 
Diz o art. 105 do CTN: 
"A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e 
aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas 
não esteja completa nos termos do art. 116". 
- A lei tributaria se aplica imediatamente aos fatos geradores futuros é 
consequência da aplicação do princípio geral de que a lei tem efeito imediato e 
geral. 
- Fatos geradores pendentes entendem-se aqueles cuja ocorrência já se iniciou 
mas ainda não se completou. Ou seja, fatos geradores que já começaram, mas 
ainda não terminaram de ocorrer. Trata-se dos fatos geradores "complexivos", 
cuja ocorrência se protrai durante um determinado intervalo de tempo. Exemplo: 
imposto de renda apurado na declaração, cujo fato gerador, quanto à pessoa 
física, permanece anual, de Janeiro e 31 de dezembro de determinado ano. 
Assim, em qualquer data intermediaria (entre Ia de Janeiro e 31 de dezembro), 
o fato gerador do imposto de renda estará pendente: já se iniciou, mas não se 
completou. 
Art. 144 do CTN 
 "O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e 
rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou 
revogada". 
Quanto ao direito tributário material (definição do fato gerador, contribuinte, base 
de cálculo, alíquota, deduções, correção monetária) aplica-se a lei vigente no 
momento do fato gerador. No que toca ao direito tributário formal (critérios de 
apuração, processos de investigação, procedimento administrativo, poderes de 
investigação de autoridades administrativas) aplica-se a lei vigente ao tempo do 
lançamento, pois aqui não se trata de direitos e obrigações do contribuinte, de 
verificar-se quando e quanto deve ser pago a título de tributos, mas sim de 
procedimentos administrativos de apuração e fiscalização. Nesse caso, a lei 
aplica-se retroativamente, pois tais novos procedimentos alcançam inclusive a 
apuração de créditos decorrentes de fatos geradores já ocorridos, desde que 
ainda possível ao fisco realizar o respectivo lançamento (não tenha ocorrido 
decadência). 
Ainda no que toca à aplicação da lei tributaria, o art. 106 do 
CTN determina que se faça retroativamente, no caso de leis interpretativas ou 
da chamada "retroatividade benigna", quando se tratar de infração ou ato não 
definitivamente julgado. Diz o referido art. 106: 
"A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
I — em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a 
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; 
II — tratando-se de ato não definitivamente julgado: 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou 
omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta 
de pagamento de tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao 
tempo da sua prática". 
Leis interpretativas seriam aquelas destinadas a clarear o significado de lei 
anterior, sobre cuja interpretaçãosurgiu controvérsia. É a chamada interpretação 
autêntica, pois realizada pelo mesmo órgão que elaborou a lei. 
O inciso II do art. 106 trata da chamada "retroatividade benigna". 
A norma só se aplica a penalidades (nunca à apuração do tributo devido, da base 
de cálculo, da alíquota; nesta matéria, nunca há retroatividade; aplica-se a lei 
vigente quando da ocorrência do fato gerador). É aplicação ao direito tributário 
penal do princípio de direito penal, segundo o qual a lei que favorece o agente 
aplica-se retroativamente. “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o 
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado". Art 2, parágrafo único, Código Penal. 
● INTERPRETAÇÃO 
Interpretação é a atividade que visa à busca do sentido e alcance de um texto 
legal. É a atividade lógica pela qual se busca determinar o sentido de uma regra 
jurídica. 
Para a doutrina tradicional, na atividade de interpretação, o hermeneuta buscará 
aclarar o significado da lei, para eliminar dúvidas na sua aplicação. Não haveria, 
ai, atividade criativa, mas mero esclarecimento do que consta na lei. Para 
Kelsen, a aplicação do direito não pressupõe mera interpretação da lei, mas 
sempre criação de normas jurídicas. A diferença é que o aplicador do direito 
(administrador ou juiz) cria normas individuais e concretas, enquanto o legislador 
cria normas gerais e abstratas. 
- Métodos de Interpretação 
° Interpretação literal ou gramatical. É sempre o primeiro método de interpretação 
utilizado, mas também o mais pobre. Nele, toma-se o texto legal e procede-se 
ao seu exame a partir do significado vernacular das palavras utilizadas pelo 
legislador. É a atividade de leitura do texto legal e de sua compreensão pelo 
significado, na língua, de cada um dos vocábulos utilizados. 
° Na interpretação lógica ou sistemática, busca-se integrar o preceito sob 
interpretação dentro do sistema jurídico a que pertence e dele extrair conclusão 
compatível com o conjunto do ordenamento naquele ramo do direito. É método 
de interpretação mais valioso que a simples interpretação literal, pois não se 
examina isoladamente o preceito, guiando-se tão-só pelo significado literal das 
palavras que emprega, mas integra-se-o dentro do sistema jurídico a que 
pertence, extraindo consequências adequadas ao sistema em que o preceito 
está inserido. 
