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A_execução_das_sentenças

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8. A Execução das Sentenças Brasileiras no Estrangeiro e Estrangeiras no Brasil
Direito Internacional Privado
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8.1 Noções Gerais
Conforme o direito costumeiro internacional, nenhum Estado está obrigado a reconhecer no seu território uma sentença proferida por juiz ou tribunal estrangeiro.
Na prática, porém, os Estados, em regra, reconhecem sentenças estrangeiras, desde que cumpridos determinados requisitos legais na espécie.
Normalmente, não se reexamina o mérito ou o fundo da sentença estrangeiras isto é, não é objeto de cognição da autoridade judiciária interna a aplicação correta do direito pelo juiz alienígena (estrangeiro). 
A sentença estrangeira somente não será reconhecida quando ferir a ordem pública, violando princípios fundamentais da ordem jurídica interna.
Nenhuma sentença será homologada se ferir o ordenamento jurídico interno dos Estados;
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Uma sentença estrangeira apenas pode ter os efeitos jurídicos dentro do território nacional que lhe concede o país de origem. Mas esses efeitos jurídicos jamais podem ir além daqueles que um país admite para as sentenças proferidas pelos juízes, com base na lex fori. 
Dessa forma, a sentença estrangeira, após o seu reconhecimento, estará, no máximo, apta a produzir os mesmos efeitos jurídicos de uma sentença nacional.
Quais, especificamente, são estes efeitos jurídicos?
Trata-se, notadamente, dos efeitos jurídicos da coisa julgada, da intervenção de terceiros e das próprias sentenças constitutivas, condenatórias e declaratórias de procedência estrangeira em si mesmas, perante a ordem jurídica interna.
Quando o reconhecimento de uma sentença estrangeira for impossível, o mesmo ocorrerá com a sua execução. Por outro lado, apenas as sentenças condenatórias são exequíveis. 
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8.2 Execução das Sentenças Brasileiras no Estrangeiro
A sentença estrangeira, quando de sua aplicação na lei brasileira, produz as mesmas consequências, podendo ser homologada no Brasil, a fim de obrigar o condenado à reparação do dano, restituição e outros efeitos civis e sujeitá-lo às penas acessórias e medida de segurança. 
As modalidades de execução dependem da existência prévia de Tratados (vínculos) que versem sobre a execução das sentenças brasileiras no estrangeiro.
Em geral, na ausência de acordo internacional, é necessário entrar com Ação de Reconhecimento e Execução de Sentença Estrangeira na Justiça (Federal) do país destinatário. 
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8.3 Execução das Sentenças Estrangeiras no Brasil
Conforme o direito brasileiro, a sentença proferida por juiz ou tribunal estrangeiro somente será eficaz no país após a sua homologação pelo Superior Tribunal de Justiça ou seu Presidente. 
As respectivas normas situam-se na Constituição com as Alterações da EC nº 45/2004 que transferiu através de modificação no Artigo 105, I, “i” esta competência do STF para o STJ, no Código de Processo Civil, na Lei de Introdução ao Código Civil e no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal que agora deve passar para o Regimento Interno do STJ por força da E.C. 45/2004.
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Homologáveis são, segundo a lei, apenas sentenças estrangeiras, não importando se trata de sentenças declaratórias, constitutivas ou condenatórias.
Todo tipo de sentença estrangeira está sujeita, no Brasil, à homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (S.T.J).
Entre as decisões estrangeiras homologáveis filiam-se também aquelas da "jurisdição voluntária", bem como os laudos arbitrais. Igualmente, decisões estrangeiras em processos cautelares são equiparadas às sentenças estrangeiras, necessitando a prévia homologação para que possam ser cumpridas no Brasil.
A fórmula, tradicionalmente empregada, no Brasil, diz que a cognição do Superior Tribunal de Justiça limita-se, tão-somente, ao exame dos casos em que a sentença estrangeira, na espécie, viola a ordem pública brasileira.
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Pré-Requisitos:
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Procedimento:
O trâmite de execução de uma sentença estrangeira, em sentido amplo, compreende duas etapas, quais sejam, seu reconhecimento e sua posterior execução.
