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5_Procedimento_de_Asilo_Deportação_e_expulsão

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5. Procedimentos de Asilo, Deportação, Expulsão e Extradição.
Direito Internacional Privado
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5.1 Asilo
A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece expressamente o direito a uma pessoa de “buscar asilo” em outro Estado, diferente daquele sob cuja jurisdição se acha submetido, em virtude de nacionalidade, domicílio ou residência (simples presença física). 
Tal fato se dá de forma direta,  no art. 14 (§ 1o – “Todo homem vítima de perseguição, tem o direito de procurar e gozar asilo em outros países. § 2o – Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crime de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas”) e, por consequência da aplicação do art. 13 § 2o (forma indireta) (“Todo homem tem direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar”). 
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Na verdade, o emprego do terno “asilo” tem levado muitos autores a dizer que designa um instituto de natureza geral, em confronto com o de “refúgio”, que é regulamentado em normas precisas da ONU. 
Na verdade, a regra do art. 13 § 2o da Declaração Universal, contempla um direito subjetivo de uma pessoa buscar proteção sob a jurisdição de outro Estado, tanto na forma de asilo quanto na de refúgio, mas não autoriza a que se considerem os institutos como genéricos ou específicos. 
Por outro lado, aquela regra do art. 14 da Declaração Universal, encontra-se transcrita, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, adotada em Bogotá, ao final da IX Conferência Americana, em abril de 1948, no seu art. XXVII, verbis: 
“Toda pessoa tem o direito de procurar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição que não seja motivada por delitos de direito comum, e de acordo com a legislação de cada país e com as convenções internacionais”.
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Somente para Crimes Políticos:
Crimes que atentem contra a ordem democrática do Estado;
No Brasil, as normas sobre entrada e permanência no território nacional de asilados, que são estrangeiros,  se regem pelo denominado “Estatuto dos Estrangeiros” (Lei no 6.815 de 19/08/1980, com as alterações da Lei no 6.964 de 09/12/81 e um sem número de outros atos normativos como o Regulamento expedido pelo Decreto no 86.715 de 10/12/1981 e outras normas da legislação complementar ou correlata). 
Nela somente se preveem os casos de entrada de estrangeiros, de sua permanência, e sua deportação, expulsão e a extradição de estrangeiros.
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Os artigos 28 e 29 do Estatuto dos Estrangeiros regulam a condição do asilado, que a Lei denomina “asilado político”  e que a doutrina e práticas nacionais têm considerado como referente tanto ao estrangeiro beneficiado pelo: 
Asilo Territorial (entrada pelas fronteiras terrestres ou marítimas, sem quaisquer documentos autorizatórios do Governo brasileiro (já está no território, porém de maneira ilegal), com a expectativa de beneficiar-se da proteção das normas internacionais e conseguir a condição de asilado, a ser definida, quando a pessoa já se encontra no território nacional); 
Quanto pelo Asilo Diplomático (entrada em portos ou aeroportos internacionais brasileiros, de posse de um salvo-conduto concedido pelo Governo brasileiro, quando o asilado se encontrava em lugares no exterior susceptíveis de abrigar um postulante a asilo, na condição de asilado já reconhecida pelo mesmo).
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Ficção de Extraterritorialidade para Embaixadas e Consulados: assegurar liberdade para pessoas que trabalham neste local, não se aplicando as leis do país;
As regras gerais são de que ao asilado político se apliquem as normas brasileiras relativas aos estrangeiros, bem como as que lhe impõe o Direito Internacional ou as que o Governo brasileiro lhe fixar;
Ex.: fixação de residência em determinados locais, no Brasil, em geral, longe das fronteiras do Estado de sua nacionalidade ou residência, ao tempo anterior da concessão do asilo (art. 28 do Estatuto do Estrangeiro). 
O art. 29 impõe ao asilado político o dever de somente sair do território nacional, com a prévia autorização do Governo brasileiro, sob pena de considerar-se renúncia ao asilo, o que impedirá o reingresso, naquela condição (art. 29 e seu parágrafo único, do Estatuto do Estrangeiro).
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Insista-se, portanto, sobre os CARACTERÍSTICAS do direito de asilo, conforme seus elementos definidos nas normas internacionais vigentes na América Latina: 
trata-se, como dissemos, um direito exclusivo que cabe ao Estado parte nas convenções temáticas, conceder ou não (discricionariedade); 
o controle da aplicação das normas convencionais sobre asilo, depende unicamente da vontade dos Estados, portanto, dentro do quadro geral da regras sobre responsabilidade internacional dos Estados, em virtude da inadimplência de normas convencionais; 
implica na existência de uma situação de perseguição por motivos políticos a uma pessoa, por multidões ou por autoridades de um Estado, em casos de urgência, e em situações em que esta não tenha como pôr-se em segurança (portanto, nos casos de graves comoções internas, perseguições por motivos de crenças, opiniões e filiação política ou por atos que possam ser considerados delitos políticos), descartadas, portanto, situações de penúria econômica nos países de onde as pessoas buscam evadir-se; 
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d) concedido o asilo, criam-se obrigações a outros Estados partes, de conceder um salvo-conduto e de não esperarem que o Estado asilante venha a conceder extradição, mesmo que haja tratados bilaterais sobre extradição; 
e) inexistem, nas normas regionais na América Latina, quaisquer restrições quanto a atos qualificados como delitos políticos, passíveis de concessão de asilo, como se sabe, ato unilateral do Estado asilante, restrições essas como suspeita de que a pessoa pretendente a asilo ou já asilada, tenha  praticado atos atentatórios  aos princípios da Carta da ONU, ou “cometido um crime contra a paz, um crime de guerra ou um crime contra a humanidade, conforme definido nos instrumentos internacionais elaborados para adotar disposições sobre tais crimes” (art. 1o § 2o da Resolução 2.314 da AG da ONU, denominada “Declaração sobre Asilo Territorial”)
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5.2 Deportação
No caso de impedimento à entrada, o estrangeiro não ultrapassa a fronteira, o porto ou o aeroporto, pois não possuir, por exemplo, um passaporte visado por um cônsul brasileiro no exterior.
