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DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO - PONTO 07.2

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DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO - PONTO 07
Competência tributária plena. Indelegabilidade da competência. Não exercício da competência. Competência residual e extraordinária. Limitações da competência. Princípios da legalidade e da tipicidade. Princípio da anualidade. Proibição de tributos interlocais. Imunidade e isenção. Uniformidade tributária. Tributação das concessionárias. Sociedades mistas e fundações. Imunidade recíproca. Extensão da imunidade às autarquias. 
Revisado por Jucelio Fleury Neto em agosto de 2012.
7.1 Competência tributária plena
A competência tributária plena é aquela outorgada à pessoa política não só para cobrar (arrecadar) e fiscalizar o tributo (“função fiscal” ligada ao Poder Executivo), mas especialmente para criá-lo e legislar (“poder fiscal” ligado ao Poder Legislativo) sobre ele. Art. 6.° do CTN: “A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.” Segundo Aliomar Baleeiro, “a ênfase da adjetivação – ‘plena’ – quer significar que não há outras limitações ao legislador, senão aquelas de ordem constitucional”. Somente os entes federados possuem competência tributária. Somente a CF pode estabelecer competências tributárias.
•	Limites para o exercício da competência: são apenas aqueles constantes na Constituição Federal, mas alguns autores entendem que Estados e Municípios podem criar restrições próprias (auto-limitações), por meio de suas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas. Tributo com receita distribuída: é o caso do IOF sobre o ouro como ativo financeiro, em que a União é competente para instituí-lo, mas a receita vai toda para Estados e municípios. Nesse caso, apesar do ente competente não ficar com a receita, ele mantém a competência plena.
•	As regras constitucionais de repartição de receitas tributárias não têm nenhuma influência sobre a competência tributária, conforme art. 6º. parágrafo único, do CTN: “Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.”
•	A competência tributária é mutável, podendo ser alterada por emenda constitucional, pois não configura, a priori, cláusula pétrea. Ela decorre, entretanto, de uma cláusula pétrea, qual seja, o princípio federativo. (Na ADI 2381, o STF reforçou a existência do referido princípio). Então, a competência pode ser modificada por emenda constitucional, desde que não prejudique a autonomia do ente federativo (financeira e de auto-gestão). Jhon Marshal: "o poder de tributar inclui o poder de destruir".
7.2 Indelegabilidade da competência
	Em sentido estrito, a competência tributária é política, referindo-se à possibilidade de editar lei instituindo o tributo, definido seus elementos essenciais (fatos geradores, contribuintes, alíquotas e bases de cálculo). 
A capacidade ativa decorre da competência tributária, mas possui natureza administrativa, referindo-se às funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária.
	Nestes termos, conclui-se que, em sentido amplo, a competência seria a soma de quatro atribuições: instituir, arrecadar, fiscalizar e executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas relativas ao tributo.
	A indelegabilidade da competência tributária, contudo, refere-se apenas à primeira atribuição, a de instituir o tributo. As demais funções seriam delegáveis, portanto. Assim, utilizando-se a expressão em sentido estrito, pode-se afirmar que a competência tributária (política) é indelegável, seja expressa (CTN, art. 7º), seja tacitamente (CTN, art. 8º); já a capacidade ativa (administrativa) é delegável de uma pessoa jurídica de direito pública a outra.
	Pode-se citar como exemplo a delegação da capacidade ativa feita ao INSS de algumas contribuições previdenciárias instituídas pela União, detentora da competência tributária. Após tal delegação, foi editada a Lei 11.098/05 a qual a União retirou a capacidade ativa delegada do INSS autorizando a criação da Secretaria da Receita Previdenciária que, mais tarde, foi unificada com a Secretaria da Receita Federal criando-se a Receita Federal do Brasil.
As atribuições atinentes à capacidade tributária ativa (arrecadar, fiscalizar e exigir tributos, bem como executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária) só podem ser delegadas para pessoas jurídicas de direito público (art. 7º, caput, do CTN). Não confundir com o encargo ou função de mera arrecadação exercido por pessoas jurídicas de direito privado, como os bancos (art. 7º, §3º, do CTN), concessionária de energia elétrica (art. 149-A CF) e 84 CTN (Art. 84. A lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios o encargo de arrecadar os impostos de competência da União cujo produto lhes seja distribuído no todo ou em parte. Parágrafo único. O disposto neste artigo, aplica-se à arrecadação dos impostos de competência dos Estados, cujo produto estes venham a distribuir, no todo ou em parte, aos respectivos Municípios.)
