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Apostila Direitos Humanos 4

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Direitos humanos: Uma declaração universal.
Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
1. Direitos coletivos, difusos e individuais homogêneos: a terceira geração de direitos humanos.
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) de 1948 é considerada o principal marco de surgimento dos Direitos Humanos no plano internacional. Documento assinado por dezenas de países no âmbito das Organização das Nações Unidas (ONU), representou o compromisso da comunidade internacional em promover a paz e a proteção do ser humano, após o massacre de milhões de vidas humanas pela Segunda Guerra Mundial.
Os direitos civis – considerados os Direitos Humanos de primeira geração – representam o espaço no interior do qual o poder do Estado não pode entrar, ou seja, uma esfera de proteção do indivíduo contra o Estado. Ao mesmo tempo, estabelecia-se que os indivíduos tinham direitos e que todo e qualquer indivíduo, de qualquer grupo social, tinha os mesmos direitos, quebrando-se a organização social baseada na existência de grupos privilegiados, por um lado, e de grupos sem privilégio algum, por outro lado. São os direitos de liberdade e igualdade. 
Na sequência, o desenvolvimento dos direitos humanos de segunda geração - os direitos políticos - foi necessário para que as pessoas, já protegidas pelos direitos civis, pudessem participar do processo de criação das leis, diretamente ou escolhendo seus representantes. São os direitos de nacionalidade, liberdade de expressão, direito à participação política. O reconhecimento dos Direitos Humanos de segunda geração foi capaz de reduzir as desigualdades e a miséria social. Mas, esses direitos não foram capazes de lidar com alguns outros problemas típicos de nossas sociedades.
As condições e necessidades particulares de grupos como mulheres, negras e negros, homossexuais, crianças, adolescentes, idosas e idosos estavam até então desconsideradas, porque os Direitos Humanos desenvolvidos até então tratavam todos os seres humanos de forma muito homogênea. De maneira simples, pode-se dizer que o desejo de igualdade sufocou o reconhecimento da diferença. 
Frente a isso, novas lutas sociais, sobretudo a partir da segunda metade do Século XX deram origem a novos Direitos Humanos. Assim, lutas que reivindicavam o direito à diferença conseguiram alcançar o reconhecimento de Direitos Coletivos.
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“Direitos Coletivos são direitos que não se destinam indiferentemente a toda e qualquer pessoa da sociedade, mas a toda e qualquer pessoa da sociedade que tenha determinadas características capazes de justificar uma proteção diferenciada”. 
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Direitos da população idosa, direitos de crianças e adolescentes, direitos da população indígena, direitos da população quilombola e inclusive direitos das mulheres e da população LGBT são exemplos de Direitos Coletivos.
Por outro lado, em face dos riscos que nossa sociedade altamente industrializada começou a gerar para a sobrevivência do planeta, como o fim da água potável, o desequilíbrio dos ecossistemas e o aquecimento global, outro conjunto de direitos tratou do fato de que há questões e problemas que dizem respeito não a toda e qualquer pessoa individualmente considerada, nem a grupos sociais específicos, mas à humanidade considerada como um todo.
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“São os Direitos Difusos porque não pertencem a um ou outro indivíduo, a uma ou outra minoria social, pertencem, difusamente, a toda humanidade”.
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O melhor exemplo de Direitos Difusos é o direito ambiental: a proteção das águas, da vegetação, do solo e dos animais tem por finalidade assegurar, à espécie humana, o direito de viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Por sua vez, a fragilidade do indivíduo diante do poder das grandes empresas que caracterizam também nossa sociedade altamente industrializada gerou lutas sociais voltadas a tentar limitar esse poder e fortalecer o papel do sujeito.
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“O caminho encontrado para isso foi estabelecer direitos que, embora pertençam aos indivíduos na condição de indivíduos – ou seja, não têm como referência grupos sociais nem a humanidade como um todo –, relacionam-se a problemas que afetam todos esses indivíduos de modo semelhante, de modo homogêneo”.
=====================================================================
Direitos Individuais Homogêneos são desse modo, o conjunto de direitos que surgirão como resposta a essa situação.  O melhor exemplo desses Direitos Individuais Homogêneos são os direitos do consumidor. 
2. Os direitos humanos de terceira geração e a declaração universal dos direitos humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz, em seus artigos, um conjunto de direitos que podemos classificar como direitos humanos econômicos, sociais e culturais (conhecidos como DHESCAS), ou os Direitos Humanos de terceira geração. Nesta seção, estudaremos esses direitos:
Direito à educação;
 Direito à alimentação adequada;
 Direito ao meio ambiente; 
 Direito ao trabalho. 
