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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 1ª Web

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1ª Web Atividade
Não respondida Data Limite: 13/09/2014 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
WEB ATIVIDADE 01
Prof. Marcelo Amaral da Silva
Segundo a doutrina e jurisprudência pátria, bem como por força do princípio da congruência, a sentença deve ser uma resposta ao que foi efetivamente pedido na inicial.
Desse modo, quando a sentença infringe o princípio da congruência, costuma-se infirmar que a mesma está eivada de vícios, ou seja, costuma-se classificá-la em sentença citra, sentença ultra e sentença extra-petita.
Diante de tal afirmação, responda, fundamentando com citações doutrinárias, bem como com jurisprudência e indicação dos dispositivos legais pertinentes:
a definição de cada uma das sentenças acima mencionadas; 
			Considera-se citra petita a sentença que julga menos do que tenha sido pleiteado pela parte, ou seja, a sentença em que o juiz, ao decidir, considerou ou apreciou menos do que foi pedido, ou aquela à qual falta algum capítulo de mérito indispensável.
	Exemplo desse vício ocorre quando o juiz declara extinto o processo de ação possessória, deixando de examinar o pedido de proteção da mesma natureza formulado pelo réu, embora sem ter reconvindo, pelo fato de a possessória ser uma ação dúplice.
	A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Paraná, apreciando casos em que ocorreu o referido vício, optou pela nulidade da sentença: 
	É nula a sentença que não analisa todo o pedido inicial da parte autora, vez que se trata de prestação jurisdicional incompleta, o que motiva o reconhecimento de ser a decisão monocrática infra petita. 	Nulidade que se reconhece de ofício, a justificar, então, ser o apelo tido como prejudicado. Submissão da questão a novo julgamento, perante o juízo de primeiro grau de jurisdição. (Acórdão nº 6.403/16ª Câmara). Veja-se, ainda, acórdão nº 6.062/13ª Câmara. 
	Cândido Rangel Dinamarco, a propósito da existência do referido vício, no entanto, recomenda: 
"o vício citra petita não pode implicar nulidade do decidido a ser pronunciada em grau de recurso, pois se os capítulos efetivamente postos na sentença não forem em si mesmos portadores de vício algum, anulá-los seria como inutilizar todo o fruto de uma plantação, pelo motivo de uma parte da roça nada haver produzido"
	Considera-se extra petita a sentença que conceder, ou que não conceder expressamente, coisa diversa da pleiteada.
	Exemplos: a sentença que reconhece a existência de um direito real, quando o que se pleiteou foi o reconhecimento de um direito de crédito; a sentença que elege como ratio decidendi causa diferente da causa de pedir a que o autor faz menção na inicial; alguém solicita separação judicial, fundada em determinada injúria grave, e o juiz decreta a separação, com fundamento na existência de
adultério, que não foi alegado na inicial.
	Eduardo Talamini define a presente espécie de vício de sentença desta forma:
	Será extra petita a sentença que decidir o pedido tomando em conta causa de pedir diversa daquela contida na demanda. Do mesmo modo, quando o autor formular distintas causas de pedir como suporte para um "mesmo pedido", tem-se uma cumulação de pretensões (ou de "demandas" ou, ainda, na dicção do Código, de "pedidos"). Tal cumulação é do tipo "sucessiva eventual": cumprirá ao juiz examinar a segunda pretensão posta, caso rejeitada a primeira - e assim sucessivamente. Nessa hipótese, se a sentença não se pronunciar sobre todas as causas de pedir postas, rejeitando apenas a(s) pretensão(ões) fundada(s) em alguma(s) delas, ela será infra petita - e não existirá sentença relativamente às pretensões não examinadas.
	Julgados do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Justiça do Paraná já apreciaram a matéria:
	A regra acerca do julgamento extra petita em primeiro grau (arts. 128 e 460, ambos do CPC) coaduna-se com as normas atinentes à profundidade do efeito devolutivo previstas nos parágrafos 1º e 2º do artigo 515 do CPC. O julgamento ultra ou extra petita viola a norma que adstringe o juiz a julgar a lide nos limites das questões suscitadas sendo-lhe defeso alterá-las, impondo anulação da parte do aresto objurgado que exacerbou os limites impostos na inicial. (REsp 963470-RS, rel. Min. Luiz Fux, j. 09.09.2008, DJ de 01.10.2008)
	Ocorre julgamento extra petita quando a sentença contempla pretensão não deduzida pela parte. É nula a sentença que concede aquilo que o autor não pediu. (Acórdão nº 32.212/3ª Câmara do TJ-PR).
	A sentença foi extra petita ao apreciar matéria que sequer foi arguida na inicial, afrontando o disposto no artigo 460 do CPC. Todavia, em observância ao princípio da economia e celeridade processuais, cabe tão-somente compatibilizar a decisão ao pedido, sem que isto implique nulidade da decisão. (Acórdão nº 13.387/9ª Câmara do TJ-PR).
	A sentença deve guardar relação com que foi postulado pela parte autora na petição inicial sob pena de caracterizar julgamento extra petita, que é nulidade absoluta passível de ser reconhecida de ofício. (Acórdão nº 13.147/15ª Câmara do TJ-PR).
		