•	Não obstante, vale registrar que alguns doutrinadores, como Paulo de Barros Carvalho, afirmam a imprestabilidade do texto literal do CTN, por conflitar com o sistema constitucional, onde se albergam, no campo da parafiscalidade (delegação da capacidade tributária ativa), entidades não públicas credenciadas à titularidade ativa de relações jurídico-tributárias.
7.3 Não exercício da competência
CTN: Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
•	O não-exercício tampouco implica decadência da competência.
•	Com a LC 101/00, o não exercício da competência tributária passou a ter um ônus. Com efeito, o art. 11 da citada lei veda a realização de transferências voluntárias (entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira) para entes que não exerçam as competências tributárias que lhe foram atribuídas pela Constituição em relação aos impostos. Há quem entenda por inconstitucional tal disposição, por trazer restrição não prevista na CF.
		Apesar de reconhecer a lógica do postulado, na qual se um ente possui competência para criar um imposto e não o faz, presume-se que não precise de receita proveniente de transferência voluntária, para Ricardo Alexandre trata-se a vedação legal de uma sanção institucional que parece caminhar em sentido contrário à lição de que o exercício da competência tributária é facultativo.
O exercício do poder atribuído é uma faculdade, não uma imposição constitucional. Cada ente decide, de acordo com seus critérios de oportunidade e conveniência política, e, principalmente, econômica, sobre o exercício da competência tributária.
7.4 Competência residual e extraordinária
Competência residual (Constituição Federal) – é sempre da União Federal em matéria de impostos e contribuições sociais:
•	Impostos: Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.
•	Contribuições: Art. 195: § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I..
Competência extraordinária (Constituição Federal):
Art. 154. A União poderá instituir: II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente,cessadas as causas de sua criação.
•	Competência extraordinária – regras gerais:
o	Guerra externa ou sua eminência: são circunstâncias que permitem a criação do imposto, mas jamais serão seus fatos geradores.
o	Terão a mesma hipótese de incidência, base de cálculo e fato gerador de imposto ordinário já instituído pela União, Estados, DF ou Municípios; ou seja, ele é repetitivo, é uma clonagem tributária, que vai conviver, simultaneamente, com o imposto ordinário ou residual já existente. Ou seja, poderá haver a bitributação (quando duas pessoas exigem tributo do mesmo sujeito passivo sobre a mesma hipótese de incidência) e o bis in idem (quando a mesma pessoa exige tributos sobre o mesmo fato gerador).
o	Não exige não-cumulatividade.
o	Devem ser transitórios, mas podem perdurar por 5 anos depois da celebração da paz (art. 76 do CTN).
o	Podem ser instituídos por lei ordinária ou MP.
o	Não se submetem ao princípio da anterioridade simples e nonagesimal.
•	Competência residual – regras gerais:
o	Pode ser utilizada a qualquer tempo.
o	Exige lei complementar.
o	Exige não-cumulatividade
o	Exige inovação do fato gerador e base de cálculo
o	São permanentes (não há exigência de natureza temporária)
o	Submetem-se ao princípio da anterioridade e à noventena.
•	Entende-se que, em matéria de taxas, a competência residual pertence aos Estados, haja vista sua competência residual político-administrativa.
7.5 Limitações da competência
Várias das limitações já foram tratadas na parte dos princípios (ver ponto 06 – “limitações constitucionais ao poder de tributar):
1. Princípio da Legalidade Tributária
2. Princípio da Anterioridade da Lei Tributária
3. Princípio da Igualdade Jurídica Tributária
4. Princípio da Tributação Segundo a Capacidade Contributiva
5. Princípio da Indelegabilidade da Competência Tributária
6. Princípio da Vedação ao Efeito Confiscatório
7. Princípio da Liberdade de Tráfego
8. Princípio da Uniformidade Geográfica
9. Princípio da Não-Discriminação Tributária em Razão da Origem ou Destino dos Bens
Enfim, ao exercer sua competência o ente da Federação tem como limites todos os princípios acima. Além desses, há as limitações das imunidades, que serão vistas à frente.
