Buscar

fc4b17847fab713eb3daf8b9c61aa03232342bf01cff9e88896cd978eef10feb31eb1bd36b949db5399a7675212ba6f2dcec2c10df64714011001df9d47b7bdb

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 164 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 164 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 164 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS 
DE LEGISLAÇÃO
Professora Me. Monica Cameron Lavor Francischini
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Paulo Pardo
Design Educacional
Fernando Henrique Mendes 
Rossana Costa Giani 
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
Jaime de Marchi Junior
Humberto Garcia da Silva 
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi
Keren Pardini
Maria Fernanda Canova Vasconcelos
Nayara Valenciano
Ilustração
Robson Yuiti Saito
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; FRANCISCHINI, Monica Cameron Lavor.
 Fundamentos de Legislação. Monica Cameron Lavor 
Francischini. 
 Reimpressão
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 164 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Direito. 2. Direito positivo. 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-8084-542-6
 
CDD - 22 ed. 340
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Professora Me. Monica Cameron Lavor Francischini
Mestre em Ciências Jurídicas com ênfase nos Direitos da Personalidade 
pelo Centro Universitário de Maringá (UniCesumar/PR). Especialista em 
Direito Público e em Educação a Distância, ambas pelo Centro Universitário 
de Maringá (UniCesumar/PR). Graduada pelo Centro Universitário das 
Faculdades Metropolitanas Unidas (UniFMU/SP). Docente no ensino 
presencial e a distância do Centro Universitário de Maringá (UniCesumar/PR).
A
U
TO
R
A
SEJA BEM VINDO(A)!
Este é o livro de FUNDAMENTOS DE LEGISLAÇÃO que foi desenvolvido especialmente 
para você de forma a instruí-lo sobre o universo jurídico existente e ligado ao mundo 
dos negócios. 
Nosso livro está dividido em CINCO unidades e antes de entrarmos nas unidades em si, 
quero exemplificar a importância do direito, afinal este livro tem o objetivo de fornecer 
as bases necessárias que servirão de alicerce para o exercício da sua futura profissão. 
Apesar de não percebemos, o Direito faz parte do cotidiano, como quando ligamos a 
torneira para escovar os dentes pela manhã, estamos utilizando um objeto de um con-
trato de prestação de serviços fornecido pela companhia hidráulica, ou então quando 
ligamos o abajur antes de dormir para estudar para a prova do dia seguinte, estamos 
utilizando um objeto de um contrato de prestação de serviços fornecido pela compa-
nhia de energia elétrica.
Até a leitura deste livro faz parte do Direito, afinal ele foi elaborado e entregue a você, 
acadêmico(a), em consequência de um contrato de prestação de serviços que você assi-
nou com a instituição de ensino.
Por isso, conhecer o funcionamento do Direito é essencial para as tomadas de decisão 
na vida pessoal e profissional. E repito: este é o objetivo deste livro!
O primeiro questionamento que devemos nos fazer quando estudamos qualquer ramo 
do Direito é: Qual o seu conceito e finalidade? O que é direito e por que ele existe? 
As respostas a estas perguntas estarão na primeira unidade deste livro, assim como os 
principais conceitos jurídicos necessários para você entender a legislação tributária.
A nossa segunda unidade complementará a primeira e tratará dos conceitos e institutos 
básicos do ramodo Direito Tributário.
Na unidade III estudaremos o conceito de tributo, sua classificação e as espécies que 
existem hoje no ordenamento jurídico.
Já a unidade IV ensinará sobre a relação jurídica dentro do campo tributário, onde o Es-
tado age com soberania em suas ações, afinal ele está representando o interesse público 
e coletivo.
E, por fim, nossa quinta e última unidade nos levará ao mundo jurídico das obrigações 
e dos créditos tributários.
Com todo este conteúdo, eu acredito que você, acadêmico(a), terá uma ótima base jurí-
dica para fundamentar suas decisões. Vamos em frente!
APRESENTAÇÃO
FUNDAMENTOS DE LEGISLAÇÃO
9
SUMÁRIO
9
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
15 Introdução
15 A Origem e Finalidade do Direito 
16 Conceito de Direito 
17 Direito e Estado: O Estado Moderno 
21 Direito Natural e Direito Positivo 
21 O Ordenamento Jurídico 
25 Decreto Regulamentar, Instruções Ministeriais, Circulares, 
Portarias e Ordens de Serviço
27 Direito Objetivo e Direito Subjetivo 
27 Divisão do Direito 
30 Fontes do Direito 
30 Lei 
37 Costume (usos) 
38 Doutrina 
39 Jurisprudência 
40 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE II
NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
45 Introdução
45 Conceito de Direito Tributário 
47 Estado de Direito 
53 Principais Princípios Constitucionais 
60 Principais Princípios do Direito Tributário 
64 Fontes do Direito Tributário 
68 Considerações Finais 
UNIDADE III
DEFINIÇÃO DE TRIBUTO
73 Introdução
73 Conceito de Tributo 
77 Classificação dos Tributos 
79 Espécies Tributárias 
79 Impostos 
87 Taxas 
89 Contribuições de Melhoria 
90 Demais Contribuições 
94 Empréstimos Compulsórios 
98 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE IV
RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA
103 Introdução
103 Relação Jurídica e Sujeitos do Direito 
104 Fato Gerador 
106 Regra-Matriz de Incidência Tributária 
120 Aspecto Quantitativo 
124 Considerações Finais 
UNIDADE V
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E CRÉDITO TRIBUTÁRIO
129 Introdução
129 Obrigação Tributária 
131 Do Crédito Tributário 
135 Das Formas de Suspensão do Crédito Tributário 
140 Das Formas de Extinção do Crédito Tributário 
147 Das Formas de Exclusão do Crédito Tributário 
149 Diferenças entre Imunidade, Isenção e não Incidência 
151 Isenção e Alíquota “0” (zero) 
152 Simples Nacional 
158 Considerações Finais 
161 Conclusão
163 Referências
U
N
ID
A
D
E I
Professora Me. Monica Cameron Lavor Francischini
INTRODUÇÃO AO ESTUDO 
DO DIREITO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar conceitos de Direito e suas peculiaridades.
 ■ Definir Estado de Direito.
 ■ Diferenciar Direito Natural e Direito Positivo.
 ■ Estudar o ordenamento jurídico brasileiro.
 ■ Diferenciar Direito Objetivo de Subjetivo.
 ■ Estudar os ramos do Direito Positivo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ As origens e o conceito de Direito
 ■ Direito e Estado
 ■ Direito Natural e Positivo
 ■ Hierarquia das leis
 ■ Ordenamento Jurídico Brasileiro
 ■ Principais aspectos das normas jurídicas
 ■ Direito Objetivo e Subjetivo
 ■ Ramos do Direito Positivo: Direito Público e Privado
 ■ Fontes do Direito
INTRODUÇÃO
Olá aluno(a)! Seja bem-vindo(a) ao estudo do Direito!
Nesta unidade iremos trabalhar as bases necessárias para que você possa enten-
der a legislação tributária que será apresentada nas unidades seguintes. 
O Direito faz parte das nossas vidas, regula a sociedade desde o nascimento 
das pessoas até a sua morte, diariamente nos envolvemos em relações jurídicas, 
por isso, é necessário conhecer o seu funcionamento para tomada de decisões. 
Nesta unidade nós iremos tratar de alguns conceitos e aspectos históricos do 
Direito em geral, analisando pontos imprescindíveis e peculiaridades, tais como 
vigência e irretroatividade da lei.
Estudaremos institutos conhecidos dos operadores do Direito, que fazem 
com que tenham uma linguagem própria no seu cotidiano.
É claro que você, acadêmico(a), não precisa entender toda esta linguagem 
jurídica, mas conhecer os conceitos básicos e o funcionamento da legislação é 
primordial no seu desempenho profissional. 
A ORIGEM E FINALIDADE DO DIREITO
Podemos afirmar que o Direito nasceu junto com o agrupamento humano, a 
partir do momento que o homem começa a viver em sociedade, as normas de 
condutas passam a existir, pois é impossível imaginar alguém vivendo em socie-
dade sem a existência de normas para regulamentarem as relações.
Existem pessoas que defendem que o direito é uma criação divina, que o 
Direito foi criado pela figura de um Deus:
“A origem divina está ligada à figura de um Deus, de um ser superior a tudo 
e a todos, que formula as leis e as entrega a seu povo, os hebreus chefiados por 
Moisés ou os Faraós do Egito que eram a própria pessoa de Deus” (MORAES, 
2009, p. 24).