° Interpretação teleológica é aquela que busca o fim visado pela norma. Ou seja, 
interpreta-se a norma jurídica tendo em mira o objetivo a ser alcançado com a 
edição da norma, o resultado prático que advirá da interpretação adotada. Tanto 
quanto possível, adota-se a exegese que conduza a resultado mais adequado, 
jurídica e socialmente. 
° A interpretação histórica, por sua vez, procura identificar os elementos que, 
historicamente, cercaram a elaboração da lei. Procura se situar no contexto 
histórico do tempo de elaboração da lei e desvendar, pelas ideias vigentes 
aquele momento e pelos debates legislativos sobre sua elaboração, qual o 
objetivo visado pela norma. 
Havendo dicotomia entre o texto legal e a intenção do legislador, vale o que a lei 
objetivamente diz, não o que seus autores pretenderiam que ela dissesse. 
Todos os métodos de interpretação podem ser utilizados em direito tributário, em 
conjunto ou alternadamente. 
O direito tributário é direito comum, pois os tributos não se destinam à exigência 
apenas em períodos excepcionais, mas são o meio normal e comum de os 
indivíduos que compõem determinado Estado prestarem, na medida de sua 
capacidade contributiva, os recursos necessários ao custeio dos serviços e 
realização das finalidades estatais. Sendo direito comum, na interpretação das 
leis tributarias pode se usar qualquer dos métodos. 
Usar-se-á apenas o método literal de interpretação somente quando a lei assim 
expressamente determinar. 
Os casos nos quais a lei tributaria define infrações ou impõe penalidades 
interpretam-se de forma mais favorável ao acusado e estão postos no art. 112 
do CTN: ocorre tal em caso de dúvida sobre a capitulação legal do fato; a 
natureza ou as circunstancias materiais do fato, ou a natureza ou extensão dos 
respectivos efeitos; a autoria, imputabilidade ou punibilidade; e a natureza ou 
graduação da penalidade aplicável. 
Não prevaleceu a chamada "interpretação económica", segundo a qual a 
interpretação das leis tributarias deveria se guiar pelos efeitos económicos 
buscados pelas partes, desconsiderando-se as formas jurídicas empregadas. 
Sustentava-se que o direito tributário deveria ser interpretado funcionalmente, 
tendo em mira os aspectos económicos do fato gerador, mais do que sua forma 
jurídica. 
Em matéria de interpretação da legislação tributária, há a regra do art. 118 do 
CTN: 
"A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: 
I — da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, 
responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus 
efeitos; 
II — dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos". 
Para o direito tributário é irrelevante a legalidade, a validade dos atos praticados 
perante outros ramos do direito e sua moralidade ou conformação aos chamados 
"bons costumes". Assim, são tributáveis os rendimentos auferidos de atividades 
ilegais como o "jogo do bicho”. 
A nosso ver, a lei não poderá definir a pratica de ato ilícito como hipótese de 
incidência de tributo, salvo finalidade extrafiscal de desestímulo à sua pratica, 
além de outras sanções penais ou administrativas. O que frequentemente ocorre 
é a lei definir determinada hipótese de incidência, sem considerar se nos atos 
que levem à sua realização ocorre ou não elemento de ilicitude. Por exemplo, o 
fato gerador do imposto de renda é aquisição de disponibilidade económica ou 
jurídica de renda. É irrelevante se essa disponibilidade foi adquirida em função 
de atividades lícitas ou ilícitas. De uma forma ou outra, no momento em que o 
sujeito passivo adquire a disponibilidade de renda realiza-se a hipótese de 
incidência e incide a norma de tributação. 
● INTEGRAÇÃO 
Na integração, não há norma expressa sobre o fato em questão (há lacuna, a 
respeito, na lei) pelo que vai se buscar, no sistema jurídico como um todo, a 
solução para a situação não expressamente prevista. 
Assim, o art. 108 do CTN estatuí: "Na ausência de disposição expressa, a 
autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará, 
sucessivamente, na ordem indicada: I — a analogia; II — os princípios gerais de 
direito tributário; III — os princípios gerais de direito público; IV — a equidade”. 
Analogia. Analogia consiste em aplicar para o fato não expressamente previsto 
em lei (para o qual não há, pois, norma legal específica) norma expressa 
existente para caso semelhante. Assim, se para a hipótese A não há norma legal 
expressa, mas existe norma específica a disciplinar a hipótese A', que não é 
igual, mas é semelhante, aplico à hipótese A, por analogia, a norma existente 
para a hipótese semelhante A'. 
O uso da analogia é legítimo para integração da legislação tributária. 
Há, porém, ressalva expressa no art. 108, § 1, do CTN de que o emprego da 
analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. É 
consequência do princípio da legalidade tributaria: tributo só pode ser instituído 
por lei, não por integração, via analogia. Se para determinada situação, não há 
lei instituindo tributo, não posso tomar regra que incide sobre hipótese 
semelhante para exigir tributo sem lei que erija aquele fato em hipótese de 
incidência. Do contrário, estar-se-ia criando tributo não por lei, mas por atividadede integração, por analogia, o que ofende ao princípio da legalidade, que é 
basilar em direito tributário. 
