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Direito Penal. Parte Geral. Prof. Gabriel Habib. 2018
PUC-RIO
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a CF/88, em seu art. 5º, inc. XLVI, diz que a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes, passando a enumerar as penas admissíveis. Não prevê a prestação de outra natureza. Uma primeira corrente defende que esse art. 45, §2º não é constitucional porque o art. 5º, XLVI, CF não prevê isso. Esta é posição minoritária, defendida, dentre outros, por Régis Prado. Uma segunda corrente, majoritaríssima, diz que é constitucional. A CF diz que a lei regulará a individualização da pena e adotará DENTRE OUTRAS. Nesse DENTRE OUTRAS a CF abre a possibilidade de haver outras penas além das elencadas no art.5º , XLVI, CF. Embora seja uma manifestação de soberania estatal, a vítima pode aceitar a prestação de outra natureza. Perda de Bens e Valores Art. 43, inc. II + art. 45, §3º, CP Dá-se em prol do fundo penitenciário nacional, tendo por teto o montante do prejuízo causado ou do proveito obtido pelo agente com a prática do crime (o que for maior). Isso abrange bens móveis e imóveis. Há uma crítica da doutrina aqui. Esses bens são lícitos, que o agente obteve licitamente. César Bitencourt e outros dizem que isso é um verdadeiro confisco, de modo que tal espécie de PRD seria abusiva, não podendo subsistir. O sujeito trabalhou a vida inteira para comprar um carro, um dia praticou um estelionato e perde o carro? A doutrina diz que isso seria um confisco odioso. Esses bens e valores não são produto do crime, mas bens lícitos. Os bens que são produto do crime estão no art. 91, inc. II, b, CP (é efeito da condenação a perda do produto do crime)17 Pt. 04 Prestação de Serviços à Comunidade Art. 46 CP. 17 Se o traficante tem 2 iates obtidos com o produto do crime, são bens ilícitos que sofrerão os efeitos da condenação, nos termos do art. 91, inc. II, CP. A perda de bens e valores diz respeito a bens licitamente auferidos pelo agente, que nada têm a ver com o fato criminoso. 185 DIREITO PENAL | Teoria da Norma, Teoria do Crime e Teoria da Pena Pela lei, a prestação de serviços à comunidade (PSC) só pode ser aplicada às condenações que superarem 6 meses. Não há nenhuma razão teleológica ou dogmática para só permitir PSC às condenações acima de 6 meses, por isso há muita crítica doutrinária, inclusive pelo LFG. Se a finalidade é evitar o cárcere e numa condenação acima de 6 meses é possível o serviço comunitário, com muito mais razão é cabível na condenação abaixo de 6 meses. Se posso substituir para o mais (acima de 6 meses), também posso fazê-lo para o menos. Por isso, a doutrina diz que a PSC pode ser aplicada para as condenações abaixo de 6 meses. A PSC é um trabalho gratuito para comunidades ou entidades públicas, à proporção de uma hora de tarefa por dia de condenação. A condenação foi a 2 anos de pena. É possível substituir. Dois anos equivalem a 730 dias. Logo, serão 730 horas de serviço comunitário. Como isso vai ser cumprido? A PSC será fixada de forma que não inviabilize o trabalho da pessoa, por uma questão de subsistência. O juiz pergunta no que o sujeito trabalha, em que dias e que horas. O sujeito pode então cumprir a pena aos sábados e domingos. Pode ficar o sábado inteiro, fazer um banco de horas, ou pode mesmo preferir cumprir as horas diariamente de manhã. Enfim, adéqua-se o cumprimento da medida ao trabalho da pessoa, para que não seja um óbice ao seus sustento. Interdição Temporária de Direitos Art. 47 CP Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como mandato eletivo Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que depende de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público (ex.: medicina) Suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículo (obs.: no CTB essa suspensão se aplica como pena autônoma, por isso esse inciso não se aplica aos crimes do CTB). Proibição de frequentar determinados lugares (ex.: proibir o torcedor fanático de comparecer ao estádio quando o crime foi praticado no âmbito deste). Proibição de se inscrever em concurso, avaliação ou exame público. 