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Apostila Anestesiologia Pequenos animais 2016 pdf

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Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 1
 
ANESTESIOLOGIA EM 
PEQUENOS ANIMAIS 
Prof Dr Stelio Pacca Loureiro Luna 
 
Prof Dr Francisco José Teixeira Neto 
 
Prof Dr Antônio José de Araujo Aguiar 
 
 
 
 
 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 2
 
ÍNDICE 
 
TÓPICO PÁGINA 
DOR 
AVALIAÇÃO DA DOR EM PEQUENOS ANIMAIS 3 
ANALGESIA EM PEQUENOS ANIMAIS 18 
PREPARO DO PACIENTE E EMERGÊNCIA 
MONITORAÇÃO ANESTÉSICA 24 
EQUILÍBRIO ÁCIDO BASE 31 
EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO E ANESTESIA 48 
CHOQUE 66 
RESSUSCITAÇÃO CÉREBRO-CÁRDIO-PULMONAR EM PEQUENOS ANIMAIS 82 
FARMACOLOGIA E TÉCNICAS ANESTÉSICAS 
ANESTÉSICOS LOCAIS 96 
ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES 106 
OPIÓIDES 120 
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA E PREPARO DO PACIENTE PARA A ANESTESIA 137 
MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA 140 
ANESTESIA DISSOCIATIVA 154 
TÉCNICAS DE ANESTESIA LOCAL 159 
ANESTESIAS ESPINHAIS 175 
ANESTÉSICOS GERAIS INTRAVENOSOS 185 
APARELHOS E CIRCUITOS ANESTÉSICOS 191 
ANESTESIA GERAL INALATÓRIA 195 
BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES 205 
VENTILAÇÃO ARTIFICIAL 214 
TÉCNICAS ANESTÉSICAS EM PACIENTES ESPECIAIS 
TÉCNICAS ANESTÉSICAS EM FELINOS 220 
TÉCNICAS ANESTÉSICAS EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO 230 
TÉCNICAS ANESTÉSICAS EM ANIMAIS SILVESTRES 238 
ANESTESIA EM GERIATRAS 256 
ANESTESIA EM PACIENTES NEONATOS 262 
ANESTESIA EM CESARIANA 266 
ANESTESIA EM PACIENTES TRAUMATIZADOS 271 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 3
AVALIAÇÃO DA DOR EM PEQUENOS ANIMAIS 
 
STELIO PACCA LOUREIRO LUNA 
FMVZ-Unesp-Botucatu-SP-Brazil 
 
 
Não existe nada pior que a dor. Ela fragmenta o ser e o incapacita para viver 
 
Implicações e abordagem da dor em animais 
 
A dor pode ser classificada em nociceptiva (somática ou visceral), neuropática e psicogênica. A dor nociceptiva é a 
clássica dor aguda relacionada, por exemplo, a um trauma ou à sídrome de abdômen agudo. A dor neuropática na 
maioria das vezes origina-se a partir da dor aguda não tratada ou tratada de forma insuficiente, passando a ser 
crônica. Neste caso, a dor passa de sinal, no caso da dor nociceptiva, à própria doença, no caso da dor 
neuropática, caracterizando-se como uma forma de estresse. O componente psicogênico da dor também é muito 
importante não apenas no ser humano. Vinte e cinco por cento dos pacientes que procuram tratamento para dor, 
não apresentam nenhuma lesão. Em animais, a situação talvez não seja diferente, tendo em vista que boa parte 
das fibras que transmitem impulsos nervosos relacionados à dor conectam-se diretamente ao sistema límbico, que 
é o centro das emoções. Desta forma a dor em animais apresenta além do aspecto físico, um componente 
emocional importante. 
A dor é considerada o quinto sinal vital, juntamente com a função cardiorrespiratória e a térmica. Apesar de todo o 
avanço tecnológico da medicina, a dor é um dos maiores escândalos desta especialidade, dada muitas vezes à 
impotência diante da obtenção de um tratamento eficaz para a mesma. Do lado de quem prescreve, as razões 
pelas quais a dor não é tratada apropriadamente se devem a falta de conhecimento e de objetividade, falha de 
prescrição, questões econômicas e temor de efeitos adversos advindos do tratamento farmacológico. Por outro 
lado, a medicina humana e a veterinária muitas vezes é impotente para o tratamento adequado da dor, mesmo 
quando o método é bem selecionado, dada a complexidade dos mecanismos envolvidos na deflagração da dor. 
De forma geral, em animais, esta questão se agrava. O primeiro levantamento do uso de analgésicos no pós-
operatório de pequenos animais foi realizado nos EUA e indicou que apenas 28% dos cães recebiam analgésicos 
após cirurgias e apenas 19% dos cães foram tratados após 8 horas de pós-operatório (Hansen & Hardie 1993). 
Neste mesmo estudo apenas 6,7% dos gatos recebiam analgésicos. No Canadá 84% dos cães e 70 % dos gatos 
recebiam analgésicos após procedimentos ortopédicos e em torno de 9 a 17% dos animais após cirurgias de 
castração (Dohoo & Dohoo 1996ab). Na Austrália, até 1996, apenas 5% dos médicos veterinários utilizavam 
antiinflamatórios não esteróides em cirurgias de castração em cães e cadelas (Watson et al 1996). Na Grã-
Bretanha em estudos mais recentes, mais de 90% dos veterinários utilizavam analgésicos em cães e gatos após 
cirurgias ortopédicas, entretanto o uso de analgésicos após castração foi 53% e 32% em fêmeas e machos 
caninos e 26% e 16% em fêmeas e machos felinos (Capner et al 1999, Lascelles et al 1999). Estes números foram 
similares em outros países como a África do Sul e Nova Zelândia (Joubert 2001, Williams et al 2005). Pode-se ver 
claramente que está havendo uma maior conscientização da necessidade do uso de analgésicos em pequenos 
animais, porém ainda aquém do necessário e que os gatos são tratados em menor porcentagem que os cães. 
Além da questão ética e moral do bem estar animal, a dor é biologicamente danosa, por dificultar a cura de lesões, 
devido à resposta de estresse; causar emagrecimento, tanto pela redução do apetite, como pelo aumento do 
consumo de energia; risco de automutilação; possibilidade de se tornar crônica; depressão da função imune e em 
casos de pós cirúrgico, aumento do tempo de recuperação e maior risco de complicações pós-operatórias. Como 
exemplo, ratos portadores de câncer e submetidos a analgesia apresentaram 80% menor incidência de lesões de 
metástase que os que cuja dor não foi tratada (Page et al 1993). 
Ainda é comum o argumento de que o tratamento da dor em animais submetidos a procedimentos ortopédicos 
deve ser limitado dada à possibilidade do animal “forçar” o membro e interferir na recuperação da cirurgia. 
Entretanto, cães submetidos à correção de fratura de fêmur apresentaram melhor recuperação do ponto de vista 
cirúrgico, em termos de melhor cicatrização, consolidação da fratura mais rápida e menor edema, infecção e 
migração de pino, quando tratados com analgésicos antiinflamatórios do que os não tratados (Cruz et al 2000). 
Assim, frente a diversos estudos, é irrefutável que a dor seja prevenida e tratada nos animais. 
A dor é uma experiência que envolve um componente objetivo (físico – nocicepção), relacionado à percepção e 
resposta ao estímulo nociceptivo e um componente subjetivo, relacionado à dimensão afetiva e emocional, ou seja 
o sofrimento. Os três pilares da dor são o sensorial-discriminativo, relacionado às propriedades mecânicas, 
térmicas e espaciais, ou seja a localização e qualificação da dor, o cognitivo-avaliativo, rlacionada às experiências 
prévias que podem modificar a resposta ao estímulo doloroso e o motivacional-efetivo, que envolve o sofrimento, 
medo, tensão e ansiedade que relacionados à dor, as respostas neurovegetativas e alterações comportamentais. 
Portanto a dor é uma experiência multifatorial que envolve o sensorial (físico-nociceptivo), o afetivo/emocional, que 
expressa o que aquele animal em particular sente e o funcional, por exemplo, o quanto as suas funções ficam 
prejudicadas. 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 4
A avaliação da dor é essencial para se determinar a necessidade e a natureza da intervenção terapêutica, bem 
como para avaliar a eficácia do tratamento analgésico implementado. 
 