7.6. Princípios da Legalidade e da Tipicidade. Princípio da anualidade. Proibição de tributos interlocais.
a)	Princípio da legalidade: a criação e majoração de tributos só pode ser feita por lei. Exceção para a majoração de alíquotas: II, IE, IOF, IPI (alíquotas fixadas por decreto, dentro dos limites fixados em lei), CIDE-combustíveis (o Poder Executivo pode reduzir e restabelecer as alíquotas) e ICMS monofásico sobre combustíveis (alíquotas fixadas por convênio celebrado entre Estados e DF – CONFAZ) Não há mais ressalva para a CPMF, cuja alíquota, fixada diretamente pela CF, podia ser alterada pelo Executivo.
o	A EC 32/2001 veio constitucionalizar a medida provisória como meio adequado para criar ou aumentar tributo. No entanto, antes mesmo da EC, a STF entendia ser a MP veículo normativo hábil a criar ou majorar tributos.
o	O princípio restringe-se aos elementos do tributo previstos no art. 97 do CTN (fato gerador, base de cálculo, alíquotas, sujeitos penalidades, disciplina relativa ao crédito tributário e à obrigação tributária), salvo exceções constitucionais acima mencionadas.
o	Segundo o STF, não estão sujeitas à reserva legal as seguintes matérias: a) obrigações acessórias; b) prazos para pagamento de tributos; c) correção monetária da base de cálculo.
o	Alguns tributos devem ser instituídos por lei complementar: imposto sobre grandes fortunas, empréstimos compulsórios, impostos residuais da União e contribuições sociais residuais da União.
b)	Princípio da tipicidade: a tipicidade tributaria é análoga à penal e significa que o tributo somente será devido se o fato concreto se enquadrar na previsão da lei tributaria, assim como o fato criminoso tem que se enquadrar na lei penal. A doutrina tem afirmado categoricamente que a reserva incondicionada de lei formal na definição in abstrato dos elementos necessários à tributação é condição sine qua non para a exigibilidade de um tributo. Isto viabiliza a identificação de quem vem a ser o sujeito obrigado ao pagamento do tributo, qual o seu valor devido, e principalmente, se o sujeito praticou, in concreto, o fato previsto, in abstrato, na norma. Pode ser considerado um detalhamento do princípio da legalidade previsto no art. 97 do CTN, significando que todos os elementos do tributo devem estar previstos em lei.
c)	Princípio da anualidade: se refere à necessidade de estar o tributo previsto no orçamento para que sua cobrança seja possível, ou seja, para que o tributo seja exigido no ano seguinte tem que ter sido incluído no orçamento como receita. Entretanto, esta limitação temporal que existia na CR/46 não existe mais. Isso significa que mesmo que o tributo não esteja previsto no orçamento, ele poderá ser exigido.
d)	Princípio da proibição de tributos interlocais: o inciso V do art. 150 da CR traz a proibição de que os entes federados estabeleçam limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Há exceções à regra, como a possibilidade de cobrança de ICMS interestadual, que não deixa de ser um gravame incidente sobre operações que se destinam a outro estado determinados bens e sobre a prestação de determinados serviços acaba por constituir limitação ao tráfego de bens pelo território nacional. Contudo, a cobrança tem fundamento constitucional e é plenamente válida. Há também a questão do pedágio.