186 DIREITO PENAL | Teoria da Norma, Teoria do Crime e Teoria da Pena Limitação de Fim de Semana Art. 48 É a obrigação de permanecer sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Se na localidade não existir casa de albergado, a solução é a prisão domiciliar. Nada impede que receba visitas. O juiz, porém, não pode proibir a neta de visitar um avô, pela intranscendência da pena. V. Estatuto do Torcedor + Art. 77 e 78 CDC Conversão da PRD em PPL O juiz substitui a PPL por uma PRD, por exemplo determinando que o sujeito ajude numa creche por um tempo X. Num dia ele não aparece, nem no outro, nem no seguinte. Ou seja, abandonou o serviço comunitário. O descumprimento injustificado gera a conversão da PRD em PPL. A passagem da PPL para PRD se chama substituição. Da PRD para PPL, chama-se conversão. Art. 44, §4º, CP. Vamos imaginar que da pena de 2 anos, o sujeito só cumpriu 6 meses. Haverá a conversão para PPL, o que levará o sujeito à prisão. Isso só ocorrerá quando o cumprimento for injustificado. Se ele comprova documentalmente, p.e., que teve um enfarto nesse período, não haveria a conversão. Ocorrerá a detração, de modo que há 1 ano e 6 meses de PPL a cumprir. Agora vamos imaginar que o agente tenha cumprido 01 ano, 11 meses e 20 dias. Faltavam 10 dias para acabar a pena, aí ele vai lá e descumpre injustificadamente. Converte-se a PRD em PPL. Em tese cumpriria 10 dias de PPL, mas o §4º diz que deve haver um saldo mínimo de 30 dias. Isso é altamente criticável. Se vai cumprir 30 dias de saldo mínimo, ganhou 20 dias a mais de pena, o que não é justo. Já há uma sanção pelo descumprimento, que é a conversão em PPL. Não se justifica essa adição de saldo mínimo. Quanto tempo dura a PRD? Se a PPL foi de 2 anos, o juiz pode impor uma PRD de 05 anos? Art. 55 CP 187 DIREITO PENAL | Teoria da Norma, Teoria do Crime e Teoria da Pena As PRD terão a mesma duração da PPL, ressaltado o disposto no art. 46, §4º. Cabe PRD em crimes hediondos e equiparados? Sim! Sempre se entendeu que não seria cabível, mas desde que o regime integralmente fechado foi declarado inconstitucional pelo STF, não há mais óbice. Antes, se o regime era integralmente fechado, o sujeito não podia ficar em liberdade, então não cabia PRD. Agora, removeu-se o óbice à substituição em crimes hediondos e equiparados. Se o sujeito pode progredir, também pode obter PRD. A nova Lei de Drogas (tráfico é crime equiparado a hediondo) veda a substituição da PRD para o tráfico de drogas (art. 33, §4º e 44, L. 11.343). Houve um HC impetrado pela DPU (HC nº 97.256vi), cujo julgamento foi divulgado no Informativo 604vii, no qual o STF declarou a inconstitucionalidade da vedação de PRD no crime de tráfico, em virtude do p. da individualização da pena. O controle foi difuso, com eficácia inter partes, assim como aquele que decidira pela inconstitucionalidade do regime integralmente fechado. Mas aplicou-se o art. 52, X, CF e o Senado editou resolução para suspender a expressão “vedada a conversão em PRD” do art. 33, §4º da Lei de Drogas. Portanto, esta vedação a PRD está suspensa, por resolução do Senado após decisão do STF em controle difuso de constitucionalidade. Todavia, a resolução não foi completa, porque só fez menção ao art. 33, §4º, esquecendo de fazer menção ao art. 44, que também foi declarado inconstitucional pelo STF. Hoje, a vedação contida na lei de drogas não tem mais razão de ser, sendo possível a substituição de PPL por PRD no crime de tráfico de drogas, desde que