Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fármacos Antibióticos Ana Paula Francisco QFII 2016-2017 2 Sumário - Introdução - Fármacos antibacterianos • Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana (penicilinas e cefalosporinas) • Agentes que atuam na síntese proteica • Agentes que atuam na transcrição e replicação dos ácidos nucleicos - Resistência aos antibióticos e abordagens da Química Medicinal 3 Bactérias – identificadas 1670s por van Leeuwenhoek Ligação à doença só no sec. XIX Introdução Introdução 4 Paul Erlich – “pai” da quimioterapia (uso de químicos para tratar a infecção). “Magic bullet” (princípio da quimioterapia de Erlich) Um composto que poderia interferir com a proliferação dos microorganismos em concentrações toleradas pelo hospedeiro (seletividade de ação). Introdução Introdução 5 1910 – Erlich desenvolveu o primeiro fármaco antimicrobiano completamente sintético, o Salvarsan, usado no tratamento da sifílis Usado até 1945 quando foi substituído pela penicilina Introdução Introdução 6 Proflavina foi introduzida em 1934, usada durante a 2ª guerra mundial para tratar feridas. Demasiado tóxica para ser usada no tratamento de infeções sistémicas. Bacteriostático ativo contra bactérias Gram-positivas. Mutagénico (ação no DNA) Introdução proflavina Introdução 7 Protonsil, corante. Em 1935, descobriu-se que era efetivo contra infeções por estreptococos, in vivo. Primeiro fármaco efetivo contra infeções bacterianas sistémicas Sulfanilamida Introdução Introdução 8 A penicilina foi descoberta em 1928 mas só começou a ser utilizada nos anos 1940s. Descoberta muito importante mas não era ativa contra todas as bactérias. A estreptomicina (aminoglicosido) foi descoberta em 1944. Alargou a gama de bactérias que era possível combater. Atualmente existem muitos agentes antibacterianos disponíveis e a maior parte das doenças bacterianas estão controladas. Aparecimento de bactérias resistentes aos antibióticos Introdução Introdução 9 O grande sucesso dos agentes antibacterianos deve-se ao facto de eles agirem seletivamente contra as células bacterianas Introdução Mecanismos de ação antibacteriana 10 1. Inibição da síntese da parede bacteriana 2. Interação com a membrana plasmática 3. Inibição da síntese proteica 4. Inibição da transcrição e replicação dos ácidos nucleicos 5. Inibição do metabolismo celular Introdução Mecanismos de ação antibacteriana 11 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Penicilinas N S Me Me H N CO2H O C H H O R 1928 – Fleming descobriu actividade antibacteriana em fungos Penicillium 1938 – Isolada utilizando métodos suaves (liofilização e cromatografia) 1941 – 1º ensaio clínico com extratos (sucesso espectacular) 1944 – Foi possível tratar doentes (desembarque do dia D) 1945 – Identificada a estrutura cristalográfica Fármacos antimicrobianos 12 Tem sido usados em clínica há mais de 50 anos e continuam a ser dos antibióticos mais utilizados Benzilpenicilina Penicilina G Fenoximetilpenilcilina Penicilina V tiazolidina -lactâma Cadeia lateral Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 13 Mecanismo de ação A parede celular das bactérias protege-as contra as condições ambientais como variações de pH, temperatura e pressão osmótica. A parede é porosa, permite a entrada de água mas evita que a célula possa sofrer lise, e é constituída por uma estrutura peptidoglicano (péptidos + açucares). O peptidoglicano tem dois tipos de açucares (ácido N- acetilmurâmico e N-acetilglucosamina). As cadeias peptidicas estão ligadas ao ácido N-acetilmurâmico e ligam-se umas às outras originando uma estrutura em rede formando um esqueleto de séries paralelas. Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana L-Ala D-Glu L-Lys L-Ala D-Glu L-Lys L-Ala D-Glu L-Lys L-Ala D-Glu L-Lys L-Ala D-Glu L-Lys L-Ala D-Glu L-Lys L-Ala D-Glu L-Lys L-Ala D-Glu L-Lys L-Ala D-Glu L-Lys Mecanismo de ação – inibição da síntese da parede bacteriana NAM NAM NAM NAG NAG NAM NAM NAM NAG NAG NAM NAM NAM NAG NAG Inibição da formação da ligação pela penicilina 14 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 15 Mecanismo de ação • Estão envolvidas cerca de 30 enzimas na biossíntese da parede celular. • A penicilina inibe o passo final que consiste na ligação cruzada entre as cadeias peptídicas (reação catalizada pela transpeptidase) • Isto origina uma parede frágil que já não protege a bactéria da lise celular. • A enzima está ligada à superfície externa da membrana celular. Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana D-Alanine TRANSPEPTIDASE PENICILINA Cross linking Inibição da transpeptidase 16 Fármacos antimicrobianos Esqueleto de açucres N A M L - A l a N A G D - G l u L - L y s D - A l a D - A l a G l y G l y G l y G l y G l y G l y G l y G l y G l y G l y L - L y s N A G D - A l a D - A l a D - G l u L - A l a N A M Esqueleto de açucares Esqueleto de açucares N A M L - A l a N A G D - G l u L - L y s D - A l a G l y G l y G l y G l y G l y G l y G l y G l y G l y G l y L - L y s N A G D - A l a D - G l u L - A l a N A M Esqueleto de açucares 17 Inibição da transpeptidase Tem sido proposto que a penicilina tem uma conformação semelhante à adquirida pelo resíduo D-Ala-D-Ala, e por isso se liga à enzima. Esta seria também a explicação para a seletividade da penicilina. Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Peptide Chain D-Ala D-Ala CO2H OH Peptide Chain Gly H OH Peptide Chain Peptide Chain D-Ala Gly Peptide Chain O D-Ala A transpeptidase é semelhante às proteases de serina (quebra ligações peptídicas e no sítio activo tem um resíduo de serina). 18 OH Peptide Chain GlyBlocked H2O Blocked HCR O CO2H NH O Me Me N S S HN O O Me Me NH CO2H C O R H S HN O O Me Me NH CO2H C O R H Blocked Irreversibly blocked H Cross linking Inibição pela penicilina Fármacos antimicrobianos 19 Resistência à penicilina Susceptibilidade variável entre diferentes tipos de bactérias 1- Barreiras físicas - A transpeptidase localiza-se na superfície externa da membrana bacteriana (tem que passar a parede) - Parede bacteriana mais espessa em Gram-positivas - A parede bacteriana é uma estrutura muito porosa - A penicilina G tem boa actividade contra bactérias Gram-positivas Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana20 • As bactérias Gram-negativas têm uma membrana externa à parede, impermeável à agua e a moléculas polares • Bactérias Gram-negativas geralmente são resistentes à penicilina, mas algumas são susceptíveis • A membrana exterior possui porinas (funcionam como poros) que permitem a passagem de H2O e moléculas pequenas como a peniclina Cell Cell membrane Thick porous cell wall L Cell Cell membrane Thin peptidoglycan layer Lactamase enzymes Outer membrane Hydrophobic barrier Periplasmic space Porin L L L Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana -Lactamase N S Me Me H N CO2H O C H O R C H N CO2H Me MeS HN H HO2C O R Mecanismo mais importante pelo qual as bactérias desenvolvem resistência à penicilina 2- Presença de -lactamases Enzima de serina inativa 1000 moléculas de penicilina/segundo 21 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 22 3 - Concentrações altas de transpeptidase A penicilina é incapaz