No mesmo sentido Carletti (1986, v. III, p. 373) ensina que: 
Introdução
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
15
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
As Ordálias (Juízo de Deus) são um exemplo da crença do povo em um 
julgamento divino, senão vejamos: “A Ordália é para a mentalidade pri-
mitiva, para a qual o direito é todo fundido com a religião, o juízo por 
excelência, na qual a mesma divindade, invocada diretamente pelo im-
putado ou por meio do sacerdote, emite a sua sentença por meio de uma 
prova que, se é favorável ao acusado, manifesta a sua inocência, se ao 
invés lhe é desfavorável, afirma inapelavelmente a sua culpabilidade. Na 
ordália, portanto, o elemento sagrado (quer místico-mágico, como junto 
às populações primitivas, quer divino como nos juízos de Deus da Idade 
Média), está em primeiro plano; ela funciona como agente destruidor 
se o imputado é culpado, enquanto exalta sua inocência e a força, se ele 
pode sustentar a prova sem dano. A ordália, especialmente durante a 
Idade Média que oferece muitíssimos exemplos, é geralmente e quase 
exclusivamente interpretada como uma forma de juízo divino [...].
A primeira teoria, ou seja, que o Direito tem sua origem na sociedade é a mais 
aceita, como afirmavam os antigos romanos: ubi societas, ibi jus (onde houver 
sociedade, aí estará o Direito).
Como o direito é uma norma de conduta, que regulamenta a sociedade e 
que traz com ela uma sanção, sua finalidade é estabelecer a ordem em sociedade.
Por isso, se voltarmos no passado em qualquer momento da história, na mais 
primitiva sociedade, encontraremos vestígios do Direito, pois é impossível ima-
ginarmos a sociedade sem normas de condutas. As “leis” não eram como são 
hoje, que seguem toda uma tramitação, elaboradas por um Poder Legislativo, 
muitas vezes encontraremos a “lei do mais forte”, todavia, não podemos descar-
tá-la, pois esta pode ser considerada o embrião do Direito atual.
Dessa forma, podemos resumir a origem e finalidade do Direito em: o Direito 
nasce com a vida em sociedade e sua finalidade é manter a paz social. Vamos 
refletir mais sobre isso.
CONCEITO DE DIREITO
Todos nós temos uma noção do significado do termo Direito, e esse pode ser 
utilizado de diversas maneiras: “eu tenho o direito de viajar”, “meu patrão não 
Direito e Estado: O Estado Moderno
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 de 
19
98
.
17
me pagou direito”, “o professor não tinha o direito de cobrar essa questão na 
prova”. Para nós, direito é norma de conduta que rege a sociedade e tem sanção.
Do conceito apresentado, vamos acrescentar “traz uma sanção”, pois, se a 
norma não tiver sanção, a sociedade não poderá ser punida por desrespeitá-la.
O direito é um conjunto de normas, pois são inúmeras as leis existentes, e 
estas normas são gerais e positivas, sendo emanadas por um poder soberano. 
Entende-se por Poder Soberano o Estado, por meio do Poder Legislativo, que 
tem a competência para formular as leis que disciplinam a vida social, estabelece 
os direitos e deveres de cada um, e, por fim, traz uma sanção, a norma precisa 
de uma sanção (pena), caso contrário, a sociedade não vai cumpri-la, tendo em 
vista que a ausência de sanção na norma transforma esta em uma lei morta, sem 
eficácia, pois não existe punição para quem não cumpri-la.
Assim, de forma simples, podemos elaborar o seguinte conceito: Direito é o 
conjunto de regras obrigatórias dirigidas à sociedade e que estabelece uma pena 
para quem não cumpri-las.
DIREITO E ESTADO: O ESTADO MODERNO
É difícil precisar o momento exato do surgimento do 
Estado. Basicamente, existem três teorias acerca da 
sua formação. Para a primeira teoria o Estado sempre 
existiu, desde o momento que o homem se reuniu 
e passou a viver em comunidade; já a segunda 
teoria, define que no início não havia Estado, 
mas as necessidades de regular a convivência 
entre as pessoas o fez surgir, e o terceiro 
grupo que define que o Estado é uma socie-
dade política dotada de certas características 
bem definidas, que se fundam na soberania e 
passa a existir a partir do século XVII (DALLARI, 1998).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Evolutivamente, pode-se falar na história do Estado passando pelas seguin-
tes fases: Estado Antigo, Estado Grego, Estado Romano, Estado Medieval e 
Estado Moderno.
O Estado Antigo tinha como fundamento a religião, sendo o poder dos 
governantes explicados pela ordem divina, por escolha dos deuses. Já o Estado 
Grego caracterizou-se pela presença das cidades-estados, que era a sociedade 
política de maior expressão, neste Estado a divisão de classes era visível e ape-
nas uma pequena parte participava das decisões do Estado.
O Estado Romano tinha uma base familiar forte e demarcada, sendo que 
apenas uma pequena parcela, considerados os patrícios tinham direito de par-
ticipar do governo, neste período diversos códigos foram criados, por exemplo, 
a codificação de Justiniano, conhecido como Corpus Juris Civilis.
No período de transição para o Estado Medieval as demais pessoas foram 
conquistando direitos, quando no ano de 313, com o Edito de Milão, Constantino 
assegurou a liberdade religiosa, quebrando assim a superioridade dos romanos 
cristãos.
O Estado Medieval foi marcado por alguns fatores, entre eles o cristianismo, 
as invasões bárbaras e o feudalismo. O cristianismo fortalece o poder da Igreja 
que com o passar do tempo faz entrar em choque os poderes do Imperador e do 
Papa. Com esse esfacelamento inicia-se uma série de invasões com base religiosa 
pela busca de territórios feita pelos povos vizinhos dos romanos, os chamados 
bárbaros. Assim, para se proteger as pessoas passariam a viver em feudos, é a 
sociedade feudal, onde cada feudo tinha suas próprias regras, sendo que a cen-
tralização era feita basicamente pela Igreja que se utilizava da Bíblia para exercer 
coerção e justificar seu poder, foi o auge do chamado Direito Eclesiástico.
No século XII tem-se um dos fatos mais marcantes para as mudanças que 
viriam a seguir, é o renascimento do comércio, a formação dos burgos, chegando 
a Revolução Industrial e finalmente a Revolução Francesa, com seus princípios 
de liberdade, igualdade e fraternidade, que podem ser vistos como estopim da 
eclosão do Estado Moderno, que se define como laico, ou seja, não se vincula a 
uma religião, seu poder era fundado na vontade da coletividade que delega a seus 
representantes as prerrogativas para exercício do poder, que é definido e limi-
tado por uma Constituição que passa a ser a base do ordenamento do Estado. 
Direito e Estado: O Estado Moderno
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
19
Ou seja, por essa pequena incursão histórica, chega-se ao conceito que hoje 
define o Estado Moderno como um ente que possui organização própria, estru-
tura administrativa e aparato jurídico, que se funda em uma Constituição, que 
é o mecanismo legal que garante e legitima sua própria criação. Assim, define-
-se Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de 
um povo situado em um determinado território” (DALLARI, 1998).
Complementando este pensamento, o Estado é a nação política e juridica-
mente organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob um governo, 
para a realização do bem comum do povo, sendo formado pelos seguintes prin-
cipais elementos:
O povo é o conjunto de cidadãos, o componente humano, o elemento pessoal 
do Estado, é para ele e por meio dele que o Estado se forma, pode ser definido 
como:
o conjunto dos indivíduos que através de um momento jurídico, se 
unem para constituir o Estado, estabelecendo com este um vínculo de 
caráter permanente, participando da formação da vontade do Estado e 
do exercício do poder soberano (DALLARI, 1998, p.132).
O território é o espaço físico e geográfico, ou seja, a base geográfica do poder, 
sendo constituído pela “terra firme, com as águas aí compreendidas, o mar 
territorial, o subsolo e a plataforma continental, bem como o espaço aéreo” 
(BONAVIDES, 1999). 
O governo é a organização necessária para o exercício do poder político, 
ou seja, aquele que tem capacidade de impor aos outros determinados tipos de 
comportamento.
Já a soberania ou poder soberano é o poder de organizar-se juridicamente e 
fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas decisões nos limites 
dos fins éticos de convivência. É o poder do Estado de efetivar sua ordem, sem 
se subordinar a qualquer outra ordem, representa a independência do Estado 
em relação a outros estados e, também, representa o poder normativo do estado 
perante seu povo dentro do seu território. Esta soberania apresenta-se de duas 
formas: a interna e a externa.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
A soberania interna significa imperium que o Estado tem sobre o terri-
tório e a população, bem como a superioridade do poder político frente 
aos demais poderes sociais, que lhe ficam sujeitos, de forma mediata ou 
imediata. A soberania externa é a manifestação independente do poder 
Estado perante outros Estados (BONAVIDES, 1999, p. 166).
