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TEMA TGE- 03 - A SOCIEDADE

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1 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
__________________________________________________________________________________________________________________ 
 
 
 
TEMA TGE- 03 – A SOCIEDADE 
 
1. ORIGEM DA SOCIEDADE 
 
Inicialmente pode-se considerar que sociedade: “é uma coletividade de indivíduos 
reunidos e organizados para alcançar um objetivo comum”. 
 
O ser humano é um ser eminentemente social e desta forma não sobrevive sozinho e para 
sobreviver precisa se associar e se unir com outros humanos. 
 
Existe ainda a ideia ou teoria da sociedade natural, que é fruto da própria natureza 
humana, bem como a que sustenta que a sociedade é “tão somente a consequência de 
um ato de escolha”. 
 
 
TEORIAS QUANTO A ORIGEM DA SOCIEDADE: Naturalista e Contratualista: 
 
A. TEORIA DA SOCIEDADE NATURAL (natureza) 
 
Pode-se afirmar que é a teoria que possui o maior número de adeptos e a que exerce 
maior influência na vida concreta do Estado, sem excluir a participação da consciência e 
da vontade humana. 
 
Aristóteles, no século IV a. C, afirmava que “o homem é naturalmente um animal 
político” e para ele somente o indivíduo de natureza vil ou superior ao homem, procurava 
viver isolado dos outros homens, sem que a isso fosse constrangido. 
 
Cícero afirmava que a “primeira causa da agregação de uns homens a outros é menos a 
sua debilidade do que um certo instinto de sociabilidade em todos inato; a espécie humana 
não nasceu para o isolamento e para a vida errante, mas com uma disposição que, mesmo 
na abundância de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum”. 
 
Com isto consideravam que não seriam as necessidades materiais o motivo da vida em 
sociedade, tendo independente dela, uma disposição natural dos homens para avida 
associativa. 
 
Por sua vez, São Tomás de Aquino, em concordância com Aristóteles, afirmava que a 
vida solitária é exceção, que pode ser enquadrada numa de três hipóteses: 
 
 excellentia naturae, quando se tratar de indivíduo notavelmente virtuoso, que vive 
em comunhão com a própria divindade, como ocorria com os santos eremitas; 
 
 corruptio naturae, referente aos casos de anomalia mental; 
 
 mala fortuna, quando só por acidente, como no caso de naufrágio ou de alguém 
que se perdesse numa floresta, o indivíduo passa a viver em isolamento. 
 
2 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
__________________________________________________________________________________________________________________ 
 
 
No entanto autores modernos, filiam-se nessa mesma corrente e entendem que o 
homem é induzido fundamentalmente por uma necessidade natural, porque ao associar-
se com outros é condição essencial de vida, pois só desta maneira poderá conseguir 
satisfazer as suas necessidades. 
 
São muitos os autores que se filiam a esta corrente, como o italiano Ranelletti, que dizia: 
“só na convivência e com a cooperação dos semelhantes o homem pode beneficiar-se 
das energias, dos conhecimentos, da produção e da experiência dos outros, acumuladas 
através de gerações, obtendo, assim, os meios necessários para que possa atingir os fins 
de sua existência, desenvolvendo todo o seu potencial de aperfeiçoamento, no campo 
intelectual, moral ou técnico.” 
 
 
B. TERORIA CONTRATUALISTA (vontade) 
 
Esta corrente de pensadores, afirma que a sociedade é tão somente “o produto de um 
acordo de vontades, um contrato hipotético, celebrado entre os homens, onde 
transferem mutuamente direitos, que é cumprido por temor ao castigo imposto pelas 
normas”. Esta definição aparece de forma clara e precisa, por Thomas Hobbes em sua 
obra “Leviatã, que foi publicada em 1651. 
 
 
Thomas Hobbes(1588-1689): a natureza humana não muda, é sempre a mesma 
(“conhece-te a ti mesmo”); o homem é mau, invejoso, ambicioso, cruel e não sente 
prazer na companhia do outro; o estado de natureza é uma “guerra de todos contra 
todos”; o “homem é o lobo do homem”; sem lei nem autoridade, todos têm direito a tudo; 
a vida é “solitária, pobre e repulsiva, animalesca e breve”; para fugir desse estado, 
reúnem-se em sociedade e firmam o contrato social, estabelecendo uma autoridade 
soberana com poder ilimitado e incontestável para impor a ordem (Estado – Leviatã); o 
pacto é de submissão e não pode ser quebrado; justificação do absolutismo. Obra: O 
Leviatã. 
Rousseau em sua obra “O contrato social”, datada de 1762, comentava que “deve-se 
conceber o homem sempre como homem social”. 
 
