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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO – PONTO 14.

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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO – PONTO 14.
Compensação. Restituição. Transação. Remissão. Prescrição e decadência. Conversão do depósito em renda. Consignação em pagamento. Decisão administrativa irreformável e decisão judicial passada em julgado. Restituição do tributo transferido. Restituição de juros e multas. Correção monetária. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário.
Sem registro do autor original.
Atualizado por Flávio Bittencourt de Souza em setembro/2010.
Atualizado por Umberto Paulini em 20/08/2012.
- O pagamento
Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I - quando parcial, das prestações em que se decomponha; II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.
Nesta linha do completo afastamento das presunções, o STJ entende que “a expedição de certificado de registro e licenciamento de veículo, embora condicionada à quitação de tributos incidentes sobre a propriedade de veículo automotor, não é dotada de qualquer eficácia liberatória de obrigação fiscal” (1ª Turma, REsp 511.480/RS, j; 24.06.2003).
Os efeitos da mora, em direito tributário, são automáticos (mora ex re).
Processo administrativo de consulta, juros de mora e penalidade: de acordo com o § 2º do art. 161 do CTN, enquanto pendente consulta formulada pelo sujeito passivo dentro do prazo para pagamento do crédito, não haverá fluência dos juros, nem aplicação de penalidade. O prof. Ricardo Alexandre adverte que o dispositivo somente se aplica quando o procedimento de consulta se embasar em dúvida razoável, decorrente de omissão, obscuridade ou contradição na legislação tributária.
9.1 Compensação
Importante ressaltar: a compensação depende de lei de cada ente da Federação. Se não houver lei, não há direito à compensação (resta ao contribuinte pedir restituição). Além disso, é a lei específica que determina os termos e limites da compensação. 
Requisitos: 1) necessidade de lei que autorize a compensação; 2) os créditos de titularidade do sujeito passivo sejam líquidos e certos, vencido ou vincendos.
Diferença da compensação tributária para a compensação civil:
	Tributária
	Civil
	depende de lei específica
	independe de lei
	créditos do fisco vencidos e vincendos
	apenas dívidas vencidas
	só dinheiro
	qualquer objeto fungível
Trânsito em julgado: o CTN vincula o direito de compensação ao trânsito em julgado da sentença. 
Contudo, o STJ admite a suspensão da exigibilidade, com base nos incisos IV e V do art. 151 do CTN (provimentos liminares ou antecipação de tutela). De qualquer forma, há de se observar que o fundamento imediato de suspensão sempre será a existência de provimento judicial provisório neste sentido.
Em que pese o § 3º do art. 16 da LEF vedar a compensação em embargos à execução fiscal, o STJ vem entendendo-a cabível. Súmula 394/STJ: “É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual”.
Correção do crédito: nos casos de repetição de indébito tributário, a orientação prevalente no âmbito da 1ª Seção do c. STJ quanto aos juros de mora e à aplicação da taxa SELIC pode ser sintetizada da seguinte forma (diante dos efeitos práticos da compensação e da repetição, aplica-se o mesmo regime a ambas): 
(a) antes do advento da Lei 9.250/95, incidia a correção monetária desde o pagamento indevido até a restituição ou compensação (Súmula 162/STJ), acrescida de juros de mora a partir do trânsito em julgado (Súmula 188/STJ), nos termos do art. 167, parágrafo único, do CTN;
(b) após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se a taxa SELIC desde o recolhimento indevido, ou, se for o caso, a partir de 1º.01.1996, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque a SELIC inclui, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.
Com o advento da Lei 11.960/09, que alterou o art. 1-F, da Lei 9.494/97, permanece a aplicação da SELIC no indébito tributário, haja vista o princípio da isonomia e o Parecer PGFN/CAT/Nº 1929/2009, o qual consagra que "a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494, de 1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009, não modificou a aplicação da Taxa Selic para as repetições de indébito tributário. Obs1: esse posicionamento ainda não é pacífico nos tribunais. Obs2: Nos demais débitos da fazenda, aplica-se a 11.960/09 (remuneração básica da poupança) no período que a sucedeu (antes, depende da natureza do débito: se for verba remuneratória devida a servidores e empregados públicos aplica-se 6% ao ano; se decorrer de responsabilidade civil, aplica-se a SELIC, conforme STJ/ EREsp 727.842-SP/INFO357-2008)
Súmulas do STJ:
212 - A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida liminar.
213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária. 