Princípios gerais de direito tributário. São normas gerais, próprias ao ramo do 
direito em questão, que servem de norte para interpretar as regras pontuais de 
direito tributário e para buscar solução sistemática para aquelas situações não 
previstas nas regras específicas (ai, a atividade de integração). Estão previstos 
na Constituição e no Código Tributário Nacional. São, entre outros, os princípios 
da legalidade tributaria, da anterioridade, da universalidade, da isonomia 
concreta, da irretroatividade, da capacidade contributiva, da proibição de 
confisco, da vedação de restrições ao tráfego de pessoas e bens, e, com relação 
a certos tributos, da não-cumulatividade e da seletividade. 
Princípios gerais de direito público. São as normas de igual abrangência cuja 
função norteadora não se limita ao ramo do direito tributário, mas abrange todo 
o direito público (especialmente administrativo, constitucional e financeiro). Tais 
princípios encontram-se, em sua maioria, constitucionalizados e são, entre 
outros, os princípios de proporcionalidade, razoabilidade, igualdade, 
impessoalidade, responsabilidade, moralidade, publicidade, eficiência, 
representação, federação, devido processo legal. 
Equidade. Equidade significa justiça. Decidir por equidade significa resolver 
determinada situação segundo o conceito de justiça prevalente em certo 
momento e organização social. E a decisão pelo senso de justiça do julgador, 
interpretando o conceito de justiça prevalente na sociedade em que está 
integrado. 
O aplicador do direito só pode se valer da equidade quando for impossível 
solucionar o caso concreto com que se depara pelo recurso aos demais meios 
de integração: analogia, princípios gerais de direito tributário e princípios gerais 
de direito público. Ainda, nos termos do art. 108, § 22, do Código, o emprego da 
equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento do tributo devido. Isto 
também é consequência do princípio da legalidade: é proibido exigir tributo sem 
lei que o estabeleça e havendo lei a instituir o tributo, sobre aquele fato incide a 
norma tributante, e o tributo não pode ser dispensado, sem lei, por equidade, 
porque tributo é cobrado mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada — CTN, art. 32. 
Os princípios gerais de direito privado, por seu turno, utilizam-se somente para 
fixar a definição, o conteúdo ou o alcance dos institutos, conceitos e formas de 
direito privado, utilizados pelo direito tributário. Conceitos construídos no direito 
privado, como prescrição, decadência, pagamento, quitação, compensação, 
quando utilizados pelo direito tributário, terão sua definição, conteúdo e alcance 
determinados consoante as regras e princípios gerais do direito privado. 
Capítulo VI – FATO GERADOR 
● NOÇÃO. HIPÓTESE DE INCIDENCIA E FATO IMPONÍVEL 
Ocorrendo, concretamente, no mundo real, o fato hipoteticamente descrito na 
hipótese de incidência (fato imponível), sobre ele incide a norma jurídica. O fato 
imponível (suporte fático) se juridiciza e dali decorre a irradiação de sua eficácia: 
surgimento da obrigação tributária (de pagar tributo ao Estado). 
Hipótese de incidência ao conceito legal (descrição legal, hipotética, de um 
fato, estado de fato ou conjunto de circunstancias de fato) e 'fato imponível' ao 
fato efetivamente acontecido num determinado tempo e lugar, configurando 
rigorosamente a hipótese de incidência. 
Hipótese de incidência é a previsão legal abstrata do fato que gerará a obrigação 
de pagar tributo; fato imponível é a ocorrência concreta, no mundo físico, daquele 
fato (antes abstratamente descrito na norma). 
O Código não faz a distinção e usa apenas a expressão "fato gerador" para 
referir-se aos dois momentos já mencionados. 
Assim, que seu art. 114, pretendendo conceituar o fato gerador, diz ser "a 
situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência". Vê-se 
que a referência à situação definida em lei relaciona-se à hipótese de incidência; 
já a menção à ocorrência aponta em direção ao fato imponível, deixando claro 
que o legislador não tinha presente a distinção. 
A hipótese de incidência descreve, tipifica, determinado fato. 
Em direito tributário não há tributo sem previa lei que defina sua hipótese de 
incidência. Essa descrição da hipótese de incidência (descrição normativa de um 
fato típico) deve ser precisa e determinada, como pressuposto de segurança 
jurídica, para tornar efetiva a garantia assegurada ao contribuinte, pelo princípio 
da legalidade. A hipótese deve atender ao requisito de tipicidade: descrição 
precisa e detalhada de todos os elementos do fato que, urna vez ocorrendo, 
gerará a obrigação de pagar tributo. 
O fato imponível é sempre um fato jurídico "stricto sensu". 
Fatos jurídicos stricto sensu são aqueles que resultam apenas de fato da 
natureza, independente de qualquer ato humano: nascimento, morte, 
maioridade, aluvião, produção de frutos etc. 