7.7 Imunidade e isenção
A imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributar, é uma limitação da competência legislativa. Já a isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo, por limitação de um dos critérios da hipótese de incidência. Ou, como mais comumente se diz: é a dispensa de recolhimento de tributo que o Estado concede a determinadas pessoas e em determinadas situações, através de leis infraconstitucionais. A norma isentiva constitui norma de estrutura, de modo que alterará a matriz de incidência tributária (PAULO DE BARROS CARVALHO). A competência para isentar é conseqüência lógica da competência para tributar (Sainz de Bujanda e José Souto Maior Borges)
	Imunidade
	Isenção
	* prevista na Constituição Federal
* é vedação ao poder de legislar sobre o tributo em determinados casos e em relação a determinadas pessoas
* é ausência de competência
	* prevista nas leis de cada ente da Federação
* é a dispensa legal do pagamento do tributo
* é causa de exclusão do crédito tributário
•	O CTN enumera a isenção ao lado da anistia, como formas de exclusão do crédito tributário. Excluir o crédito tributário significa impedir a sua constituição. Ou seja, não obstante a ocorrência do fato gerador e o conseqüente nascimento da obrigação tributária, não pode haver lançamento. Doutrina autorizada, no entanto, sustenta que a isenção é norma que reduz o campo de abrangência da norma tributária impositiva, o que implicaria na inexistência de incidência. O STF perfilha a literalidade do CTN, entendendo que há a incidência da norma, ocorre o fato gerador e surge a obrigação tributária, com posterior dispensa do pagamento do tributo em razão da isenção. (visão clássica de Rubens Gomes de Souza).
•	A isenção está submetida à reserva legal (lei específica). A lei deve especificar as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Frise-se que, em relação ao ICMS, há a necessidade, para a concessão de qualquer benefício fiscal (incluindo isenção), de prévia autorização em convênio celebrado no âmbito do CONFAZ (conselho composto pelos secretários de fazendo dos estados e do DF, sob a presidência doMinistro da Fazenda). 
•	A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Tal regra deve ser aplicada em harmonia com o art. 151, I da CF, que permite a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País. Não há previsão de que ela possa ser restrita a “determinada classe ou categoria de sujeitos passivos”, como há em relação à moratória.
•	Salvo disposição legal em contrário, a isenção genérica não se aplica às taxas e contribuições de melhoria, que têm caráter contraprestacional, e aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão (art. 177 do CTN)
•	As isenções onerosas ou condicionais (em que é exigida alguma contrapartida do beneficiário) concedidas por prazo certo geram direito adquirido à fruição do benefício, pelo prazo estipulado, para os que cumpram as condições (vide súmula 544/ STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas). A lei que concede tal isenção pode ser revogada, mas a isenção, não. Em outros termos, ainda que revogada a lei, o beneficiário continuará fruindo da isenção até o prazo final.
A isenção pode ser concedida em caráter geral (objetivo) ou em caráter individual (subjetivo ou pessoal). Há isenção em caráter individual quando a lei restringir a abrangência do benefício às pessoas que preencham determinados requisitos, de forma que o gozo dependerá de requerimento formulado à Administração Tributária no qual se comprove o cumprimento dos pressupostos legais (STJ – Resp 196.473). São aplicáveis à isenção concedida em caráter individual as regras constantes do art. 155 do CTN:; a) a concessão de isenção em caráter individual não gera direito adquirido e será “revogada” (rectius, anulada) de ofício, quando se apure que o beneficiário não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou cumpria ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão; b) no caso de “revogação”, sempre será cobrado o tributo + juros de mora; c) se o benefício foi obtido com dolo ou simulação, haverá cobrança de penalidade e o tempo decorrido não será computado para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; d) se não houve dolo ou simulação, não haverá cobrança de penalidade pecuniária e a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o direito à cobrança.
•	Revogação de isenção e anterioridade: segundo o art. 104, III do CTN, lei que extinga ou reduza isenção relativa a imposto sobre o patrimônio ou a renda entra em vigor apenas no exercício seguinte. O STF, no entanto, tem precedentes no sentido de que a revogação de isenção não se submete à anterioridade tributária. Revogada a isenção, o tributo pode ser imediatamente exigível. Cabe ressaltar, porém, que esses precedentes versavam, no caso concreto, sobre o antigo ICM (atual ICMS), que é imposto sobre a produção e circulação, enquanto que o CTN trata de imposto sobre patrimônio e renda. (“A referência, no texto do art. 104, III, c, do CTN, apenas aos tributos sobre o patrimônio ou a renda e à anterioridade de exercício não deve impressionar, pois tais restrições não foram recepcionadas pelas normas constitucionais posteriores.”LEANDRO PAULSEN. Curso de Direito Tributário. 2008, p. 181”)
•	na questão das isenções heterônomas há que ser diferenciada a posição da União, ora como integrante da federação, ora como representante dessa mesma federação nas relações internacionais:
o	no primeiro caso, as isenções heterônomas não podem ser concedidas, por atingir a autonomia dos demais entes, salvo as exceções expressamente previstas no texto constitucional;
o	no segundo, tem a União plena liberdade de, por meio de acordos internacionais, conceder isenções de tributos pertencentes aos demais entes federados, pois, aqui, atua como representante destes perante os demais Estados soberanos (posição do STF).