Súmula 461/STJ: O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
Súmula 462/STJ É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte
Sobre compensação em âmbito federal, imprescindível tomar conhecimento da Lei 9.430/96:
 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)
 § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)
 § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)
Se a compensação do tributo não for, de fato, devida, a declaração de compensação constitui o crédito tributário, podendo a Administração cobrá-la em juízo sem a necessidade de lançamento.
Compensação Tributaria. Tributos de Natureza diversa.
Não há proibição expressa no CTN, nem na CF. A orientação majoritária no STJ é no sentido de se verificar o regime legal definido pela lei ordinária na época da compensação. Todavia, o parágrafo único do art. 26 da Lei 11.457/2007 (criadora da Secretaria da Receita Federal do Brasil) impede de forma cabal a compensação que envolva contribuição social de natureza previdenciária.
 
Jurisprudência do STJ:
A Primeira Seção, em sede de recurso especial representativo de controvérsia (art. 543-C do CPC, "consolidou o entendimento de que, em se tratando de compensação tributária, deve ser considerado o regime jurídico vigente à época do ajuizamento da demanda, não podendo ser a causa julgada à luz do direito superveniente, tendo em vista o inarredável requisito do prequestionamento, viabilizador do conhecimento do apelo extremo, ressalvando-se o direito de o contribuinte proceder à compensação dos créditos pela via administrativa, em conformidade com as normas posteriores, desde que atendidos os requisitos próprios (EREsp 488992/MG)" (REsp 1.137.738/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 1º/2/2010). No âmbito do TRF1, encontrei julgado da 7ª Turma (AMS 0003375-45.2004.4.01.3802/MG) no mesmo sentido do STJ, e julgado da 8ª Turma no sentido de que se aplica a legislação em vigor no momento da efetivação do encontro de contas (EDAC 0021107-11.2005.4.01.3800/MG).
9.2 RestituiçãoA restituição de indébito obedece a um princípio basilar do direito: a vedação ao enriquecimento sem causa. Assim, ainda que não haja lei disciplinando a restituição, ela deve existir e pode ser deferida, especialmente na via judicial, e independentemente de prévio protesto. Nesse sentido, o próprio CTN já traz a restituição como um direito do contribuinte.
Restituição dos acréscimos legais:
Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.
Súmula 188/STJ: OS JUROS MORATORIOS, NA REPETIÇÃO DO INDEBITO TRIBUTÁRIO, SÃO DEVIDOS A PARTIR DO TRANSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. Vide também parágrafo único do art. 167 do CTN, com redação muito parecida.
Súmula 162/STJ: NA REPETIÇÃO DE INDEBITO TRIBUTARIO, A CORREÇÃO MONETARIA INCIDE A PARTIR DO PAGAMENTO INDEVIDO.
Obs.1: Após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se a taxa SELIC desde o recolhimento indevido, ou, se for o caso, a partir de 1º.01.1996, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque a SELIC inclui, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.
Tributos indiretos: o art. 166 do CTN determina que a restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. Segundo o STJ, tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro são somente aqueles em relação aos quais a própria lei estabeleça dita transferência (repercussão jurídica = possibilidade de transferência + previsão legal e não repercussão econômica). 
Sobre o tema, algumas decisões do TRF da 1ª Região:
 Por se tratar de tributo direto, em que o contribuinte de direito, pela sistemática da COFINS, não transfere o encargo tributário para outros agentes da cadeia econômica, suportando, ele próprio, o encargo tributário, é inaplicável o disposto no art. 166 do CTN. AMS 2000.39.00.008061-9/PA em1/4/08
SÚMULA Nº 546 do STF: Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo.
O direito de pleitear a restituição prescreve em 5 anos, contados a partir da extinção do crédito tributário nas hipóteses I e II supra e a partir da data em que se tornar definitiva a decisão que haja cassado a decisão condenatória na hipótese III (art. 168). Observe-se que, em se tratando de tributo com lançamento por homologação, o STJ entendia que o simples pagamento não extinguia o crédito tributário, sendo necessário, para tanto, se não ocorrer a homologação expressa do pagamento, a ocorrência da homologação ficta, que ocorre em regra 5 anos depois da ocorrência do fato gerador. Sob tal tese, o prazo prescricional da repetição começaria a correr a partir da homologação ficta (tese dos 5 + 5).
 
Controvérsia criada pela Lei Complementar nº 118/2005.
Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.