Significa que se a lei tributaria escolher uma tal situação como hipótese de 
incidência, o que releva para fins tributários é o fato resultante (é indiciário de 
capacidade contributiva), sendo irrelevante para o direito tributário a 
exteriorização de vontade para sua prática. 
Para o direito tributário é irrelevante a vontade das partes na produção de um 
negócio jurídico. Para o direito tributário a única vontade relevante, 
juridicamente, é a vontade da lei, que toma esse negócio como fato, ao colocá-
lo, como simples fato jurídico, na hipótese de incidência. 
● CLASSIFICAÇÃO 
° fatos geradores instantâneos são aqueles que se completam numa só unidade 
de tempo ou em curto intervalo de tempo. Neles, o fato imponível se constituí de 
um só fato. Exemplo é o fato gerador do ICMS que ocorre no momento da saída 
de mercadoria de estabelecimento de contribuinte. 
° fato gerador complexo ou complexivo é aquele cuja formação se completa 
durante determinado período de tempo e que "consiste num conjunto de fatos, 
circunstancias ou acontecimentos globalmente considerados". É o fato gerador 
cuja realização não se dá em um só momento ou em certo intervalo de tempo, 
mas, ao contrário, se estende durante determinado período. Ex: imposto de 
renda, cujo fato gerador é aquisição de disponibilidade económica ou jurídica de 
renda em determinado período de tempo que, em se tratando de pessoa física, 
é anual, e de pessoa jurídica é trimestral. 
° fatos geradores continuados são fatos instantâneos que se repetem a 
determinados intervalos de tempo ou em datas fixadas em lei. São aqueles 
impostos que se renovam a cada exercício financeiro, como IPTU, IPVA e ITR. 
A legislação respectiva fixará a data em que torna a ocorrer (repetir-se) o fato 
imponível, criando nova incidência da regra de tributação. 
● ELEMENTOS 
° O elemento pessoal (ou subjetivo) da hipótese de incidência é a determinação 
dos sujeitos da obrigação tributária, ou seja, que pessoas figurarão nos seus 
polos ativo e passivo. 
O sujeito ativo deve ser determinado na hipótese de incidência. Pode a norma 
fazê-lo explicitamente ou de forma implícita: se a lei nada disser será a pessoa 
jurídica de direito público que promulgou aquela lei. Ex: se lei municipal dispuser 
sobre hipótese de incidência do IPTU, sem dizer expressamente qual seu sujeito 
ativo, será o Município que a promulgou. 
O sujeito passivo é determinável pela hipótese de incidência. Sua determinação 
concreta (identificação da pessoa "X") só pode se fazer após a ocorrência do 
fato imponível: será a pessoa que concretamente realizou tal fato. 
° O elemento temporal da hipótesede incidência é relevante para se identificar 
a lei aplicável ao fato: será aquela vigente quando ocorrer o fato imponível. 
A indicação do elemento temporal na hipótese de incidência pode ser explícita 
ou implícita. 
 
° O elemento espacial da hipótese de incidência é relevante, pois está só pode 
incidir sobre fato (gerando a consequência da obrigação de pagar tributo) que 
ocorra no âmbito espacial de competência do legislador que editar a norma 
tributante. 
Quanto à definição do âmbito espacial de competência do legislador, aplica-se, 
como regra geral, o princípio da territorialidade: a lei vigora e produz efeitos 
dentro do território da pessoa jurídica de direito público que a promulgou. 
° O elemento material ou objetivo representa o próprio núcleo da hipótese de 
incidência. É a descrição de todos os dados fundamentais que servem para 
delimita-la (tipo), que consiste no elemento material qualitativo. Incluí ainda os 
elementos materiais quantitativos: base de cálculo e alíquota. 
Capítulo VII – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
● CONCEITO 
O direito tributário é direito obrigacional comum, pois rege relações patrimoniais 
de débito, entre mais de um sujeito, um dos quais é um ente público. 
"Obrigação tributária é o vínculo jurídico em virtude do qual o Estado (sujeito 
ativo) pode exigir de um particular (sujeito passivo) urna prestação pecuniária 
(objeto), nas condições previstas em lei (causa)". 
O sujeito ativo é urna pessoa jurídica de direito público interno, genericamente 
denominada fisco; o sujeito passivo pode ser o contribuinte, o substituto 
tributário, o responsável ou o sucessor; a prestação (chamada, pelo Código, 
obrigação principal) é o pagamento de tributo. E sua causa na obrigação 
tributária é a lei (o tributo não decorre da vontade do sujeito passivo, nem é sanga 
o de ilícito). 
 
art. 113 - Obrigação principal tem por objeto o pagamento de tributo ou 
penalidade pecuniária; já as obrigações acessórias, as prestações, positivas ou 
negativas, previstas na legislação tributária, no interesse da arrecadação ou 
fiscalização dos tributos. 
A obrigação tributária é de pagar tributo ou penalidade pecuniária: é obrigação 
de dar. 
