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CCE 0291 Lourdes Martins Unidade 2 As propriedades de alguns materiais estão diretamente associadas a sua estrutura cristalina. Explica a diferença significativa nas propriedades de materiais cristalinos e não cristalinos de mesma composição. 4 Tecnologia dos Materiais Arranjos Atômicos Estruturas Moleculares Estruturas Cristalinas Estruturas Amorfas Metano (CH4) Água (H20) Diamante (C) C Diamante (C) Grafita (C) Vidros (SiO2, C...) Os materiais sólidos podem ser classificados em cristalinos ou não-cristalinos de acordo com a regularidade na qual os átomos ou íons se dispõe em relação a seus vizinhos. Material cristalino é aquele no qual os átomos encontram-se ordenados sobre longas distâncias atômicas formando uma estrutura tridimensional que se chama de rede cristalina. Todos os metais, muitas cerâmicas e alguns polímeros formam estruturas cristalinas sob condições normais de solidificação. Nos materiais não-cristalinos ou amorfos não existe ordem de longo alcance na disposição dos átomos. As propriedades dos materiais sólidos cristalinos depende da estrutura cristalina, ou seja, da maneira na qual os átomos, moléculas ou íons estão espacialmente dispostos. Há um número grande de diferentes estruturas cristalinas, desde estruturas simples exibidas pelos metais até estruturas mais complexas exibidas pelos cerâmicos e polímeros. MATERIAL CRISTALINO É aquele em que os átomos estão situados de acordo com uma matriz que se repete, ou que é periódica, ao longo de grandes distâncias atômicas. Todos os metais Muitos materiais cerâmicos Certos polímeros A ordenação dos átomos nos sólidos cristalinos indica que pequenos grupos de átomos formam um padrão repetitivo. Essas pequenas entidades repetitivas são chamadas de CÉLULAS UNITÁRIAS. Célula Unitária Os átomos são representados como esferas rígidas. Tendem a ser densamente empacotados Tem as estruturas cristalinas mais simples. Há várias razões para este empacotamento denso: Normalmente, apenas um elemento está presente, por isso todos os raios atômicos são os mesmos. Ligação metálica não é direcional (é apolar). As distâncias mínimas tendem a ser pequenas, a fim de reduzir energia de ligação. Como a ligação metálica é não-direcional não há restrições quanto ao número e posições dos vizinhos mais próximos. Então, a estrutura cristalina dos metais têm geralmente um número grande de vizinhos e alto empacotamento atômico. Quatro são as estruturas cristalinas mais comuns em metais: 1.Cúbica simples (CS); 2.Cúbica de corpo centrado (CCC); 3.Cúbica de face centrada (CFC); 4.Hexagonal Compacta (HC). Uma das maneiras de dividir as estruturas cristalinas em grupos e aquela baseada na geometria da célula unitária. Considerando os eixos x, y e z, a geometria pode ser definida por seis parâmetros, que são: Os três comprimentos a, b e c; Os três ângulos formados entre os eixos (α, β e ϒ) Estes parâmetros são referidos como parâmetros de rede. Incluem todas as possíveis geometrias de divisão do espaço por superfícies planas continuas. Considerando as possíveis combinações de a, b e c e dos ângulos α, β e g, temos sete sistemas cristalinos que são: Cúbico, Tetragonal, Hexagonal, Ortorrômbico, Romboédrico, Monoclínico e Triclínico. Dos 7 sistemas cristalinos podemos identificar 14 tipos diferentes de células unitárias, conhecidas com redes de Bravais. Cada uma destas células unitárias tem certas características que ajudam a diferenciá-las das outras células unitárias. Além do mais, estas características também auxiliam na definição das propriedades de um material particular. Fator de empacotamento atômico (fea) – volume de átomos que ocupam o volume de uma célula Fator de empacotamento= Número de átomos x Volume dos átomos Volume da célula unitária Número de coordenação (NC) - corresponde ao numero de átomos vizinhos mais próximos Os átomos podem ser agrupados dentro do sistema cúbico em 3 diferentes tipos de repetição: Cúbico simples Cúbico de corpo centrado Cúbico de face centrada Estrutura formada por um átomo em cada vértice do cubo. Metal que apresentam estrutura CS – césio. Apenas 1/8 de cada átomo cai dentro da célula unitária, ou seja, a célula unitária contem apenas 1 átomo. fea = 0,52; NC = 6 ; a = 2R Essa e a razão que os metais não cristalizam na estrutura