Mas qual a finalidade da existência do Estado? O Estado exerce esse poder com 
a finalidade principal da realização do bem comum, atendendo as necessidades 
públicas, por meio da prestação de serviços e construção de obras públicas que 
assegurem a estrutura básica para que a sociedade civil atinja seus objetivos.
Alguns destes objetivos estão previstos no artigo 6 da Constituição Federal 
(lei máxima do nosso país, e que será também estudada) e estipula como fun-
ções do Estado oferecer à sociedade: segurança, alimentação, educação, saúde 
e previdência social.
Assim, diante de todo exposto, vê-se que Direito e Estado são indissociáveis, 
é um ciclo posto que o Estado cria o Direito que, por sua vez, o legitima e regula. 
Diante disto e do que foi analisado anteriormente, constata-se queo Direito sem-
pre existiu para regular a vida humana em coletividade, ele pode ser expressado 
de diversas formas, como a moral, a religião, os costumes. Mas após a institui-
ção do Estado como poder central detentor da soberania de instituir as leis e 
regras para aquele povo e território, o Direito passa a ser visto dentro da separa-
ção entre Direito Natural e Direito Positivo. Vejamos, a seguir, estas concepções.
A citada soberania do Estado é una e indivisível, porém, existe a separação 
de poderes para melhor consecução dos fins almejados e para manutenção 
da liberdade, que não consegue se efetivar quando todos os poderes en-
contram-se nas mãos de apenas uma pessoa. 
Esta separação propugnada por Montesquieu no século XVIII divide o po-
der do Estado em Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo o Legislativo o 
responsável por fazer as leis, o Executivo por executá-las e administrar a or-
ganização, e o Judiciário, a quem incumbe a aplicação do direito, dirimindo 
litígios e controvérsias que lhe são trazidos para apreciação.
Direito Natural e Direito Positivo
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
21
DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO
Dentro da doutrina jurídica é comum a definição da dicotomia entre Direito 
Natural e Direito Positivo.
O Direito Natural, ou Jusnaturalismo, não é aceito por todos os doutrina-
dores, para os que o aceitam e o definem, ele é o conjunto de regras universais, 
inerentes ao homem que não é imposto pelo Estado ao indivíduo, tem base na 
Lei Divina. Ele se impõe a todos por sua própria força principiológica, ele é cons-
tituído pelas regras da própria natureza, por exemplo, o direito de viver. 
O seu mais famoso expositor é Santo Agostinho (354-430 d.C), que define 
que a Lei divina sempre existiu e é anterior a lei dos homens, é imutável, não se 
corrompe e se aplica a todos.
Para alguns doutrinadores o Direito Natural é visto como a base dos direi-
tos fundamentais hoje fixados na Constituição, como direito a vida, a liberdade 
de ir e vir, a liberdade religiosa, a liberdade de expressão, dentre outros.
Já o Direito Positivo é o direito posto pelo Estado, são as regras que estão em 
vigor em um determinado país, regras que foram feitas pelo poder público, são 
as leis, códigos, tratados internacionais, decretos e regulamentos.
Basicamente, o “Direito positivo é o direito que depende da vontade humana, 
enquanto o Direito Natural é o que independe de ato de vontade, por refletir 
exigências sociais da natureza humana, comuns a todos os homens” (FUHRER, 
2007, p. 62).
O ORDENAMENTO JURÍDICO
Antes de adentrarmos ao conceito de ordenamento e definição de seus elemen-
tos, parece importante conceituar de forma sucinta o que vem a ser uma norma. 
Neste sentido, Diniz define que:
a norma jurídica é uma norma de conduta, no sentido de que seu es-
copo direto ou indireto é dirigir o comportamento dos particulares, 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E22
das comunidades, dos governantes e funcionários no seio do Estado e 
do mesmo Estado na ordem internacional. Ela prescreve como se deve 
conduzir a conduta de cada um (DINIZ, 1998, p. 24).
As normas são o conteúdo da lei, 
que é a forma com que a norma se 
expressa, as normas prescrevem 
como deve o homem se compor-
tar, por isso são denominadas 
por Hans Kelsen (estudioso do 
Direito) como “dever ser”.
As normas jurídicas devem 
expressar um imperativo ou uma 
autorização, um imperativo de 
fazer ou não fazer ou uma auto-
rização de agir:
imperativa porque prescreve as condutas devidas e os comportamentos 
proibidos, e, por outro lado é autorizantes, uma vez que permite ao 
lesado pela sua violação exigir seu cumprimento, a reparação do dano 
causado ou ainda a reposição das coisas ao estado anterior (DINIZ, 
1998, p. 26).
Ou seja, as normas expressam uma obrigação, uma proibição ou uma permissão.
No Brasil o Ordenamento Jurídico é imenso e composto pela Constituição Federal 
(CF), por milhares de leis, códigos, decretos etc. Basicamente, os elementos do 
ordenamento jurídico nacional são os seguintes:
Quanto mais complexa e evoluída a sociedade mais normas existem para 
regulá-la. Estas normas, dentro do Direito Positivo são expressas como leis. 
Sendo que o conjunto destas leis impostas pelo Estado aos seus indivíduos, 
forma o seu ordenamento jurídico. 
O Ordenamento Jurídico
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
23
Constituição Federal
É a lei fundamental do Estado. A Constituição ocupa o ápice do ordenamento 
jurídico devendo ser observada, acatada e respeitada por todas as outras normas 
existentes, formando um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras 
que regula a forma de Estado, a forma de governo, o estabelecimento de seus 
órgãos e os limites de sua ação, ou seja, é o conjunto de normas que organiza os 
elementos constitutivos do Estado.
Emendas Constitucionais
São diplomas legais com capacidade de modificar a Constituição Federal (exceto 
as cláusulas pétreas), por meio de um procedimento específico.
Este procedimento específico diz respeito a sua elaboração, ou seja, as emen-
das constitucionais somente podem ser propostas ao Congresso Nacional por 
um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; pelo Presidente da República; ou por mais da metade das Assembleias 
Legislativas das Unidades da Federação, pela manifestação da maioria relativa 
de seus membros.
Ainda, tal proposta será discutida e votada, em dois turnos, em cada casa 
do Congresso Nacional, devendo ser aprovada mediante o quorum de 3/5 dos 
votos de seus membros, inexistindo sanção ou veto presidencial.
No artigo 60, § 4 da nossa Constituição Federal, estão elencadas as cláusu-
las pétreas. A palavra pétrea vem de pedra, significando “duro como pedra”. 
Trasladando a etimologia da palavra para o campo constitucional, cláusula 
pétrea é aquela imodificável, irreformável, insuscetível de mudança formal. 
Tais cláusulas consignam o núcleo irreformável da Constituição.
Assim, a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e peri-
ódico, a separação dos poderes, os direitos e garantias individuais (como o 
artigo 5, XXXII), não podem sofrer alterações tendentes a aboli-las (nem por 
emendas constitucionais), porquanto são imodificáveis.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E24
Lei Complementar
São diplomas legais com a função de complementar dispositivos constitucio-
nais. As leis complementares devem ser aprovadas por maioria absoluta do 
Congresso Nacional.
Lei Ordinária
São diplomas normativos aprovados pelos parlamentos (Congresso Nacional, 
Assembleia Legislativa, Câmara Distrital e Câmara de Vereadores) com a função 
de inovar a ordem jurídica, ou seja, criar ou extinguir direitos e obrigações. As 
Leis Ordinárias devem ser aprovadas por maioria simples do Congresso Nacional.
Lei Delegada
É de competência do Presidente da República, este solicita ao Congresso Nacional 
uma delegação para elaborar aquela determinada lei. Esta “autorização” é feita 
por meio de Resolução.
Medida Provisória
É também de competência do Presidente da República, e somente pode ser edi-
tada quando a matéria for de extrema relevância e urgência, tendo 60 (sessenta) 
dias para ser convertida em lei, sob pena de perder sua validade/vigência.
Decreto LegislativoIntroduzem no sistema os tratados, acordos e convenções internacionais, sendo 
ato privativo do Congresso Nacional.
A aprovação por maioria simples exige apenas metade mais um dos votos dos 
parlamentares presentes no dia da votação, enquanto que a maioria absoluta 
exige metade mais um dos votos de todos os parlamentares daquela casa.
