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DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 1 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO - OIT O Direito Internacional do Trabalho não faz parte do Direito do Trabalho, em termos científicos mas é um dos segmentos do Direito Internacional. Porém, tendo em vistas as regras internacionais de trabalho, em especial àquelas emanadas pela OIT, faz-se, necessário, o estudo desse ramo. Criação da OIT: A OIT teve sua constituição, em 1919, a partir do Tratado de Versalhes, tendo sido complementada, posteriormente, pela Declaração de Filadélfia de 1944. São automaticamente membros da OIT os países que integram a Organização das Nações Unidas. Segundo definição e objetivos traçados pela própria OIT, retirados do site da OIT no Brasil1, se tem que: A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é a agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. O Trabalho Decente, conceito formalizado pela OIT em 1999, sintetiza a sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo considerado condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho (em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adotada em 1998: (i) liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; (ii)eliminação de todas as formas de trabalho forçado; (iii) abolição efetiva do trabalho infantil; (iv) eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social. (grifos nossos) Segundo consta do site oficial da OTI2 hoje ela conta com 187 Estados- membros. 1 Disponível em: http://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/lang--pt/index.htm, acesso: 16/02/2018. 2 Disponível em: http://www.ilo.org/public/english/standards/relm/country.htm, Acesso: 16/02/2018. DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 2 Composição: Ela é composta de 3 órgão principais: Conferência ou Assembleia Geral: Órgão de deliberação da OIT, que se reúne no local indicado pelo Conselho de Administração, geralmente em junho de cada ano, em Genebra, podendo ser realizadas em outro país. A Conferência é constituída de representantes dos Estados-membros sendo dois do governo, um dos trabalhadores e um dos empregadores. Tem como função traçar as diretrizes básicas a serem observadas no âmbito da OIT, no tocante à política social. Elaboram as convenções e recomendações; Conselho de Administração: Exerce função executiva, administrando a OIT, sendo também composto de representantes de empregados, empregadores e do governo. O Conselho fixa a data das reuniões das Conferências, elege o Diretor Geral da Repartição Internacional do Trabalho e institui comissões permanentes ou especiais. Se reúne 3 vezes ao ano em Genebra. É composto por 56 membros sendo 28 representantes dos governos, 14 dos empregadores e 14 dos empregados. Repartição Internacional do Trabalho: É a secretaria da OIT, sendo responsável pela documentação e divulgação das atividades, publicação das convenções e recomendações adotadas entre outras atividades afins. Ela é dirigida pelo Diretor Geral. Convenções da OIT: As convenções são normas jurídicas provenientes das Conferências da OIT, que tem por objetivo determinar regras gerais obrigatórias para os Estados que as ratificarem, passando a fazer parte do seu ordenamento jurídico. Elas têm natureza jurídica de tratados multilaterais. Como a ONU é uma organização geral, todos os seus membros são, automaticamente, membros da OIT. Conforme ressalta Garcia (2018, p. 100) ”.As convenções da OIT possuem natureza de tratados internacionais multilaterais, estabelecendo normas obrigatórias àqueles Estados que as ratificarem.”. De se observar que não há obrigatoriedade quanto a ratificação, mas uma vez ratificada tem que ser cumprida. DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 3 O não cumprimento de uma Convenção ratificada implica em sanções morais ou econômicas aplicadas pela OIT como embargos comerciais a produtos frutos de trabalho escravo, entre outros. Existem algumas convenções da OIT que são consideradas como de maior relevância por serem consideras marcos para a organização, sendo que conforme disposto no site da OIT – Lisboa3, podemos ressaltar as seguintes: N.º 29 Convenção sobre o trabalho forçado, 1930 » Exige a supressão do trabalho forçado ou obrigatório, sob todas as suas formas. Encontram-se previstas algumas excepções, tais como o serviço militar, o trabalho de pessoas condenadas em tribunal sob vigilância adequada, casos de força maior como situações de guerra, incêndios e tremores de terra. N.º 87 Convenção sobre a liberdade sindical e protecção do direito sindical, 1948 » Garante a todos os trabalhadores e empregadores o direito de, sem autorização prévia, constituírem organizações da sua escolha e de nelas se filiarem e estabelece um conjunto de garantias para o livre funcionamento dessas organizações sem interferência das autoridades públicas. N.º 98 Convenção sobre o direito de organização e de negociação colectiva, 1949 » Prevê a protecção contra actos de discriminação anti- sindical e a protecção das organizações de trabalhadores e de empregadores contra actos de ingerência de umas em relação às outras, bem como medidas destinadas a promover a negociação colectiva. N.º 100 Convenção relativa à igualdade de remuneração, 1951 » Apela à igualdade de remuneração entre homens e mulheres por um trabalho de igual valor. N.º 105 Convenção sobre a abolição do trabalho forçado, 1957 » Proíbe o recurso a qualquer forma de trabalho forçado ou obrigatório como medida de coerção ou de educação política, sanção pela expressão de opiniões políticas ou ideológicas, método de mobilização da mão-de-obra, 3 Disponível em: http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_visita_guiada_03b_pt.htm. Acesso 16/02/2018. DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando comoapostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 4 medida disciplinar do trabalho, punição pela participação em greves ou medida de discriminação. N.