cúbica simples (devido ao baixo empacotamento atômico). Estrutura formada por um átomo em cada vértice do cubo e um átomo central Metais que apresentam estrutura CCC – cromo, ferro (ate 912 ⁰C), tungstênio, molibdênio Existem 1/8 de átomo por vértice e 1 átomo por cubo referente ao centro, resultando em dois (2) átomos por célula unitária. fea = 0,68; NC = 8 ; a = 4R √3 Sistema Cúbico de Corpo Centrado (CCC) Átomos localizados em todos os 8 vértices e um único átomo no centro do cubo. Cr, Fe, W Fonte: Callister, Jr.,W. D., Fundamentos da ciência e engenharia de materiais, LTC, 2006. Estrutura formada por um átomo em cada vértice do cubo e um átomo no centro de cada face. Metais que apresentam estrutura CFC – prata, ferro (acima 912°C até 1394°C ), alumínio, cobre, níquel. Existem 1/8 de átomo por vértice e 1/2 átomo por face, resultando em quatro (4) átomos por célula unitária. fea = 0,74; NC = 12 ; a = 4R √2 Sistema Cúbico de Face Centrada (CFC) Átomos localizados em cada um dos vértices e no centro de todas as faces do cubo. Cu, Al, Ag, Au Fonte: Callister, Jr.,W. D., Fundamentos da ciência e engenharia de materiais, LTC, 2006. 24 TABELA RESUMO PARA O SISTEMA CÚBICO Átomos Número de Parâmetro Fator de por célula coordenação de rede empacotamento CS 1 6 2R 0,52 CCC 2 8 4R/(3)1/2 0,68 CFC 4 12 4R/(2)1/2 0,74 Estrutura formada por um átomo em cada vértice do cubo e um átomo no centro de cada face superior e inferior e três átomos centrais Metais que apresentam estrutura CFC – magnésio, zinco Existem 1/6 de átomo por vértice e 1/2 átomo por face e três átomos centrais, resultando em seis (6) átomos por célula unitária. fea = 0,74; NC = 12 ; a = 2R; c = 1,633a Sistema Hexagonal Compacto (HC) As faces superior e inferior da célula unitária são compostas por 6 átomos que formam hexágonos regulares e que se encontram ao redor de um único átomo central. Um outro plano que contribui com 3 átomos adicionais está localizado entre os planos superior e inferior. Cd, Mg, Ti, Zn Fonte: Callister, Jr.,W. D., Fundamentos da ciência e engenharia de materiais, LTC, 2006. Um conhecimento da estrutura cristalina de um sólido metálico, permite calculo da massa específica, ρ ,pela seguinte relação: 𝜌 = nA VcNA n = número de átomos associado a cada célula unitária A = peso atômico 𝑉𝐶 = volume da célula unitária 𝑁𝐴= número de Avogadro ( 6,022 x 𝟏𝟎²³) Cobre tem raio atômico de 0,128nm (1,28 A), uma estrutura CFC, um peso atômico de 63,5 g/mol. Calcule a densidade do cobre. Resposta: 8,89 g/cm3 Valor da densidade medida= 8,94 g/cm3 𝜌=𝑛𝐴𝑉𝐶𝑁𝐴 n = 4 (CFC) A = 63,55 g/mol 𝑉𝐶 = 𝑎3 onde a =2R√2 𝑁𝐴= 6,022 x 𝟏𝟎 ²³) Raio atômico R = 1,28x10−8 Estruturas cristalinas compostas por íons eletricamente carregados, em vez de átomos; Duas características dos íons influenciam a estrutura dos cristal: O cristal deve ser eletricamente neutro Envolve os raios iônicos dos cátion e ânions Uma vez que as cerâmicas são compostas por pelo menos dois elementos, as suas estruturas são em geral mais complexasdo que as dos metais. Estrutura da Cloreto de Césio NC – 8 Os ânions estão localizados em cada vértices de um cubo, enquanto o centro do cubo contém um único cátion O estado cristalino pode existir em polímeros. Uma vez que a unidade básica e uma molécula e não átomos ou íons, torna-se muito complexo a representação de cristalinidade, a partir dos conceitos utilizados ate agora. Para os polímeros, cristalinidade esta relacionada a compactação das cadeias de moléculas, de forma a produzir um arranjo ordenado de átomos. As estruturas cristalinas podem ser especificadas em termos de célula unitária, o que é frequentemente complexo. Os polímeros podem apresentar desde 95% de cristalinidade até estrutura completamente amorfa, ao contrário dos metais que são totalmente cristalinos e das cerâmicas que ou são cristalinas ou são amorfas. Os polímeros semicristalinos são análogos a metais com duas fases. Polímeros cristalinos são mais densos que os amorfos do mesmo material e mesmo peso molecular. O grau de cristalinidade pode ser estimado por medidas de densidade. A cristalinidade depende do resfriamento a partir da fusão. Quanto mais complexas as estruturas dos monômeros (unidade básica de repetição dos polímeros) , mais difícil e a formação da cristalinidade – alinhamento das moléculas (o oposto e