de inactivar todas as moléculas de enzima presentes 4 – Diferentes afinidades da transpeptidase para a penicilina 5 – Efluxo da penicilina através da membrana exterior das bactérias Gram-negativas Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Relações estrutura-atividade N S Me Me H N CO2H O C H H O R Sistema biciclico -Lactama Amida Ácido carboxílico livre Estereoquimica cis Características essenciais para a atividade das penicilinas - Normalmente as penicilinas são administradas sob a forma de sais de sódio ou potássio. O ião carboxilato liga-se ao NH3 + da lisina no sítio ativo. - O sistema biciclíco é importante porque confere uma maior tensão ao anel de - lactama tornando a molécula mais ativa Variações restringidas ao grupo R É habitual mas não é essencial 23 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Síntese de derivados 1) Por fermentação • Variando o ácido carboxílico no meio de fermentação • Limitado a ácidos não ramificados na posição alfa i.e. RCH2CO2H • Lento e laborioso 2) Por síntese total • Apenas 1% de rendimento • Complexa 3) Por hemissíntese •Usando a estrutura do ácido 6-aminopenicilâmico como material de partida Objectivo é melhorar a estabilidade e a atividade 24 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana A síntese de derivados A síntese de análogos pretende resolver os problemas da Pen G 1. Sensibilidade a ácidos 2. Sensibilidade às -lactamases 3. Espectro de ação 25 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 1. Sensibilidade da penicilina a ácidos 1) Tensão do sistema biciclico. Um anel de 4 membros fundido com um anel de 5 (tensão torcional e angular) A abertura do anel catalizada por ácido alivia a tensão H2O H N S Me Me H N H H CO2H O C O R Alivia a tensão do anel C H N HO2C CO2H HH Me MeS HN O R Acido ou enzima N S Me Me H N H H CO2H O C HO O R 26 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 2) Reatividade do grupo carbonilo da -lactama A -lactama não se comporta como uma amida terciária Amida terciária C O R NR2 Grupo carbonilo estabilizado pelos electrões R C R N O R Impossível devido à tensão N S Me Me CO2H O X -Lactama Sistema biciclico dobrado N S O H Me Me CO2H 27 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 3) Influência da cadeia lateral amino-acilo Participação do grupo vizinho no mecanismo de hidrólise 28 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 29 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana C E.W.G. O H N O S N H •O anel -lactama é essencial para a actividade e não pode ser alterado • Não podemos combater os fatores 1 e 2 • Apenas podemos contrariar o fator 3 Estratégia Variar o grupo acilo (R) de modo a torná-lo mais electroatrator e deste modo diminuir a nucleofilia do grupo carbonilo Diminui a Densidade eletrónica 30 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana N S H N O C O CH2PhO H Penicilina V Exemplos Oxigénio electronegativo Penicilinas semi-sintéticas e.g. ampicilina (X = NH2), oxacilina (X = heterociclo) • Resistente a ácido. Pode ser administrada por via oral • Mas é sensivel às -lactamases • Um pouco menos ativa que a penicilina G •Alergias em alguns doentes C HC O H N O S N X R H X= NH2, Cl, PhOCONH, heterociclos, CO2H 31 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Enzima Grupo volumoso 2. Sensibilidade às -Lactamases Estratégia • Impedimento estéreo que bloqueia o acesso ao sítio ativo • Uma cadeia volumosa demais pode impedir a ação da transpeptidase C R H N O CO2H Me MeS N H H O 32 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Exemplos - Meticilina (Beechams - 1960) • Os