A obrigação acessória são todos aqueles deveres de cunho administrativo que 
a legislação impõe ao contribuinte (ou a terceiro), com o objetivo de facilitar a 
arrecadação dos tributos devidos ou sua fiscalização. Por exemplo: preencher 
guias de arrecadação, apresentar declaração de renda, emitir notas fiscais, etc. 
A obrigação tributária surge com a ocorrência do fato gerador, diz o art. 113, § 
1, do CTN. A obrigação tributária surge com a ocorrência do fato imponível. O 
lançamento não a constitui; apenas declara seu nascimento, que ocorreu com a 
realização do fato imponível. 
A causa mediata da obrigação tributária é a lei. Nela, a incidência da norma de 
tributação substituí a vontade de direito privado e faz nascer a obrigação. Mas 
enquanto houver mera previsão legal, não haverá concreta obrigação tributária. 
Por isso, sua causa imediata é a realização do fato imponível, que faz nascer 
uma obrigação tributária real e concreta. 
● SUJEITO ATIVO 
"sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da 
competência para exigir o seu cumprimento". O art. 119 CTN 
Competência tributária refere-se a aptidão para instituir tributos; capacidade 
tributaria diz respeito a aptidão para arrecadar Tributos, ser sujeito ativo da 
obrigação tributária (nela figurar como credor). 
Competência para instituir tributos só as pessoas jurídicas de direito público 
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) têm. Tributo só pode ser instituído 
por lei e só o Estado (em sentido lato) pode legislar. 
Capacidade para ser sujeito ativo não só as pessoas jurídicas de direito público 
têm, mas também as autarquias e quando se ingressa no campo da para 
fiscalidade — pessoas jurídicas de direito privado. Assim, os sindicatos são 
sujeitos ativos da contribuição sindical e não as pessoas jurídicas de direito 
privado. 
Pode-se definir sujeito ativo como titular do polo credor da obrigação tributária. 
● SUJEITO PASSIVO 
É a pessoa, natural ou jurídica, obrigada, em função da legislação, a prestar, ao 
sujeito ativo, o objeto da obrigação. Nos termos do art. 121, caput, do CTN, 
sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de 
tributo ou penalidade pecuniária. O sujeito passivo pode ser contribuinte ou 
responsável. Em verdade, ainda pode ser substituto ou sucessor. 
° CONTRIBUINTE 
Contribuinte é o sujeito passivo que tem relação pessoal e direta com a situação 
que constitua o fato gerador da obrigação tributária. Art. 121, parágrafo único, 
CTN. 
Contribuinte é a pessoa que realiza o fato imponível. É quem pratica o ato, ou se 
encontra na situação que deflagra a ocorrência do fato imponível. 
No que tange aos impostos, como o direito brasileiro constitucionalizou o 
princípio da capacidade contributiva, o contribuinte terá de ser necessariamente 
o titular da capacidade contributiva revelada, ainda que indiciariamente, pelo fato 
gerador. Não pode ser contribuinte quem o fato gerador não revele qualquer 
indicio de capacidade contributiva. 
Pode haver mais de urna pessoa que pratica o fato ou se encontra na situação 
que leva ao acontecer do fato imponível e de quem este (fato imponível) seja 
indicio de capacidade contributiva. O legislador pode escolher quem dessas 
pessoas designará como contribuinte. 
° RESPONSÁVEL (SENTIDO ESTRITO) 
Em sentido amplo são todos aqueles a quem, não sendo contribuintes, a lei 
atribuí a obrigação de arcar com tributos e/ou penalidades devidas por outrem. 
Abrangem o responsável em sentido estrito, o substituto e o sucessor tributários. 
Podemos caracterizá-lo como terceiro obrigado, por expressa disposição legal, 
ao pagamento do tributo, em caráter solidário ou subsidiário. 
O responsável não tem ligação pessoal e direta com o fato gerador, mas há uma 
relação entre ele e o contribuinte que permite à lei estender-lhe a 
responsabilidade por obrigação tributária deste. Art. 121, II, CTN. 
Casos de responsabilidade tributária, art. 134, CTN: 
"Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação 
principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que 
intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: 
I — os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; 
II — os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou 
curatelados; 
III — os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; 
IV — o inventariante, pelos tributos devidos pelo espolio; 
V — o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo 
concordatário; 
VI — os tabeliães, escrivães e demais serventuários de oficio, pelos tributos 
devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu 
oficio; 
VII — os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas." 
A efetivação da obrigação do responsável tributário depende sempre da 
impossibilidade de sua exigência do contribuinte. Sua responsabilidade é 
sempre subsidiaria (e não solidaria), pois a solidariedade não comporta benefício 
de ordem que é justamente a possibilidade de exigir que primeiro se busque a 
execução nos bens do devedor principal. 
Os responsáveis em sentido estrito só respondem pelas multas moratórias (CTN, 
art. 134, parágrafo único). 
As multas podem ser moratórias (pelo simples atraso no pagamento de tributos) 
ou penais (por infrações à legislação tributária). O responsável tributário só 
responde pelas primeiras (multas de mora). Pelas multas penais(por infrações 
tributarias) só responde o contribuinte, porque a responsabilidade por infrações 
não se estende além da pessoa do agente. 