 
C. ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS DA SOCIEDADE 
 
Em consequência do pluralismo social é necessário estabelecer uma caracterização geral 
das complexas sociedades, delineando os pontos comuns através da análise do conjunto 
de regras de atuação de cada uma delas. 
 
Considerando que para os contratualistas a sociedade é fruto da vontade humana; já 
para os naturalistas defendem que a sociedade decorre da natureza humana. 
 
É muito comum que um grupo de pessoas se reúnam em determinados lugares em função 
de objetivos comuns. Esta reunião, mesmo que muito numerosa e motivada por interesses 
relevantes para o grupo, não se pode dizer que tenha se constituído uma sociedade. 
 
3 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
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Como poderemos saber se um determinado agrupamento de pessoas é uma 
sociedade? 
 
Será que uma mera reunião de pessoas pode ser caracterizada como uma 
sociedade? 
 
Dalmo de Abreu Dallari, sugere que o aludido estudo considere necessário, para que o 
agrupamento humano seja reconhecido como sociedade, os seguintes elementos: 
a) finalidade ou valor social; b) manifestações de conjunto ordenadas e c) o poder 
social. 
 
Vejamos cada um desses elementos: 
 
a) finalidade ou valor social: (bem comum) considera que para que um grupo de 
pessoas seja considerado como uma sociedade, deve ter como objetivo uma finalidade 
comum. Esta afirmação pressupõe um ato de escolha, um objetivo conscientemente 
estabelecido. 
 
– Pela concepção de São Tomás de Aquino, defendida por DALLARI, o homem tem 
consciência de que deve viver em sociedade e procurar fixar, como objetivo da vida social, 
uma finalidade condizente com suas necessidades fundamentais e com aquilo que lhe 
parece ser mais valioso. Desta maneira, a finalidade social escolhida pelo homem é o 
bem comum, que consiste no conjunto de todas as condições de vida que 
possibilitem e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana. 
 
b) manifestações de conjunto ordenadas: para que estes objetivos da sociedade sejam 
alcançados, é necessário que os membros da sociedade se manifestem através de ação 
conjunta permanentemente reiterada, atendendo a três requisitos: reiteração, ordem e 
adequação. 
 
Vejamos então estes três itens, conforme a seguir: 
 
b.1 - REITERAÇÃO - Tendo em vista que em cada momento e lugar surgem fatores 
que influem na noção de bem comum, é indispensável que os membros da sociedade 
se manifestem em conjunto reiteradamente visando à consecução de sua finalidade, 
sendo necessário, para que haja o sentido de conjunto e se chegue a um rumo certo, 
que os atos praticados isoladamente sejam conjugados e integrados num todo 
harmônico, surgindo aqui a exigência de ordem. 
 
b.2 - ORDEM – As manifestações de conjunto se reproduzem numa ordem, para que 
a sociedade possa atuar em função do bem comum. Esta ordem é regida por leis 
sujeitas ao princípio da imputação, não exclui a vontade e a liberdade dos indivíduos, 
uma vez que todos os membros da sociedade participam da escolha das normas de 
comportamento social. 
 
b.3 - ADEQUAÇÃO - Para que seja assegurada a permanente adequação é 
indispensável que não se impeça a livre manifestação,a expansão das tendências e 
aspirações dos membros da sociedade no sentido de orientar suas ações no que 
consideram o seu bem comum 
 
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Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
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c) o poder social: para que possamos chegar a uma noção do poder é necessário 
analisar algumas características como: 
 
c.1 - Socialidade, o poder é um fenômeno social, jamais podendo ser explicado pela 
simples consideração de fatores individuais; 
 
c.2 - bilateralidade, indicando que o poder é sempre a correlação de duas ou mais 
vontades, havendo uma que predomina. 
 
Existe a teoria que nega a necessidade do poder social, dos anarquistas representado 
por Diógenes, que é originada dos filósofos gregos antigos do século V e VI a.C., 
denominados de Cínicos, pregavam que o homem deve viver de acordo com a natureza, 
sem se preocupar em obter bens, sem respeitar convenções ou instituições sociais. 
 
Outra demonstração de anarquismo está no Cristianismo, apontando os próprios 
evangelhos inúmeras passagens que condenam o poder de uns sobre os outros, 
pregando a fraternidade universal. 
 
Com Santo Agostinho surgiu a mais avançada expressão do anarquismo cristão em sua 
obra “Da cidade de Deus”. Daí para frente começaria a tomar corpo a ideia de que a Igreja 
deveria assumir o poder temporal com a finalidade formar um grande Império Cristão. 
 
Enfim, todas as teorias propostas podem ser reduzidas a duas: 
 
 Teorias Religiosas, revelam a presença de uma crença capaz de influir 
poderosamente na ação humana; 
 
 Teorias Econômicas, as que indicam a predominância de um fator de natureza 
econômica, na base da diferenciação entre governantes e governados. 
 