grupos metoxi bloqueiam o acesso às -lactamases mas não à transpeptidase • Sensível a ácido já que não tem átomo electro-atrator • Injetável • Já não é usada em clínica Grupos ortho importantes N S Me Me H N CO2H O MeO OMe H HC O 33 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Exemplos • Ativas por via oral • Resistentes a -lactamases • Natureza do grupo R & R’ influencia a absorção e a ligação às proteinas plasmáticas • A cloxacilina melhor absorvida que a oxacilina; a Flucloxacilina menor ligação às proteínas plasmáticas Oxacilina R = R' = H Cloxacilina R = Cl, R' = H Flucloxacilina R = Cl, R' = F N O C O H N O CO2H Me MeS N R' R Me H H Volumoso e atrator de eletrões 34 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 35 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 3. Penicilinas de largo espetro Existem três classes de penicilinas de largo espectro: 1. As aminopenicilinas (ampicilina e amoxacilina) 2. As carboxipenicilinas (carbenicilina) 3. As Ureidopenicilinas (azlocilina) Alterações da cadeia lateral que podem aumentar a atividade das penicilinas • Grupos hidrofóbicos (penicilina G) favorecem a atividade contra bactérias Gram positivas mas originam fraca atividade contra bactérias Gram negativas • Grupos hidrofílicos tem pouco efeito ou diminuem a actividade sobre as Gram positivas mas levam a um aumento da atividade contra Gram negativas Este aumento será mais pronunciadose o grupo hidrofílico estiver ligado ao carbono da cadeia lateral 36 • resistente a ácido devido ao grupo amina (atrator de electrões em • Sensivel às -lactamases (ausência de grupo volumoso para impedimento estéreo) • Pouco absorvida no trato gastro-intestinal (grupos amina e ácido carboxílico ionizados) ampicilina Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Aminopenicilinas O N H NC C NH2 S Me Me CO2R H H H O Pro-fármacos da Ampicilina (Leo Pharmaceuticals - 1969) • Os ésteres aumentam a permeabilidade • Mascaram o ácido carboxílico e melhoram a absorção do fármaco • Ésteres simples não são hidrolisados pelas esterases. O esqueleto volumoso da penicilina impede o acesso da enzima. 37 Pivampicilina R = C H 2 O C O C M e 3 Talampicilina R = O O Bacampicilina R = C H M e O C O O C H 2 M e Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Mecanismo de ativação dos pró-fármacos PEN C O C H 2 O O H H H PEN C O C H 2 O O C O C M e 3 Formaldeído PEN C OH O 38 Fármacos antimicrobianos ENZIMA 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Penicilinas de largo espetro CO2H na posição (carboxipenicilinas) • Carfecilina e indanil-carbenicilina são pro-fármacos da carbenicilina • Mais ativas contra um maior número de bactérias Gram – que a ampicilina • Ativa em Pseudomonas aeruginosa • Resistentes às -lactamases • menos ativas contra bactérias Gram + ( grupo hidrofílico ) • Sensível a ácidos (tem que ser injetada) • Estereoquímica da posição- importante • a pH fisiológico o CO2H da posição- está ionizado 39 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana • Não podem ser administradas por via oral (apenas injectadas) • Generalmente mais ativas que as carboxipenicilinas vs. Streptococci e Haemophilus S N Me Me O HH CO2H H N O NH O R2N HN N O N N O MeO2S N N OO Et Azlocilina Mezlocilina Piperacilina Ureia na posição alfa (ureidopenicilinas) 40 Penicilinas de largo espetro Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 41 Cefalosporinas Cadeia lateral Ácido 7-amino adípico Anel -Lactâmico Anel di-hidrotiazina N O HHH N O S CO2H O C Me O H2N CO2H 7 H 6 1 2 3 4 58Cefalosporina C • Isolada em 1948 de um fungo (Cephalosporium