válido). Polietileno – estrutura cadeias dobradas ortorrômbica Alguns metais e não-metais podem ter mais de uma estrutura cristalina dependendo da temperatura e pressão. Esse fenômeno e conhecido como polimorfismo. Geralmente as transformações polimórficas são acompanhadas de mudanças na densidade e mudanças de outras propriedades físicas. Ferro Titânio Carbono (grafite e diamante) SiC (chega ter 20 modificações cristalinas) 37 Polimorfismo do Ferro Na temperatura ambiente, o Ferro tem estrutura CCC, numero de coordenação 8, fator de empacotamento de 0,68 e um raio atômico de 1,241A. A 910°C, o Ferro passa para estrutura CFC, numero de coordenação 12, fator de empacotamento de 0,74 e um raio atômico de 1,292A. A 1394°C o ferro passa novamente para CCC. Diamante Fulereno Grafite Monocristalinos: constituídos por um único cristal em toda a extensão do material, sem interrupções. Todas as células unitárias se ligam da mesma maneira e possuem a mesma direção. Monocristal de silício Policristalinos: constituído de vários cristais ou grãos, cada um deles com diferentes orientações espaciais. Os contornos de grão são regiões separando cristais de diferentes orientações em um material policristalino. Material policristalino Átomos podem montar em estruturas cristalinas ou amorfas Podemos prever a densidade de um material, desde que saibamos o peso atômico, raio atômico e geometria de cristal (CS, CCC, CFC, HC). As propriedades do material monocristalino, em geral, variam com a orientação do cristal único (isto é, eles são anisotrópicos). Porem, em material policristalino, com grãos orientados de forma aleatória, as propriedades são geralmente não- direcional (são isotrópicas). É uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. Podem envolver uma irregularidade: na posição dos átomos no tipo de átomos O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio ambiente, e das circunstâncias sob as quais o cristal é processado. Apenas uma pequena fração dos sítios atômicos são imperfeitos Menos de 1 em 1 milhão Menos sendo poucos eles influenciam muito nas propriedades dos materiais e nem sempre de forma negativa O processo de dopagem em semicondutores visa criar imperfeições para mudar o tipo de condutividade em determinadas regiões do material. A deformação mecânica dos materiais promove a formação de imperfeições que geram um aumento na resistência mecânica (processo conhecido como encruamento). Wiskers de ferro (sem imperfeições do tipo discordâncias) apresentam resistência maior que 70GPa, enquanto o ferro comum rompe-se a aproximadamente 270MPa. Defeitos Pontuais → associados c/ 1 ou 2 posições atômicas Defeitos lineares → uma dimensão Defeitos planos ou interfaciais → (fronteiras) duas dimensões Defeitos volumétricos → três dimensões O número de vacâncias aumenta exponencialmente com a temperatura Nv= N exp (-Qv/KT) Nv= número de vacâncias N= número total de sítios atômicos Qv= energia requerida para formação de vacâncias K= constante de Boltzman = 1,38x1023 J/at.K ou 8,62x10-5 eV/ at.K Um metal considerado puro sempre tem impurezas (átomos estranhos) presentes 99,9999 % = 1022 - 1023 impurezas por cm3 A presença de impurezas promove a formação de defeitos pontuais As impurezas (chamadas elementos de liga) são adicionadas intencionalmente com a finalidade: aumentar a resistência mecânica aumentar a resistência à corrosão aumentar a condutividade elétrica etc. Soluto e Solvente Para as ligas metálicas, os termos soluto e solvente são usados. O primeiro representa o elemento em menor teor e o segundo diz respeito a o elemento majoritário. Soluções Sólidas Uma solução sólida é formada quando os átomos são adicionados ao material formado pelo elemento majoritário, a estrutura cristalina é mantida e não são formadas novas estruturas Os átomos de impurezas ou os elementos de liga ocupam os espaços dos interstícios. Ocorre quando a impureza apresenta raio atômico bem menor que o hospedeiro. Como os materiais metálicos tem geralmente fator de empacotamento alto as posições intersticiais são relativamente pequenas. Geralmente, no máximo 10% de impurezas são incorporadas nos interstícios. Fe + C → solubilidade máxima do C no Fe é 2,1% a 910 C (Fe CFC). O C tem raio atômico bastante pequeno se comparado com o Fe. rC= 0,071 nm= 0,71 A rFe= 0,124 nm= 1,24 A Regra de