Em virtude do excessivo apelo à violência o anarquismo foi perdendo adeptos e é com 
os Contratualistas que a ideia de povo, como uma unidade, fonte de direito e de poder, 
toma força, chegando-se à afirmação da existência de uma vontade geral e de direitos 
sociais, situados na base de toda a organização social. 
 
 
Por sua vez, Max Weber aponta três hipóteses para conferir a legitimidade do Poder, 
conforme a seguir: 
 
- O Poder Tradicional, característico das monarquias, que independem da legalidade 
formal; 
 
- O Poder Carismático, que é aquele exercido pelos líderes autênticos, que 
interpretam os sentimentos e aspirações do povo; 
 
- O Poder Racional, exercido pelas autoridades investidas pela lei, havendo 
coincidência necessária, apenas neste caso, entre a legitimidade e a legalidade. 
 
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Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
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As configurações atuais do poder e seus métodos de atuação estão sintetizadas 
em: 
1- O poder, reconhecido como necessário, quer também o reconhecimento de sua 
legitimidade, o que se obtém mediante o consentimento dos que a ele se submetem; 
 
2- Embora o poder não chegue a ser puramente jurídico, ele age concomitantemente 
com o direito, buscando uma coincidência entre os objetivos de ambos; 
 
3- Há um processo de objetivação, que dá precedência à vontade objetiva dos 
governados ou da lei, desaparecendo a característica de poder pessoal; 
 
4- Atendendo a uma aspiração à racionalização, desenvolveu-se uma técnica do 
poder, que o torna despersonalizado (poder do grupo, poder do sistema), ao mesmo 
tempo em que busca meios sutis de atuação, colocando a coação como forma 
extrema. 
 
Assim, Poder Social consiste na faculdade de alguém impor a sua vontade a outrem. 
 
 
D. SOCIEDADES POLÍTICAS 
 
São aquelas que, visando criar condições para a consecução dos fins particulares de seus 
membros, ocupam-se da totalidade das ações humanas, coordenando-as em função de 
um fim comum. 
 
A sociedade política de maior importância devida a sua capacidade de influir e condicionar, 
bem como sua amplitude é o ESTADO. 
 
 
Finalidade das sociedades: Considerando as respectivas finalidades, podemos 
distinguir “duas espécies de sociedades”: 
 
a) Sociedades de fins particulares, que têm a finalidade definida, voluntariamente 
escolhida por seus membros. Suas atividades visam direta e imediatamente o 
objetivo que inspirou sua criação, por ato consciente e voluntário; 
 
b) Sociedades de fins gerais, cujo objetivo, indefinido e genérico, é criar as 
condições necessárias para que os indivíduos e as demais sociedades, que nela 
se integram, consigam atingir seus fins particulares. A participação nestas 
sociedades quase sempre independe de um ato de vontade. 
 
Estas sociedades, não se prendem a um objetivo determinado e não se restringem a 
setores limitados da atividade humana buscando integrar todas as atividades sociais que 
ocorrem no seu âmbito. 
 
As sociedades de fins gerais são comumente denominadas de sociedades políticas, 
sendo todas aquelas que visam criar condições para a consecução dos fins particulares 
de seus membros, consistindo na totalidade das ações humanas e coordenando-as em 
função de um fim comum. 
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Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
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Para reflexão: 
 
“A sociedade é produzida por nossas necessidades e o governo por nossa 
perversidade” (Thomas Paine, Senso comum) 
 
 
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA 
 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 32.ed. São Paulo: Saraiva. 2014. P.21 
 
FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 7.ed. Rio de Janeiro: Forense 
Universitária. 2009. P.24 
 
BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. 5.ed. São Paulo: Malheiros. 2004. p.27 
 
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10.ed. São Paulo: Malheiros. 2003.p.25 
 
AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. 37.ed. São Paulo: Globo. 1997. 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 6.ed. São Paulo: Celso Bastos. 2004. P.23 
 
SAHID, Maluf. Teoria Geral do Estado. 25.ed. São Paulo: Saraiva. 1999 
 
BOBBIO, Norberto. Estado Governo Sociedade ´Para uma teoria geral da política. 9.ed. São Paulo: Paz e Terra. 2001. 
 
DE CICCO, Cláudio de, GONZAGA, Álvaro de Azevedo. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 5.ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais. 2013. P37 
 
SOARES, Ricardo Maurício Freira. São Paulo: Saraiva. 2013; 
 
LOPES, André Luiz. Noções de Teoria d Estado. Belo Horizonte. 2013 
 
Direito Constitucional Esquematizado. Pedro Lenza, São Paulo: Saraiva. pg.58 e 59 
 
Imagens obtidas pelo Google da Internet 
 
 
 
 
EYS/TEMA TGE- 03 – A SOCIEDADE

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