2.1. Direito Humano à Educação
A educação é um dos direitos humanos e está prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 26:
Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito. 
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Quando a Declaração Universal reconhece o direito à educação como um direito humano, significa que o exercício desse direito não deve estar limitado à condição social, nacional, cultural, de gênero ou étnico-racial da pessoa. 
O direito à educação não se refere somente à educação escolar, porque o processo educativo começa desde que nascemos e só termina com a nossa morte: a aprendizagem acontece em diversos âmbitos (na família, na comunidade, no trabalho, no grupo de amigos, na associação e também na escola e em todos os momentos de nossas vidas). Além de sua importância como direito humano que possibilita à pessoa desenvolver-se plenamente e continuar aprendendo ao longo da vida, a educação é um bem público da sociedade, na medida em que possibilita o acesso aos demais direitos.
Cada país tem autonomia para definir como oferecerá à população o acesso à educação e ao ensino. Entretanto, pela interpretação da Declaração Universal e outros documentos internacionais sobre o direito à educação, a educação deve ser sempre: disponível, acessível, aceitável e adaptável. Veremos cada um dos conceitos:
Disponibilidade: significa que a educação gratuita deve estar à disposição de todas as pessoas. A primeira obrigação do Estado é assegurar que existam creches e escolas com vagas disponíveis para todos os que manifestem interesse na educação escolar. 
Acessibilidade:  o acesso à educação pública deve ser para todos, sem qualquer tipo de discriminação. Além disso, deve haver a acessibilidade material (possibilidade efetiva de frequentar a escola sem barreiras como a distância e falta de adaptação arquitetônica) e a acessibilidade econômica (acesso gratuito a todas as pessoas).
Aceitabilidade: é a garantia da qualidade da educação. O Estado está obrigado a assegurar que todas as escolas tenhamqualidade e que a educação seja aceitável. A qualidade da educação se relaciona aos resultados do ensino, às condições materiais de funcionamento das escolas e à adequação dos processos pedagógicos.
Os principais documentos internacionais que tratam do direito à educação são os seguintes: 
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966):
Artigo 13
1. Os Estados Signatários do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à educação. Concordam que a educação deve ser orientada para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e deve fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. Concordam, ainda, que a educação deve capacitar todas as pessoas para participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
2. Os Estados Signatários do Presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito:
A educação primária deve ser obrigatória e acessível gratuitamente a todos; 
A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação secundária técnica e profissional, deve ser generalizada e tornar-se acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito; 
A educação de nível superior deve igualmente tornar-se acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito;
Deve-se fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação fundamental para aquelas pessoas que não tenham recebido ou terminado o ciclo completo de instrução primária; 
Deve-se prosseguir ativamente o desenvolvimento do sistema escolar em todos os níveis de ensino, implementar um sistema adequado de bolsas estudo e aprimorar continuamente as condições materiais do corpo docente.
Convenção sobre os Direitos da Criança (1989
Artigo 29 
1. Os Estados-Partes reconhecem que a educação da criança deverá estar orientada no sentido de: 
Desenvolver a personalidade, as aptidões e a capacidade mental e física da criança em todo o seu potencial;
Imbuir na criança o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, bem como aos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas; 
Imbuir na criança o respeito aos seus pais, à sua própria identidade cultural, ao seu idioma e seus valores, aos valores nacionais do país em que reside, aos do eventual país de origem, e aos das civilizações diferentes da sua; 
Preparar a criança para assumir uma vida responsável numa sociedade livre, com espírito de compreensão, paz, tolerância, igualdade de sexos e amizade entre todos os povos, grupos étnicos, nacionais e religiosos e pessoas de origem indígena; 
Imbuir na criança o respeito ao meio ambiente.
Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino (UNESCO, 1960)
Artigo 1º 
Para os fins da presente Convenção, o termo "discriminação" abarca qualquer distinção, exclusão, limitação ou preferência que, por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião pública ou qualquer outra opinião, origem nacional ou social, condição econômica ou nascimento, tenha por objeto ou efeito destruir ou alterar a igualdade de tratamento em matéria de ensino, e, principalmente:
Privar qualquer pessoa ou grupo de pessoas do acesso aos diversos tipos ou graus de ensino; b) Limitar a nível inferior a educação de qualquer pessoa ou grupo;
Sob reserva do disposto no art. 2º da presente Convenção, instituir ou manter sistemas ou estabelecimentos de ensino separados para pessoas ou grupos de pessoas; 
De impor a qualquer pessoa ou grupo de pessoas condições incompatíveis com a dignidade do homem.