Meios da avaliação da dor em animais 
 
A avaliação da dor em animais é difícil, pela ausência de entendimento de sua capacidade de comunicação ou 
pela própria falta de sonorização, da mesma forma que os neonatos humanos. As atitudes com relação ao uso de 
analgésicos em animais variam de acordo com o sexo e idade dos veterinários. As mulheres são mais sensíveis 
na avaliação da dor e normalmente estabelecem escores de dor mais altos que os homens, da mesma forma que 
veterinários com menor tempo de graduação em relação aos graduados há maistempo (Dohoo & Dohoo 1996ab 
Capner et al 1999, Lascelles et al 1999). 
O comportamento é o componente principal na avaliação, já que normalmente está alterado. Entretanto, no caso 
de animais exóticos, diversas vezes sequer se conhece o que é o comportamento normal da espécie em questão. 
Há diversos estudos referentes a métodos de interpretação de dor em animais, onde se descrevem escalas de 
avaliação, que apesar de aparentemente subjetivas são extremante úteis na prática (Holton et al 2001, Price et al 
2003). 
Dentre os fatores que dificultam a avaliação da dor em animais estão as alterações fisiológicas e comportamentais 
que não são específicas da dor, algumas alterações de comportamento indicativas de dor não são óbvias, a falta 
de experiência do observador, a descrição verbal da intensidade e a qualidade da dor sentida pelo individuo são 
importantes para o diagnóstico da dor e nos animais isto não é possível e a experiência da dor é subjetiva, 
complexa e multidimensional. Nestes casos as escalas viabilizam uma maior acurácia e confiabilidade na 
avaliação da dor, por realizarem uma avaliação detalhada e em conjunto, entretanto as mesmas devem ser 
validadas. 
Na avaliação do comportamento de dor deve-se conhecer o comportamento normal da espécie e frente a 
situações de dor, bem como do animal a ser avaliado. Deve-se levar em conta a variabilidade inter-individual tanto 
de tolerância a dor, como da resposta aos analgésicos (farmacogenética). Por exemplo os efeitos analgésicos 
doos opioides em felinos é em parte determinado geneticamente. 
Dentre as escalas de avaliação da dor, normalmente utilizam-se escores, escala analógica visual, onde se traça 
uma linha de zero a dez cm, sendo zero correspondente a um animal sem dor e dez a pior dor possível e escala 
de contagem variável, onde se associam vários parâmetros de avaliação. Para uma avaliação mais abrangente da 
dor, as alterações comportamentais devem ser complementadas com a observação das alterações fisiológicas. As 
alterações comportamentais mais óbvias de dor em cães a gatos são agressão, vocalização e inquietude. Quanto 
à vocalização, no cão pode ocorrer de acordo com a intensidade da dor latido, uivo, gemido e choro e no gato, 
sibilo, choro, gemido e grito. Alguns animais se escondem e relutam em se levantar e movimentar, aparentando 
estarem sedados. Andam, sentam-se ou deitam-se de forma anormal e com dificuldade. Ficam desinteressados 
do ambiente, “rígidos” e com tremores. Os cães e gatos apresentam dorso arqueado, posicionam o rabo entre as 
pernas e abaixam a cabeça, protegem a área afetada, lambem e olham para o local afetado. A dor nos membros 
causa claudicação e pode haver automutilação. Gatos com dor abdominal adotam posição de esfinge com tensão 
da musculatura abdominal. Os cães não abanam a cauda e os gatos a movimentam muito. Os gatos não se 
lambem e não praticam a auto-limpeza. 
Sem mencionar os animais silvestres, mesmo em animais domésticos, de laboratório ou de produção, pouco ainda 
se conhece sobre o comportamento. Desta forma, a avaliação da dor em animais não deve levar em conta apenas 
o comportamento. As respostas variam muito e as interpretações podem ser equívocas. Por exemplo, estudos 
utilizando câmaras de vídeo demonstraram que a simples presença física do observador altera completamente o 
comportamento de coelhos (Flecknell 2006). Na dúvida deve-se utilizar o principio da analogia, ou seja, tudo o que 
dói no homem, dói no animal. 
As alterações fisiológicas relacionadas à dor se caracterizam por estímulo do sistema nervoso simpático, com 
aumento da frequência cardíaca, respiratória e da pressão arterial, dilatação da pupila, sudorese no coxim, no 
caso de gatos. Adicionalmente ocorre ativação do metabolismo com aumento da secreção de hormônios do 
catabolismo, da mesma forma que na resposta de estresse anteriormente mencionada. 
A única escala de dor aguda validade em felinos é a de Brondani et al (2011), que é uma escala multidimensional 
por avaliar as alterações psicomotoras, proteção da área dolorosa, parâmetros fisiológicos e expressão vocal da 
dor (anexo). 
 
Causas de dor em pequenos animais: 
Irritação ou dor leve: escoriação por tricotomia, cateterização iv, bexiga repleta, necessitando urinar ou defecar, 
pequenas escoriações, esvaziamento da glândula adanal, cirurgias ou priocedimentos nas pálpebras. 
 
Dor leve a moderada: endoscopia com biópsia, procedimentos odontológicos, cateterização arterial, biópsias 
musculares, estabilização de fraturas de radio/ulna, tíbia/fíbula, cirurgia de abdomen caudal (osh, orquiectomia, 
cistotomia) 
 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 5
Dor moderada a intensa: pequenas áreas de queimaduras ou úlceras, úlcera corneal, enucleação do glogo 
ocular, cirurgias de coluna lombar e sacral, estabilização de fraturas de femur, úmero ou pelve, mastectomia, 
cirurgias de abdomen cranial (hérnia diafragmática) 
Dor intensa: áreas extensas de queimaduras ou ulcerações, infecções intraabdominais (peritonite, pancreatite), 
cirurgias cervicais, procedimentos nasais (endoscopia), amputações de membros, cirurgias torácicas 
 
Controle da dor em animais 
 
 A complexidade da dor ultrapassa a fronteira física. A dor também se estabelece pelas influências do meio 
ambiente e do aspecto psicológico do animal, daí ser considerada como um fenômeno biopsico-social, que 
envolve os aspectos biológico, psíquico e social do indivíduo. Está relacionada ao ambiente que o animal vive e 
conseqüentemente às condições de tratamento do mesmo. Assim, a abordagem da dor em animais deve ser 
multidisciplinar, mesmo quando se trata de animais de produção e fatores externos aos animais devem ser 
levados em consideração. 
Os conceitos recentes demonstram que a melhor forma de controle da dor é a prevenção. Desta forma, evita-se a 
sensibilização periférica e central do sistema nervoso, esta última muitas vezes irreversível, dada à dificuldade de 
tratamento. Isto se deve ao fato de que neurônios com poucos receptores podem se tornar ricos em receptores de 
dor, com ampliação da sensibilidade. Este estado de hipernocicepção pode perdurar toda a vida, tornando-se 
crônico. Muitas dores crônicas se iniciam com estados dolorosos agudos e podem ocorrer sem nenhuma 
evidência de lesão. Desta forma a dor pode continuar mesmo que a lesão inicial seja curada. Em algumas 
situações não existe terapia para alívio total, apenas o sono. Como citado anteriormente este tipo de dor é 
conhecida como neuropática e é gerada por uma deformação plástica das membranas nervosas, reorganização 
da neuroanatomia, alteração genética da medula espinhal e morte dos neurônios inibitórios da dor. 
Um mito normalmente considerado é que os animais jovens não possuem o sistema nervoso tão desenvolvido e 
desta forma o sofrimento é menor. Entretanto, a ciência mostra que neonatos apresentam maior sensibilidade que 
adultos na percepção da dor (Hellebrekers 2002). É importante lembrar que até o início da década de 80, eram 
realizados procedimentos cruentos em neonatos humanos, inclusive cirúrgicos, sem anestesia ou analgesia, 
simplesmente pelo fato que não se percebia que os bebês apresentavam dor. 
Da mesma forma que a dor deve ser avaliada de forma multidisciplinar, também deve ser tratada 
preferencialmente por associação de vários métodos. Apesar da grande importância dos métodos convencionais, 
como o uso de opióides, antiinflamatórios, anestésicos locais, sedativos e anestésicos gerais, outras técnicas, tais 
como acupuntura, fitoterapia e métodos físicos, entre outros, são tão ou mais importantes de acordo com a 
etiologia e a categoria da dor, bem como, por exemplo, o uso de antidepressivos em casos de dor crônica, assim 
como no ser humano. 
 
Considerações finais 
 
 A dor é a única doença incapacitante de toda a plenitude do corpo. Mesmo animaisdeficientes físicos, 
podem compensar as deficiências com outras atividades ou fortalecer outras funções ou sentidos. Entretanto, 
nenhum ser pode exercer suas atividades como um todo quando sofre de dor. Desta forma a interpretação correta 
dos sinais de dor é fundamental para aliviar o sofrimento dos animais e melhorar a recuperação pós-operatória. 
 A forma mais adequada de se avaliar a dor de forma objetiva em animais é por meio de escalas validadas 
especificamente na espécie alvo que se deseja avaliar (Brondani et al 2011). 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 6
 
Escalas de dor utilizadas em pequenos animais 
 
SISTEMA DE ESCORE DE DOR PREEMPTIVO (HELLYER, 1999). 
 
Procedimento Nível de dor Protocolo analgésico 
Procedimento menores: contenção para raio-
X, retirada de pontos e troca de bandagens Ausente 
Leve a moderada sedação (se necessário). 
Analgésicos não são necessários 
IC de pequeno porte: suturas, debridamento, 
remoção de corpos estranhos superficiais, 
limpezas oculares 
Dor leve Sedação (fenotiazínicos), com analgésicos (opióides), anestesia de curta duração 
IC de médio porte: OSH, orquiectomias, 
cesarianas, cistotomias, excisão de massas 
cutâneas, procedimentos ortopédicos de 
pequeno porte, reparo de laceração 
Dor moderada 
MPA com analgésicos e tranquilizantes, 
anestesia geral ou epidural, manejo pós-
operatório com opióides associados ou não 
com AINES por 24 a 48 horas, AINES 
IC de grande porte: cirurgias ortopédicas, 
toracotomias, laminectomias, laparoromia 
exploratória, amputação, ablações de 
conduto auditivo 
Dor severa 
MPA com analgésicos e tranquilizantes, 
anestesia geral ou epidural, manejo pós-
operatório com opióides, associados ou 
não AINES, de maneira intensiva e 
prolongada 
 
Principal desvantagem: variabilidade individual e visão unidimensional (extensão do trauma). O mesmo 
procedimento causa dor de intensidade diferente nos animais. Não é possível avaliar a dor pós-operatória com 
esta escala. Opção: utilizar uma escala validada para avaliação da dor pós-operatória, monitorando cada 
indivíduo. 
 