Decreto Regulamentar, Instruções Ministeriais, Circulares, Portarias e Ordens de Serviço
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
25
Resoluções
Diplomas legais privativos do Congresso Nacional que são aprovados exclusiva-
mente pelo Senado Federal com a mesma força da lei ordinária, como aquelas 
que estabelecem alíquotas mínimas de ICMS.
DECRETO REGULAMENTAR, INSTRUÇÕES 
MINISTERIAIS, CIRCULARES, PORTARIAS E ORDENS 
DE SERVIÇO
São normas jurídicas editadas pelo Chefe do Poder Executivo (Presidente da 
República, Governador ou Prefeito) com o objetivo de interpretar e detalhar a 
aplicação prática da lei. Estes diplomas legais não podem inovar a ordem jurí-
dica, ou seja, criar direitos ou obrigações não previstas em lei. Admite-se, no 
entanto, a instituição de obrigações instrumentais, viabilizadoras daquelas já 
previstas em lei, por parte de normas infralegais.
Ainda, as normas complementares são orientações dadas pelas autoridades 
administrativas a seus subordinados (portarias, instruções normativas, ordens 
de serviço, circulares, pareceres, atos declaratórios etc.). Também são normas 
complementares dos convênios celebrados pelos entes estatais entre si. Por fim, 
as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de âmbito administrativo, a que 
a lei atribua eficácia normativa, também se enquadram no gênero em questão.
Assim, podemos dizer que de forma simplificada estes são os elementos do 
nosso ordenamento jurídico. Diante de tantas leis é necessário que se tenha esta-
belecido uma forma para que estas não se contradigam ou se excluam. Ou seja, 
dentro do ordenamento jurídico deve existir uma hierarquia entre as leis, partindo 
da lei base que é a Constituição Federal e a ela devem se adequar todas as demais.
Esta hierarquia do ordenamento jurídico tem a forma de uma pirâmide ela-
borada por um jurista austríaco chamado Hans Kelsen:
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E26
Figura 01: Pirâmide de Kelsen. Hans Kelsen e o Positivismo Normativista
Fonte: http://notasdeaula.org/dir1/ied_08-05-08.html
Ainda neste aspecto, as leis também podem ser classificadas de acordo com seu 
campo de atuação. 
Conforme já mencionado, a mais importante lei dentro do território nacio-
nal é a Constituição Federal, portanto, nenhuma outra norma pode contrariá-la. 
Na sequência, temos as leis federais, que têm abrangência nacional, ou seja, 
são válidas dentro do território brasileiro, tanto na cidade de Uruguaiana no 
Rio Grande do Sul, quanto na cidade de Palmas em Tocantins, por exemplo, o 
Código Brasileiro de Trânsito.
Um nível abaixo estão as leis estaduais, que têm eficácia dentro do espaço 
geográfico de cada um dos Estados brasileiros (por isso, a alíquota do IPVA, por 
exemplo, é diferente de um Estado para outro). E, por último, a lei municipal, 
que só é válida dentro do Município e dos 
seus Distritos (por isso, ocorre da alíquota 
do IPTU ser menor em uma cidade do que 
em outra). Podemos representar a hierar-
quia das leis, conforme o gráfico ao lado:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Leis Federais
Leis Estaduais
Leis Municipais
Direito Objetivo e Direito Subjetivo
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
27
DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
O direito objetivo é a lei. É a norma estabelecida à sociedade, podemos citar como 
exemplos: o Código Civil, o Código Penal, o Código de Defesa do Consumidor 
e a Constituição Federal. 
Por sua vez, o Direito Subjetivo é a faculdade de agir, é a vontade do indiví-
duo de agir, de buscar no Direito Objetivo o seu próprio direito. Por exemplo, o 
empresário que aceita um cheque pré-datado de um cliente e deposita o cheque 
antes do prazo pactuado, causando a inscrição indevida do nome do cliente no 
SCPC. Dessa forma, a lei (Código Civil) prevê a possibilidade de o cliente mover 
uma ação de indenização por danos morais. Nesse caso, o Código Civil é o direito 
objetivo, para que isso ocorra é necessário que o cliente mova a ação indeniza-
tória em face do empresário. Assim procedendo, aquele estará fazendo uso do 
direito subjetivo. O Direito Subjetivo, segundo Segundo Fwrer (2007, p. 33) é:
a faculdade ou prerrogativa de o individuo invocar a lei na defesa de 
seu interesse. Assim, ao direito subjetivo de uma pessoa corresponde 
sempre o dever de outra, que se não o cumprir, poderá ser compelida a 
observá-lo através de medidas judiciais.
DIVISÃO DO DIREITO
O Direito é único, todavia, para uma melhor compreensão, ele pode ser dividido 
em dois grandes grupos, ou seja, o Direito Público e o Direito Privado. Esta divi-
são vem desde a época do Imperador Justiniano (527-565).
DIREITO PÚBLICO
É o ramo do direito que trata das coisas do Estado. Que tem o Estado como sujeito 
principal da relação jurídica e representante dos interesses coletivos. Para Max 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E28
e Edis (2002, p. 34), “o Direito Público disciplina os interesses gerais da cole-
tividade, e se caracteriza pela imperatividade de suas normas, que não podem 
nunca ser afastadas por convenção dos particulares”.
Ainda, o Direito Público se divide em Nacional e Internacional, sendo o 
primeiro o conjunto de normas vigentes dentro de um país, por exemplo, no 
Brasil, na Argentina, no Chile etc.; por sua vez o Direito Internacional são as 
leis que regem a relação entre países ou entre os particulares (pessoas físicas 
ou pessoas jurídicas) em países diversos.
Os ramos do direito público nacional, em regra geral, podem ser classifi-
cados da seguinte forma:
 ■ Direito Constitucional: trata da organização do Estado e estabelece os 
direitos e garantias fundamentais da pessoa.
 ■ Direito Administrativo: constitui as normas jurídicas e princípios que 
regem os interesses do Estado.
 ■ Direito Penal: é o conjunto de normas jurídicas que definem as condu-
tas criminosas e fixa as punições para quem praticá-las.
 ■ Direito Tributário: é o conjunto de leis que determinam a forma de 
como o Estado deve arrecadar tributos dos contribuintes. Este será 
nosso objeto de estudo.
Divisão do Direito
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
29
Direito Processual Civil e Direito Processual Penal: fixam a forma pela qual o 
Poder Judiciário deve dar andamento nos processos, por exemplo, estabelece os 
prazos que as partes têm para se manifestar, fixa o fórum competente para julgar 
o processo, indica os tipos de recursos que podem ser utilizados, entre outros.
O Direito Internacional Público rege as normas que regulam a relação 
entre os países, por exemplo, na construção do Canal da Mancha (Inglaterra-
França), se tivesse ocorrido alguma divergência entre eles, não seria aplicada 
nem a legislação inglesa e nem a francesa, mas as normas de Direito Público 
Internacional.
DIREITO PRIVADO
É o ramo do direito que trata das relações entre os privados (pessoasfísicas e 
jurídicas), tal como a produção e aplicação das normas jurídicas, mas sem dei-
xar de ter como diretrizes máximas primeiro a Constituição Federal e depois as 
demais normas criadas pelo Estado. O núcleo dessas relações é sempre o inte-
resse individual ou, no máximo, o de uma pequena parcela da sociedade.
Por seu turno, o Direito Privado também é dividido em Nacional e 
Internacional, sendo o Direito Privado Nacional aquele que regula a atividade 
dos particulares entre si em território brasileiro, e o Internacional Privado aquele 
que regula a relação entre os particulares que tenham relação em mais de um 
país, cabendo ao juiz decidir qual a lei a ser aplicada. São considerados ramos 
do direito privado Nacional:
Direito Civil: é o ramo do direito privado que estuda a relação entre as pes-
soas (casamento, separação, divórcio, adoção, obrigações, responsabilidade civil, 
inventário etc.), a relação entre as pessoas e seus bens (propriedade, posse, usu-
capião, enfiteuse, desapropriação etc.) e a relação entre pessoas, bens e pessoas 
(compra e venda, empréstimo, locação, arrendamento etc.).