O impedimento, previsto no art. 26, da Lei 6.815 de 1980, só é possível porque a concessão de visto nada mais é do que expectativa de direito, não configura direito adquirido.
O ato de deportação é um ato administrativo discricionário de competência da Policia Federal. Quando um estrangeiro enquadra-se numa das hipóteses previstas em lei para a deportação, os agentes federais estão aptos a deportá-lo sem necessidade de qualquer ordem judicial. O ato de deportação pode ser objeto, como todo ato discricionário, de controle jurisdicional quanto ao aspecto da sua legalidade. 
O estrangeiro deportado não fica impedido de regressar ao território nacional, pois não se trata de um ato com finalidade punitiva, mas apenas de regularização da sua situação no país.
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5.3 Expulsão
As hipóteses de expulsão do estrangeiro estão expressamente previstas no art. 65, do Estatuto do Estrangeiro. Os casos que ensejam a expulsão do estrangeiro são casos mais graves do que os de deportação. Ela é aplicada quando a presença do estrangeiro no território nacional for considerada nociva ao convívio social.
Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que:
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil;
b) havendo
entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro.
 ∟Ex.: Ministros de Confissão Religiosa Estrangeiros que não podem visitar presídios brasileiros;
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O ato de expulsão não pode ser praticado por agentes federais, ele é um ato privativo do Presidente da República. Para ser decretada a expulsão de alguém deve haver um processo administrativo em que lhe seja assegurada a ampla defesa. 
Afinal, ao contrário da deportação, a expulsão  é um ato administrativo com caráter punitivo que traz sequelas ao expulso, como a PROIBIÇÃO DE RETORNAR AO TERRITÓRIO NACIONAL (persona non grata). 
Como ninguém pode ser privado de seus bens e direitos sem o devido processo legal (art. 5º, inciso LIV, da C.F.), faz-se necessário a instauração de prévio processo administrativo que, no caso, tem curso no âmbito do Ministério da Justiça.
O judiciário, assim como na deportação, não participa da formação do ato de expulsão, podendo, contudo, exercer o controle externo do ato no que tange ao aspecto da legalidade.
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A expulsão é concluída por meio da expedição de DECRETO pelo Presidente da República. Da decisão de expulsão caberá pedido de reconsideração no prazo de dez dias. O Estatuto do Estrangeiro enuncia os casos em que é vetada a expulsão de estrangeiro. São elas:
Art. 75. NÃO se procederá à expulsão: 
I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou
II - quando o estrangeiro tiver: 
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou 
b) Filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. 
§ 1º. Não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar. 
§ 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo. 
O expulso fica proibido de retornar ao País. Seu retorno só será permitido se EDITADO UM NOVO DECRETO REVOGANDO o anterior que o expulsou.
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5.4 Extradição
A extradição só ocorre quando há prática de crime no exterior, assim se o indivíduo sofrer qualquer condenação civil não poderá ser solicitada sua extradição. 
O pedido de extradição só poderá ser deferido pelo governo brasileiro se houver tratado entre os dois Estados ou havendo promessa de reciprocidade de tratamento pelo Estado solicitante, de modo que fique assegurada a igualdade de tratamento quando houver pedido de extradição feito pelo Brasil.
O Estatuto do Estrangeiro regulamenta a extradição passiva (quando requerida ao Brasil por outro Estado). A extradição ativa (quando o Brasil solicita a outros Estados) tem seu procedimento regulamentado pelo Decreto-Lei nº 394 /1938.
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A Constituição Federal enuncia algumas restrições aos pedidos de extradição feitos ao governo brasileiro:
É  PROIBIDA A EXTRADIÇÃO DE BRASILEIRO NATO, não existindo qualquer exceção para esta regra. Tal vedação se aplica ao naturalizado, mas quanto a ele há algumas exceções, quais sejam: 
 O naturalizado pode ser extraditado por crime  comum praticado antes da naturalização, bem como em caso de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. 
“LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”;
Quanto aos ESTRANGEIROS, a regra é a permissão de extradição, sendo esta vedada apenas quando forem acusados de crime político ou de opinião.
“LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião”;
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