 
ESCALA ANÁLOGA VISUAL (VAS) 
 
Traça–se uma linha horizontal de 100 mm de comprimento, que representa ausência de dor no extremo 
esquerdo e o máximo possível de dor no direito. O observador marca o que melhor representa a dor no animal.. 
 
 0 ______________________________________100 
 Sem dor Pior dor possível imaginável 
 
Principal desvantagem: requer um observador experiente, capaz de identificar, reconhecer e interpretar a dor em 
animais. 
 
ESCALA SIMPLES DESCRITIVA 
 
� 1. Sem dor 
� 2. Dor leve 
� 3. Dor moderada 
� 4. Dor severa 
 
Vantagem: rápida e de fácil utilização. 
Principal desvantagem: escala pouco sensitiva (poucas categorias) 
 
 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 7
 
Exemplo de escala simples descritiva (Lascelles et al. 1994) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESCALA NUMÉRICA (NRS) 
 
São utilizadas múltiplas categorias para avaliação do animal por meio de escores, descritos para cada categoria. 
Viabiliza avaliar aspectos que poderiam passar despercebidos em outras escalas e, portanto, pode ser usada por 
observadores pouco experientes. 
 
Principal desvantagem: Não é intervalar, como a escala analógica visual. 
 
Vantagens: é multidimensional e não requer grande experiência do observador 
 
Exempo: Escala de dor da Universidade de Meulbourne 
Escore Características 
0 Analgesia completa, sem sinais de desconforto ou sem resposta à pressão na ferida cirúrgica 
1 Boa analgesia, sem sinais de desconforto com reação à pressão 
exercida na ferida cirúrgica. 
2 Moderada analgesia, com alguns sinais de desconforto que se tornam mais evidentes com a pressão exercida na ferida cirúrgica 
3 Com sinais óbvios de desconforto, piorando com pressão exercida 
na ferida cirúrgica 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 8
 
Escala de dor da Universidade de Melbourne 
 
 
Categoria Descrição Escore 
1. Respostas 
fisiológicas 
 
a) Variáveis fisiológicas dentro dos limites de referência 
b) Pupilas dilatadas 
c) Escolha apenas um: porcentagem aumentada da freqüência cardíaca em 
relação ao basal 
>20% acima do valor pré-operatório 
>50% acima do valor pré-operatório 
>100% acima do valor pré-operatório 
d) Escolha apenas um: porcentagem aumentada da freqüência respiratória 
em relação ao basal 
>20% acima do valor pré-operatório 
>50% acima do valor pré-operatório 
>100% acima do valor pré-operatório 
e)Temperatura retal excede os valores de referência para cães 
f) Salivação 
0 
2 
 
 
1 
2 
3 
 
 
1 
2 
3 
1 
2 
2. Resposta à palpação 
(escolher apenas um) 
Sem mudanças do comportamento pré-operatório 
Guarda/reação quando tocado 
Guarda/reação mesmo antes de ser tocado 
0 
2 
3 
3. Atividade (escolher 
apenas um) 
Durante o repouso: dormindo 
Durante o repouso: semiconsciente 
Durante o repouso: acordado 
Comendo 
Agitado: se levanta e deita constantemente 
Rolando e se debatendo 
0 
0 
1 
0 
2 
3 
4. Estado mental 
(escolher apenas um) 
Submissiva 
Amigável 
Cauteloso, desconfiado 
Agressivo 
0 
1 
2 
3 
5. Postura a)Guardando ou protegendo a área afetada (incluindo posição fetal) 
b) Escolha apenas um: 
Decúbito lateral 
Decúbito esternal 
Sentado ou posição quadrupedal, cabeça erguida 
Posição quadrupedal, cabeça levemente baixa 
Se movimentando 
Postura anormal (posição de prece, coluna curvada) 
2 
 
0 
1 
1 
2 
1 
2 
6. Vocalização Quieto, sem vocalizar 
Vocaliza quando tocado 
Vocalizando intermitente 
Vocalização continua 
0 
2 
2 
3 
 
Total de pontos: 
 
 
(maior ou igual a 14 pontos: resgate com opióide) 
 
__________ 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 9
 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 10
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 11
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 12
Escala Multidimensional da FMVZ – UNESP – Botucatu 
Escala Validada para avaliação de dor aguda pós-operatória em gatos. 
Alteração Psicomotora 
Po
st
u
ra
 
• O gato esta com uma postura considerada normal para a espécie e com os músculos relaxados (se 
movimenta com normalidade). 
0 
• O gato esta com uma postura considerada normal para a espécie mas com os músculos tensos (se 
move pouco ou resiste a se movimentar). 
1 
• O gato esta sentado ou em decúbito esternal, com a coluna arqueada e a cabeça baixa, ou o gato 
esta em decúbito lateral com os membros pélvicos extendidos ou recolhidos. 
2 
• O gato altera frequentemente sua posição, tentando encontrar uma postura confortável. 3 
 
 
 
Co
m
o
di
da
de
 
• O gato esta cómodo, despertó ou adormecido, se mostra receptivo quando é estimulado (interage 
com o observador ou se interessa pelo ambiente). 
0 
• O gato esta quieto ou se mostra pouco receptivo quando estimulado (interage pouco com o 
observador ou não se interessa muito pelo ambiente). 
1 
• O gato esta quieto e dissociado do ambiente (não interage com o observador a menos que 
estimulado e também não se interessa pelo ambiente). O gato pode estar de costas ao observador 
(mirando o fundo da gaiola); 
2 
• O gato esta incomodado, se mostra inquieto (altera sua posição frequentemente) e esta dissociado 
do ambiente ou esta pouco receptivo quando estimulado. O gato pode estar de costas ao observador 
(mirando o fundo da gaiola); 
3A
tiv
id
ad
e 
• O gato se move normalmente (se move rápidamente quando se abre a gaiola; fora da jaula se 
move de forma espontânea depois de estimulado ou manipulado); 
0 
• O gato se move mais que o normal (dentro da gaiola se move constantemente de um lado ao 
outro). 
1 
• O gato esta mais quieto que o normal (pode hesitar em sair da gaiola e se retirado tende a voltar a 
entrar; fora da gaiola se movo pouco depois de estimulado ou manipulado). 
2 
• O gato resiste a mover-se (pode hesitar em sair da gaiola e se for retirado tende a voltar a entrar; 
fora da gaiola já não se move, inclusive após ser manipulado). 
3 
 
 
 
A
tit
u
de
 
Observe e escolha entre as opções que melhor descrevam o estado mental do gato: 
 
A – Satisfeito: o gato esta alerta e interesado no ambiente (explora ao redor); é amigável e interage 
com o observador (brinca ou responde a estímulos). 
 * Inicialmente o gato pode brincar com o observador para distrair a sensação de dor. Observe com atenção 
para diferenciar distração de atividade com satisfação. 
A 
B – Desinteressado: o gato não interage com o observador (não esta interessado em brincar ou 
brinca pouco; não responde as carícias e ao chamado do observador).* Em gatos que não gostem 
de brincar, avalie a interação com o observador mediante a resposta aos carinhos e chamamentos. 
B 
C - Indiferente: o gato não esta interesado no ambiente (não tem curiosidade, não explora ao 
redor). * Inicialmente o gato pode estar receoso e não querer explorar ao redor. O observador deve 
manipular o gato (retira-lo da gaiola e/ ou alterar a postura do gato) e estimular-lo para que se mova. 
C 
D - Ansioso: o gato esta assustado (tenta esconder-se ou escapar) ou nervoso (esta impaciente e 
ronrona ou bufa quando acariciado ou manipulado). 
D 
E - Agressivo: o gato esta agressivo (tenta morder ou arranhar quando é acariciado ou manipulado). E 
 
 
 • Presença do estado mental A 0 
 • Presença de um dos estados mentais B, C, D ou E 1 
 • Presença de dois dos estados mentais B, C, D ou E 2 
 • Presença de três ou de todos os estados mentais B, C, D o E 3 
 
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 13
 
 
M
isc
el
ân
ia
 
de
 
Co
m
po
rt
am
en
to
s 
Observe e escolha as opções que melhor descrevam o comportamento do gato: 
 
A – O gato esta de deitado e quieto, entretanto move a cauda. A 
B – O gato esta contraindo e extendendo os membro pélvicos e ou contraindo os músculos 
abdominais. B 
C – O gato esta com os olhos parcialmente fechados (semifechados). C 
D – O gato esta lambendo ou mordendo a ferida cirúrgica. D 
 