Direito Comercial (ou Empresarial): regula a atividade dos comerciantes/
empresários, seus atos e contratos (títulos de créditos, falências, recuperação 
judicial, as sociedades etc.).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E30
FONTES DO DIREITO
Fonte significa nascente de água ou origem, ou seja, de onde alguma coisa nasce 
ou se origina e no direito se classificam em:
FONTES MATERIAIS
São aquelas de onde se originam, é a sociedade em constante mudança e evolu-
ção, onde os fatos sociais produzem as normas. Representam o conglomerado 
de fatores ou fenômenos sociais que compreendem elementos políticos, eco-
nômicos, morais e religiosos, que extraídos da realidade social influenciam o 
legislador ao criar as normas, quanto à sua substância, determinando o surgi-
mento do direito, exteriorizado na norma jurídica.
FONTES FORMAIS
São as formas como se exteriorizam, ou seja, aquelas diversas maneiras pelas 
quais se manifesta o direito, são os meios por meio dos quais o direito aparece 
nos diversos sistemas jurídicos, sendo por intermédio das leis, jurisprudências, 
doutrina, costumes, analogia, equidade e princípios gerais do direito. Vamos 
estudar as fontes formais mais detalhadamente.
LEI
A lei é a principal fonte de direito que o juiz tem para dirimir os conflitos exis-
tentes. Como já exposto, a lei é norma de conduta que rege a sociedade, que 
nasce do Poder Legislativo e tem força coercitiva, por exemplo: a Lei n.º 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002, conhecida como Código Civil brasileiro.
Lei
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
31
Para que uma lei exista são necessários 04 (quatro) elementos: a) dispositivo 
que é o conteúdo da lei, ou seja, o texto da lei; b) sanção que é a concordân-
cia do Presidente da República, com o dispositivo, em caso contrário, quando 
o Presidente da República não concorda, ocorre o veto (que pode ser derru-
bado pelo Congresso Nacional); c) promulgação após a sanção e o Presidente 
da República determina que a lei seja cumprida; d) publicação é a forma que o 
Estado encontrou para dar conhecimento a todos de que a lei existe.
VIGÊNCIA DA LEI
O fato de a lei existir não significa que a mesma esteja em vigência, ou seja, que 
somos obrigados a cumpri-la, pois o fato de a lei ter sido publicada no Diário 
Oficial é para dar conhecimento de sua existência.
O Decreto-Lei nº. 4.657, de 04 de setembro de 1942, também conhecido 
como LICC – Lei de Introdução ao Código Civil é o que determina a vigência 
de uma lei no país, apesar do nome (Lei de Introdução ao Código Civil) essa é 
uma lei de introdução a todas as leis existentes, pois é uma norma que regula-
menta as demais normas.
O Brasil optou pela publicação da lei no Diário Oficial para que as pessoas 
tenham conhecimento que uma lei existe e para que a mesma possa entrar em 
vigência. A sociedade brasileira só está obrigada a cumprir a lei após a mesma 
estar em vigor. 
No Brasil existem 03 (três) regras sobre a entrada de uma lei em vigência:
a. De acordo com o art. 1.º da LICC, uma lei passa a ter vigência após qua-
renta e cinco dias de sua publicação oficial, salvo disposição em contrário, 
dessa forma, se no próprio corpo da lei, não constar nada em contrário, a 
lei deve passar a ser cumprida após aquele prazo estabelecido.
b. A lei também pode entrar em vigência no ato de sua publicação, isso 
ocorre quando a própria lei vem estabelecendo que “esta lei entra em 
vigor na data de sua publicação”, isso significa que se a lei foi publicada 
hoje, a partir desta data todos devem cumpri-la.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E32
c. A lei determina um período maior ou menor para sua entrada em vigên-
cia, esse prazo vai depender da complexidade da norma, da mesma forma, 
no próprio corpo da lei vem estabelecido: “Essa lei entra em vigência 10 
dias após sua publicação”, ou, “Essa lei entra em vigência 90 dias após 
sua publicação”. Como exemplo, podemos citar o atual Código Civil que 
entrou em vigência 365 dias após sua publicação.
Esse período, compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigência, 
é denominado vacatio legis, ou seja, vacância da lei. Esse período é necessário e 
utilizado para que as pessoas tenham conhecimento que determinada lei existe.
Da mesma forma, o art. 1.º, §§ 3.º e 4.º, estabelecem que, se antes de entrar 
a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto para correções, o prazo para 
que a lei entre em vigência começará a correr novamente. Todavia, se a lei a ser 
corrigida já estiver em vigor, considera-se lei nova.
A partir do momento que uma lei é publicada no Diário Oficial, ninguém 
pode alegar que não a conhece, subentende-se que todos tiveram conhecimento 
que a lei existe. Como exemplo: João mata Pedro e, em sua defesa, alega que matou 
Pedro, pois não sabia que matar uma pessoa era crime. Tal alegação não será 
considerada, uma vez que o Código Penal prescreve o homicídio como crime. 
Todavia, a regra não é absoluta, existem exceções, por exemplo, o art. 65, 
inciso II, do Código Penal:
“Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena
[...]
II – o desconhecimento da lei”.
OBRIGATORIEDADE DA LEI
Uma lei tem vigência até que outra lei a modifique ou a revogue, com exceção das 
leis temporárias, que têm um prazo de validade estabelecido no próprio texto. 
Dessa forma, uma lei não pode ser revogada (perder seu efeito) pelo desuso, ou 
seja, pelo fato de uma determina lei ou dispositivo de lei não ser mais utilizado, 
não significa que a mesma foi revogada.
Lei
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
33
O Código Civil de 1916, Lei nº. 3.071, de 1.º de janeiro de 1916, teve vigên-
cia até 10 de janeiro de 2003 e constava em seu art. 178, § 1.º que:
Art. 178. Prescreve:
[...]
§. 1.º Em 10 (dez) dias, contados do casamento, a ação do marido para 
anular o matrimônio contraído com a mulher já deflorada.
Assim sendo, até o dia 10 de janeiro de 2003, um dia antes de o Código Civil atual 
entrar em vigência, o marido poderia pedir a anulabilidade do casamento, caso 
sua esposa não fosse virgem. Esse artigo da lei há muito tempo tinha caído no 
desuso, ou seja, ninguém mais utilizava, todavia, a lei ainda estava em vigência,a lei não tinha sido revogada, qualquer pessoa que casasse e a mulher não fosse 
mais virgem poderia solicitar judicialmente a anulação do casamento.
Revogar uma lei significa tornar nula, é tirar a sua eficácia, é dizer que a lei 
não existe e por isso não preciso mais obedecê-la. O art. 2. º da LICC estabelece 
que a revogação ocorra:
Art. 2.º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que 
outra a modifique ou revogue.
§ 1.º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o decla-
re, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a 
matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2.º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das 
já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
O direito brasileiro não adotou o efeito repristinatório, ou seja, se a lei revoga-
dora for revogada, a lei revogada não volta a ter vigência, salvo disposição em 
Não podemos esquecer que uma lei só revoga lei que for hierarquicamente 
igual ou superior. Por exemplo, uma lei municipal nunca vai revogar uma lei 
estadual, mas uma lei municipal pode revogar outra lei municipal (do mesmo 
município). Por sua vez, a lei federal pode revogar lei estadual e lei municipal.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E34
contrário. Para que isso ocorra, é necessário que venha expresso na lei que revo-
gou a lei revogadora.
A revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Ocorre 
ab-rogação, quando a lei nova revoga toda lei anterior, como ocorreu com o 
Código Civil de 1916, que foi revogado pelo Código Civil de 2002.
Por sua vez, derrogação é a revogação parcial de uma lei, como aconteceu com 
a Parte Primeira do Código Comercial que foi revogada pelo atual Código Civil.
IRRETROATIVIDADE DA LEI
Retroagir significa voltar no tempo. As leis são elaboradas para regular fatos no 
futuro, não para alcançar fatos que já aconteceram. Por exemplo, hoje entra em 
vigência uma lei que estabelece que seja proibido sair de casa (toque de reco-
lher) após as 24h, sob pena de uma multa. Quem saiu de casa ontem depois das 
24h não será obrigado a pagar a multa, porque a lei é feita para alcançar fatos 
futuros, e não fatos passados.
Conforme o dispositivo da Constituição Federal, art. 5.º, XXXVI, “a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. No 
mesmo sentido, o art. 6.º, §§§ 1.º, 2.º e 3.º da Lei de Introdução ao Código Civil 
estabelece que:
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato 
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vi-
gente ao tempo em que se efetuou. 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou 
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício 
tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbí-
trio de outrem. 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que 
já não caiba recurso. 
