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Anabolismo de Lipídeos Nelson R. de Carvalho Introdução Grande parte dos ácidos graxos utilizados pelo corpo é suprida pela dieta Quantidades excessivas de carboidratos e proteínas obtidas pela dieta podem ser convertidas em ácidos graxos, e armazenados como triacilgliceróis A síntese de ácidos graxos ocorre principalmente no fígado e glândulas mamárias, e em menor grau, no tecido adiposo e no rim O processo incorpora os carbonos da acetil CoA na cadeia de ácido graxo em formação, utilizando ATP e NADPH Lipídios: principais constituintes das membranas celulares; Lipídios especializados: Pigmentos: retinal, caroteno; Co-fatores: vitamina K; Detergentes: sais biliares; Hormônios: derivados da vitamina D e hormônio sexuais; Mensageiros: eicosanóides, fosfatidilinositol; Para tanto, precisamos sintetizar uma grande variedade de lipídios; Biossíntese X Degradação Não é uma simples reversão; Ocorrem por vias totalmente diferentes; São catalisadas por um conjunto enzimático distinto; Ocorrem em compartimentos diferentes da célula; Biossíntese de ácidos graxos A porção acetil da acetil CoA é transportada ao citosol como citrato, produzido pela condensação do oxaloacetato e acetil CoA, primeira reação do ciclo do ácido cítrico Isso ocorre quando a concentração de citrato mitocondrial está elevada, observada quando há alta concentração de ATP e a isocitrato desidrogenase é inibida O aumento de citrato e ATP favorece a síntese de ácidos graxos, desde que esta via necessita de ambos Acetil-CoA Oxaloacetato Citrato Citrato Oxaloacetato Malato Malato Piruvato Piruvato Acetil-CoA Síntese ácidos graxos Citosol Citrato liase Citrato sintase piruvato carboxilase Malato DH Malato DH Enzima málica NADPH NADP Transporte do Acetil-CoA para o Citosol Matriz CK Carboxilação do AcetilMalonil O acetil CoA deve ser convertido a malonil CoA A carboxilação é catalisada pela acetil CoA carboxilase e requer ATP Esta reação é a etapa regulada na síntese de ácidos graxos: ela é inativada pelos produtos, palmitoil CoA, e ativada pelo citrato Outro mecanismo de regulação é a fosforilação reversível da enzima, que a torna inativa, devido a presença de adrenalina/glucagon Na presença de glucagon, a enzima é fosforilada e inativa Na presença de insulina, a enzima é desfosforilada e ativa Biossíntese dos ácidos graxos e dos eicosanóides Acetil-CoA carboxilase: polipeptídio multifuncional Grupo prostético Complexo multienzimáticoque possui 6 enzimas, incluindo uma proteína transportadora de grupos acil (ACP). A ACP possui uma fosfopanteteína com grupo sulfidril A enzima b- cetoacil-ACP sintase (KS) possui uma cisteína O Complexo Ácido Graxo Sintase A ácido graxo sintase recebe os grupos acetil e malonil Primeiramente, os 2 grupos tióis do complexo enzimático precisam ser carregados com os grupos acil corretos. 1º: o grupo acetil do acetil-CoA é transferido para o grupo –SH da cisteína na β-acetoacil- ACP sintase. Essa reação é catalisada pela acetil-CoA-ACP transacetilase (AT); 2º: transferência do grupo malonil do malonil- CoA para o grupo –SH da ACP, é catalisada pela malonil-CoA-ACP transferase (MT); Os ácidos graxos são sintetizados por uma sequência repetitiva de reações HS HS KR MT KS HD ER AT ACP CH3 - CO - SCoA Acetil-CoA Transferência do grupo acetil para o grupo -SH da cisteína na b- cetoacil-ACP sintase Reações de Síntese dos Ácidos Graxos 1º rodada Acetil-CoA-ACP transacetilase (AT) HS - S KR MT KS HD ER AT ACP -OOC-CH2-CO-SCoA O CH3 - C Malonil-CoA-ACP transferase (MT) Transferência do grupo malonil para o grupo -SH da panteteína da ACP Reações de Síntese dos Ácidos Graxos - S - S KR MT KS HD ER AT ACP O CH3 - C O -OOC-CH2-C CO2 condensação Reações de Síntese dos Ácidos Graxos β-cetoacil-ACP Sintase (KS) Acetoacetil-ACP - S HS KR MT KS HD ER AT ACP O CH3 - C- O CH2-C NADPH + H+ β-cetoacil-ACP Redutase (KR) redução Reações de Síntese dos Ácidos Graxos Β-hidroxibutiril-ACP Acetoacetil-ACP - S HS KR MT KS HD ER AT ACP O CH2-C OH CH3 - CH- H2O b-hidroxiacil-ACP desidratase (HD) desidratação Reações de Síntese dos Ácidos Graxos Trans-∆2-butenoil-ACP Β-hidroxibutiril-ACP - S HS KR MT KS HD ER AT ACP CH3 - CH= O CH -C NADPH + H+ redução Enoil-ACP redutase (ER) Reações de Síntese dos Ácidos Graxos Butiril-ACP Trans-∆2-butenoil-ACP - S HS KR MT KS HD ER AT ACP CH3 - CH2 - O CH2-C Transferência do grupo butiril para resíduo Cys -SH da b- cetoacil-ACP- syntase (KS) Reações de Síntese dos Ácidos Graxos 2º rodada Butiril-ACP HS - S KR MT KS HD ER AT ACP CH3 - CH2 - O CH2-C -OOC-CH2-CO-SCoA Transferência do grupo malonil para o grupo -SH da pantoteína da ACP Reações de Síntese dos Ácidos Graxos Butiril-ACP -S - S KR MT KS HD ER AT ACP CH3 - CH2 - O CH2-C -OOC-CH2-CO condensação CO2 Reações de Síntese dos Ácidos Graxos S HS KR MT KS HD ER AT ACP CH3 - CH2 - O CH2-C - O CH2-C - b-cetoacil-ACP Reações de Síntese dos Ácidos Graxos Repetição das 6 reações até a formação do palmitato Reações de Síntese dos Ácidos Graxos 1º rodada As reações da ácido graxo sintase são repetidas para formar o palmitato 2º rodada Sete ciclos de condensação e redução produzem o palmitoil saturado com 16C. Processo global da síntese do palmitato malonil acetil A cada adição de 2C, reações de redução convertem a cadeia em crescimento em um ác. graxo saturado de 4C...6C...8C...16C butiril A biossíntese de ácidos graxos é regulada rigorosamente Acetil-CoA carboxilase é um sítio importante na regulação. Ativador: citrato Inibidor: palmitoil-CoA Acetil-COA carboxilase é regulada por hormônios: insulina, glucagon A fosforilação da enzima pelos hormônios epinefrina e glucagon, provocam sua inativação, desacelerando a síntese AG. Os ácidos graxos de cadeia longa saturada são sintetizados a partir do palmitato Palmitato: precursor (produto da ác. graxo sintase) Sistemas de alongamento (adições sucessivas de grupos acetil) dos ácidos graxos Retículo endoplasmático Mitocôndrias O sistema mais ativo é para a formação do estearato (18:0) Vias de síntese de outros ácidos graxos Mamíferos não convertem o oleato em linoleato ou α-linolenato → dietas Vegetais: jasmonato – defesas, desenvolvimento de frutosPrecursor dos eicosanóides Os eicosanóides são formados a partir de ácidos graxos poliinsaturados com 20 átomos de carbono • Eicosanóides: mensageiros que respondem a estímulos hormonais e a fosfolipase A2; • Eles atacam os fosfolipídios de membrana e liberam araquidonato; • COX 1: protetora • Tromboxanos: agregação plaquetária • COX 2: Celecoxib, meloxicam, rofecoxib Incorporação em fosfolípidios de membrana Incorporação em triacilgliceróis Ácidos graxos sintetizados ou ingeridos Dependente do momento metabólico Biossíntese dos Triacilgliceróis Os triacilgliceróis e os glicerofosfolipídios são sintetizados a partir dos mesmos precursores: acil graxo-CoA glicerol-3-fosfato Fígado e rim Acilação grupos OH do L-glicerol 3-fosfato, por 2 mol. de acil