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Músculos da mastigação

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Anatomia Odontológica / Professor Etenildo D.Cabral
MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO
(propriamente ditos)
Classicamente falando, os “músculos da mastigação” são quatro pares de músculos inseridos à mandíbula: masseter, temporal, pterigóideo medial e pterigóideo lateral. No entanto, não são apenas esses músculos que estão envolvidos no processo mastigatório. A mastigação não é um simples movimento de abaixar e elevar a mandíbula. Ela é um processo dinâmico complexo que envolve, dentre outras coisas, a movimentação da mandíbula em todas as direções.
	Para a dinâmica mandibular da mastigação são necessários, além dos músculos da mastigação, também os músculos supra-hióideos. Estes, por sua vez, só são capazes de mover a mandíbula se auxiliados pelos infra-hióideos. Assim, podemos classificar os músculos envolvidos na mastigação, funcionalmente falando, em: músculos da mastigação propriamente ditos (masseter, temporal e os pterigóideos) e músculos auxiliares na mastigação.
Discorreremos inicialmente, neste capítulo, sobre os músculos da mastigação (propriamente ditos). Mais adiante discorreremos sobre os músculos supra e infra-hióideos, já que eles apresentam outras funções importantes, além da mastigação.
	Os músculos da mastigação, como já foi dito, são quatro pares de músculos que se inserem na mandíbula e, desta forma, promovem o movimento da mesma. Esse movimento é necessário primordialmente para a mastigação (daí o nome desses músculos), mas também é requerido, em menor extensão e força, em outras circunstâncias, como na fala e deglutição. Dos quatro músculos, dois são superficiais e de fácil palpação (masseter e temporal) e dois são profundos (pterigóideo medial e lateral).
Músculo masseter
	