O Direito Adquirido é o que já foi incorporado ao patrimônio moral ou material 
de uma pessoa qualquer, desde que ela tenha satisfeito todas as condições legais 
Lei
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
35
para a sua obtenção, mesmo que ainda não tenha exigido o seu cumprimento 
pela parte que lhe tem um “dever subjetivo”. Por exemplo: cumprido o tempo de 
recolhimento previdenciário mínimo estipulado pela lei e completando 65 anos, 
o homem pode pedir aposentadoria. Este é um direito adquirido, mas a lei diz 
que ele “pode” e não que “deve”, sendo assim, por opção própria e por conveni-
ência, esse cidadão pode continuar trabalhando mais alguns meses, ou anos, e 
somente depois exercer o seu direito. Se nesse tempo a lei mudar, ele terá a sua 
aposentadoria garantida.
O ato jurídico perfeito “é aquele já praticado e que surtiu os consequentes 
efeitos. Um contrato elaborado sob lei que o autorize não pode ser invalidado 
porque lei posterior considere esse contrato ilegal” (VENOSA, 2008, p. 109). 
Outro exemplo seria o do trabalhador que já tendo atendido às exigências legais 
para a sua aposentadoria e, tendo solicitado à Previdência Social, teve atendido 
o seu pedido, iniciasse o recebimento da mesma. As mudanças na lei que surgi-
rem, após a devida concordância da Previdência Social, não podem fazer com 
que o mesmo retorne ao trabalho, salvo no caso em que houve eventual ilici-
tude no processo.
A coisa julgada ou, transitada em julgado, é o processo ao qual não cabem 
mais recursos em nenhuma instância jurídica. É a decisão jurídica a qual não 
tem mais provimento de reforma, de alteração, sendo que o único a ser reali-
zado pelas partes é o cumprimento dessa decisão. Mas temos que apresentar 
uma ressalva ao Direito Público Internacional que, por meio de diversos trata-
dos que o Brasil e outros países têm com os órgãos internacionais e 
supranacionais, como a Corte Internacional, permite que em casos 
envolvendo os direitos humanos, os cidadãos possam recorrer a 
essa Corte. No entanto, o cumprimento da sentença dessa Corte tem 
apenas efeitos morais, ou seja, o Governo Brasileiro poderá 
deixar de cumprir essa decisão. Mas quais seriam as con-
sequências? Estariam situadas muito mais no campo das 
sanções comerciais e revogação de tratados por 
outros países.
Em resumo. Ato jurídico per-
feito é o ato já acabado, aquele que já 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E36
cumpriu todas as exigências estabelecidas pela lei vigente à época do ato. Direito 
adquirido é aquele que já faz parte do patrimônio da pessoa, do qual esta pode 
dispor a qualquer momento. E coisa julgada é uma decisão judicial que não mais 
cabe recurso, uma vez que a questão já foi decidida.
Assim sendo, a nova lei deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adqui-
rido e a coisa julgada. Todavia, existe exceção para a irretroatividade da lei, desde 
que exista disposição expressa da lei, isso é possível, como ocorre no Direito Penal, 
a lei pode retroagir, desde que seja para beneficiar o réu. Por exemplo, o indiví-
duo foi condenado à prisão pela prática de um crime que previa pena de 10 (dez) 
anos, com a publicação de uma nova lei, fica estabelecido que aquela conduta pre-
veja, agora, pena de 03 (três) anos, o indivíduo terá que cumprir apenas 03 (três) 
anos. Se por acaso, ele já cumpriu mais do que os 03 (três) anos, deve ser solto.
EFICÁCIA NO ESPAÇO
A legislação brasileira estabelece o princípio da territorialidade no que se refere 
à eficácia da lei no espaço, isso significa dizer que, dentro do território brasi-
leiro, as relações são disciplinadas pela lei pátria, conforme o dispositivo do art. 
7.º da Lei de Introdução ao Código Civil:
“Art. 7.º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre 
o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.
Dessa forma, tanto os brasileiros, quanto os estrangeiros residentes (ou não) 
no país, devem respeitar as leis brasileiras. 
INTEGRAÇÃO DAS LEIS
Existem casos em que o juiz encontrará situações que não estão previstas em lei, 
e, mesmo assim, deverá decidir o caso, não podendo deixar de julgar por não 
existirem leis a respeito do assunto. Ocorrendo tal situação, a Lei de Introdução 
ao Código Civil determina que o juiz deva utilizar a analogia, os costumes e os 
princípios gerais do direito, conforme o dispositivo do art. 4: “Quando a lei for 
Costume (USOS)
Re
pr
oduç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
37
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os prin-
cípios gerais de direito”.
a) Analogia: ocorre quando o juiz utiliza de uma norma pré-existente, 
para aplicar essa mesma norma em uma situação não prevista em lei. 
Por exemplo, não existe nenhuma lei que regula a união homoafetiva, 
mas tal relação existe, quando um casal homoafetivo rompe o relacio-
namento, quem fica com os bens adquiridos durante o período da rela-
ção, se não existe lei tratando desta relação?
O juiz deverá aplicar a analogia com base no art. 981 do Código Civil, 
que trata da sociedade de fato, por exemplo.
b) Costume: como veremos mais detalhadamente adiante, costume é 
uma prática reiterada da sociedade, em que todos a cumprem acre-
ditando que aquilo seja obrigatório, exemplo clássico é a fila de um 
banco. Assim, se ocorrer uma situação não prevista em lei, o juiz pode 
buscar auxílio nos costumes da região.
Os princípios gerais do direito: por fim, se não existir lei que prevê o fato 
real, não sendo possível o uso da analogia ou do costume, deve o juiz se 
socorrer nos princípios gerais do direito, ou seja, “são estes constituídos 
de regras que se encontram na consciência dos povos e são universal-
mente aceitas, mesmo não escritas” (GONÇALVES, 2003, p. 163).
COSTUME (USOS)
É uma prática reiterada da sociedade, por não ser lei, não nasce do Poder 
Legislativo, mas sim da sociedade. As pessoas cumprem acreditando que aquilo 
seja obrigatório. Gagliano e Pamplona Filho (2007, p. 15) ensinam que: “Trata-se 
de uma fonte do direito, com objetividade evidentemente menor, uma vez que 
sua formulação exige um procedimento difuso, que não se reduz a um procedi-
mento formal, como se verifica na elaboração das leis”.
Podemos citar a fila como um costume da sociedade, que não foi estabelecido 
por lei, mas todos respeitam. Outro exemplo é a figura do cheque pré-da-
tado, todos sabem que cheque é “ordem de pagamento à vista”, contudo, se o 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E38
comerciante aceitar receber um cheque pré-datado ele não poderá depositar o 
cheque antes, sob pena de pagar uma indenização por danos morais, conforme 
a Súmula do STJ n. 370, que determina: “caracteriza dano moral a apresentação 
antecipada do cheque pré-datado”.
No começo, foi muito utilizado, mas hoje é considerada uma fonte secundária 
frente à lei, todavia, não é ignorada, tanto que pode ser utilizado em alguns casos:
a) Quando a lei autorizar: o art. 113 do Código Civil brasileiro estabelece 
que: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé 
e os usos do lugar de sua celebração”. Nesses casos, pode ser utilizado o 
costume, pois a própria lei autoriza.
b) Quando não existir lei: o art. 4 da Lei de Introdução ao Código Civil 
ordena que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com 
a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”, em casos que 
não existe lei tratando do caso, o juiz deve utilizar o costume para decidir.
c) Contra a lei: o costume não deve ser utilizado para fundamentar uma 
decisão judicial, se este estiver em contradição com a lei, porém, existem 
pessoas que defendem o uso do costume mesmo que seja contrária a lei.
Como já vimos, a lei só é revogada por outra lei de igual ou superior hierarquia, 
dessa forma, o costume não revoga a lei. Se existir uma lei sobre determinado assunto 
e um costume contrário à legislação, o juiz deverá seguir a lei e não os costumes.
DOUTRINA
É um parecer de alguém detentor de um notório conhecimento a respeito de 
algum assunto. Também, pode ser considerada a interpretação da lei pelos estu-
diosos do direito. Podemos citar como exemplo: um livro. 
No mesmo sentido, Venosa (2008, p. 164) lembra que a “doutrina é o traba-
lho dos juristas, dos estudiosos do Direito dentro dos campos técnico, científico 
e filosófico”. 