graxo-CoA para liberar o ácido fosfatídico citosol hidrolisado O ácido fosfatídico é o precursor dos triacilgliceróis e dos glicerofosfolipídios. O ácido fosfatídico é hidrolisado em 1,2- diacilglicerol, que gera triacilglicerol por transesterificação com outro grupo acil graxo- CoA Nos animais a biossíntese dos triacilgliceróis é regulada por hormônios INSULINA *Estimula a conversão em gordura dos carboidratos e das proteínas alimentação; * Diabetes melito : a falta de insulina ↓ síntese AG Aqui, o acetil-CoA produz corpos cetônicos Equilíbrio entre síntese e degradação de triacilglicerídios: • 75% AG liberados lipólise são reesterificados para formar triacilgliceróis em vez de serem usados como combustíveis; • Parte desta reesterificação ocorre tecido adiposo, antes da passagem dos AG para sangue; • QUAL É A FONTE DE GLICEROL 3-FOSFATO? O tecido adiposo gera glicerol 3-fosfato por gliceroneogênese 1960: duas enzimas (piruvato carboxilase e fosfoenolpiruvato carboxiquinase) presentes no tec. adiposo que não realiza glicólise. A gliceroneogênse controla a reesterificação de ác graxos em TG em caso de jejum (glucagon) Horm. Corticóides: + : gliceroneogênese e gliconeogênse no fígado; - : gliceroneogênese no tec. adiposo: aumenta os ác. graxos livres no sangue (interferindo no uso da glicose) TIAZOLIDINEDIONAS DM2 Aumentam a gliceroneogênese no tec. adiposo e reduzem os ácidos graxos livres no sangue. Aumenta sensibilidade à insulina Biossíntese dos Fosfolipídios de Membranas • Glicerofosfolipídios; • Esfingolipídios; Montagem: 1º: síntese de um esqueleto de glicerol ou esfingosina; 2º: ligação do ácido graxo neste esqueleto; 3º: adição de grupo hidrofílico por ligação fosfodiéster; 4º: liberação do fosfolipídio final; Síntese: REL ou membrana mitocondrial interna. 27 átomos de C Biossíntese do Colesterol, dos Esteróides e dos Isoprenóides Precursor único Todas as células podem sintetizar colesterol Importância do colesterol • Papel fundamental na estrutura das membranas celulares; • Precursor dos hormônios esteróides e dos ácidos biliares; • Indispensável, mas não é necessário estar na dieta, pois todas as células são capazes de sintetizá-lo. • Porém, os altos níveis no sangue são correlacionados com a incidência de doenças cardiovasculares; Destino colesterol • Colesterol biliar; • Ácidos biliares: são derivados do colesterol relativamente hidrofílico e sintetizados no fígado ajudam a digestão dos lipídios; • Alguns órgãos usam o colesterol como precursor para produção de hormônios esteróides; • O colesterol é também precursor da vitamina D; O colesterol é sintetizado a partir do acetil-CoA em quatro etapas condensação conversão polimerização ciclização 1: síntese do mevalonato a partir do acetato; 2: conversão do mevalonato em 2 unidades de isopreno ativado; 3: condensação de 6 unidades de isopreno ativado para formar esqualeno; 4: conversão do esqualeno no núcleo esteróide com 4 anéis A biossíntese do colesterol é regulada em vários níveis Regulada pela concentração de colesterol intracelular e pelos hormônios glucagon e insulina. Etapa reguladora Fosforila • Ésteres do colesterol: são formados no fígado pela enzima acil-CoA-colesterol aciltransferase (ACAT). São armazenados no fígado ou transportados para outros tecidos. A ACAT catalisa a transferência de um ác. graxo da CoA para o grupo hidroxila do colesterol. Converte colesterol em um composto ainda mais hidrofóbico. O colesterol e outros lipídios são transportados