 
 • Todos os comportamentos descritos estão ausentes 0 
 • Presença de um dos comportamentos descritos 1 
 • Presença de dois dos comportamentos descritos 2 
 • Presença de três ou de todos os comportamentos descritos 3 
 PROTEÇÃO DA REGIÃO DOLORIDA 
 
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çã
o
 
à 
pa
lp
aç
ão
 
da
 
fe
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ci
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rg
ic
a 
 
• O gato não reage quando a ferida cirúrgica é tocada e pressionada; ou não mostra uma resposta 
diferente à reação pre-operatória (isto se tiver sido feita uma avaliação basal prévia); 
0 
• O não reage quando a ferida cirúrgica é tocada mas sim quando é pressionada, podendo 
vocalizar ou tentar morder. 
1 
• O gato reage quando a ferida cirúrgica é tocada ou pressionada, podendo vocalizar ou tentar 
morder. 
2 
• O gato reage quando o observador se aproxima da ferida cirúrgica, podendo vocalizar e/ ou 
tentar morder. Não permite a palpação da ferida cirúrgica. 
3 
 
 
 
R
ea
çã
o
 
à 
pa
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aç
ão
 
do
 
ab
do
m
e 
e 
fla
n
co
 • O gato não reaciona quando o abdome/ flanco é tocado e pressionado; ou não mostra uma 
resposta diferente à reação pre-operatória (isto se tiver sido feita uma avaliação basal prévia). 
O abdome/ flanco não está tenso. 
0 
• O não reage quando o abdome/ flanco é tocado mas sim quando é pressionado, podendo 
vocalizar ou tentar morder. O abdome/ flanco está tenso. 
1 
• O gato reage quando o abdome/ flanco é tocado ou pressionado. O abdome/ flanco está tenso. 2 
• O gato reage quando o observador se aproxima do abdome/ flanco, podendo vocalizar e/ ou 
tentar morder. Não permite a palpação do abdome/ flanco. 
3 
 
VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS 
 
Pr
es
sã
o
 
ar
te
ria
l 
• 0% a 15% acima do valor pré-operatório. 0 
• 16% a 29% acima do valor pré-operatório. 1 
• 30% a 45% acima do valor pré-operatório. 2 
• > 45% acima do valor pré-operatório. 3 
 
 
 
A
pe
tit
e 
• O gato esta comendo normalmente. 0 
• O gato esta comendo mais que o normal. 1 
• O gato esta comendo menos que o normal. 2 
• O gato não esta interessado no alimento. 
 
3 
 EXPRESSÃO VOCAL DE DOR 
V
o
ca
liz
aç
ão
 
• O gato esta em silêncio ou ronrona quando é estimulado ou mia interagindo com o observado, 
mas não grunhe ou bufa. 
0 
• O gato ronrona espontâneamente (sem ser estimulado e/ou manipulado pelo observador). 1 
• O gato grunhe ou bufa quando é manipulado pelo observador (quando o observador altera a 
posição corporal do gato). 
2 
• O gato grunhe ou bufa espontâneamente (sem ser estimulado e/ou manipulado pelo 
observador). 
3 
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 14
 
 
Diretrizes para o uso da escala 
 
 Inicialmente, observe o comportamento do gato sem abrir a gaiola. Verifique se o gato esta 
descansando (em decúbito ou sentado) ou movendo-se, interessado ou não no ambiente, em silêncio ou 
vocalizando. Examine a presença de comportamentos específicos (veja o item “Comportamento”). 
 Abra a porta da gaiola e observe se o animal tenta sair rápidamente ou se hesita em tentar sair. 
Aproxime-se do gato e avalie sua reação: esta amigável, agressivo, assustado, indiferente ou vocaliza. Toque o 
gato e interaja com ele, observe se esta receptivo (ele gosta de ser acariciado e/ ou demonstra interesse por 
brincar). Se o gato hesita em tentar sair da gaiola, incentíve-o a mover-se estimulando-o (chame pelo nome e o 
acaricíe) e manipulando-o (altere sua posição corporal e/ou retíre-o da jaula). Observe se fora da gaiola o gato 
se move espontâneamente, de forma tímida ou se nega a mover-se. Ofereça-lhe um alimento palatável e observe 
a resposta.* 
 Para finalizar, coloque com cuidado o gato em decúbito lateral ou esternal e mensure a pressão arterial. 
Observe a reação do animal ao tocar suavemente seu abdome/ flanco (deslize suavemente os dedos sobre a 
área) e depois pressione com cuidado (aplique uma pressão direta sobre a área com os dedos). Espere uns 
minutos e repita a mesma sequência de movimentos sobre a ferida cirúrgica para avaliar a reação a este 
estímulo. 
* Para a avaliação do apetite no pós-operatório imediato, ofereça uma pequena quantidade de alimento palatável 
(por exemplo, comida úmida em lata) depois da recuperação anestésica. Nesse momento, a maioria dos gatos comerá 
normalmente, independentemente da presença ou ausência de dor. Passado um tempo, ofereça de novoa comida e observe a 
reação do animal. 
 
 
 
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ESCALA COMPOSTA PARA MENSURAÇÃO DA DOR – ESCALA DE GLASGOW MODIFICADA (Murrell et al. 2008) 
 PARÂMETROS CRITÉRIO PESO 
DO LADO DE FORA DO CANIL, 
OLHE PARA O CÃO E RESPONDA 
AS SEGUINTES QUESTÕES: 
POSTURA 
RÍGIDO: o animal se encontra em decúbito lateral, com as pernas estendidas ou parcialmente estendidas em posição fixa. 1.20 
CORCUNDA: o animal se encontra em posição quadrupedal, com o dorso convexo/recurvado, abdômen retraído; ou com o dorso côncavo e as 
articulações escápulo-umerais (membros torácicos) em plano mais baixo que os membros pélvicos. 1.13 
NORMAL: o animal pode estar em qualquer posição, aparenta-se confortável e com seus músculos relaxados. 0.00 
VOCALIZAÇÃO 
CHORA: uma extensão do ruído caracterizado por gemido, porém mais alto e com a boca aberta. 0.83 
GEME: som agudo e de curta duração emitido com a boca frequentemente fechada 0.92 
GRITA/BERRA: som agudo e contínuo, emitido com a boca inteiramente aberta; o animal aparenta estar inconsolável. 1.75 
NÃO VOCALIZA 0.00 
ATENÇÃO À FERIDA 
CIRÚRGICA 
MORDENDO: aplica a boca e os dentes sobre a ferida cirúrgica, puxa os pontos. 1.40 
LAMBENDO: usa a língua para atingir a ferida cirúrgica. 
OLHANDO: desvia a cabeça em direção da ferida cirúrgica. 
ESFREGANDO: usa a pata ou o chão do canil para atingir a ferida cirúrgica. 
0.94 
IGNORANDO: não presta atenção na ferida cirúrgica. 0.00 
ABRA A PORTA DO CANIL E 
CHAME O CÃO PELO NOME. 
ENCORAGE O ANIMAL A VIR 
ATÉ VOCE. 
APÓS ANALISAR A REAÇÃO DO 
ANIMAL ÀSUA PRESENÇA, 
ACESSE ESSAS 
CARACTERÍSTICAS: 
 
MOBILIDADE 
RECUSA-SE A SE MOVER 1.56 
RÍGIDO, DURO, INFLEXÍVEL: andar afetado/alterado, também levanta ou senta lentamente, pode ser relutante a se mover. 1.17 
LENTO OU RELUTANTE PARA LEVANTAR E SENTAR: se levanta ou senta lentamente, mas o andar não está alterado. 0.87 
CLAUDICANDO: andar irregular, distribui desigualmente o peso quando anda. 1.46 
NORMAL: levanta e deita sem alterações. 0.00 
RESPOSTA AO TOQUE 
CHORA: resposta vocal curta. Olha para a área afetada e abre a boca, emite um som breve/curto. 1.37 
FOGE/TIRA O CORPO FORA: numa tentativa impedir que a área afetada seja tocada 0.81 
TENTA MORDER: tenta morder o observador antes ou em resposta ao toque. 1.38 
ROSNA: emite um som baixo e prolongado de advertência antes ou em resposta ao toque. 
GUARDA: evita a pressão na ferida encolhendo-se ou protegendo a ferida/pode tensionar a musculatura diante do estímulo. 1.12 
NÃO REAGE: aceita a pressão firme sobre a área afetada sem as reações mencionadas. 0.00 
FINALMENTE, DÊ SUA 
IMPRESSÃO SOBRE O 
COMPORTAMENTO E O 
CONFORTO: 
COMPORTAMENTO 
AGRESSIVO: boca aberta ou lábios retraídos mostrando os dentes, grunhindo, rosnando, tentando morder ou latindo. 
 DEPRIMIDO: entorpecido, não responsivo, se mostra relutante a interagir. 1.22 
DESINTERESSADO: não abana a cauda quando estimulado, não olha nem interage com o observador. 1.56 
NERVOSO: os olhos se movem constantemente, movimentos freqüentes de cabeça e corpo. 
ANSIOSO: expressão de preocupado/inquieto/aflito, olhos abertos com a esclera à mostra, testa franzida. 
MEDROSO: animal encolhe-se, guardando o corpo e a cabeça. 
1.13 
QUIETO: permanece imóvel, não emite ruídos, olha quando fala com ele, mas não interage espontaneamente 
INDIFERENTE: não responde a sons e ao observador 0.87 
CONTENTE: interessado nos sons; interage com o observador; responsivo e alerta. 
SALTITANTE: abana a cauda, pula no canil, vocaliza alegremente com freqüência e emite ruídos excitatórios. 0.08 
CONFORTO 
DESCONFORTÁVEL: constantemente muda de posição ou desloca partes do corpo; anda em círculo; impaciência. 1.17 
CONFORTÁVEL: encontra descansando e relaxado, ausência de resposta aversiva ou posição corpórea anormal; calmo, permanece na mesma 
posição facilmente. 0.00 
MÁXIMO DE 10 PONTOS 
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 16
 