“Artigo 3° 
A fim de eliminar e prevenir qualquer discriminação no sentido da presente Convenção, os Estados-Partes se comprometem a:
Eliminar quaisquer disposições legislativas e administrativas e fazer cessar quaisquer práticas administrativas que envolvam discriminação; (...) 
Não admitir, no que concerne às despesas de ensino, às atribuições de bolsas, (...) qualquer diferença de tratamento entre nacionais pelos poderes públicos, senão as baseadas no mérito e nas necessidades; 
Não admitir, na ajuda que, eventualmente, e sob qualquer forma, for concedida pelas autoridades públicas aos estabelecimentos de ensino, nenhuma preferência ou restrição baseada unicamente no fato de que os alunos pertençam a determinado grupo; 
Conceder “aos estrangeiros que residirem em seu território o mesmo acesso ao ensino que o concedido aos próprios nacionais”.
O Brasil é obrigado a respeitar, proteger e promover os direitos humanos. Por isso, na prática, e no caso da educação, tem o dever de respeitar – que significa que não pode criar obstáculos ou impedir o exercício do direito humano à educação. Não pode, por exemplo, impedir que as pessoas recebam ou ofereçam educação, que organizem cursos livres em suas comunidades ou pela internet, ou que abram escolas, desde que respeitem as condições estabelecidas nas normas sobre o tema. 
Também tem o dever de proteger, que exige que o Estado atue, tomando medidas para evitar que terceiros (pessoas, grupos ou empresas, por exemplo) impeçam o exercício do direito à educação. Por exemplo, no Brasil, o ensino é obrigatório entre 4 e 17 anos; nem mesmo os pais, mães ou responsáveis de uma criança ou adolescente podem impedir seu acesso à escola, cabendo ao Estado atuar na proteção de seu direito, garantindo-lhe o acesso à escola. 
Por fim, o dever de promover é a principal obrigação ativa do Estado. São as políticas ações públicas que o Estado deve realizar para garantir o exercício do direito à educação. São as obrigações diretas do Estado em garantir o direito humano à educação, como a construção de escolas, do financiamento adequado e da contratação de professores. 
2.2. Direito humano à Alimentação Adequada
O direito humano à alimentação está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 25:
“Artigo 25 
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle”.
Alimentar-se é um ato vital para todos os seres vivos; sem ele não há possibilidade de vida. Além disso, no caso dos seres humanos, a alimentação é ao mesmo tempo um processo biológico e cultural. Ao se alimentar, as pessoas criam práticas alimentares, desenvolvem costumes e valores sobre os diferentes alimentos. Por isso, podemos dizer que cada sociedade, ou grupo social, atribui um sentido específico ao ato de se alimentar.
Importante.
O termo alimentação adequada trata de dois elementos que compõem esse direito: o primeira é o direito de estar livre da fome e da má nutrição e o segundo é o direito de ter acesso físico e econômico aos meios para obtenção de uma alimentação adequada. Inclusive, o acesso físico e econômico (alimentos em espécie ou renda para aquisição de alimentos) tem que ser garantido imediatamente pelos países. Para garantir o acesso físico e econômico, cada Estado fica obrigado a assegurar, a todas as pessoas, o acesso à quantidade mínima e essencial de alimentos. Ressalta-se que essa quantidade deve ser suficiente para garantir que todas as pessoas estejam de fato livres da fome.
Para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada é necessário que os Estados realizem ações de proteção social visando combater diretamente a fome por meio de programas de transferência de renda e distribuição de alimentos. 
A água também é entendida como alimento. Por isso, podemos dizer que o direito humanoà água também faz parte do direito humano à alimentação adequada, e está relacionado a outros direitos humanos como o direito humano ao Meio Ambiente.
Assim como todas as pessoas têm direito a uma alimentação adequada, todos têm direito ao acesso irrestrito à água, inclusive independendo de pagamento de taxas ou de qualquer outra contrapartida. Porém, como ocorre com o direito à alimentação adequada, a falta de acesso à água atinge as camadas mais empobrecidas da sociedade. A sede e a seca, bem como a fome, estão presentes em todas as regiões brasileiras, tanto nas regiões rurais como no semiárido e nas periferias. 