Jurisprudência
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
39
JURISPRUDÊNCIA
É a interpretação dos juízes e tribunais a respeito de algum assunto, ou seja, são 
as decisões judiciais repetidas sobre determinado assunto e para as quais não 
cabem mais recursos. A jurisprudência, normalmente, vai mudando ao longo 
do tempo. Por exemplo, há alguns anos o empregado que fosse despedido, ou 
que tivesse pedido dispensa do trabalho, tinha 02 (dois) anos para cobrar os 
últimos 05 (cinco) anos do contrato de trabalho, uma vez que a Constituição 
Federal determina que:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXIX - Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, 
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e 
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Independentemente do dia que o funcionário movesse a reclamação trabalhista, 
dentro do prazo de 02 (dois) anos da rescisão do contrato de trabalho, ele tinha 
direito de cobrar os últimos 05 (cinco) anos. O dispositivo da Constituição Federal 
não mudou, todavia, agora, cada dia que passa da rescisão do contrato de traba-
lho é descontado, para que o trabalhador possa mover a reclamação trabalhista.
Se o trabalhador rescindiu o contrato no dia 12/03/2010 e moveu reclama-
ção trabalhista no dia 12/03/2011, só poderá reclamar o direito dos últimos 04 
(quatro) anos, antigamente ele poderia reclamar os direitos do período integral 
estabelecido na Constituição Federal, ou seja, 05 (cinco) anos, agora não.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E40
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de estudada esta primeira unidade, podemos afirmar que o Direito existe 
desde que o homem vive em sociedade, sendo impossível a vida em sociedade 
sem normas de condutas para estabelecer direitos e deveres para cada indivíduo.
Por este motivo que esta unidade é de fundamental importância para que 
você se familiarize com os conceitos jurídicos necessários para o posterior 
entendimento das demais leis relativas ao Direito Tributário.
Além do mais, entender o direito não é importante apenas para a sua vida 
profissional, mas também é essencial para a vida pessoal, para saber como agir 
frente a situações em que se tenha um direito ferido ou na eminência de um 
dever jurídico.
Em suma, agora, passado o estudo dessa unidade, você será capaz de enten-
der como funciona o Estado em que vive, como foi a sua evolução histórica, 
como se originou e evoluiu o direito, como as leis são emanadas e qual o sen-
tido de se ter tantas leis no nosso ordenamento. 
41
1. O Direito pode ser dividido em Direito Objetivo e Direito Subjetivo, em que 
eles se diferem? Explique.
2. O que é o Direito, tomando como referência a existência de uma Constitui-
ção Federal, que é a norma máxima de um país?
3. Quais as fontes de direito? 
4. Explique jurisprudência.
MATERIAL COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Compêndio de Introdução à Ciência do Direito
Maria Helena Diniz 
Editora: Saraiva, 2012
Sinopse: Este livro oferece um panorama da ciência jurídica, 
introduzindo o leitor à teoria geral do direito, à fi losofi a do direito, 
à sociologia jurídica e a lógica jurídica. Cuida, ainda, do conceito denorma jurídica e da aplicação do Direito. Traz ao fi nal dos capítulos os 
já consagrados quadros sinóticos que facilitam o estudo da matéria.
Filosofi a do Direito
Eduardo C. B. Bittar e Guilherme A. de Almeida 
Editora: Atlas, 2012
Sinopse: A Filosofi a do Direito visa a refl etir sobre o Direito para além de sua simples 
operacionalização. Para isto, alguns conceitos, categorias, autores e ideias precisam ser 
conhecidos. Por isso, uma visão segundo a qual o Direito não é visto como algo isolado, mas de 
fato integrado a uma série de outros aspectos da vida social. Pensar o 
Direito, neste sentido, signifi ca preparar-se para compreender o Direito 
a partir de seus fundamentos, podendo-se desta forma contribuir, direta 
ou indiretamente, para a formação de novas gerações de juristas e para a 
crítica dos conhecimentos adquiridos por eles.
A experiência dos autores como professores de Direito aliada à 
necessidade de uma obra como fator de catalisação do processo de 
refl exão sistemática e metódica da Filosofi a do Direito determinaram a 
elaboração deste livro, cujo objetivo é proporcionar ao estudioso e ao 
estudante motivos de inspiração para sua refl exão pessoal sobre o Direito.
U
N
ID
A
D
E II
Professora Me. Monica Cameron Lavor Francischini
NOÇÕES BÁSICAS DE 
DIREITO TRIBUTÁRIO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Estudar o conceito de Direito Tributário.
 ■ Apresentar o objeto de estudo deste ramo do direito.
 ■ Analisar o conceito de Estado.
 ■ Apresentar os principais princípios constitucionais.
 ■ Estudar as fontes do Direito Tributário.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Direito Tributário
 ■ Estado de Direito
 ■ Princípios Constitucionais
 ■ Fontes do Direito Tributário
INTRODUÇÃO
Olá aluno(a)! Nesta segunda unidade, iniciaremos nosso estudo sobre a legis-
lação tributária.
Conforme estudamos na unidade anterior, o Estado de direito tem algu-
mas funções a cumprir e para tanto precisa arrecadar recursos.
Uma destas formas de arrecadação é por meio da apropriação de parte do 
patrimônio dos contribuintes, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Esta 
forma de apropriação é que estudaremos nesta unidade.
O Direito Tributário é um ramo do direito diretamente ligado ao nosso 
cotidiano pessoal e profissional, afinal quem nunca teve que pagar IPVA, IPTU 
ou IR?
Para entender melhor este universo jurídico, é necessário conhecer e ana-
lisar alguns pontos fundamentais deste ramo do direito. Vamos em frente!
CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Vimos na unidade anterior que o direito é dividido em ramos e que, para ser 
considerado um ramo autônomo do Direito, é necessário ter uma legislação 
e princípios próprios. O Direito Tributário se encaixa neste conceito, mas por 
que isso acontece?
O Estado necessita, em sua atividade financeira, captar recursos ma-
teriais para manter sua estrutura, disponibilizando ao cidadão-con-
tribuinte os serviços que lhe compete, como autêntico provedor das 
necessidades coletivas.
A cobrança de tributos se mostra como a principal fonte das receitas 
públicas, voltadas ao atingimento dos objetivos fundamentais, in-
sertos no art. 3º da Constituição Federal, tais como a construção de 
uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento 
nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, tendente à 
redução das desigualdades sociais e regionais, bem como a promo-
ção do bem-estar da coletividade. Daí haver a necessidade de uma 
Introdução
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
45
NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E46
positivação de regras que possam certificar tão relevante desiderato de 
percepção de recursos – o que se dá por meio da ciência jurídica intitu-
lada Direito Tributário, também denominado Direito Fiscal.
A expressão “Direito Fiscal”, chegando a nós por influências francesa 
(Droit Fiscal) e inglesa (Fiscal Law), foi substituída, com o tempo, pelas 
denominações domésticas “Direito Financeiro” e, mais especificamen-
te, “Direito Tributário” está consagrada na Emenda Constitucional n. 
18/65 e, após, no próprio Código Tributário Nacional. A bem da verda-
de, na trilha de Hugo de Brito Machado, parece-nos que o qualificativo 
“Fiscal” demarca algo amplo, abrangendo toda a problemática afeta ao 
Erário, e não apenas as questões adstritas ao tributo em si, o que faz 
pender sua tradução mais para “Direito Financeiro” do que para “Di-
reito Tributário”. Ademais, a expressão atrela-se tão somente a um dos 
sujeitos da relação – o Fisco – o que denota o seu caráter reducionista.
Se Tributário é o Direito que nos orienta, em primeiro lugar, nesta obra, 
urge trazermos a lume um conceito de Direito, para, em seguida, di-
mensionarmos a extensão do qualificativo “Tributário”.
O renomado jurista Hely Lopes Meirelles lança mão de coerente defini-
ção: “O Direito, objetivamente considerado, é o conjunto de regras de 
conduta coativamente impostas pelo Estado. Na clássica conceituação 
de Ihering, é o complexo das condições existenciais da sociedade, asse-
guradas pelo Poder Público. Em última análise, o Direito se traduz em 
princípios de conduta social, tendentes a realizar Justiça”.
Conquanto louvável a definição em epígrafe, nota-se que a doutrina 
tem se dedicado com afinco à obtenção do conceito ideal para o Direito 
Tributário. Entre inúmeras tentativas definitórias disponíveis na seara 
dogmática, muda-se algum aspecto ali, outro acolá, porém mantêm-se 
presentes os elementos estruturais da definição nessa ramificação do 
Direito.
Tal linearidade conceitual pode ser ratificada nas escorreitas definições, 
adiante reproduzidas, que primam pelo preciso delineamento do obje-
to do Direito Tributário e de suas características principais:
Para Rubens Gomes de Sousa, o Direito Tributário é “[...] o ramo do 
direito público que rege as relações jurídicas entre o Estado e os parti-
culares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se refere 
à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de tributos”.