 
 
 
 
 Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 17
 
 
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Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
 18
ANALGESIA EM PEQUENOS ANIMAIS 
 
STELIO PACCA LOUREIRO LUNA 
 
Considerações gerais: 
 
A importância da dor em medicina veterinária foi despertada apenas recentemente, dado tanto à questões de 
ordem ética, como pelos melhores resultados em termos de prognóstico, quando a mesma é tratada de forma 
adequada. Pode ser considerada juntamente com a pressão arterial, a frequência cardíaca, a temperatura e a 
respiração, o quinto sinal vital. Entretanto a dor ainda não é tratada apropriadamente tendo em vista a falta de 
conhecimento e de objetividade no tratamento, a falha de prescrição e o receio de efeitos adversos. 
A dor tem uma abrangência biopsico-social, mesmo em animais e sua detecção é primordial para se elaborarem 
condutas adequadas. Existem varias formas de avaliação da dor, sendo que em condições clínicas, predominam 
os métodos subjetivos. Em termos de tratamento, a dor deve sempre ser abordada de uma forma multidisciplinar. 
Muitas vezes não basta o tratamento farmacológico, sendo necessária uma associação de métodos para se atingir 
um resultado mais adequado. 
Define-se dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável, que é associada ou descrita em termos 
de lesões teciduais. Os estímulos são carreados a partir dos nociceptores pelas fibras A delta e C. É importante 
reconhecer os mecanismos pelos quais a dor ocorre para melhor prevení-la e interferir no seu curso diante das 
várias formas de tratamento. Inicialmente ocorre ativação dos nociceptores (A delta e C), fenômeno conhecido por 
transdução, seguido de transmissão do impulso pelo nervo aferente, modulação do impulso na medula, com a 
deflagração de vários mecanismos, encerrando com a percepção no córtex cerebral. Desta forma podemos 
interferir em uma ou mais etapas, para o combate da mesma. Idealmente o que se postula na atualidade é uma 
associação de métodos, atuando desta forma, se possíve,l em todas estas etapas. 
A dor pode ser classificada em nociceptiva (somática ou visceral), neuropática e psicogênica. Para que ocorra a 
sensação da dor deve haver a nocicepção, caracterizada pela transmissão de impulsos em resposta a um 
estímulo nocivo e a percepção da dor, que seria a consciência da dor. A nocicepção ocorre mesmo em um 
paciente inconsciente, entretanto, a dor não é percebida se o paciente estiver inconsciente, como por exemplo 
durante a anestesia. Porém quando o indivíduo desperta, em casos que a nocicepção não foi evitada, a dor torna-
se presente, daí a importância de se prevenir a nocicepção com anestésicos locais, AINES (anti-inflamtórios não 
esteroides), opióides e outros métodos, mesmo num animal anestesiado. 
Por muito tempo se questionou a necessidade do tratamento da dor em animais, tendo em vista a possibilidade de 
quando os mesmos não sentem dor, eles poderiam se auto mutilar e conseqüentemente interferirem no processo 
de recuperação cirúrgica. Porém se confundia dor fisiológica, que possui a função de proteção, é localizada, 
transitória e de alto limiar, e portanto fundamental que seja mantida, com a dor clínica, que causa inflamação, 
devido ao dano em tecido periférico, é de baixo limiar (alodinia), de resposta exagerada (hiperalgesia) e com 
aumento da área afetada (hiperalgesia secundária). Desta forma o que se preconiza atualmente é deixar a dor 
fisiológica intacta, por razões óbvias de proteção, sendo porém importante prevenir o desconforto e o 
desenvolvimento da dor clínica, evitando-se assim tanto a sensibilização periférica, que causa aumento da 
sensibilidade dos neurônios sensitivos de nociceptores de alto limiar, estimulados por mediadores inflamatórios 
(“sopa inflamatória”), com liberação de bradicinina, 5-HT, histamina, prostaglandinas, leucotrienos, citocinas, 
neuropeptídeos, entre outros e diminuição do limiar dos nociceptores, como a sensibilização central, em que 
ocorre alteração da excitabilidade dos neurônios da medula espinhal, onde neurônios do corno dorsal passam a 
responder à estímulos inócuos, fibras A beta passam a transmitir impulsos dolorosos, as células do corno dorsal 
respondem a áreas periféricas mais amplas e a resposta à dor torna-se mais longa e prolongada. As implicações 
da sensibilização são que a dor passa a ser deflagrada pela atividade dos nociceptores e torna-se auto 
permanente. Desta forma é mais fácil prevenir a dor que tratá-la, já que de aguda a dor pode-se tornar crônica 
e/ou neuropática. 
De forma geral a dor em animais tem sido subestimada, particularmente em felinos, devido à pouca informação 
sobre farmacologia clínica e farmacocinética, extrapolação de doses de cães e receio dos efeitos adversos dos 
opióides e AINES. 
Dentre os analgésicos disponíveis, como métodos de analgesia preventiva periférica, pode se lançar mão de 
anestésicos locais que previnem o estímulo nocivo, AINES que reduzem a produção de prostaglandina e a 
sensibilização das terminações nervosas e opióides periféricos (ex: articulações), que reduzem o efeito de 
neuropeptídeos locais. Para se realizar a analgesia preventiva central, pode-se utilizar opióides que agem na pré e 
pós-sinapse, reduzindo a liberação de neurotransmissores e causando hiperpolarização da membrana do núcleo 
dorsal da rafe. Adicionalmente têm-se os antagonistas de NMDA na medula espinhal (ex: quetamina) que 
previnem a excitação induzida pelo glutamato e os agonistas adrenorreceptores alpha-2, que agem em receptores 
da medula espinhal. Outras formas de tratamento da dor incluem antidepressores, a acupuntura e os métodos 
físicos´, como a fisioterapia, entre outros. 
Em situações cirúrgicas, ou dor agudo, o tripé da dor é comporto de opioides, AINES e anestesia local, ou seja na 
medida do possível, todos os animais submetidos à cirurgia deveriam receber estes três tratamentos. 
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 19
 