Home-Rothery Raio atômico → deve ter uma diferença de no máximo 15%, caso contrário pode promover distorções na rede e assim formação de nova fase Estrutura cristalina → mesma Eletronegatividade → próximas Valência → mesma ou maior que a do hospedeiro As discordâncias estão associadas com a cristalização e a deformação (origem: térmica, mecânica e supersaturação de defeitos pontuais) A presença deste defeito é a responsável pela deformação, falha e ruptura dos materiais Vetor de Burger Dá a magnitude e a direção de distorção da rede Corresponde à distância de deslocamento dos átomos ao redor da discordância Envolvem fronteiras (defeitos em duas dimensões) e normalmente separam regiões dos materiais de diferentes estruturas cristalinas ou orientações cristalográficas. Superfície externa Contorno de grão Fronteiras entre fases Maclas ou Twins Defeitos de empilhamento Na superfície os átomos não estão completamente ligados. Então o estado energia dos átomos na superfície é maior que no interior do cristal. Os materiais tendem a minimizar esta energia. A energia superficial é expressa em erg/cm2 ou J/m2 Corresponde à região que separa dois ou mais cristais de orientação diferente um cristal = um grão No interior de cada grão todos os átomos estão arranjados segundo um único modelo e única orientação, caracterizada pela célula unitária. Há um empacotamento ATÔMICO menos eficiente. Há uma energia mais elevada. Favorece a nucleação de novas fases (segregação) Favorece a difusão. A forma do grão é controlada pela presença dos grãos circunvizinhos. O tamanho de grão é controlado pala composição e pela taxa de cristalização ou solidificação. São introduzidas no processamento do material e/ou na fabricação do componente. Inclusões Impurezas estranhas. Precipitados são aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz. Fases forma-se devido à presença de impurezas ou elementos de liga (ocorre quando o limite de solubilidade é ultrapassado). Porosidade origina-se devido a presença ou formação de gases. Inclusões de Óxido de Cobre (Cu2O) em cobre de alta pureza (99,26 %) laminado a 800 ⁰C. As figuras abaixo apresentam a superfície de ferro puro durante o seu processamento por metalurgia do pó. Nota-se que, embora a sinterização tenha diminuído a quantidade de poros bem como melhorado sua forma (os poros estão mais arredondados), ainda permanece uma porosidade residual. PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS ESTRUTURAS CRISTALINAS DOS MATERIAIS Estrutura da Matéria Slide Number 4 Materiais Sólidos Materiais Sólidos Slide Number 7 A Malha Cristalina�Célula Unitária Estrutura Cristalina dos Metais � Estrutura Cristalina dos Metais Sistemas Cristalinos Sistemas Cristalinos Sistemas Cristalinos Sistemas Cristalinos Sistemas Cristalinos Sistemas Cristalinos Definições Sistema Cúbico Sistema Cúbico Simples (CS) Sistema Cúbico de Corpo Centrado (CCC) Slide Number 21 Sistema Cúbico de Face Centrada (CFC) Slide Number 23 Slide Number 24 Sistema Hexagonal Compacto (HC) Slide Number 26 Raio Atômico e Estrutura Cristalina de Alguns Metais �Densidade Teórica, ρ Exemplo Estrutura Cristalina dos Materiais Cerâmicos Estrutura Cristalina dos Materiais Cerâmicos Estrutura Cristalina dos Materiais Poliméricos Estrutura Cristalina dos Materiais Poliméricos Estrutura Cristalina dos Materiais Poliméricos Polimorfismo ou Alotropia Exemplos de Materiais que Exibem Polimorfismo Slide Number 37 Polimorfismo do Ferro� Polimorfismo do carbono Monocristais e Policristais Resumo Imperfeições e Defeitos Cristalinos Imperfeições Cristalinas Imperfeições Estruturais Exemplos de Efeitos da Presença de Imperfeições Imperfeições Estruturais Defeitos Pontuais Vacâncias ou Vazios Impurezas nos Sólidos Ligas Metálicas �Soluções sólidas intersticiais� �Exemplo de solução sólida�intersticial� Soluções Sólidas Substitucionais Exemplo de Solução Sólida Substitucional Defeitos Lineares: Discordâncias Discordâncias em Cunha Discordâncias em Hélice Defeitos Planos ou Interfaciais Defeitos na Superfície Externa Contorno de Grão Considerações Gerais sobre Contorno de Grão Grãos vistos no Microscópio Óptico Imperfeições Volumétricas Inclusões Porosidade Exemplo de Partícula de Duas Fases Micrografia da Liga�Al-3,5 %Cu no Estado Bruto de Fusão
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