nas lipoproteínas do plasma • O colesterol e os ésteres do colesterol são insolúveis em água, por isso, precisam de transportadores para chegarem no seu destino; • Apoliproteínas: são proteínas existentes no sangue e que se ligam aos lipídios de forma variada, sendo responsáveis pelo transporte entre os vários órgãos dos triacilgliceróis, fosfolipídios, colesterol e ésteres do colesterol; • As diferentes combinações produzem partículas de densidades diferentes, que podem ser separadas por ultracentrifugação. O colesterol sintetizado no fígado pode seguir diferentes caminhos: • incorporação às lipoproteínas de membrana celular (VLDL e LDL) •secreção p/ bile como tal ou como ác. biliares • depósito como ésteres do colesterol ABSORÇÃO DO COLESTEROL: No intestino na presença de sais biliares é incorporado aos quilomicrons entram nos linfáticos circulação sistêmica colesterol não esterificado solubilizado micelas mistas Pode demorar até 10 h após refeição gordurosa Regulação: “pool” colesterol : • absorção de colesterol da dieta •Biossíntese no fígado e intestino Col dieta reduzido aumenta sintese Quanto maior a quantidade de ácidos biliares – inibição da HMG-CoA redutase e reduz síntese do colesterol Lipoproteínas Os lipídeos são transportados pelo plasma através da lipoproteínas São compostos de lipídeos e proteínas com solubilidade em meio aquoso São constituídas de: -monocamada externa de proteínas (apoproteínas) -lipídeos polares -lipídeos apolares (triglicerídeos e ésteres de colesterol). Ultracentrifugação Quilomicrom VLDL – very low density lipoprotein LDL - low density lipoprotein HDL – High density lipoprotein Quilomicrons Grandes partículas que transportam as gorduras alimentares e o colesterol para o Músculo Vida média curta 85% de Tg Sofre ação de lipases na circulação VLDL Very-Low Density Lipoproteins São sintetizadas pelo fígado e transportam triglicerídeos para os músculos e para o tecido adiposo IDL Indeterminate Density Lipoproteins Resulta da hidrólise da VLDL vida curta Apresentam as Apo B e E. LDL São pequenas e densas o suficiente para atravessar os vasos sanguíneos e ligarem-se às membranas das células dos tecidos. LDL carregam cerca de 70% de todo o colesterol que circula no sangue. Maior parte da proteína é Apo B 100 Vida média:3 a 5 dias transporta o Colesterol aos tecidos via endocitose mediada por receptor de LDL HDL O nível elevado de HDL está associado com baixo índices de doenças cardiovasculares High-Density Lipoproteins responsável pelo transporte reverso do colesterol Contêm Apo A-I - A-II - Apo C e Apo E Apoproteínas São proteínas específicas de cada tipo de lipoproteína, desempenham diversas funções no metabolismo lipoproteico dão solubilidade ao macro-complexoLigação a receptores específicos Ativação ou inibição de determinadas enzimas envolvidas no metabolismo lipídico Apolipoproteína A (apoA) • Maior componente proteico da HDL • Essenciais na síntese de HDL: ativador da LCAT (cofator Apo AI) Apolipoproteína B (apoB) No plasma em 2 formas: apoB100 LDL, VLDL, Qm apo B48Quilomicrons(qm) Apo B100 reconhecimento e a ligação da LDL a receptores específicos de alta afinidade nas membranas das células. Apo C apo CI, apo CII, apo CIII sintetizada no fígado e incorporada pelas HDL Apo E sintetizada no fígado e incorporada pelas HDL e transferida na circulação para os quilomicrons e VLDL reconhece qm remanescentes do Qm hepáticos
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