A CF/88 traz outras 2 exceções à vedação de isenções heterônomas: a) o art. 155, §2º, XII, “e”, autoriza o Poder Legislativo da União, por Lei complementar, a excluir da incidência do ICMS serviços e outros produtos exportados para o exterior; b) o art. 156, §3º, II, autoriza a União a editar lei complementar que exclua da incidência do ISS as exportações de serviços para o exterior (implementada pela LC 116/03).
Obs.: A CF/67 autorizava a União a, mediante lei complementar e atendendo a relevante interesse social ou econômico nacional, conceder isenções de impostos estaduais e municipais, o que enfraquecia o princípio federativo e as autonomias estadual e municipal.
- Imunidade Recíproca
OBS: O ponto 7 só especifica a imunidade recíproca - as outras espécies de imunidade estão incluídas nas limitações constitucionais ao poder de tributar (ponto 6).
a)	Imunidade recíproca
É cláusula pétrea, eis que visa à proteção do pacto federativo (ADI 939).
•	Imunidade subjetiva.
•	Somente impostos.
•	Abrange patrimônio, renda ou serviços (jurisprudência: também aplicações financeiras).
•	Não há imunidade: se o ente, direta ou indiretamente, explora atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis aos empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.
•	Sociedades de Economia Mista: em regra, como exploram atividades econômicas, não há imunidade.
•	Empresas públicas: se explorarem atividades econômicas, não há imunidade.
•	Concessionárias de serviços públicos: se forem remuneradas apenas pelo Estado (ex: Parceria Público Privada, na modalidade concessão administrativa), há imunidade. Se forem remuneradas também pelo usuário, não há imunidade.
•	Autarquias: como exercem atividades típicas estatais, há imunidade, mas apenas no que for vinculado às finalidade essenciais.
•	Fundações: mesma regra das autarquias.
Para o STF, a imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, I, a da CR abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos (RE407.099 e AC 1.550-2)
Informativo STF 353 (RE-407099)
Título ECT e Imunidade Tributária Recíproca
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT está abrangida pela imunidade tributária recíproca prevista no art. 150, VI, a, da CF, haja vista tratar-se de prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado
ECT: IPVA e Imunidade Tributária
Na linha da orientação firmada no julgamento da ACO 959/RN (DJE de 16.5.2008), no sentido de que a norma do art. 150, VI, a, da CF alcança as empresas públicas prestadoras de serviço público, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação cível originária proposta pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT contra o Estado do Rio de Janeiro, para afastar a cobrança do IPVA, bem como as sanções decorrentes da inadimplência do tributo.
ACO 765/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 13.5.2009. (ACO-765)
Imunidade Recíproca e Caixa de Assistência dos Advogados
A imunidade tributária recíproca aplicável à Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, quando atua no campo próprio que lhe outorga a Constituição, não se estende às atividades sociais ou de assistência desempenhada pelas respectivas Caixas de Assistência. Com base nesse entendimento, a Turma proveu recurso extraordinário interposto pelo Município de Belo Horizonte contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais que considerara imóvel da Caixa de Assistência dos Advogados dessa mesma unidade federativa imune ao pagamento do IPTU.
RE 233843/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 1º.12.2009. (RE-233843)
decisões correlatas:
* proibição de cobrança do IOF nas operações financeiras realizadas pelos Municípios ou Estados (RE 196.415 – STF)
* vedação da incidência do imposto de renda sobre os rendimentos auferidos pelas pessoas públicas que gozam da imunidade recíproca (ADIMC1758)
* declaração da inconstitucionalidade do art. 2º, §2º, da EC nº 3/93, que, entre outras coisas, pretendeu excluir o IPMF da vedação ora tratada (ADI 939) 
7.8 Uniformidade tributária
Trata-se de vedação específica à União, inserta no art. 151, I da CR que visa à proteção do pacto federativo. É regra protegida por cláusula pétrea. O mesmo dispositivo traz uma exceção que se refere à possibilidade de concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio socioeconômico entre as diferentes regiões do País. Essa possibilidade está em harmonia com o art. 3º da Constituição que inclui entre os objetivos da República a redução das desigualdades sociais e regionais. 
