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BLOCH - A crítica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA INFORMAÇÃO - ICHI
HISTÓRIA BACHARELADO
TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA I
DOCENTE JÚLIA SILVEIRA MATOS
ACADÊMICO: Cláudia Severo 
E-MAIL: claudiasevero@live.com
MATRÍCULA: 75525
TEXTO 03: BLOCH, Marc. A crítica. In: Apologia da História ou O Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001. 
	PÁG.
	IDEIA DO AUTOR
	REFLEXÃO
	89
	Uma experiência, quase tão velha quanto a humanidade, nos ensinou que mais de um texto se diz de outra proveniência do que de fato é: nem todos os relatos são verídicos e os vestígios, materiais, [eles] também, podem ser falsificados. 
	O ceticismo deve estar presente no momento de análise de todos os vestígios, sejam materiais ou não, pois é necessário verificar sua veracidade antes de utilizá-lo como fonte para o estudo histórico. 
	91
	A doutrina da pesquisa foi elaborada apenas ao longo do século XVII, século cuja verdadeira grandeza não colocamos onde deveríamos e, sobretudo, por volta de sua segunda metade.
	A crítica é desenvolvida visando provar a veracidade dos documentos ou testemunhos nos quais as pesquisas são embasadas. Ela é um método que pode ser utilizado não apenas na história, mas em outras disciplinas também. 
	92
	[...] a crítica do testemunho histórico faz tábula rasa da credulidade. [Assim como a ciência cartesiana,] ela procede a essa implacável inversão de todos as bases antigas apenas a fim de conseguir com isso novas certezas (ou grandes probabilidades), agora devidamente comprovadas. [Em outros termos,] a ideia que a inspira [supõe uma reviravolta quase total das concepções antigas da dúvida. [...] Estima-se agora que,] racionalmente conduzida, possa tornar-se um instrumento de conhecimento. 
	As regras fundamentais do método crítico foram desenvolvidas e aplicadas largamente no século XVIII, utilizando-se do método não apenas por eruditos da história.
	95
	Os documentos manejados pelos primeiros eruditos eram, no mais das vezes escritos que se apresentavam por si só ou que eram apresentados, tradicionalmente, como de um autor ou época dados; que contavam deliberadamente estes ou aqueles acontecimentos. [...] à medida que a história foi levada a fazer dos testemunhos involuntários um uso cada vez mais frequente, ela deixou de s e limitar a ponderar as afirmações [explícitas] dos documentos. Foi-lhe necessário também extorquir as informações que eles não tencionavam fornecer.
	As informações explícitas oferecidas pelos documentos atribuem aspectos, afirmações importantes que são citadas pelos historiadores. Entretanto, a crítica não se aplica somente aos documentos físicos, mas aos testemunhos também, pois não se pode confiar plenamente naquilo que é contado. Muitas vezes, os testemunhos são de memória e é natural que com o tempo, detalhes sejam esquecidos ou até mesmo modificados quando é a história é contada.
	97
	[...] os testemunhos mais insuspeitos em sua proveniência declarada não são, necessariamente, por isso, testemunhos verídicos. Mas antes de aceitar uma peça como autêntica, os eruditos se empenharam tanto em pesá-la em suas balanças que depois nem sempre têm o estoicismo de criticar suas afirmações. 
	Mesmo que sejam vestígios tidos como verdadeiros juridicamente, a veracidade daquilo que é dito deve ser criticada. Pois a alteração de dados é fácil e compromete qualquer estudo, pois é uma possibilidade de erro quanto àquilo que é transmitido. 
	98
	Acima de tudo, uma mentira enquanto tal é, a seu modo, um testemunho. Provar, sem mais, que o célebre diploma de Carlos Magno para a igreja de Aix-la-Chapelle não é autêntico é poupar-se um erro; não é adquirir um conhecimento. 
	É possível e importante a análise de mentiras ditas, visto que é através da crítica que descobrimos se o testemunho é falso ou não. A mentira também é um testemunho e colabora para os conhecimentos adquiridos sejam eles positivos ou não. 