	Na sentença Ultra Petita esse vício ocorre quando a sentença for além do pedido formulado, concedendo ou deixando de conceder expressamente mais do que tenha sido pedido.
	José Carlos Barbosa Moreira entende que tal vício é perfeitamente sanável, desde que o órgão julgador, ao apreciar o recurso, aplique o artigo 248 do Código de Processo Civil:
	O art. 248, parte final, estabelece que a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam independentes. 
	A 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, apreciando recurso especial, abordando o vício referido, já assentou: 
	Decisão ultra petita. Decisão que, em ação de resolução de contrato cumulada com reintegração na posse, concede a perdadas prestações pagas sem que tivesse havido pedido a respeito incorre em julgamento ultra petita, merecendo ser decotada a parte que ultrapassou o requerimentofeito na peça de ingresso, ante o respeito ao princípio da adstrição do juiz ao pedido. (STJ, 4ª T., REsp 39339-RJ, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 18.03.97, v.u., DJU 12.05.97, p. 670). 
	É importante ressaltar, aqui, a sugestão do professor Cândido Rangel Dinamarco no sentido de que, quando for apurada a existência daquele vício, o órgão julgado proceda à anulação parcial da sentença: 
	Um simples exercício de abstração mental revela a possibilidade de desmembrar ideologicamente essa sentença em dois capítulos, um que concedeu toda a quantidade de bens pedida pelo autor e outro que lhe concedeu mais outra quantidade não pedida. O vício está portanto no excesso, ou seja, no capítulo do excesso; e não na sentença como um todo. Por isso a anulação dessa sentença deve limitar-se ao excesso e ao capítulo referente a ele, dada a regra da conservação dos atos jurídicos e ao dispositivo legal que manda preservar a parte boa do ato, embora ele tenha também uma parte viciada (CPC, art. 248, parte final). 
	A justificativa para adotar-se aquela sugestão, apontada pelo autor, é que: "[...] seria arbitrário anular toda a sentença, inclusive na parte em que não causou prejuízo algum ao réu, quando é perfeitamente possível extirpar-lhe o apêndice írrito e indesejável, sem prejuízo das partes sadias".
	Julgados do Tribunal de Justiça do Paraná têm aplicado a lição do processualista paulista: 
	Caracterizado nos autos a ocorrência de julgamento ultra petita, é cediço que deve ser excluído da sentença a parte que excede o pedido inicial, porquanto está-se diante de uma nulidade parcial da sentença. (Acórdão nº 12.250/8ª Câmara). 
	Configura-se como ultra petitaa sentença que julga, além dos pedidos formulados, questões não postas pela autora em sua inicial, impondo-se a decretação da nulidade parcial da decisão nestes pontos. (Acórdão nº 12.307/15ª Câmara). 
	Mencionem-se, ainda, os acórdãos nºs. 23.021/5ª Câmara e 12.390/10ª Câmara. 
	A decretação da nulidade total da sentença também encontra amparo na lição de Cândido Rangel Dinamarco,desde que: "Se para a decisão referente ao capítulo indispensável for ainda necessária alguma instrução, o único caminho correto consistirá em mandar o processo de volta ao primeiro grau, sempre preservados os capítulos hígidos, para que a instrução se complete e o julgamento se faça".
	Em suma, pode-se afirmar que a diferença entre decisão ultra petita e decisão extra petita está no fato de que, naquela (sentença ultra petita) o magistrado analisa o pedido da parte ou os fatos essenciais debatidos, mas vai além deles, concedendo um provimento ou um bem da vida não pleiteado; já nesta (sentença extra petita) o magistrado, sem analisar o pedido formulado, delibera sobre pedido não formulado, ou, ainda, sem analisar fato essencial deduzido, decide com base em fato essencial não deduzido.
	Portanto, os vícios encontrados nas sentenças devem ser apreciados de ofício:
ocorrendo o vício de decisão ultra ou extra petita, compete ao juiz anular a "parte do aresto objurgado que exacerbou os limites impostos na inicial", mantendo, no mais, sentença, inclusive por economia processual,
havendo o vício de sentença infra petita, esta merece ser anulada, submetendo a "questão a novo julgamento, perante o juízo de primeiro grau de jurisdição". 
REFERÊNCIAS UTILIZADAS
ALVIM, Arruda. Manual de Direito processual civil. 12. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 2,
2008.
DIDIER JUNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito processual 
civil: direito probatório, decisão judicial, cumprimentoe liquidação de sentença e coisa julgada. 
Salvador: Juspodivm, v. 2, 2007.
DINAMARCO, Cândido. Capítulos de sentença. São Paulo: Malheiros, 2004. 
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Correlação entre o pedido e a sentença. Revista de Processo, 
São Paulo, n. 83, p. 207-215, jul./set. 1996. 
TALAMINI, Eduardo. Coisa julgada e sua revisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Omissão judicial e embargos de declaração. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2005.

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