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De acordo com a Organização das Nações Unidas, após um declínio constante por mais de uma década, a fome no mundo está novamente em ascensão e, em 2016, afetou 815 milhões de pessoas (11% da população global).  Esse aumento — de mais 38 milhões de pessoas em relação ao ano anterior — deve-se, em grande parte, à proliferação de conflitos violentos e de mudanças climáticas. Cerca de 155 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem com atraso no crescimento (estatura baixa para a idade), enquanto 52 milhões estão com peso abaixo do ideal para a estatura. Dados disponíveis em: https://nacoesunidas.org/onu-apos-uma-decada-de-queda-fome-volta-a-crescer-no-mundo/ 
2.3. Direito humano ao Meio Ambiente
O direito a uma vida com saúde e bem-estar está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 25:
“Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle”. 
A noção de bem-estar trazida pela Declaração Universal também se refere ao direito ao meio ambiente saudável e justo para todos.
Para entendemos o que é meio ambiente, é importante termos uma visão ampla do tema, partindo da ideia de que a vida na Terra deve ser considerada em seu conjunto. O meio ambiente tem relação com as condições de clima, habitação, circulação, respiração, alimentação, saúde, trabalho e lazer dos seres humanos.
Importante.
Assim, podemos definir o meio ambiente como o conjunto de todo o patrimônio natural ou físico (água, ar, solo, energia, fauna, flora), artificial (edificações, equipamentos e alterações produzidas pelo homem) e cultural (costumes, leis, religião, criação artística, linguagem, conhecimentos) que possibilite o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.
Entender o meio ambiente como direito humano significa que sua realização é condição necessária para a garantia de uma vida digna e sadia para todos, inclusive para as futuras gerações, que dependem da sua preservação. 
Por não ser individual, a ninguém é dado o direito de destruir ou praticar atos que agridam o meio ambiente, pois estará violando direitos de outras pessoas e mesmo de outros seres vivos. Todos temos direito a eles ao mesmo tempo, por isso é caracterizado como um direito “difuso”, ou seja, espalhado por toda a sociedade.
Os elementos essenciais para a concretização do direito humano ao meio ambiente são:
a) proteção contra a contaminação, a degradação ambiental, e contra atividades que afetem adversamente o ambiente, ou que ameacem a vida, a saúde, a fonte de receitas, o bem-estar e a sustentabilidade; 
b) proteção e preservação do ar, solo, água, flora e fauna, e dos processos essenciais e áreas necessárias para manter a diversidade biológica, os recursos naturais e os ecossistemas; 
c) o mais alto padrão de saúde que se possa alcançar; Alimento, água e ambiente de abalho seguro e saudável;
e) moradia adequada, posse de terra, e condições de vida em um ambiente seguro, saudável e ecologicamente sadia; 
f) acesso à natureza de maneira compatível com a ecologia, e com a conservação e uso sustentável da natureza e dos recursos naturais; 
Daí vem a noção de justiça ambiental que trata do acesso justo e igual aos recursos ambientais do país. Esse acesso justo é elemento básico para a realização do direito humano ao meio ambiente, ou para realização da justiça ambiental, que assegura que nenhum grupo social deva sofrer as consequências do dano ambiental e que todos os grupos tenham acesso justo aos recursos ambientais do país.
Saiba mas....
Quando falamos de (in)Justiça ambiental, o Brasil foi (e ainda é) palco de uma das maiores tragédias ambientais do mundo, conhecida como a tragédia de Mariana, decorrente do rompimento da barragem de rejeitos do Função, da empresa Samarco.
No dia 05 de novembro de 2015, a barragem de rejeitos de mineração do Fundão, operada pela mineradora Samarco, se rompeu no Município de Mariana, Minas Gerais, causando o maior desastre ambiental ocorrido no Brasil relacionado à atividade minerária. Em poucos minutos, milhares de toneladas de lama tóxica alcançaram o distrito de Bento Rodrigues, destruindo completamente o local. Em horas, a lama se alastrou, soterrando casas do distrito de Paracatu de Baixo. A lama tóxica também atingiu outros distritos rurais de Mariana.