Nos dizeres de Paulo de Barros Carvalho, “o Direito Tributário é o 
ramo didaticamente autônomo do Direito, integrado pelo conjunto de 
proposições jurídico normativas, que correspondam, direta ou indire-
Estado de Direito
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
47
tamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”.
Segundo o entendimento de Hugo de Brito Machado, o Direito Tri-
butário é o “ramo do direito que se ocupa das relações entre fisco e as 
pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitan-
do o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse 
poder”.
À luz do que preleciona Luciano Amaro, o Direito Tributário “é a dis-
ciplina jurídica dos tributos, com o que se abrange todo o conjunto de 
princípios e normas reguladores da criação, fiscalização e arrecadação 
das prestações de natureza tributária”.
Diante de tão pontuais definições, estamos que é possível extrair des-
se plano conceitual que o Direito Tributário é ramificação autônoma 
da Ciência Jurídica, atrelada ao direito público, concentrando o plexo 
de relações jurídicas que imantam o elo “Estado versus contribuinte”, na 
atividade financeira do Estado, quanto à instituição, fiscalização e arre-
cadação de tributos.
Vale dizer que “o Direito Tributário é o conjunto de normas queregula 
o comportamento das pessoas de levar dinheiro aos cofres públicos”.
Com efeito, o Direito Tributário é a representação positivada da ciência 
jurídica que abarca o conjunto de normas e princípios jurídicos, regu-
ladores das relações intersubjetivas na obrigação tributária, cujos ele-
mentos são as partes, a prestação e o vínculo jurídico (RODRIGUES, 
2010, p. 15/17).
ESTADO DE DIREITO
Estudamos na unidade anterior, o conceito e a origem do Estado. Complementando 
nosso estudo, Martins (2003, p. 32) define que Estado “é a sociedade política e 
juridicamente organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob 
um governo, para a realização do bem comum do povo”. Dentro deste conceito, 
podemos extrair os seguintes elementos:
 ■ Povo – conjunto de cidadãos, componente humano.
NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E48
 ■ Território – espaço físico e geográfico.
 ■ Governo – organização necessária para o 
exercício do poder político, ou seja, aquele 
que tem capacidade de impor aos outros 
determinados tipos de comportamento.
 ■ Soberania – poder de organizar-se juri-
dicamente e fazer valer dentro de seu 
território a universalidade de suas decisões 
nos limites dos fins éticos de convivência.
Assim, o Estado exerce esse poder com a finalidade prin-
cipal da realização do bem comum, atendendo as necessidades públicas (algo 
que se busca satisfazer), por meio da prestação de serviços e construção de obras 
públicas que assegurem a estrutura básica para que a sociedade civil atinja seus 
objetivos. Mas quais são estes objetivos? Ou seja, quais são as funções do Estado?
Como vimos, o Estado deve sempre fazer cumprir a Constituição Federal e 
as demais normas existentes. Um dos dispositivos da nossa lei máxima elenca 
os direitos da sociedade que devem ser cumpridos pelo Estado. São eles: paz; 
segurança; educação; saúde; previdência; alimentação; obras sociais e públicas, 
dentre outras.
Todo e qualquer dinheiro que ingressa nos cofres públicos, a qualquer 
título, será denominado “entrada” ou “ingresso”. Por outro lado, nem 
todo ingresso (ou receita) será uma receita pública.
De fato, enquanto o ingresso é marcado pela noção de provisoriedade, a 
receita pública atrela-se ao contexto de definitividade. Vale dizer, como 
regra, que os valores, a título de ingresso, entram nos cofres públicos 
com destinação predeterminada de saída, não configurando receita 
nova, o que não acontece com a receita pública.
São exemplos de entradas ou ingressos provisórios:
a) A caução ou a fiança (garantias de adimplemento da obrigação prin-
cipal): como exemplo, cite-se a garantia ofertada pelo vencedor em 
dada licitação pública. Tal garantia ingressará nos cofres do Estado 
com previsão de saída, podendo, todavia, transformar-se em receita 
pública, se houver descumprimento contratual.
b) O depósito prévio: como exemplo, cite-se o depósito recursal, como 
Estado de Direito
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
49
condição à protocolização do recurso na órbita administrativa federal.
c) O empréstimo compulsório: conquanto revista-se de natureza tribu-
tária, o empréstimo compulsório é gravame restituível, devendo sua lei 
instituidora prever o prazo e as condições de sua restituição aos con-
tribuintes. Tornar-se-á, todavia, uma receita pública, caso não ocorra 
a restituição.
d) O empréstimo público: tendo natureza contratual, é entrada provisó-
ria para o Estado que, tomando uma quantia como empréstimo, deverá 
prever sua saída, a título de pagamento ao mutuante.
Desse modo, na trilha de Aliomar Baleeiro, a receita pública é “a entra-
da que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, 
condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, 
como elemento novo e positivo”.
Em outras palavras, a receita pública traduz-se no ingresso definitivo 
de bens e valores aos cofres públicos, ou seja, sem condição preestabe-
lecida de saída.
Quanto ao objeto da “invasão patrimonial”, a que se fez menção, calha 
trazer à baila o plano classificatório das receitas públicas, que podem 
ser:
a) Receitas extraordinárias: com entrada ocorrida em hipótese de anor-
malidade ou excepcionalidade, a receita extraordinária, longe de ser 
um ingresso permanente nos cofres estatais, possui caráter temporário, 
irregular e contingente. Assim, traduz-se em uma receita aprovada e ar-
recadada no curso do exercício do orçamento. Exemplos: a arrecadação 
de um imposto extraordinário de guerra (art. 154, II, CF) ou, mesmo, 
de um empréstimo compulsório para calamidade pública ou para guerra 
externa (art. 148, I, CF).
b) Receitas ordinárias: com entrada ocorrida com regularidade e pe-
riodicidade, a receita ordinária é haurida dentro do contexto de pre-
visibilidade orçamentária e no desenvolvimento normal da atividade 
estatal. As receitas ordinárias podem ser subdivididas, essencialmente, 
em receitas derivadas e receitas originárias.
Quanto às receitas derivadas, o Estado, de modo vinculado (art. 5°, II, 
CF), e valendo-se do seu poder de império, na execução de atividades 
que lhe são típicas, fará “derivar” para seus cofres uma parcela do patri-
mônio das pessoas sujeitas à sua jurisdição. Tais entradas intitulam-se 
“receitas derivadas” ou “de economia pública”, indicativas de receitas 
ordinárias obtidas à luz de imposição coativa e de manifestação sobe-
rana do Estado, no uso típico de sua autoridade ou de seu constrangi-
NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E50
mento, direcionados à invasão patrimonial dos particulares.
A esse propósito, Ruy Barbosa Nogueira assevera que “o direito de tri-
butar do Estado decorre do seu poder de império pelo qual pode fazer 
‘derivar’ para seus cofres uma parcela do patrimônio das pessoas sujei-
tas à sua jurisdição e que são chamadas receitas derivadas ou tributos”.
As receitas derivadas agrupam, pois, os rendimentos do setor público 
que procedem do setor privado da economia, por meio de prestações 
pecuniárias compulsórias – quase sempre, na forma de tributos –, devi-
das por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que desenvolvam 
atividades econômicas.
[...]
Por fim, destaque-se que, nas receitas derivadas, a fonte é a lei, e tais 
entradas referem-se a prestações tributárias ou não tributárias.
Exemplos de receitas derivadas:
I. Os tributos (impostos, taxas, contribuições de melhoria, emprésti-
mos compulsórios e as contribuições):
No que tange ao confronto das receitas derivadas e os tributos, pode-se 
afirmar:
a) Quanto aos impostos, “o ingresso de recursos oriundos de impostos 
se caracteriza como uma receita derivada e compulsória”.
b) Quanto às taxas, “a venda de serviços de natureza econômica por 
parte do Estado, tal como o fornecimento de água, é uma receita de-
rivada”.
c) Quanto às contribuições, “as receitas de contribuições sociais enqua-
dram-se igualmente como receita derivada”.
d) Quanto às demais contribuições (v.g., a CIDE-Combustível), não 
destoam do conceito de receita derivada.
II. As multas pecuniárias (administrativas e penais):
No estudo das receitas públicas, as multas, conquanto dessemelhantes 
dos tributos, aproximam-se destes quando se mostram como nítidas 
receitas derivadas.
III. As reparações de guerra:
As reparações de guerra, ainda que reservadas ao plano teórico, em 
nosso pacífico Estado, devem ser consideradas receitas derivadas.
Estado de Direito
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A

Outros materiais