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
7.9 Tributação das concessionárias
É absolutamente pacífico que concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, remuneradas por preços públicos ou tarifas, não gozam de qualquer privilégio tributário. Tanto isso é verdade que, mesmo a prestação direta de serviços públicos pelo Estado, quando remunerada por preço ou tarifa pagos pelo usuário, estaria excluída da imunidade tributária recíproca (art. 150, §3º, CF), salvo se tratar de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, como é o caso da ECT.
7.10 Sociedades Mistas e Fundações
As sociedades de economia mista apresentam regime tributário definido pela CF/88, equiparando-as às empresas privadas, inclusive quanto às obrigações tributárias. Dispõe, ainda, o texto constitucional que tais entidades não poderão gozar de privilégios fiscais não extensíveis às do setor privado.
POLÊMICA: DI PIETRO e DIÓGENES GASPARINI sustentam a paridade quanto se tratar de entidade que explora atividade econômica em sentido estrito, podendo haver privilégios em favor daquelas que executam atividades econômicas sob a forma de serviços públicos.
		JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO e HELY LOPES entendem que, independentemente de sua natureza, as sociedades de economia mista devem sujeitar-se ao mesmo regime tributário aplicável às empresas privadas, porque todas exercem, em sentido amplo, atividades econômicas.
Vale destacar que Empresa Pública que executa serviço público monopolizado – admite-se a concessão de privilégio, em virtude da inexistência da ameaça de mercado e da ausência do risco de abuso do poder econômico. O STF (RE 407.099 – Rel. Carlos Veloso) entendeu que a ECT está abrangida pela imunidade tributária recíproca, por se tratar de prestadora de serviço público exclusiva do Estado. (Monopólio que está sendo questionado na ADPF 46, sob o fundamento de livre iniciativa e livre concorrência). Equiparou, portanto, no que concerne à imunidade tributária recíproca, empresas públicas prestadoras de serviços públicos às autarquias.
ATENÇÃO: Em julgado ainda mais recente (06.02.07), o STF, sob os mesmos fundamentos, considerou aplicável a imunidade tributária recíproca a uma sociedade de economia mista prestadora de serviços públicos (Ação Cautelar 1550-2 – 2ª Turma).
Assim, com base nesse julgado e no inteiro teor do voto do Min. Gilmar Mendes, pode-se concluir que o entendimento atual do STF é no sentido de ampliar a imunidade tributária recíproca para empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos obrigatórios. Manteve-se a vedação de extensão de vantagens para empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica.
Em relação às fundações, o artigo 150, §2º CF dispõe que a imunidade tributária relativa aos impostos sobre a renda, o patrimônio e os serviços federais, estaduais e municipais é extensiva às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, não diferenciando qual tipo de fundação pública. Ou seja, ambas as modalidades de fundações públicas fazem jus à referida imunidade, desde que a atividade esteja relacionada às suas atividades essenciais.
7.11 Extensão da imunidade às autarquias
A imunidade recíproca estende-se às autarquias e fundações públicas federais, estaduais, distritais e municípios (art. 150, §2º, CF). TODAVIA, há uma diferença importante: enquanto no caso da imunidade recíproca das pessoas políticas não há restrição quanto à destinação de seu patrimônio, renda ou serviços, a imunidade das autarquias e fundações públicas alcança somente patrimônio, renda ou serviços vinculados às finalidades essenciais, ou às delas decorrentes, dessas pessoas administrativas.
O STF já afastou a incidência de IPTU sobre prédio ocupado por autarquia estadual, evidentemente, portanto, vinculado a suas finalidades essenciais (RE 203.839).
BIBLIOGRAFIA
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 16 ed. 2006.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 16 ed. 2004.
CASTRO, Aldemario Araújo. Direito Tributário. 3 ed. 2007.
PAULO, Vicente & ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Tributário na Consituição e no STF. 12 ed. 2007.
PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. 2008.

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