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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA INFORMAÇÃO - ICHI HISTÓRIA BACHARELADO TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA I DOCENTE JÚLIA SILVEIRA MATOS ACADÊMICO: Cláudia Severo E-MAIL: claudiasevero@live.com MATRÍCULA: 75525 TEXTO 01: BLOCH, Marc. A história, os homens e o tempo. In: Apologia da História ou O Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001. PÁG. IDEIA DO AUTOR REFLEXÃO 52 Não deixa de ser menos verdade que, face à imensa e confusa realidade, o historiador é necessariamente levado a nela recortar o ponto de aplicação particular de suas ferramentas; O historiador, para realizar suas pesquisas, necessita da delimitação temática, espacial e temporal visto que há diversos temas existentes e não é possível realizar uma história geral que abarque todas as singularidades dos fatos. 54 Por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, [os artefatos ou as máquinas,] por trás dos escritos aparentemente mais insípidos e as instituições aparentemente mais desligadas daqueles que as criaram, são os homens que a história quer capturar. As mudanças na realidade estão diretamente relacionadas ao comportamento humano, assim como a alteração desse – comportamento – ocorre devido as modificações externas(ecológicas, por exemplo). Logo, o objeto da história não é o fato em si, mas sim os homens. 55 “Ciência dos homens” dissemos. É ainda vago demais. É preciso acrescentar: “dos homens, no tempo”. O historiador não apenas pensa “humano”. A atmosfera em que seu pensamento respira naturalmente é a categoria da duração. [...] o tempo da história, (...), é o próprio plasma em que se engastam os fenômenos e como o lugar de sua inteligibilidade. Não é possível a fragmentação do tempo na história, pois é preciso compreender o contexto em que o fato se desenvolveu para a sua melhor análise e relação com os pensamentos do período. As ações dos homens são consequência da realidade que foi vivenciada, das suas experiências. É essencial a colocação do fato na sua data específica de acontecimento, pois a delimitação temporal e o entendimento do contexto do ocorrido dependem disso. 58 Uma coisa é, para a inquieta consciência que busca uma regra para si, fixar sua atitude em relação à religião católica, tal como é definida cotidianamente; outra coisa é, para o historiador, explicar o catolicismo do presente como um fato de observação. Indispensável, é claro, a uma correta percepção dos fenômenos religiosos atuais, o conhecimento de seus primórdios não basta para explicá-los. O autor aborda a questão da utilização do passado, do estudo dos fenômenos passados para explicar os atuais utilizando o catolicismo como exemplo. Entretanto, deixa claro que há um equívoco quanto à interpretação: buscam a explicação através de uma filiação. 60 [...] nunca se explica plenamente um fenômeno histórico fora do estudo de seu momento. As origens são relevantes sim, mas para a compreensão dos pensamentos e figuras importantes de determinados períodos. A explicação de um fenômeno não pode ser feita através do passado relacionado a ele. É somente com o entendimento do momento da sua ocorrência que o historiador consegue decifrar as singularidades do fato. 60 O que é, com efeito, o presente? No infinito da duração, um ponto minúsculo e foge incessantemente; um instante que mal nasce morre. Mal falei, mal agi e minhas palavras e meus atos naufragam no reino da Memória. A discussão sobre o que seria o presente e a linha tênue entre ele e o passo são importantes, pois a história trabalha com os fenômenos em sua duração. O tempo é contínuo, assim como Bloch afirma em seu texto. Porém, essa continuidade está sempre sendo modificada. O passado está sempre em construção. 63 [...] a ignorância do passado não se limita a prejudicar a compreensão do presente; compromete, no presente, a própria ação. Não basta conhecer o passado para explicar o presente, entretanto não conhecê-lo afeta o estudo, as ações do presente. Além disso, os sentimentos do historiador, o tempo em que ele vive, influencia na análise do seu trabalho independente da distância temporal existente entre eles. 66 [...] a educação da sensibilidade histórica nem sempre está sozinha em questão. Ocorre de, em uma linha dada, o conhecimento do presente ser diretamente ainda mais importante para a compreensão do passado. Da mesma forma que é indispensável conhecer o passado para compreender o presente, a incompreensão do passado está relacionada ao não conhecimento do presente. Um historiador não pode fechar seus olhos para o seu tempo mesmo que sua pesquisa seja sobre o século XVII. A sensibilidade é adquirida por estudos, mas também pela observação da realidade em que se vive.
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