° SUBSTITUTO LEGAL TRIBUTÁRIO 
Na substituição tributária, a lei excluí a responsabilidade do contribuinte 
(substituído) e a atribuí a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador (substituto). 
Então, pode-se dizer que o substituto legal tributário é o terceiro, participante de 
operações anteriores ou posteriores na cadeia de produção e comercialização, 
a quem a lei atribuí responsabilidade por crédito tributário, excluindo a 
responsabilidade do contribuinte (substituído). 
O substituto legal tributário — ao contrário do responsável stricto sensu e do 
sucessor, que não têm qualquer ligação com o fato imponível — está de alguma 
forma ligado ao fato imponível, participando da cadeia de produção — 
comercialização. 
A lei excluí da relação jurídica (obrigação) tributaria o contribuinte, que seria 
quem normalmente teria de pagar o tributo e coloca como sujeito passivo o 
substituto, que é terceira pessoa, que não pratica o fato imponível, mas de 
alguma forma está ligada a ele, participando da cadeia negocial relativa à 
circulação. 
A substituição tributária implica a transferência da obrigação de pagamento do 
contribuinte (de quem o fato imponível revela capacidade contributiva) para o 
substituto (de quem o fato imponível não revela capacidade contributiva). Como, 
entre nós, o princípio da capacidade contributiva é constitucional, só pode ser 
posto pela lei na condigo de substituto tributário aquele que se encontre em 
posição que lhe permita transferir o ônus financeiro do tributo ao substituído (de 
quem o fato imponível revela capacidade contributiva). 
Enquanto o responsável tributário, em sentido estrito, responde pelos tributos 
devidos conjuntamente com o contribuinte (solidaria ou subsidiariamente) — 
como normalmente ocorre também com o sucessor — isto não acontece na 
substituição tributária. Como indica o significado comum da palavra 
"substituir", o substituto ingressa na relação jurídica tributaria e o substituído 
(contribuinte) sai (é excluído da obrigação tributária). 
Nenhuma responsabilidade resta para o substituído (contribuinte), de quem o 
fisco nunca poderá exigir o tributo, mesmo em caso de não pagamento e 
impossibilidade de cobrança do substituto. A responsabilidade (em sentido lato) 
passa a ser só do substituto: o substituído é excluído da relação jurídico-
tributária. 
Conforme a posição que o substituto ocupe na cadeia negocial, em relação ao 
substituído, a substituição pode ser para trás (dita regressiva) ou para frente (dita 
progressiva). A substituição para trás ocorre quando o substituto se situa mais à 
frente na cadeia negocial em relação ao substituído. Imaginemos, por exemplo, 
determinado produto que circule do fabricante para o distribuidor (atacadista) e 
deste para o varejista. 
Se a lei atribuir ao distribuidor a condição de substituto tributário do fabricante, 
teremos hipótese de substituição tributária para trás (ou regressiva). O 
substituído está atrás (antes) do substituto, na cadeia negocial. 
O fato imponível já se realizou, antes da exigência do tributo, e a base de cálculo, 
evidentemente, será o valor real da operação, concretamente verificado quando 
da realização (já ocorrida) do fato imponível. 
Já na substituição tributária para a frente (ou progressiva), o substituído está 
depois do substituto na respectiva cadeia negocial. O fato imponível ainda não 
se realizou: prevê-se que se realizará posteriormente. Haverá de se estabelecer 
urna base de cálculo presumida (sobre a qual incidirá a alíquota, para se obter o 
valor do tributo). 
° SUCESSOR TRIBUTÁRIO 
O contribuinte é aquele que pratica o ato ou se encontra na situação que deflagra 
a ocorrência do fato imponível. Tem relação pessoal e direta com o fato 
imponível. O substituto tem vinculação com o fato imponível: participa em fase 
anterior ou posterior da cadeia negocial e passa a ocupar a posição do 
contribuinte na relação jurídica tributaria. São os casos de sujeição passiva 
direta. O responsável em sentido estrito não tem nenhuma ligação com o fato 
gerador, decorrendo sua responsabilidade exclusivamente de disposição legal. 
Já o sucessor também não tem ligação com o fato imponível, mas tem urna 
relação, de direito privado, com o contribuinte, em virtude da qual a lei promove 
sua sub-rogação nos direitos e obrigações tributarias do contribuinte. A relação 
jurídica, de direito privado, entre contribuinte e sucessor é o suporte fáctico da 
norma tributaria que, incidindo, cria a sub-rogação do sucessor nos direitos e 
obrigações do contribuinte de uma específica relação jurídica tributaria. 
