Grátis
278 pág.

Direito Penal. Parte Geral. Prof. Gabriel Habib. 2018
PUC-RIO
Denunciar
5 de 5 estrelas









2 avaliações
Enviado por
Rafael
5 de 5 estrelas









2 avaliações
Enviado por
Rafael
Pré-visualização | Página 5 de 50
e o p. da legalidade. LFG entende que a MP poderia tratar de Direito Penal, desde que em benefício do agente. Predomina, porém, que a MP não pode tratar de Direito Penal de forma alguma, seja em benefício ou prejuízo do réu. Pt. 02 O princípio da legalidade se aplica às medidas de segurança? Pena e medida de segurança não se confundem, embora ambas sejam espécies do gênero sanção penal (aplicada a quem pratica um delito). Uma 1ª corrente diz que o p. da legalidade se aplica à medida de segurança, sob o fundamento de que ambas são formas de controle social pelo Estado, de que a MS também é espécie de sanção penal, e de que a MS é uma forma de invasão do Estado na liberdade individual do cidadão. 2 Proíbe a analogia no Direito Penal. Não basta o fato ser parecido com aquele previsto em lei. Ex.: a Lei 8.072, em seu art. 1º, define quais crimes são hediondos. São crimes equiparados a hediondos o tráfico, tortura e terrorismo. A associação para o tráfico não é hediondo, porque não é possível fazer uma analogia in malam partem, sob pena de violar o p. da legalidade. 3 A lei penal deve ser certa, precisa, clara. Não é possível um conceito vago, como ocorria no crime de adultério (a lei falava em ‘cometer adultério’, mas o que seria isso?) e ainda ocorre no art. 4º, p. único, da Lei 7.492/86. Sanção Pena Privativa de Liberdade Restritiva de Direitos Multa Medida de Segurança Detentiva Internação Restritiva Tratamento Ambulatorial 9 DIREITO PENAL | Teoria da Norma, Teoria do Crime e Teoria da Pena Defendem esta primeira corrente o Bitencourt, Régis Prado e Fragoso. Uma segunda corrente entende que o p. da legalidade não se aplica à MS, porque se fosse esse o intento haveria previsão expressa na CF. Ademais, MS e pena têm finalidade diversas: o MS tem finalidade curativa e preventiva. Essa corrente é defendida pelo Cernicchiaro e Paulo José da Costa Júnior, mas é minoritária. O p. da irretroatividade nasce do p. da legalidade, na divisão lex praevia. Pois bem. O princípio da irretroatividade ou anterioridade se aplica às medidas de segurança? A controvérsia leva a dois pontos de vista: de um lado, a segurança jurídica; doutro, que o MS tem finalidade curativa e pode ser que sobrevenha um tratamento mais eficaz para aquela doença mental. Uma primeira corrente defende que se aplica o p. da irretroatividade, por ser forma de controle social, ser espécie de sanção penal e porque não deixa de ser uma forma de invasão do Estado na liberdade individual. Defendem esta corrente o Bitencourt, Magalhães Noronha e Nucci, entre outros (a corrente é majoritária). Uma segunda corrente, minoritária, diz que não há submissão ao p. da irretroatividade, porque a MS é tratamento curativo. Pressupõe-se que a nova lei traz um tratamento mais eficaz para o tratamento do doente mental, devido ao avanço da medicina, e que por isso deve ser aplicado desde logo, isso mesmo que a lei seja posterior ao fato praticado pelo doente mental. Não podemos impedir a aplicação desde logo, mesmo que o tratamento seja mais doloroso ou invasivo, já que é o mais eficaz. É a posição de Nelson Hungria e Francisco de Assis Toledo. Princípio da Individualização da Pena Art. 5º, inc. XLVI, CF. Segundo este princípio, a lei regulará a individualização da pena. Individualizar é adequar, ajustar, pormenorizar. Se há pessoas praticando o crime, é preciso adequar a pena. Esse princípio surge como exigência dos próprios fins da pena. São finalidades da pena: PREVENTIVA e RETRIBUTIVA. Na prevenção, está a evitação da prática de outros crimes e a ressocialização; na retribuição, é pagar o mal com outro mal. Art. 59 CP → traz os fins da pena: “conforme necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”. A pena deve ter necessidade e suficiência para a prevenção e 10 DIREITO PENAL | Teoria da Norma, Teoria do Crime e Teoria da Pena reprovação, e só achamos isso adequando a pena a cada agente que concorreu para o crime. Se você e eu praticamos um crime, mas apenas você é reincidente, apenas a sua agravante será aumentada. Pode ser que a nossa culpabilidade (reprovação social) seja distinta, porque eu sou professor de Direito Penal, conhecia bem a norma que eu estava violando, e você não. Esse princípio comporta 3 fases: Fase da cominação → quando o legislador estipula uma pena mínima e máxima na lei incriminadora. Fase da aplicação da pena → quando o julgador vai fixar a pena de cada um. Aqui, quem atua é o juiz da Vara Criminal, que quando profere a sentença condenatória vai individualizar a pena nos termos do art. 68 CP. Entra em cena o critério trifásico da aplicação da pena: pena base (art. 59) → pena provisória → pena definitiva. Quando o juiz fixa o regime de pena, também está individualizando-a. Fase da execução da pena → também é realizada pelo julgador, mas na fase do cumprimento da pena. Quando a Lei de Crimes Hediondos adveio em 1990, previa em seu art. 2º, §1º, que os condenados por tais crimes cumpririam a pena em regime integralmente fechado. Ao fazer isso, o legislador teria violado o p. da individualização da pena? Doutrinariamente, formaram-se 2 correntes. A primeira dizia que o regime integralmente fechado violava o p. da individualização da pena, porque a CF determina a individualização e a lei generaliza ao estabelecer o mesmo regime para todos os condenados, impedindo o juízo da condenação de individualizar a pena na 2ª fase e o juízo da execução de individualizá-la na 3ª fase. Por isso, o regime integralmente fechado é inconstitucional e o juiz seria livre para fixar o regime de pena que entendesse necessário e suficiente para prevenção e reprovação do crime. Igualmente, o juízo da execução poderia conceder a progressão de regime. Esta era a posição majoritária. Uma 2ª corrente dizia que o regime integralmente fechado não violava o p. da individualização da pena. Ao contrário, quando o legislador criou esse regime, já considerou o p. da individualização – na primeira fase, ele individualizou a pena, tornando-a mais severa para determinado tipo de delitos. O constituinte delegou ao legislador ordinário a competência para individualizar a pena. Cumprindo essa delegação, foi feita essa individualização na lei de crimes hediondos. Defendiam essa posição o Greco e Hamilton Carvalhido. HC 82.959: 11 DIREITO PENAL | Teoria da Norma, Teoria do Crime e Teoria da Pena PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - RAZÃO DE SER. A progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semi-aberto e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia, voltará ao convívio social. PENA - CRIMES HEDIONDOS - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA LEI Nº 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da individualização da pena - artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal - a imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova inteligência do princípio da individualização da pena, em evolução jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. (HC 82959, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/02/2006, DJ 01-09- 2006 PP-00018 EMENT VOL-02245-03 PP-00510 RTJ VOL-00200-02 PP-00795) Essa decisão do HC não foi erga omnes, e sim inter partes. Mesmo assim, os Tribunais e juízos de execução começaram a conceder a progressão de regime. A Lei 11.464 alterou a LCH para