	101
	Há, enfim, uma forma mais insidiosa do embuste. Em lugar da contra-verdade brutal, [plena e, se me permitem, franca,] há a soturna manipulação: interpolações em documentos autênticos; na narração, acréscimos sobre um fundo toscamente verídico, detalhes inventados. [Interpola-se, geralmente, por interesse. Acrescenta-se, com frequência, para enfeitar.] As devastações que uma estética falaciosa exerceu sobre a historiografia antiga ou medieval foram com frequência denunciadas. Sua parte talvez não seja muito menor em nossa imprensa.
	As alterações em um testemunho de um fenômeno não são realizadas apenas por falhas na memória, mas por interesse também. Afinal, a história tem como objeto o homem e o estuda através de vestígios deixados por ele. Modificações em um fato através daquilo que ele diz são normais, visto sua natureza que preza pelo seu próprio benefício. 
O método crítico busca, por meio de suas regras fixas, através da comparação a falsificação das fontes e algumas das técnicas dele – do método – podem proporcionar essas alterações. 
	103 
	Duas ordens de causa, principalmente, alteram, [até] no homem mais dotado, a veracidade das imagens cerebrais. Algumas se dão na condição momentânea de observador: são o cansaço, por exemplo, ou a emoção. Outras, no nível de sua atenção. Com poucas exceções, não se vê, não se ouve bem a não ser o que se esperava de fato perceber.
	Como já dito por Bloch no capítulo anterior dessa mesma obra, o conhecimento é construído por diversos pontos de vista – testemunhos – já que cada um se atém a um determinado aspecto do fenômeno. 
	107
	[...] para que o erro de uma testemunha torne-se o de muitos homens, para que uma observação malfeita se metamorfoseie em falso rumor, é preciso também que a situação da sociedade favoreça essa difusão. 
	Não apenas a faculdade de observação do homem as imagens cerebrais errôneas são motivos para que um testemunho esteja constituído por uma mentira, o aspecto social do momento do fenômeno também propicia – ou não – para que erros sejam cometidos em testemunhos. 
	108
	Relações frequentes entre os homens facilitam a comparação entre os diversos relatos. Estimulam o senso crítico. 
	A comparação como uma técnica para falseamento é fundamental. Por esse motivo, é necessário haver mais de um testemunho sobre um determinado fenômeno (acredito eu) para que esse método seja utilizado com sucesso.
	112
	Assim, a crítica move-se entre esses dois extremos: a similitude que justifica e a que desacredita. Isso porque o acaso dos encontros tem seus limites e o concerto social é feito de malhas, afinal, bem frouxas. Em outros termos, estimamos que haja no universo e na sociedade bastante uniformidade para excluir a eventualidade de desvios muito marcados. Mas essa uniformidade, tal como a representamos, atém-se a características bem genéricas. Achamos que ela supõe, de certo modo engloba, mas se penetra um pouco mais no real, um número de combinações possíveis muito próximo do infinito para que sua repetição espontânea seja concebível [...]
	Pela comparação, além de assimilar as semelhanças e diferenças entre testemunhos, fontes de pesquisa, também percebe-se imitações, plágios que não estão presentes apenas na sociedade atual. 
	115
	[...] aproximar os testemunhos num mesmo plano de duração não satisfaz a comparação crítica competente. Um fenômeno humano é sempre um elo de uma série que atravessa as eras. 
	A aproximação e comparação se faz necessária para identificar a autenticidade de um documento. Entretanto, um fenômeno, como diz o autor, faz parte de uma cadeia de pensamentos e influências, ações que não são somente do seu período. 
	124
	Em nossa época, mais que nunca exposta às toxinas da mentira e do falso rumor, que escândalo o método crítico não figurar nem no menor cantinho dos programas de ensino! Pois ele deixou de ser apenas o humilde auxiliar de alguns trabalhos de oficina. 
	A partir do método crítico, o historiador ganhou uma nova ferramenta para avaliar suas fontes de pesquisa e testemunhos,por isso se faz necessário o aprendizado do método – para que pesquisas sejam realizadas dignas de créditos e não sejam facilmente refutadas.

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