No dia seguinte, 06 de novembro, a enxurrada de lama chegou ao município vizinho, Barra Longa, causando igualmente a destruição das plantações e atingido a área central do município. Embora a lama somente tenha chegado a Barra Longa catorze horas depois do rompimento da barragem, a população desta cidade tampouco foi comunicada em tempo hábil de salvar objetos e bens de suas casas. A lama destruiu casas, igrejas, escolas, currais, pontes, plantações e criações
O documentário “Barragem do Fundão: a luta pela retomada da vida”, produzido pela TV Justiça, narra esse cenário de inúmeras violações. Está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uNvbRuXHbBQ
2.4. Direito humano ao Trabalho
O direito humano ao trabalho está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 23:
Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
O direito ao trabalho com dignidade garante, primeiramente, que nenhum trabalho seja forçado. Garante que o trabalho seja cumprido em condições seguras e saudáveis, com salários justos e suficientes para, no mínimo, proporcionar um padrão de vida adequado para o trabalhador e sua família. Assegura, ainda, direito de decidir livremente a aceitação ou escolha do trabalho, igual remuneração por igual função, direito ao lazer e limitação razoável da jornada trabalhista. O direito ao trabalho digno também prevê o direito à greve, à segurança em caso de desemprego e à organização sindical. Todos os trabalhos são dignos, desde que não sejam executados mediante prejuízos a outros seres humanos.
Importante.
O Pacto Global é uma iniciativa da ONU em parceria com empresas de todo o mundo, com a finalidade de se adotar e desenvolver uma economia sustentável e inclusiva. O Pacto Global prevê dez princípios a serem buscados pelas empresas que aderem a ele: 
1. Respeitar e proteger os direitos humanos; 
2. Impedir violações de direitos humanos; Princípios de Direito do Trabalho:
 3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho; 
4. Aboliro trabalho forçado;
 5. Abolir o trabalho infantil; 
6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho; Princípios de Proteção Ambiental:
 7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; 
8. Promover a responsabilidade ambiental; 
9. Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente; Princípio contra a Corrupção. 
10. Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina. Informações disponíveis em: http://pactoglobal.org.br/
3. Os direitos econômicos, sociais e culturais da declaração universal e a constituição federal de 1988
Os direitos econômicos, sociais e culturais da Declaração Universal também estão garantidos na Constituição Federal de 1988. Já no artigo 1º, a Constituição prevê que a República Federativa do Brasil é uma democracia e tem como fundamentos, entro outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana. 
Clique no item abaixo para acessar a Legislação
O artigo 6º da Constituição, que prevê os direitos e garantias fundamentais de todos os cidadãos, tem conteúdo muito semelhante aos direitos a educação, trabalho, meio ambiente e alimentação adequada. Vejamos: 
	Declaração Universal dos Direitos Humanos
	 Constituição Federal de 1988
	Direito humano à educação 
	Artigo 26 
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
	Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
	Direito humano ao trabalho
	Artigo 23 
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 
 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses. Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
	Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 (...) XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
	Direito humano à alimentação adequada
	Artigo 25
 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
	Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
 V - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
	Direito humano ao meio ambiente
	Artigo 25 
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 
 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social..
	Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Em resumo, os direitos econômicos, sociais e culturais firmados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, também serviram de fundamento para as garantias fundamentais estabelecidas pela Constituição Federal do Brasil, cerca de quarenta anos depois, em 1988. Os conteúdos principais do direito à educação, trabalho, alimentação adequada e direito ao meio ambiente se repetem porque garantem aos indivíduos o exercício pleno da cidadania. Por isso, quando falamos em Direitos Humanos, também estamos tratando de Direitos Fundamentais e vice-versa.
Exercício avaliativo 
1- O Brasil tem deveres em relação aos Direitos Humanos previstos na Declaração Universal. Por isso, na prática tem o ____________, que significa que não pode criar obstáculos ou impedir o exercício dos direitos. Em relação ao direito à educação, por exemplo, não pode impedir que as pessoas recebam ou ofereçam educação.
O texto se refere a:
A) Dever de respeitar.
 
2- Julgue o item a seguir como verdadeiro ou falso.
Direitos coletivos são direitos que não pertencem a um ou outro indivíduo, a uma ou outra minoria social pertencem, difusamente, a toda humanidade de forma generalizada.
Escolha uma opção:
Verdadeiro 
Falso
3- Julgue o item a seguir como verdadeiro ou falso.
Exemplos de direitos coletivos são aqueles relacionados ao meio ambiente: a proteção das águas, da vegetação, do solo e dos animais.
Escolha uma opção:
Verdadeiro 
Falso
4-Julgue o item a seguir como verdadeiro ou falso.
Para garantir o direito à alimentação adequada, os Estados devem erradicar a forma e a má nutrição e também devem promover o acesso físico e econômico aos meios para obtenção de uma alimentação adequada a todas as pessoas.
Escolha uma opção:
Verdadeiro 
Falso

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