É o mais potente dos músculos da mastigação. Localiza-se externamente ao ramo da mandíbula, recobrindo-o quase totalmente, como um músculo quadrilátero, espesso e de fácil identificação. Nele podemos identificar duas partes ou feixes: uma porção mais anterior e oblíqua, a parte superficial, e uma porção mais posterior e vertical, a parte profunda. A parte superficial, obviamente, encobre quase totalmente a parte profunda, ficando esta última visível apenas na sua porção mais póstero-superior.
A parte superficial, mais volumosa, origina-se da borda inferior do arco zigomático (na porção zigomática ou anterior do arco) e a parte profunda origina-se da borda inferior e face medial do arco zigomático (na porção temporal ou posterior do arco). As duas partes dirigem-se para a face externa do ramo da mandíbula de forma que a parte superficial, devido a sua posição mais anterior, dirige-se obliquamente para baixo e para trás, enquanto as fibras da parte profunda são verticais. As fibras da parte superficial inserem-se no ramo mais inferiormente, atingindo o ângulo da mandíbula, e as fibras da parte profunda inserem-se mais superiormente no ramo da mandíbula. No entanto, na metade inferior do músculo a parte superficial e a profunda já estão fundidas, não sendo possível a individualização dessas partes.
O músculo masseter eleva a mandíbula, como no fechamento da boca e oclusão dos dentes. Para esse movimento, ele é auxiliado pelo temporal e pterigóideo medial, porém é o mais potente dos elevadores da mandíbula.
Indivíduos com apertamento dos dentes (bruxismo) podem apresentar-se com o masseter hipertrofiado. Este músculo pode ainda apresentar sintomas de dor e fadiga associados a distúrbios funcionais do aparelho mastigador. Também podem apresentar contração tônica que dificulta a abertura da boca (trismo). Por ser um músculo potente, suas inserções no osso zigomático e na mandíbula determinam deslocamentos desses ossos quando da ocorrência de fratura nos mesmos.
Músculo temporal
	É um músculo localizado na face lateral do crânio, mais precisamente na fossa temporal, que se caracteriza pela sua forma de leque. Também se caracteriza pelo fato de que a fáscia que o reveste, fáscia temporal, é bastante espessa e resistente. Essa fáscia insere-se na margem súpero-posterior do osso zigomático, na linha temporal superior e no arco zigomático, de modo a não só conter e proteger o músculo temporal, como servir de origem para muitas de suas fibras (funcionando como um tendão).
	As fibras do temporal, então, originam-se do assoalho da fossa temporal e da face medial da fáscia temporal, e convergem para se inserirem, por meio de um tendão, no processo coronóide da mandíbula, principalmente na face medial, onde atingem a crista temporal. Na borda anterior do processo coronóide sua inserção estende-se inferiormente pela borda anterior do ramo da mandíbula.
	O músculo temporal pode ser dividido em fibras anteriores, médias e posteriores. As fibras anteriores são verticais, as médias são oblíquas e as posteriores são (quase) horizontais. As fibras anteriores constituem a porção mais espessa e forte do músculo. As fibras do temporal como um todo têm a função de elevar a mandíbula, porém como um fator não tão de força como o masseter, mas, principalmente como um fator de direcionamento, guiando a mandíbula a medida que ocorre o fechamento da boca. As fibras posteriores se contraídas isoladamente realizam a retrusão da mandíbula (leva a mandíbula para trás).
	Assim como o masseter, este músculo também pode, embora com menor frequência e intensidade, ser acometido por trismo e apresentar sintomas de dor e fadiga associados a distúrbios funcionais do aparelho mastigador.
Músculo pterigóideo medial
	É um músculo semelhante ao masseter no que diz respeito à forma, disposição de suas fibras e função, embora menos potente. Dessa maneira, tem forma retangular, suas fibras dirigem-se de cima para baixo e de frente para trás e insere-se no ramo da mandíbula, elevando-a.
Contudo, ao contrário do masseter, está situado profundamente ao ramo da mandíbula, na fossa zigomática. Origina-se da fossa pterigóidea (atrás do processo pterigóideo) e insere-se, especificamente, na porção inferior da face medial do ramo da mandíbula (abaixo do forame mandibular e do sulco milo-hióideo), atingindo o seu ângulo. Algumas fibras podem originar-se do processo piramidal do osso palatino e da tuberosidade da maxila
O músculo pterigóideo medial age em conjunto com o masseter para elevar a mandíbula, podendo ser considerado um sinergista do masseter. Suas fibras e as do masseter abraçam o ramo da mandíbula inferiormente, mas em lados opostos, de modo a realizarem a estabilização lateral da mandíbula.
Este músculo pode apresentar sintomatologia semelhante à do masseter nos distúrbios funcionais do aparelho mastigador, embora menos referida e detectável devido à localização profunda desse músculo.
Músculo pterigóideo lateral
	É um músculo curto, disposto horizontalmente na fossa zigomática, em íntima relação com a articulação têmporo-mandibular e constituído por dois feixes. Esses feixes, superior e inferior, originam-se anteriormente e ao se dirigirem para trás convergem e fundem-se. O feixe superior origina-se da crista infratemporal e face infratemporal da grande asa do esfenóide e o feixe inferior origina-se da face lateral do processo pterigóideo. Tanto o feixe inferior como o superior inserem-se na fóvea pterigóidea ou fosseta condílica anterior (na face anterior do colo do côndilo mandibular). No entanto, o feixe superior insere-se também na cápsula e disco da articulação têmporo-mandibular.
	O músculo pterigóideo lateral é o músculo que participa do maior número de movimentos mandibulares: abertura, lateralidade e protrusão. Quando ele se contrai bilateralmente, promove a protrusão da mandíbula (leva a mandíbula para frente). Quando se contrai unilateralmente, promove a lateralidade (leva a mandíbula para o lado). Nesse último caso, a mandíbula é desviada para o lado oposto ao da contração. Ou seja, se contrai o pterigóideo lateral do lado direito, a mandíbula é desviada para o lado esquerdo, e vice versa. Quando a contração bilateral é associada à contração dos músculos supra-hióideos,a mandíbula gira e ocorre a abertura da boca.
	No entanto, esses movimentos de abertura, protrusão e lateralidade são funções predominantemente do feixe inferior. O feixe superior tem função principal de manter a posição estável entre o disco e o côndilo. Muitos autores consideram que a contração do feixe superior só ocorre no momento do fechamento da boca, de forma a fazer com que o disco retorne à sua posição original (de fechamento) em movimento harmônico com o côndilo.
	Embora a localização profunda desse músculo dificulte sua palpação, a mesma quando realizada (pelo interior da boca, na região posterior da tuberosidade da maxila) em pacientes com distúrbios funcionais do aparelho mastigador, geralmente demonstra grande sensibilidade.
Resumo dos Músculos da Mastigação
	Músculo
	Origem
	Inserção
	Ação
	Masseter
	arco zigomático (parte superficial mais anteriormente e a parte profunda mais posteriormente)
	face externa do ramo da mandíbula (parte superficial mais inferiormente e a parte profunda mais superiormente)
	eleva a mandíbula
	Temporal
	assoalho da fossa temporal e face medial da fáscia temporal
	processo coronóide da mandíbula, crista temporal e borda anterior do ramo da mandíbula
	elevação e retrusão da mandíbula
	Pterigóideo Medial
	fossa pterigóidea
	porção inferior da face medial do ramo da mandíbula
	eleva a mandíbula (sinergista do masseter)
	Pterigóideo Lateral
	feixe superior: crista infratemporal e face infratemporal da grande asa do esfenóide;
feixe inferior: face lateral do processo pterigóideo.
	fóvea pterigóidea ou fosseta condílica anterior. feixe superior também na cápsula e disco da ATM.
	abertura, lateralidade e protrusão da mandíbula, e estabilização côndilo-disco
Músculos da Mastigação

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