 
OPIÓIDES 
Os opioides são alcalóides naturais ou sintéticos derivados do ópio, extraídos a partir das sementes de Papaver 
somniferum. Cada fármaco opióide apresenta afinidade maior ou menor pelos diferentes receptores: Mu - µ (µ-1, 
µ-2 e µ-3), Kappa - κ (κ-1, κ-2 e κ-3) , Delta - δ (δ-1 e δ-2), Sigma (σ) eEpsilon (ε). 
Os opióides reduzem os efeitos psicológicos da dor, causam leve sedação, depressão respiratória, diminuem a 
motilidade gastrointestinal e podem provocar náusea e vomito, o que é raro em felinos. 
Estes fármacos são classificados em agonistas puros, os quais apresentam alta afinidade e atividade em seus 
receptores e, portanto, máxima eficácia; agonistas parciais, que apresentam afinidade e atividade por alguns 
receptores, com eficácia menor que os puros (efeito teto); agonistas-antagonistas, com afinidade e atividade em 
um certo tipo de receptor e antagonismo em outro tipo e antagonistas, que se caracterizam por afinidade sem 
atividade intrínseca. Os agonistas puros são representados por exemplo pela morfina, metadona, meperidina, 
fentanila. Conferem analgesia potente, sem efeito teto, entretanto causam os clássicos efeitos adversos. Os 
agonistas parciais, representados principalmente pela buprenorfina, causam analgesia menos profunda do que o 
opioide , com efeito teto e menor eficácia. O mesmo ocorre para agonistas/antagonistas, como o butorfanol, que 
produz analgesia menos intensado que o agonista puro. 
Os opioides são utilizados para prover analgesia na dor aguda no pré, trans e pós-operatório, bem como na dor 
crônica em associação a outros analgésicos, na neuroleptoanalgesia, para obtenção do sinergismo entre os 
fármacos utilizados, para reduzir a CAM dos anestésicos inalatórios, para potencializar a anestesia intravenosa, 
nas técnicasde anestesia e analgesia balanceada/multimodal e analgesia espinhal. 
Apesar de normalmente produzirem sedação, em felinos desprovidos de dor, pode ocorrer excitação. Causam 
analgesia supraespinhal, espinhal, periféric e em tecidos inflamados. O mecanismo de analgesia ocorre por 
prevenção da sensibilização central do corno dorsal da medula, tanto pelo efeito pre-sináptico, pela prevenção da 
liberação de glutamato, como pós-sináptico, por hiperpolarização das membranas. Causam efeitos no cérebro, 
com inibição descendente e redução de efeitos psicológicos da dor. No sistema cardiovascular inibem o tônus 
simpático cardíaco em cães e gatos, o que deflagra bradicardia vago-mediada e hipotensão arterial. Pode ocorrer 
vasodilatação e hipotensão por liberação de histamina. Apesar dos opioides causarem depressão respiratória 
central dose-dependente, este efeito é mais importante para os opióides de curta duração, como o fentanila, 
sufentanila, alfentanila e remifentanila. No sstema digestório aumentam o tônus da musculatura lisa e esfíncter 
anal, reduzem o peristaltismo e causam náusea e vômito (efeito central). 
Estes fármacos podem ser administrados por via oral, pois são bem absorvidos, entretanto a biodisponibilidade é 
baixa por esta via. A via subcutânea aparentemente também não é tão eficaz em felinos. Desta forma as melhores 
vias de administração dos opioides em felinos são aparentemente a intravenosa e intramuscular, dada a boa 
absorção e biodisponibilidade (Giordano et al 2010). 
Outras vias de administração de opioides têm sido avaliadas em gatos, dada a dificuldade de administração de 
fármacos por via oral nesta espécie, bem como pelo questionável efeito clínico dos opioides quando administrados 
pela via oral. Os adesivos de fentanil (25 µg/h) têm sido usados como via alternativa e sua utilização está bem 
documentada na espécie (Scherk-Nixon 1996). Aparentemente é eficaz, de longa duração, de baixo custo, não 
invasivo e bem tolerado. O adesivo de fentanil atenuou o aumento de cortisol e glicose no período trans e pós-
operatório imediato em gatas submetidas à OSH, entretanto não reduziu os escores de dor quando comparado ao 
grupo controle (Glerum et al 2001). Da mesma forma não foi superior à 0,2 mg/kg de butorfanol na analgesia pós-
operatória em gatas, quando administrado entre 18 e 24 horas antes da OSH (Gellasch et al 2002). No que 
concerne a potencialização da anestesia, o adesivo de fentanil reduziu a CAM do isofulorano de 1,51 ± 0,21% 
para 1.25 ± 0.26% e portanto poderia ser também útil para este propósito na anestesia inalatória em felinos 
(Yackey et al 2004) 
Opioides mais usado em gatos 
Buprenorfina (0,01-0,03 mg/kg): reduz o limiar nociceptivo mecânico e térmico por 24 hs após a dose de 0,02 
mg,/kg por via epidural no gato (Steagall 2009). Aparentemente a dose mais eficaz de buprenorfina está entre 0,02 
e 0,04 mg/kg no gato (Steagall et al 2009), já que a analgesia aparentemente não é eficaz em doses mais baixas 
de buprenorfina (0,01 mg/kg) administrada por via oral ou SC (Gassel et al 2005). A buprenorfina previniu a 
hiperalgesia induzida em modelo inflamatório em gatos (Taylor et al 2005). 
Hidromorfona (0,1 mg/kg): causa vômito em gatos e redução do limiar térmico por 345 minutos (Lascelles & 
Robertson 2004). 
Butorfanol (0,4 mg/kg): reduz o limiar térmico por 165 minutos (Lascelles & Robertson 2004), entretanto em 
situações de clínica cirúrgica sua eficácia é questionável como analgésico pós-operatório (Gizawiy & Rude 2004, 
Carroll et al 2005). 
Meperidina (petidina)(10 mg/kg). Confere analgesia pós-operatória em OSH por até 2 horas quando administrada 
na dose de 10 mg/kg IM no gato (Lascelles et al 1995). É pouco eficaz tanto clinicamente como 
experimentalmente em doses mais baixas, como 5 mg/kg em gatas submetidas à OSH (Slingsby & Waterman-
Pearson 1998). Nesta memsa dose aumentou o limiar nociceptivo ao estímulo mecânico e térmico por até 45 e 60 
minutos respectivamente, sem alterar o limiar ao estímulo elétrico (Millette et al 2008). 
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 20
Metadona (0,6 mg/kg). Aparentemente eficaz na dose de 0,6 mg/kg para analgesia pós-operatória em gatas 
submetidas à OSH (Bley et al 2004). Aumentou o limiar frente ao estímulo mecânico e térmico por 1 e 3 horas 
respectivamente (Steagall et al 2006). 
Oximorfona (0,05 mg/kg): quando comparada nesta dose à 0,01 mg/kg de buprenorfina apresentou analgesia 
inferior em gatas submetifas à OSH (Dobbins et al 2002) 
Morfina (0,2 mg/kg). Aumentou o limiar frente ao estímulo mecânico e térmico por 1 e 6 horas respectivamente 
(Steagall et al 2006). É um dos opioides mais usado em gatos. 
 
AINES 
Os AINES são inibidores da enzima ciclooxigenase COX, que é responsável por funções homeostásicas, tais 
como proteção gástrica, tornando a camada de muco espessa e prevenindo a erosão ácida da mucosa; proteção 
renal, contribuindo para autoregulação do fluxo sanguíneo renal e estabelecendo um equilíbrio entre agregação 
plaquetária e trombose. Quando estes fármacos são utilizados, além de reduzirem a inflamação, também afetam 
os efeitos homeostásicos, dai a importância do uso de fármacos que inibam predominantemente a COX induzida 
(COX-2) e liberada em grandes quantidades pela inflamação ao invés da COX constitutiva (COX-1), que é 
responsável pela homeostase. Seu efeito periférico se dá por inibição da COX com diminuição da síntese de 
prostaglandina e redução da excitabilidade das fibras nervosas, levando a um efeito antiinflamatório. 
Centralmente, atuam no hipotálamo, apresentando efeito antipirético e fraca ação analgésica. Seus efeitos 
adversos pela inibição da prostaglandina, ocorrem no trato GI, induzindo úlceras e vômito; no rim, causam perda 
da autoregulação do fluxo sangüíneo renal, insuficiência renal e necrose papilar; no fígado, podem levar a 
toxicidade parenquimatosa e finalmente no sangue, podem causar discrasias sangüíneas, com aumento do tempo 
de sangramento. 
Dentre os AINES mais utilizados em gatos têm-se: 
Cetoprofeno (2 mg/kg): quando usado pela via SC foi aparentemente eficaz para analgesia após OSH em gatas 
(Slingsby & Waterman-Pearson 1998), mas por via IM apresentou analgesia inferior em relação à buprenorfina 
(0,01 mg/kg) em gatas submetidas à OSH (Dobbins et al 2002). 
Carprofeno (4 mg/kg/24 hs, seguido de 1,33 mg/kg por 5 dias): foi lançado na década de 1990, primariamente 
para uso em cães e equinos. Em gatos apresenta boa disponibilidade, entretanto reduz a síntese de TxB2 sérico. 
Quando usado por três meses em cães foi o que apresentou menor efeito gastrointestinal quando comparado ao 
etodolac, meloxicam, flunixim e cetoprofeno (Luna et al 2007). Quando usado nas doses recomendadas acima foi 
bem tolerado no gato por seis dias, sem desencadear alterações hematológicas, bioquímicas e gastroscópicas em 
gatos (Möllenhoff et al 2005, Steagall et al 2009). Tanto a buprenorfina, quanto o carprofeno previniram a 
hiperalgesia induzida em modelo inflamatório em gatos (Taylor et al 2005). A dose mais eficaz do carprofeno para 
analgesia pós-operatória em OSH é a de 4 mg/kg SC (Lascelles et al 1995). 
Meloxicam (0,1-0,2 mg/kg): é um AINES mais seletivo para a COX-2. Possui um ótimo efeito em casos de dor de 
origem ortopédica. Sua eficácia tem sido demonstrada para tratar a dor pós-operatória em felinos (Carroll et al 
2005). Este mesmo fármaco pode ser usado com segurança nas doses entre 0,01 e 0,03 mg/kg por até seis 
meses para tratamento da dor em gatos com osteoartrite, entretanto a dose mínima de 0,05 mg/kg foi necessária 
para analgesia em casos de sinuvite induzida experimentalmente nesta espécie (Carroll et al 2011). 
Robenacoxib (2 mg/kg): em gatos na dose de 2 mg/kg SC foi superior ao meloxicam na dose de 0,3 mg/kg SC, 
quando à postura, comportamento, resposta de dor à palpação e para o controle da dor. Da mesma formaa dor à 
injeção e no local da injeção 22 horas após também foi menor. Ambos os tratamentos foram bem tolerados pelos 
animais (Kamata et al 2012). 
A associação de AINES e opioides é mais eficaz que o uso isolado dos fármacos para analgesia pós-operatória 
em gatos (Steagall et al 2009). 
 