acremonium) • A estrutura só foi estabelecida em 1961 (cristalografia de Raios X) Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana N O HHH N O S CO2H O C Me O H2N CO2H 7 H 6 1 2 3 4 58 Cefalosporinas • Ativa contra bactérias Gram positivas e Gram negativas • Mais resistente à hidrólise àcida e às -lactamases • Menos potente que a penicilina • Molécula com menos tensão. O anel -lactama está fundido com um anel de 6 membros Cefalosporina C 42 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana N O HHH NR O S CO2H O C Me O 7 -CH3CO2 - Mecanismo de ação • Mecanismo de inibição da transpeptidase é o mesmo que para as penicilinas • A menor tensão do sistema biciclico é compensada em termos de reatividade pela presença do grupo acetilo que funciona como bom grupo abandonante no mecanismo de inibição 43 Fármacos antimicrobianos O H S e r Enzima N O H H H N R O S C O 2 H O S e r Enzima 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Semelhantes às penicilinas • O anel -lactâmico é essencial para o mecanismo • O ácido carboxílico da posição 4 é importante • O sistema biciclico é importante • A estereoquímica é importante É possìvel fazer modificações: • Na cadeia lateral 7-acilamino • na cadeia lateral 3-acetoximetilo • Substituição extra no carbono 7 8 N O HHH NR O S CO2H O C Me O 7 6 1 2 3 4 5 Relações estrutura-atividade 44 Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana • Não é possível obter análogos por fermentação • Também não é possível por síntese total • Obtenção restrita a processos semi-sintéticos • 7-ACA não está disponível por fermentação • 7-ACA também não é possível obtê-lo por hidrólise enzimática • É obtido apenas por hidrólise química N O HH H2N S CO2H O C Me O 7-ACA N O HHH NR O S CO2H O C Me O RCOCl Síntese de derivados Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana Estratégia Substituir o grupo acetoxilo por outro metabolicamente mais estável • Menos ativo • OH é pior grupo abandonante N O HHH N S CO2H OH OS N O HHH N S CO2H OAc OS 7 3 Metabolismo Derivados cefalotina Uma das cefalosporinas de 1ª geração mais utilizada Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana • O grupo piridínio é metabolicamente mais estável e melhor grupo abandonante • a Cefaloridina existe sob a forma de zwiterião, é solúvel em água, mas pouco absorvida por via oral • Injetável Cefaloridina Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana NO HHHN SCO2 NOS 7 3 48 N O HHH N S CO2H Me O H2N H 7 3 N O HOMeH N S CO2H O O C NH2 O HO2C H2N H N O HOMeH N S CO2H O O C NH2 O S 7 3 Cefoxitina (2ª geração) N O HHH N S CO2H O C O C NH2 O O N O Me Aminotiazol N O HHH N S CO2 N C O S N N O H2N Me CO2H Me Cefamicina C (2ª geração) Cefalexina (1ª geração) Cefuroxima (1ª geração) Ceftazidima (3ª geração) Fármacos antimicrobianos 1. Agentes que inibem a síntese da parede bacteriana 49 sulfonamidas • Usadas no tratamento de infeções urinárias, do trato gastrointestinal e das mucosas • Sulfanilamida foi o 1º agente antibacteriano sintético a atuar num grande número de infeções R1HN S O NHR2 O Fármacos antimicrobianos 2. Agentes que inibem o metabolismo celular HN N N H NH2N O H N H N O CO2H CO2HH HN N N H H NH2N O H N H N O CO2H CO2HH Di-hidrofolate Ácido L-Glutâmico H2N CO2H CO2HH Di-hidrofolato redutase NADPH Tetra-hidrofolate (coenzyme F) Di-hidropteroato HN N N H NH2N O H N CO2H H2N CO2H Ácido p-aminobenzóico Di-hidropteroato sintetase Trimetoprim _ Sulfonamidas Inibição reversível _ HN N N H NH2N O O P P Mecanismo de ação Fármacos antimicrobianos 2. Agentes que inibem o metabolismo celular 50 • Grupo amina primária