º 111 Convenção sobre a discriminação (emprego e profissão), 1958 » Apela à adoção de uma política nacional destinada a eliminar a discriminação no acesso ao emprego, nas condições de formação e de trabalho, com fundamento na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, bem como a promover a igualdade de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e de profissão. N.º 138 Convenção sobre a idade mínima de admissão ao emprego, 1973 » Visa a abolição do trabalho infantil, estipulando que a idade mínima de admissão ao emprego não poderá ser inferior à idade de conclusão da escolaridade obrigatória. N.º 182 Convenção sobre as piores formas de trabalho das crianças, 1999 » Exige a adopção de medidas imediatas e eficazes para assegurar a proibição e a eliminação das piores formas de trabalho das crianças, nomeadamente a escravatura e práticas análogas, recrutamento forçado de crianças com vista à sua utilização em conflitos armados, utilização de crianças para fins de prostituição, produção de material pornográfico e qualquer actividade ilícita, bem como trabalhos que sejam susceptíveis de prejudicar a saúde, a segurança ou a moralidade das crianças. O artigo 19, item 5, letra “b” da Constituição da OIT4, estabelece que o prazo máximo após a aprovação da convenção pela Conferência Internacional do Trabalho para que o Governo do Estado-membro a submeta ao órgão nacional competente é de 18 meses. Assim prescreve o referido artigo: ................... b) cada um dos Estados-Membros compromete-se a submeter, dentro do prazo de um ano, a partir do encerramento da sessão da Conferência (ou, quando, em razão de circunstâncias excepcionais, tal não for possível, logo que o seja, sem nunca exceder o prazo de 18 meses após o referido encerramento), a convenção à autoridade ou autoridades em cuja competência entre a matéria, a fim de que estas a transformem em lei ou tomem medidas de outra natureza; 4 Disponível em: http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/decent_work/doc/constituicao_oit_538.pdf. Acesso: 18/02/2018. DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 5 É o chefe de Estado quem , deve por ato formal, proceder a ratificação da convenção, junto ao Diretor-Geral da Repartição Internacional. (GARCIA, 2018, 101). Se depois de ratificada não interessar mais a permanência da mesma deverá tal ato também ser notificado formalmente, sendo que será feito através de uma denúncia, que é o termo apropriado utilizado. Recomendação da OIT: As recomendações são normas em que não houve número suficiente de adesões para que ela viesse a se transformar em uma Convenção (maioria de 2/3 da Conferência Internacional). Ela não é ratificada pelo Direito interno, razão pela qual é facultativa, servindo apenas como indicação ou orientação. De se ater que o artigo 19, item 6, letra “b” da Constituição da OIT, deverá submetê-la até o prazo máximo de 18 meses após o encerramento da sessão da Conferência às autoridades competentes de cada país, visando que a mesma seja analisadas, e, após possam de alguma forma ser inserida no ordenamento jurídico de cada pais membro. Caso as normas não estejam sendo cumpridas podem ser objeto de reclamação, que deverá ser dirigida ao Conselho de Administração da OIT, apresentando o que se encontra divergente em relação ao que foi estabelecido, sendo que esse instrumento pode ser utilizado pelas organizações profissionais e/ou de empregadores. E, ainda se tem a queixa, que é encaminhada a Repartição do Trabalho, que por sua vez, a encaminha ao Conselho de Administração, a qual é interposta contra o Estado-membro que não tenha adotado as medidas cabíveis para cumprir a convenção que fora ratificada. Conforme consta no site da OIT Brasília5, a OIT tem formas de controle normativo quanto a aplicação das normas, através de órgãos e instrumentos os quais citam: Comissão de Peritos para a Aplicação das Convenções e das Recomendações (CEACR), que examina as informações dos Estados- Membros sobre as convenções por eles ratificadas, publicando um relatório anual para a CIT (seus relatório estão disponíveis online ); 5 Disponível em: http://www.ilo.org/brasilia/temas/normas/lang--pt/index.htm. Acesso: 16/08/2018. DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 6 Comitê de Aplicação das Normas da Conferência (CAS), que examina o relatório anual da CEACR durante a CIT (seus relatório estão disponíveis online ); Reclamações e Queixas Entregues ao Conselho da Administração, canal para Estados-Membros ou organizações de empregadores e de trabalhadores apresentarem à OIT reclamações contra qualquer Estado-Membro que, na sua opinião, não tenha assegurado de forma satisfatória o cumprimento de uma convenção ratificada; Comitê de Liberdade Sindical , que examina as queixas relativas às violações dos princípios da liberdade sindical e da negociação coletiva (derivados das Convenções 87 e 98 ), ainda que o Estado- Membro acusado de infrações não tenha ratificado tais convenções. Com isso a OIT cria um sistema normativo de controle visando que os princípios estabelecidos como necessários a preservação dos ideais estabelecidos sejam preservados e observados. Referências: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14 ed.. São Paulo: LTr, 2015. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 12 ed. Ver. Atul. e Amp. Rio de Janeiro: Forense. 2018 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 31ª ed. São Paulo: Atlas, 2015. Constituição da OIT. Disponível em: http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/decent_work/doc/constituicao_oit_538.pdf. Acesso: 18/02/2018. OIT Brasil Disponível em: http://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/lang--pt/index.htm, acesso: 16/02/2018. ______. Disponível em: http://www.ilo.org/brasilia/temas/normas/lang--pt/index.htm. Acesso: 16/08/2018. ______ English. Disponível em: http://www.ilo.org/public/english/standards/relm/country.htm, Acesso: 16/02/2018. ______ Portugues. Disponível em: http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_visita_guiada_03b_pt.htm. Acesso 16/02/2018.
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