OUTROS FÁRMACOS 
A quetamina, como antagonista de receptor NMDA, previne a despolarização de acumulação para liberação de 
glutamato e em doses subanestésicas produz analgesia. Além de poder ser utilizada para indução de anestesia, 
pode-se realizar infusão no trans e pós-operatório (2-10 microg/kg/hr), causando analgesia pós-operatória 
prolongada, acima de 24 horas. 
Os anestésicos locais (lidocaina, bupivacaina e ropivacaina) interrompem a condução elétrica de nervos 
periféricos, prevenindo a propagação do impulso para o corno dorsal da medula e sensibilização central. Causam 
bloqueio regional, podendo ser usados no pré, trans ou pós-operatório. Dentre os mecanismos de analgesia 
produzidos pela lidocaina estão a supressão dos neurônios nociceptivos da medula espinhal, redução da 
descarga nervosa das fibras nervosas periféricas e depressão cortical, podendo reduzir a CAM dos anestésicos 
inalatórios em 40 a 70%, potencializando a anestesia intravenosa e produzindo analgesia pós-operatória de 5 a 18 
horas. Normalmente usam-se bolus de 1,5 mg/kg, seguido de infusão de 0,25 mg/kg/min. 
Os adrenorreceptores alfa-2 agonistas (xilazina, medetomidina, dexmedetomidina) atuam no corno dorsal da 
medula; nas vias adrenérgicas descendentes, com efeito analgésico sistêmico. Produzem maior analgesia visceral 
que somática. 
Outros métodos de analgesia incluem analgesia epidural, acupuntura, TENS, fitoterapia e anestesia geral em 
casos extremos. Deve-se também empregar métodos de apoio, como imobilizar a área, utilizar bandagens quando 
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 21
necessário, tratar a causa, reduzir inflamação e edema, esvaziar a bexiga, prover comida/água com conforto e 
carinho. 
A dor é um fenômeno complexo e exige uma abordagem multidisciplinar, bem como um tratamento multimodal. 
 
Opióides mais freqüentemente utilizados em pequenos animais: 
Morfina 
0,1 a 0,3 mg/kg (felinos) 
0,5 a 1,0 mg/kg (cães) 
SC, IM, IV (via IV deve ser lenta para evitar 
liberação de histamina) 
analgesia de 2 a 4 horas 
depressão do centro respiratório medular 
pequeno efeito cardiovascular 
liberação de histamina com vasodilatação periférica 
estimula centro do vômito 
defecação 
Metadona 
0,2-0,5 mg/kg - IM 
analgésico de duração prolongada no homem 
potência similar a morfina 
efeito espasmolítico 
normalmente não produz vômito ou defecação 
Tramadol 
2-4 mg/kg - IV, IM, PO 
considerado analgésico fraco (duração 8 horas) 
efeito sedativo 
alta seletividade por receptores mu, porém baixa afinidade 
fármaco não controlado (pode se receitado para uso doméstico) 
Fentanil 
0,005 a 0,01 mg/kg - IV, IM 
(infusão: 0,5 a 5 microg/kg/h) 
250 vezes mais potente que a morfina 
duração de 20 a 30 minutos (adequado para controle da dor somente por 
infusão contínua) 
pequeno efeito na contração do miocárdio 
bradicardia e depressão respiratória dose-dependente 
reduz a CAM dos anestésicos inalatórios em doses mais elevadas (acima de 5 
mcg/kg/hora) 
salivação e defecação 
Buprenorfina 
0,005 a 0,01 mg/kg –SC, IM, IV 
33 vezes mais potente que a morfina (porém se considera que sua eficácia 
analgésica é menor que a da morfina) 
longo período de latência 
longa duração de ação: 8-10 hs 
pequeno efeito respiratório 
pequena depressão cardiovascular 
Butorfanol 
0,1 a 0,4 mg/kg – SC, IM, IV 
3 a 5 vezes mais potente que a morfina (porém de eficácia analgésica limitada 
em comparação à morfina) 
efeito na CAM dos anestésicos inalatório é limitado. 
pequeno efeito respiratório 
reverte efeito sedativo e depressor respiratório de agonistas puros devido ao 
antagonismo de receptores mu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estímulo mecânico 
químico, térmico 
Interneurônio 
(modulação) 
Neurônio aferente 
(transmissão) 
Neurônio de projeção 
(projeção) 
Córtex 
(percepção) 
Nociceptor 
(transdução) 
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 22
 
Fonte: Hellebrekers 2002 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
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Monitoração anestésica 
 
Stelio Pacca Loureiro Luna 
FMVZ-Unesp-Botucatu-SP-Brazil 
A monitoração da anestesia em situações clínicas é um procedimento de rotina em anestesia veterinária. 
As funções mais comumente avaliadas são a respiratória, cardiovascular, metabólica e renal, bem como as 
correlações possíveis que podem ser realizadas entre elas. È importante reconhecer as indicações e limitações 
técnicas de cada tipo de monitoração, bem como as diferenças entre cães e os gatos. 
Este artigo dará ênfase na monitoração cardiovascular e respiratória, bem como da profundidade 
anestésica em situações clínicas da rotina anestésica, com destaque apenas nas diferenças entre cães e gatos. 
A mortalidade durante a anestesia em felinos domésticos é significativamente maior que em caninos 
domésticos. De 79.178 protocolos de sedação e anestesia em gatos, a mortalidade foi de 0.24%. Os fatores 
relacionados a tal ocorrência foram a classificação da ASA, ou pobre estado geral, idade avançada, sobrepeso, 
urgências, intubação endotraqueal e fluidoterapia. Por outro lado o simples uso de oxímetro de pulso e 
monitoração reduziu o risco de óbito (Brodbelt et al 2007), o que demonstra claramente a importância da 
monitoração na rotina anestésica. 
Além das questões inerentes à anestesia da espécie felina, como a maior susceptibilidade à hipotermia e 
dificuldade de intubação, o uso de fluídos e emprego de ventilação artificial não é frequente e apenas 10% dos 
animais eram monitorados com capnografia, ECG e pressão arterial na Inglaterra até a década de 90 (Clarke & 
Hall 1990). Adicionalmente há pouca presença de anestesistas especializados e atenção aos cuidados pós-
operatórios. 
Em seres humanos o uso de oxímetro detecta entre 40 a 82% de incidentes peri-operatórios e quando 
associado à capnografia chega a captar em 88 a 93% estes mesmos acidentes (Eichhorn et al 1986; Tinker et al 
1989; Webb et al 1993). 
Em 47% dos cães e 61% dos gatos os óbitos ocorrem entre 0 e 3 horas do período pós-operatório, sendo 
que em ambas as espécies, em 72% dos casos a causa principal é cardiovascular, respiratória ou a associação 
das mesmas (Brodbelt 2008). A mortalidade em pacientes ASA 3 a 5 é similar em cães e gatos (1,33 e 1,40% 
respectivamente), entretanto a mortalidade dos pacientes ASA 1 e 2 é maior nos gatos (0,11%) que nos cães 
(0,05%). 
Partindo-se da premissa da importância da monitoração anestésica no sentido de se reduzir a mortalidade 
felina. pode-se realizar a monitoração das funções do SNC, cardiovascular, respiratória e metabólica durante a 
anestesia. 
 
Monitoração da profundidade anestésica 
Índice bispectral 
O índice bispectral tem sido usado com frequência no homem e diversas outras espécies domésticas. A 
avaliação da profundidade do plano anestésico objetiva estabelecer uma relação dose-efeito adequada dos 
anestésicos, para adequar a profundidade anestésica, prevenir a super e subdosagem de fármacos e melhorar a 
recuperação (Sebel, 2001). 
 O Índice Bispectral (BIS) é um parâmetro de eletroencefalografia microprocessado que avalia os efeitos 
hipnóticos dos anestésicos e fármacos sedativos no cérebro. É produzido a partir de avaliações de frequência, 
amplitude e coerência das ondas do EEG, relacionados à consciência ou inconsciência. É representado por um 
número de 100 para um estado de consciência e 0 (zero) para ausência de atividade do cérebro (Kearse et al., 
1998). O cálculo do BIS inicia-se com a colheita de sinais do EEG do paciente, que são digitalizados, por meio de 
um conversor de sinal digital, com um filtro para eliminar artefatos e divisão em períodos de 2 segundos. Os 
cálculos espectrais, incluindo transformação rápida de Fourier e análise bispectral, são realizados para obtenção 
do BIS (Gan et al., 1997; Rosow & Mamberg, 1998). É obtido por meio de eletrodos colocados nas regiões frontal 
e malar esquerda e direita do paciente (Vianna & Carvalho, 2000). 
 Partindo-se de um valor de 100 em um indivíduo acordado, à medida que o anestésico é administrado, 
os níveis de sedação e hipnose vão aumentando e os valores de BIS reduzindo, proporcionalmente. Considera-se 
70 como sedação leve, abaixo de 60, níveis profundos de hipnose e 0 (zero), traçado isoelétrico de supressão de 
atividade cerebral (Vianna & Carvalho, 2000). 
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Monitor de Índice Bispectral. 
 
Relação entre o estado clínico do paciente e o BIS correspondente, induzido por sedativos e hipnóticos (Vianna & Carvalho, 
2000; Johansen & Sebel, 2000). 
 