essencial (R1=H) • Grupos amida (R1= acilo) permitidos são inativos in vitro, mas ativos in vivo (pro – fármacos) • Anel aromático é essencial • Substituição em para é essencial • Sulfonamida primária ou secundáriaé essencial • R2 pode variar R1HN S O NHR2 O Grupo Amina em para Sulfonamida Aromático Relações estrutura-atividade Fármacos antimicrobianos 2. Agentes que inibem o metabolismo celular 51 • Os grupos amida diminuem a polaridade da sulfonamida • A amida não ioniza • Grupos alquilo aumentam o caráter hidrofóbico • Atravessa a parede intestinal mais facilmente • Metabolizada por peptidases in vivo • Acetilação leva ao aparecimento de efeitos secundários HN S O NHR2 O Me O H2N S O NHR2 O - CH3CO2H Enzima Pro- fármacos de sulfonamidas Fármacos antimicrobianos 2. Agentes que inibem o metabolismo celular 52 HN S O HN O S N CMe O H2N S O HN O S N Sulfatiazol Metabolito Insoluvel N-Acetilação Fármacos antimicrobianos Pro- fármacos de sulfonamidas Sulfatiazol HO2C CO2H H2N S O HN O S N Ácido succinico Enzima Succinilsulfatiazol Succinilsulfatiazol HN OO2C S O HN O S N 2. Agentes que inibem o metabolismo celular 53 Sulfametoxazol Trimetoprim N N H2N NH2 MeO OMe OMe H2N S HN O O N O Me Sulfadoxina H2N S O HN O N N MeO OMe N N Cl NH2 NH2 H3C Pirimetamina Fármacos antimicrobianos Exemplos de sulfonamidas 2. Agentes que inibem o metabolismo celular 54 55 Aminoglicosidos • Agentes antibacterianos de origem natural • São constituídos por carbo-hidratos com grupos amina básicos • Uma ou duas unidades de amino-açucares estão ligados a uma unidade de açúcar central Fármacos antimicrobianos 3. Agentes que atuam na síntese proteica 56 • Descoberta em 1944 a partir de microorganismos do solo Streptomyces griseus • Inicialmente muito usada no tratamento da tuberculose • Desenvolvimento rápido de resistência N-metilglucosamina estreptose Estreptidina Estreptomicina Fármacos antimicrobianos 3. Agentes que atuam na síntese proteica 57 Gentamicina • Descoberta posteriormente • Administrada por via intravenosa para tratar, principalmente infeções urinárias e pneumonias Purpurosamina 2-desoxi-estreptamina Garosamina Fármacos antimicrobianos 3. Agentes que atuam na síntese proteica 58 Mecanismo de ação • Importante para a maneira como são absorvidos através da membrana exterior das bactérias Gram-negativas • Interagem com vários grupos negativos da membrana (polissacáridos, fosfolípidos e proteínas) • Originam poros através dos quais o fármaco pode passar Fármacos antimicrobianos 3. Agentes que atuam na síntese proteica 59 3. Agentes que atuam na síntese proteica 60 Desenvolvimento de resistência • algumas bactérias desenvolveram resistência aos aminoglicosidos, principalmente devido a enzimas que catalisam O-fosforilações ou N-acilações • Alterações no ribossoma. Ligação menos forte do fármaco • Mecanismos de uptake menos eficientes Fármacos antimicrobianos 3. Agentes que atuam na síntese proteica 61 Quinolonas e Fluoroquinolonas • Antibióticos sintéticos de largo espetro • Bem absorvidos por via oral • Boa distribuição • Tempos de semi-vida longos • Pouco tóxicos Fármacos antimicrobianos 4. Agentes que atuam na transcrição e replicação dos ácidos nucleicos 62 Mecanismo de ação • Inibem a replicação e a transcrição do DNA • Inibem a DNA girase (topoisomerase II) (Gram negativas) • Inibem a topoisomerase IV (Gram positivas) • A inibição resulta da formação de um complexo ternário entre o fármaco, a enzima e o DNA • 1000x mais ativas em bactérias do que em mamíferos Fármacos antimicrobianos 4. Agentes que atuam na transcrição e replicação dos ácidos