A regra geral sobre responsabilidade (em sentido lato) do sucessor encontra-se 
no art. 129 do CTN: abrange os créditos definitivamente constituídos (em que já 
houve lançamento) ou em curso de constituição (ainda sem lançamento), à data 
dos atos nela referidos, e os constituídos (efetuado o lançamento) 
posteriormente aos mesmos atos. Ou seja, a responsabilidade dos sucessores 
abrange tanto os créditos já lançados quanto os ainda não lançados à data do 
ato ou fato a que a lei atribuí o efeito da sub-rogação do sucessor nos direitos e 
obrigações do contribuinte quanto a uma determinada relação jurídico-tributária, 
desde que, à data daquele ato ou fato, já tenha ocorrido o fato gerador 
(imponível). Isto porque a obrigação tributária nasce com o fato gerador, tendo o 
lançamento somente efeitos declaratórios (cf. CTN, art. 144, caput). 
Em síntese: responde o sucessor por tributos devidos em função de fatos 
imponíveis ocorridos até a data do ato ou fato a que a lei atribuí os efeitos de 
sub-rogação sua nas obrigações tributarias do antecessor. 
◦ Sucessão Imobiliária 
- Art. 130, CTN. 
O adquirente de bem imóvel responde pelos tributos incidentes sobre o imóvel 
devidos pelo anterior proprietário, por fatos imponíveis ocorridos antes de ter 
adquirido a propriedade do bem. A responsabilidade abrange impostos (IPTU, 
ITR), taxas e contribuições de melhoria. Pagando tais tributos, tem direito de 
regresso contra o anterior proprietário. Também pelos fatos imponíveis ocorridos 
depois da transmissão de propriedade, o novo proprietário é obrigado na 
condição de contribuinte. 
Respondem na qualidade de sucessores tributários, por tributos incidentes sobre 
os respectivos bens, seus adquirentes ou remitentes (CTN, art. 131,1). O 
adquirente de um automóvel torna-se sucessor do transmitente quanto a 
eventuais débitos por IPVA, por exemplo. Quanto à segunda figura (remitente), 
trata-se de quem promove remição, instituto previsto nos artes. 787 a 790 do 
Código de Processo Civil, pelo qual cônjuge, ascendente ou descendente do 
devedor pode, pagando o prego da arrematação ou adjudicação, resgatar o bem 
do devedor. 
◦ Sucessão Causa Mortis 
Pelos tributos devidos pelo autor da herança respondem: 
a) a pessoa formal do espolio, até o fim do inventario, com a partilha ou 
adjudicação dos bens; 
b) os herdeiros, legatários e o cônjuge meeiro pelos créditos tributários devidos 
pelo autor da herança ou seu espolio. Essa responsabilidade fica limitada ao 
montante que o sucessor receber. É o que decorre do art. 131, II e III, do Código. 
Concluído o inventario, com a partilha ou adjudicação, deixa de existir o espolio. 
A partir daí a responsabilidade (lato sensu), na qualidade de sucessores do 
falecido, pelos créditos tributários devidos pelo autor da herança ou pelo espolio 
(relativos ao período até o encerramento do inventario e eventualmente 
impagos) será dos sucessores: herdeiros, legatários (a quem o autorda herança 
atribuí, por testamento, bem(ns), determinado(s)) ou cônjuge meeiro (que tem 
individuada a meação que lhe pertence dos bens comuns). 
A responsabilidade dos sucessores do falecido, conforme dispõe o art. 131. II. In 
fine, é limitada ao montante do quinhão, legado ou meação. Não poderão 
responder por obrigações tributarias de valor superior aos bens que receberam. 
Só respondem até o limite desses bens. Tal se denomina "benefício de 
inventario", e no direito brasileiro vale para quaisquer créditos e situações (CC, 
art. 1.792): os sucessores respondem pelas dividas do autor da herança, mas só 
até o limite do que receberem. 
◦ Sucessão Comercial 
Abrangem-se, aqui, várias situações. 
A primeira delas é a de alteração na estrutura societária da empresa. Cuida o 
Código (art. 132, caput) das hipóteses de fusão, transformação ou incorporação 
de pessoas jurídicas. A alteração da estrutura jurídica da sociedade não afeta 
sua responsabilidade por créditos tributários. 
Na fusão, duas ou mais sociedades se unem para formar sociedade nova, que 
lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (inclusive tributarias) — art. 228. 
A nova sociedade será sucessora nos direitos e obrigações tributarias das 
sociedades fusionadas. 
Transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente 
de dissolução e liquidação, de um tipo para outro (art. 220). Por exemplo, uma 
sociedade anónima é transformada em limitada, ou vice-versa. A sociedade 
transformada responderá pelos tributos devidos pela sociedade sob a forma 
anterior. 
E incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas 
por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227). A 
sociedade que absorveu outras responde, como sucessora, pelos créditos 
tributários devidos pelas sociedades incorporadas. 
O art. 132, parágrafo único, cuida da extinção das pessoas jurídicas de direito 
privado. Nessa hipótese, se qualquer dos socos, ou seu espolio, continuar na 
exploração da mesma atividade, sob a mesma ou outra razão social ou como 
pessoa física (sob firma individual), a nova pessoa jurídica ou o sócio, se atuar 
sob firma individual, torna-se sucessor da pessoa jurídica extinta, no que tange 
ás obrigações tributarias desta. 