Níveis do BIS Condição Clínica EEG 
100 Acordado 
80-70 Sedado Atividade de alta frequência 
60 Nível hipnótico moderado Atividade de baixa freqüência 
40 Nível hipnótico profundo Supressão de partes do EEG 
0 (zero) Silêncio cortical Supressão total 
 
 Deve-se salientar que o BIS mede um estado do cérebro e não a concentração de uma substância em 
particular. Baixo valor do BIS indica hipnose, independente de como ela foi produzida. O BIS pode reduzir durante 
o sono natural, embora não atinja o padrão de supressão causado por elevadas doses de propofol, tiopental, 
anestésicos voláteis e midazolam (Stanski, 2000). 
 Alguns estudos clínicos objetivaram correlacionar o movimento do paciente e a resposta à incisão 
cirúrgica da pele, bem como respostas autonômicas como taquicardia e hipertensão, durante a anestesia 
(Johansen & Sebel, 2000). Estudos posteriores foram realizados para validação do Índice Bispectral como monitor 
da profundidade da anestesia, ou, mais especificamente, da hipnose e sua relação com sinais intraoperatórios de 
anestesiasuperficial e de analgesia inadequada (Morley, 2001). 
 No homem, valores de BIS abaixo de 60 estão associados com probabilidade extremamente baixa de 
resposta ao comando verbal e probabilidade alta de não haver consciência (Carmona & Slullitel, 2001), e este fato 
é idêntico para todos os agentes hipnóticos testados, sugerindo que o BIS pode ser excelente monitor do nível de 
sedação e da perda da consciência na espécie humana (Stanski, 2000), tanto para os anestésicos intravenosos, 
quanto para anestésicos voláteis, como o desflurano e sevoflurano (Vianna & Carvalho, 2000). 
 Por outro lado em gatos, para valores de CAM de isoflurano e sevofluorano entre 0,8, 1,0 e 1,5, os 
valores de BIS reduziram-se de forma significativa e inversamente proporcional para 30±3 e 32±3 (0,8 CAM), 21±3 
e 20±4 (1,0 CAM) e 5±2 e 5±4 (1,5 CAM) respectivamente (Lamont et al 2004, Lamont et al 2005). De forma 
diferente do ser humano e de cães, os valores de BIS no gato foram extremamente baixos e são de difícil utilidade 
para avaliar de forma indireta a CAM em anestesia profunda. Ainda em gatos os valores de BIS não se 
correlacionaram com as concentrações de isoflurano entre 1,8% to 2,4% e não foram úteis para prever as 
respostas hemodinâmicas ou de movimento após estímulo nociceptivo, o que demonstra que o BIS tem uso 
limitado para avaliar a profundidade anestésica em gatos durante a anestesia por isoflurano (March & Muir 2004). 
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 Da mesma forma, na anestesia IV cuja manutenção anestésica foi realizada com propofol e remifentanil 
ou dexmedetomidina, suficientes para a realização de ovariohisterectomia em gatas , os valores de BIS ficaram 
entre 76 e 80 (Corrêa et al 2007) e 75 e 80 (Castro et al 2006) respectivamente, o que demonstra que o BIS não 
parecer ser útil para monitorar a profundidade anestésica tanto na anestesia IV como inalatória em felinos. 
 
Monitoração da função respiratória: 
Hemogasometria 
As alterações de equilíbrio ácido-básico são similares ao cão. A diferença principal é que o gato apresenta valores 
de pH um pouco inferiores, dada à menor concentração de bicarbonato 
Valores de hemogasometria no cão e gato 
 
Capnografia 
 A capnografia consiste na mensuração da concentração expirada de CO2 e, por conseguinte, fornece 
uma estimativa da PaCO2. É um método não invasivo e prático que demonstra em tempo real a frequência 
respiratória e a ETCO2. 
 Em situações normais a diferença PaCO2-ETCO2 é de 2 a 5 mmHg e ambos os parâmetros apresentam 
a mesma tendência de aumento ou redução, o que torna a ETCO2 um método confiável de avaliação da PaCO2. O 
aumento e redução da ETCO2 refletem um quadro de hiper e hipocapnia respectivamente. Por outro lado, quanto 
maior o espaço morto alveolar (VD alv), maior a diferença entre o CO2 arterial e o expirado P(a-ET)CO2. 
 A mensuração da ETCO2 possibilita checar a intubação, avaliar a eficácia da ventilação controlada 
(volume corrente e frequência respiratória), checar a adequação do fluxo diluente em sistema sem reinalação, 
verificar a integridade do circuito anestésico, quando ao funcionamento das válvulas inspiratória e expiratória, a 
exaustão da cal sodada, evitando a reinalação de CO2 e avaliar a concentração de CO2 em anestesia de baixo 
fluxo (sistema fechado). Adicionalmente viabiliza avaliar a função pulmonar do paciente, quando associado à 
hemogasometria, quanto a possíveis desequilíbrios na relação ventilação/perfusão, alterações de débito cardíaco, 
ocorrência de “shunts” arterio-venosos e embolia Pulmonar (Otto & Matis, 1994). 
 A principal limitação da ETCO2 é quando a relação V/Q estiver alterada, o que faz com que a ETCO2 
subestime a PaCO2. 
 
Oximetria de pulso 
 É um método não invasivo, prático e que detecta de forma imediata as mudanças súbitas na saturação 
de oxigênio na hemoglobina, bem como avalia a frequência cardíaca. 
 A oximetria de pulso apresenta as seguintes limitações: baixa sensibilidade durante hipotensão, com o 
uso de fármacos que causam vasoconstrição periférica (alfa-2 agonistas) e em situações de hipotermia, bem como 
a leitura é prejudicada em regiões pigmentadas e queratinizadas. 
 
Relação entre PaO2 e Saturação de O2 na hemoglobina 
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 Em gatos ao se testarem diversos oxímetros de pulso em saturações de hemoglobina de 98, 85 e 72% 
observou-se que nos equipamentos NPB-395, NPB-190, NPB-290, NPB-40 (Nellcor Puritan Bennett) e V3304 
(Surgi-Vet) as falhas de leitura foram 0, 0,7, 0, 20 é 32% respectivamente e o coeficiente de correlação foi de 0,54, 
0,79,.0,64, 0,49 e 0,57, quando as mensurações foram realizadas na língua, coxim digital plantar, orelha, lábio e 
coxim digital palmar respectivamente. Para saturações acima de 90% as falhas de leitura foram 0, 1,7, 0, 25 e 
43%, respectivamente, o que demonstra que o último modelo é o menos acurado para avaliação de oximetria em 
gatos (Matthews et al 2003). 
 
Monitoração da função cardiovascular: 
Pressão arterial 
A pressão arterial é influenciada pela idade, raça, sexo, temperamento, estado de doença e atividade 
física. Apesar de tender a aumentar com a idade em cães e gatos (Bodey et al 1996; Dukes, 1992), cães com 
idade avançada, acima de 16 anos, apresentam uma queda de pressão arterial (Bodey et al 1998). As fêmeas 
caninas possuem valores de pressão arterial em torno de 10 mmHg a menos em relação aos machos, e os 
animais castrados apresentam valores intermediários (Brown et al., 2007). A obesidade causa aumento da 
pressão em cães (Dukes, 1992). O temperamento do animal também pode produzir uma elevação da pressão 
arterial. Em situações de estresse ocorre uma elevação da mesma (Acierno & Labato, 2004). 
A avaliação da pressão arterial sanguínea é indispensável durante a anestesia, A pressão arterial pode ser 
mensurada de forma invasiva (direta) ou não invasiva (indireta), cuja correlação vem sendo alvo de estudos e 
aprimoramento dentro da clinica veterinária de pequenos animais (Mishina et al., 1997; Gains et al., 1995; Binns et 
al., 1995). A forma invasiva é mais precisa e considerada o “padrão ouro” (Fox et al., 1999). Neste caso é 
necessária a cateterização de uma artéria periférica, o que pode ser tecnicamente difícil (Gains et al., 1995), 
particularmente em gatos. A mensuração pelo método invasivo apresenta a vantagem de monitorar a pressão 
arterial de forma contínua e possibilitar a colheita de sangue arterial para hemogasometria (Egner et al., 2003). As 
artérias mais utilizadas são a femoral, podal dorsal, auricular externa e sublingual (Crowe, 2007; Egner et al., 
2003; Fox et al., 1999). A técnica consiste na colocação de um cateter arterial conectado a um transdutor de 
pressão por um tubo rígido e a obtenção dos valores da pressão sistólica, diastólica e média, amplificados e 
exibidos num monitor (Egner et al., 2003). Apesar de mais fidedigna e acurada em relação ao método não 
invasivo, alguns erros de leitura podem ocorrer devido ao diâmetro do catéter, comprimento dos tubos de conexão, 
presença de bolhas de ar e probabilidade de formação de coágulos (Carvalho, 2009). Há ainda a possibilidade de 
algumas complicações como hemorragias, tromboembolismo e infecções (Gains et al., 1995). 
Dentre os métodos indiretos (não invasivos) destacam-se o ultrassônico por Doppler (Figura 1), o 
oscilométrico (Figura 2) e o fotopletismográfico. São baseados na interrupção do fluxo sanguíneo do membro do 
animal, por um cuff inflável conectado a um manômetro. Ao se desinflar o manguito gradualmente, a circulação é 
restabelecida e a pressão registrada (Brown & Henik, 2002). 
Anestesiologia Veterinária – FMVZ- UNESP – Botucatu – SP- 2016 
 
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 Figura 1: Doppler ultrassônico 
 
 
Figura 2- PetMap® e cuff´s

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