nucleicos 63 Fármacos antimicrobianos 4. Agentes que atuam na transcrição e replicação dos ácidos nucleicos 64 Ácido nalidixico Sintetizado em 1962 Ativo contra Gram negativas Enoxacina Sintetizada em 1980 Ativa contra Gram negativas e Gram positivas Fluor em C6 aumenta o uptake e a atividade Exemplos de quinolonas e fluoroquinolonas Fármacos antimicrobianos 4. Agentes que atuam na transcrição e replicação dos ácidos nucleicos 65 • O ciclopropilo na posição 1 aumenta o espetro de ação • A substituição do azoto na posição 8 por carbono aumenta a biodisponibilidade • Considerado o agente antibacteriano, de largo espetro mais ativo no mercado • A resistência às fluoroquinolonas desenvolve-se lentamente e é devida principalmente a mecanismos de efluxo Ciprofloxacin Fármacos antimicrobianos Exemplos de quinolonas e fluoroquinolonas 4. Agentes que atuam na transcrição e replicação dos ácidos nucleicos 66 Relações estrutura-atividade Fluor - aumenta a lipofilia (facilita a entrada nas células e atividade Piperazina - alarga espetro de ação X - substituição N por CH aumenta a biodisponibilidade A introdução do ciclopropilo em N1 alarga mais o espetro de ação Farmacóforo minímo (anel 4-piridona com o grupo ác. carboxílico) Fármacos antimicrobianos 4. Agentes que atuam na transcrição e replicação dos ácidos nucleicos 67 60% de S. pneumoniae resistentes às -lactamas 60% de S. aureus resistentes à meticilina Algumas estirpes de Enterococcus faecalis (inf. urinárias, feridas) são resistentes a todos os antibióticos conhecidos e são intratáveis Se a resistência aos antibióticos continuar, a Medicina pode voltar à situação dos anos 30 do séc. 20. Resistência aos antibióticos Resistência das bactérias aos antibióticos 68 Quanto mais útil um antibiótico for, mais utilizados será e maior será a probabilidade das bactérias desenvolverem resistência As penicilinas iniciais foram largamente utilizadas em medicina humana mas também em medicina veterinária (usadas na alimentação para aumentar o peso dos animais) e isto fez com que as bactérias desenvolvessem resistência a estes antibióticos. Nalguns países africanos, em que estes antibióticos não foram utilizados, as bactérias ainda são sensíveis à Penicilina V e G. Desafio para o Químico Medicinal. Importante continuar a desenhar novos agentes antibacterianos. Resistência aos antibióticos Resistência das bactérias aos antibióticos 69 Abordagens possíveis • Identificação de potenciais novos alvos. A melhor compreensão, a nível molecular, dos processos bioquímicos dos agentes infecciosos pode levar à identificação de novos alvos terapêuticos. • O desenvolvimento de resistência é mais difícil para fármacos que possam ter mais do que um modo de ação. O sucesso é mais provável desenhando fármacos que atuem simultaneamente em diferentes alvos. • Modificação estrutural dos antibióticos de maneira a ultrapassar a resistência Resistência aos antibióticos Resistência das bactérias aos antibióticos 70 Exemplos Síntese de análogos ativos canamicina fosforilação inativo Resistência aos antibióticos Resistência das bactérias aos antibióticos 71 Diol (adição de H2O aocarbonilo) Fosforilação Desfosforilação Análogo ativo da canamicina H2O Resistência aos antibióticos Resistência das bactérias aos antibióticos 72 Síntese de moléculas com mecanismo de auto-destruição Uma parte dos antibióticos usados em medicina veterinária são excretados intactos, o que faz com que as bactérias do meio ambiente contactem com concentrações elevadas destes compostos e desenvolvam resistência O-Nitrobenzilcarbamato, protetor da hidrazina, susceptivel