O reconhecimento de sentença estrangeira é também chamado de procedimento de EXEQUATUR. Consiste, basicamente, na declaração feita por um Estado de que se submete à execução de uma sentença emanada por outro Estado. Em outras palavras, a decisão proferida num ordenamento jurídico estrangeiro passa a ter a mesma validade que uma decisão exarada por um órgão jurisdicional nacional.
 Procedimento pelo qual o STJ reconhece a validade da sentença estrangeira para que então ela seja cumprida no ordenamento interno. Já que não fere nenhum tipo de ordem publica interna.
Este reconhecimento é feito após um exame realizado por órgão judiciário do país onde se pretende executar forçosamente a sentença estrangeira com vistas a determinar se ela fere as leis locais ou viola a ordem pública interna.
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O exequatur é, assim, o trâmite processual por meio do qual a justiça estatal exerce controle sobre alguns dos elementos e dos aspectos da sentença estrangeira, seja arbitral ou estatal, para obter uma declaração no sentido de que ela goza das condições exigidas pela lei interna ou tratado aplicável para ser executada.
Além de Sentenças Estrangeiras, também são homologáveis: os laudos arbitrais;
Cumpre frisar que ela não implica numa análise de mérito, mas apenas numa avaliação de requisitos meramente formais.
O pedido de homologação se sentença estrangeira deverá ser feito por meio de petição inicial instruída com a certidão ou cópia autêntica do texto integral da sentença estrangeira, além de outros documentos indispensáveis, devidamente traduzidos e autenticados. No que tange ao procedimento, o pedido de homologação – ajuizado pelo próprio interessado ou remetido por carta rogatória.
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O art. 4º da Resolução n. 9/2005 lembra que a sentença estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação pelo STJ ou por seu Presidente. 
Seu §1º abre a possibilidade para que provimentos não-judiciais que, pela lei brasileira, tenham natureza de sentença, também sejam homologados. (Ex.: Laudo Arbitral); 
Já o §2º abre a possibilidade para que sentença alienígena possa ser homologada parcialmente. 
Por fim, mas não menos importante, o §3º admite tutela de urgência nos procedimentos de homologação de sentença estrangeira.
Já o art. 8º garante que a parte interessada será citada para, no prazo de 15 (quinze) dias, contestar o pedido de homologação de sentença alienígena. 
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A defesa, pelo art. 9º, somente poderá versar sobre: autenticidade dos documentos, inteligência da decisão e observância dos requisitos da Resolução n. 9/2005. 
Na hipótese de contestação à homologação de sentença estrangeira, o processo será distribuído para julgamento pela Corte Especial, cabendo ao relator os demais atos relativos ao andamento e à instrução do processo. 
Na hipótese de revel ou incapaz o requerido, será nomeado curador especial pessoalmente notificado dos atos procedimentais.
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Das decisões do Presidente na homologação de sentença estrangeira é garantidos, pelo art. 11, o cabimento de agravo regimental contra decisões do Vice-Presidente do STJ ou do relator do processo, e os embargos de declaração, destinados ao esclarecimento de obscuridade ou contradição, ou, ainda, ao suprimento de lacuna na decisão.
Com o deslocamento, para o STJ, da competência para reconhecer sentenças arbitrais estrangeiras criou-se a possibilidade de reapreciação da matéria pelo STF, em sede de Recurso Extraordinário, sempre que houver violação de norma constitucional ou declaração de inconstitucionalidade de um tratado ou lei federal, como frisa o art. 102, III da Constituição Federal.
Em derradeiro, o art. 12 determina que a sentença estrangeira homologada seja executada por carta de sentença no Juízo Federal competente. (Foro domicilio
do devedor);
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8.4 Homologação e Execução de Sentença Arbitral Estrangeira
A Lei de Arbitragem dispõe no caput do art. 34, que a sentença será reconhecida ou executada no Brasil em conformidade com as regras de direito trazidas no bojo de tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com a legislação interna. 
Assim, a Lei n. 9.307/1996 estabelece, em relação à homologação e a execução de sentença arbitral alienígena, a primazia das normas de direito inseridas em tratados internacionais aprovados pelo país sobre as de origem interna.
Então, na ausência de tratado específico sobre o tema, é necessário entrar com Ação de Reconhecimento e Execução de Sentença Estrangeira na justiça do país destinatário.

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