Quem adquire não só estabelecimento (bem corpóreo, físico), mas também 
fundo de comercio (bem incorpóreo), responde pelos tributos devidos pelo 
alienante até a data do ato. Nos termos dos incisos I e II do art. 133 do CTN, o 
adquirente responde "integralmente", se o alienante cessar a exploração do 
comercio, indústria, ou atividade, e subsidiariamente com o alienante, se este 
prosseguir na exploração ou iniciar, em até seis meses da alienação, nova 
atividade no mesmo ou em outro ramo. 
Se o alienante cessa a exploração de atividade e não inicia nova em seis meses, 
o adquirente responde solidariamente com o alienante, podendo o fisco de 
imediato exigir o crédito de qualquer deles, indistintamente. Se o alienante 
continua na atividade ou inicia nova em seis meses, o adquirente responde 
subsidiariamente, isto é, goza de benefício de ordem: o fisco só pode exigir o 
crédito do adquirente depois de buscar sua cobrança do devedor principal 
(alienante), com a excussão de eventuais bens, sem obter a satisfação do 
crédito. 
◦ Sucessão Falimentar 
A massa falida responde, como sucessora do falido, pelos tributos devidos por 
este. A regra está posta no art. 184 do Código Tributário Nacional: "Sem prejuízo 
dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, 
responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das 
rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espolio ou sua 
massa falida, inclusive os gravados por ónus real ou cláusula de inalienabilidade 
ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da 
cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare 
absolutamente impenhoráveis". 
A massa falida responde como sucessora pelos débitos tributários do falido, que 
são créditos privilegiados. Sob a Lei n. 11.101/2005, situam-se, na ordem do seu 
art. 83, em terceiro lugar, após: a) os créditos derivados da legislação do 
trabalho, até o limite de 150 salários mínimos por credor e os decorrentes de 
acidente do trabalho, estes ilimitadamente; e b) os créditos com garantia real até 
o limite do bem gravado. 
A massa falida não responde por multas moratórias ou penais devidas pelo 
falido. 
● SOLIDARIEDADE 
"Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou 
mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado à dívida toda" (CC, art. 
264). 
A solidariedade, em direito tributário, só pode ser passiva (quando há vários 
devedores solidários, podendo o credor exigir de qualquer deles a totalidade da 
obrigação). 
A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes (CC, 
art. 265). 
A solidariedade, em matéria tributária, resulta sempre de lei. 
Os casos de solidariedade tributaria estão postos no art. 124, I e II, do CTN: 
abrangem as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua 
o fato gerador da obrigação principal e as pessoas expressamente designadas 
por lei (inc. II — "solidariedade de direito"). 
A solidariedade de direito está bem clara: só ocorre quando a lei expressamente 
designar aquelas pessoas como solidarias (por exemplo, o transportador de 
mercadoria desacompanhada de documento fiscal idóneo). Já na solidariedade 
de fato, a hipótese está definida de forma imprecisa. A lei não define o que é o 
"interesse comum", o que deixa amplo campo á discricionariedade do intérprete. 
Os efeitos da solidariedade estão disciplinados no art. 125: o pagamento 
efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais. Assim, se um dos 
devedores solidários pagou a dívida, os demais ficam desobrigados perante o 
credor (no nosso caso, o fisco). O que pagou, porém, tem direito de regresso 
contra os demais pelas respectivas cotas-partes (CC, art. 283). 
A isenção ou remissão (perdão) de créditos exonera os obrigados, salvo se 
outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade 
quanto aos demais pelo saldo. 
A interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou 
prejudica os demais. De interrupção de prescrição a favor de devedores 
solidários pode-se cogitar, em se tratando de repetição de indébito (devolução 
de tributo pago indevidamente). Assim, se dois devedores pagaram 
conjuntamente tributo indevido, a propositura da ação de repetição, com a 
citação do fisco, por um deles, interromperá a prescrição, beneficiando também 
o outro. 
● CAPACIDADE 
A capacidade tributaria independe da capacidade civil (CTN, art. 126,1). Mesmo 
que a pessoa seja civilmente incapaz (por exemplo, os menores e os deficientes 
mentais), se praticar ato que faça ocorrer o fato imponível, terá capacidade 
tributaria passiva e estará obrigada ao pagamento do tributo. 
A norma compatibiliza-se com os princípios de nosso sistema jurídico: a 
incapacidade de tais pessoas decorre de não poderem exprimir validamente sua 
vontade; mas a vontade das partes é irrelevante em direito tributário. 
Se estiver a pessoa interdita, não lhe faltará capacidade tributaria passiva, 
respondendo pelos tributos decorrentes dos fatos geradores a que se vincular. 
Igualmente, se um advogado, médico ou outro profissional, embora suspenso ou 
impedido legalmente de exercer a profissão, vier a exercê-la ilegalmente, estará 
obrigado ao pagamento do imposto sobre serviços. 
Se não for a pessoa jurídica constituída na forma legal (não houver contrato 
social,

Outros materiais