à luz Resistência aos antibióticos Resistência das bactérias aos antibióticos 73 luz inativo Quando o antibiótico é excretado e exposto à luz, o grupo protetor é eliminado e a hidrazina reage com o anel - lactâmico tornando a molécula inativa Resistência aos antibióticos Resistência das bactérias aos antibióticos 74 Bibliografia 1- Patrick G. L. – An introduction to Medicinal Chemistry, 5th ed. Oxford, Oxford University Press, 2013 2 – Burger’s Medicinal Chemistry and Drug Discovery, 6 th, ed. Vol 5: Therapeutic Agents. New York: John Wiley & Sons, Inc., 2003 Organização da Unidade Curricular Componente de Química Farmacêutica Orgânica Componente de Química Farmacêutica Inorgânica Ensino teórico Ensino prático Ensino laboratorial 75 Apresentação da UC I - Introdução à estabilidade de fármacos II –Fármacos que actuam nos receptores esteróides. Modeladores seletivos dos receptores esteróides. Inibidores de enzimas da via biossintética dos esteróides. III- Fármacos bioconjugados IV - Péptidos e peptidomiméticos como fármacos. V - Anti-infecciosos Fármacos antivirais. Fármacos antibióticos. Agentes antimaláricos. VI - Fármacos que atuam em receptores de membrana Análgésicos de acção central. Fármacos que atuam em receptores adrenérgicos e histaminérgicos. VII – Os Elementos Químicos e os Sistemas Biológicos Elementos do Bloco s da Tabela Periódica .Elementos do Bloco d da Tabela Periódica VIII – Compostos Inorgânicos utilizados em Imagiologia 99mTc em Medicina Nuclear . Lantanídeos na Ressonância Magnética à Imagem (RMI): Soluções iodadas em Tomografia Axial Computorizada 76 Apresentação da UC - Programa teórico 77 Bibliografia Patrick G. L. – An Introduction to Medicinal Chemistry. 5ª ed. Oxford: Oxford University Press, 2013. ISBN: 978-0-19-923447-9. Williams D. A., Foye W. O, L. L. Thomas. – Foye's principles of medicinal chemistry. 6th ed, Lippincott Williams & Wilkins, 2008. ISBN 0- 683-30737-1. Avendaño, M. – Introducción a la Química Farmacéutica, 2ª ed. Madrid: McGraw-Hill, 2001. ISBN 84-486-0361-3. Abraham J. D. and Rotella D. P. - Burger’s Medicinal Chemistry, Drug Discovery and Development- 7th ed - Wiley, 2010. ISBN: 978-0-470- 27815-4 Alessio E. - Bioinorganic Medicinal Chemistry, 1st ed., Germany, Wiley- VCH Verlag GmbH & Co., 2011. ISBN: 978-3-527-32631-0. Dabrowiak J. C. - Metals in Medicine, 1st ed., New York, John Willey & Sons, 2009. ISBN: 978-0-470-68196-1. Apresentação da UC - Programa teórico 78 Apresentação da UC- Calendário Aula Data Tópico Aula Data Tópico 1ª 14 - 9 Apresentação 23ª 3 - 11 Antimaláricos 2ª 15 - 9 Mecanismos 24ª 8 - 11 Morfina 3ª 20 - 9 Mecanismos 25ª 9 - 11 Morfina 4ª 21 - 9 Mecanismos 26ª 10 - 11 Adrenérgicos 5ª 22 - 9 Mecanismos 27ª 15 - 11 Adrenérgicos 6ª 27 - 9 Estabilidade 28ª 16 - 11 Histamina 7ª 28 - 9 Estabilidade 29ª 17 - 11 Histamina 8ª 29 - 9 Estabilidade 30ª 22 - 11 Inorganica 9ª 4 - 10 Esteróides 31ª 23 - 11 Inorganica 10ª 5 - 10 Feriado 32ª 24 - 11 Inorgânica 11ª 6 - 10 Esteróides 33ª 29 - 11 Inorgânica 12ª 11 - 10 Bioconjugados 34ª 30 - 11 Inorgânica 13ª 12 - 10 Bioconjugados 35ª 1 - 12 Feriado 14ª 13 - 10 Peptidomiméticos 36ª 6 - 12 Inorgânica 15ª 18 - 10 Peptidomiméticos 37ª 7 - 12 Inorgânica 16ª 19 - 10 Antivirais 38ª 8 - 12 Feriado 17ª 20 - 10 Antivirais 39ª 13 - 12 Inorgânica 18ª 25 - 10 Antivirais 40ª 14 - 12 Inorgânica 19ª 26 - 10 Antibióticos 41ª 15 - 12 Inorgânica 20ª 27 - 10 Antibióticos 42ª 20 - 12 Inorgânica 21ª 1 - 11 Feriado 43ª 21 - 12 Avaliação laboratorial 22ª 2 - 11 Antimaláricos Calendário das aulas teóricas de Química Farmacêutica II 2016 - 2017
Compartilhar