	Contudo, como a lei alterou um entendimento sedimentado, o STJ não lhe atribuiu o caráter de lei interpretativa, regulando a questão da seguinte maneira: 1) Para o pagamento de tributo efetuado a partir da vigência da lei (09.06.2005), com fato gerador ocorrido após esta data, o prazo é de 5 anos a contar do pagamento; 2) Para o pagamento de tributo efetuado antes da vigência da lei (09.06.2005), com fato gerador ocorrido antes da vigência desta data, vale a regra do regime anterior (5+5), limitada, porém, ao prazo de 5 anos a contar da vigência da lei; 3) Para o pagamento de tributo efetuado após a vigência da lei (09.06.2005), com fato gerador ocorrido antes da vigência desta data, vale a regra do regime anterior (5+5), limitada, porém, ao prazo de 5 anos a contar da vigência da lei. 
STF/ Info 643: "É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento, desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v. Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito e expresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005”. Ou seja, o STF não considera o momento da ocorrência do fato gerador, mas sim o momento do ajuizamento da ação de repetição de indébito.
Contagem do prazo para restituição nos casos em que o STF declara em controle concentrado a inconstitucionalidade de determinado tributo ou em que o Senado suspende a execução de norma instituidora de tributo declarado inconstitucional em controle difuso:
O STJ entendia que, no 1º caso, o prazo corria do transito em julgado da decisão do STF e no 2º caso, da data da publicação da Resolução do Senado (EREsp 423.994/MG). Contudo, em julgados recentes, o STJ tem entendido ser irrelevante, para o estabelecimento do termo a quo do prazo prescricional, a eventual declaração de inconstitucionalidade do tributo pelo Pretório Excelso. O pagamento indevido ou a maior é o único termo, em prol da segurança jurídica. (STJ AgRg no Resp 615.819/RS).
Prazo para pleitear a restituicao no âmbito judicial:
5 anos, desde que demonstrado o interesse de agir (existência de posicionamento da Fazenda em desfavor da tese do pleiteante).
Todavia, se optar por formular o pleito inicialmente na via administrativa e o mesmo vier a ser indeferido, haverá incidência do art. 169 do CTN: “Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição”. 
Ao contrário do direito civil, o pagamento de tributo prescrito dá ensejo à repetição, haja vista que a prescrição extingue o crédito tributário, não transformando-o em obrigação natural, como ocorre no direito civil
9.3 Remissão
É o perdão ou dispensa total ou parcial do pagamento do tributo devido, mediante lei autorizativa.
A remissão pode ser realizada pela autoridade administrativa, mediante ato fundamentado, quando devidamente autorizada por lei. O ato em tela não gera direito adquirido.
A lei deve ser específica, ou seja, deve tratar apenas deste assunto, nos termos do art. 150, §6º da CF.
A remissão só é concedida após o lançamento, e pode abranger o crédito relativo a tributo e/ou multa.
A isenção, diferentemente, precede o lançamento.
Não se confunde com anistia, que é forma de exclusão do crédito tributário que consiste no perdão de infrações e, conseqüentemente, na exclusão da penalidade correspondente. Conforme Ricardo Alexandre, excluir o crédito é impedir o seu nascimento. Nesse sentido, a anistia (exclusão) alcançaria as multas ainda não lançadas pelo fisco e a remissão (extinção) as já lançadas. Logo, a remissão seria aplicável tanto aos tributos quanto às penalidades (estas, desde que já lançadas).
9.4 Transação
É o acordo entre o Fisco e o contribuinte, dependente de lei autorizativa, com concessões mútuas,ou seja, cada parte cede parcela de seu direito com o objetivo de atingirem ponto de interesse para ambas, terminando o litígio e extinguindo o crédito tributário.
Obs1: 2. Na desistência dos embargos à execução fiscal (movida pela FN) por adesão ao Parcelamento junto à Fazenda Nacional, o encargo de 20% de que cuida o art. 1º do DL n. 1.025/69, de compulsória inclusão, faz às vezes dos honorários advocatícios, quer se entenda a adesão como transação, quer como faculdade do contribuinte (SÚMULA n. 168 do ex-TFR c/c EREsp n. 445.582/RS). AC 2006.01.99.000903-0/MG em jun/08
9.5 Prescrição e decadência
Decadência
Conceito: fulmina o direito potestativo de lançar o crédito tributário (por isso seria melhor classificá-la como forma de exclusão do crédito e não de extinção). O lançamento é o divisor de águas entre a prescrição e a decadência. Assim, dito de forma simples e direta, a decadência é o prazo para o Fisco lançar, apurar ou determinar o crédito tributário.
Segundo o prof. Ricardo Alexandre, a doutrina majoritária tem entendido que o transcurso in albis do prazo para a homologação não apenas configura homologação tácita, mas também decadência do direito de constituir o crédito tributário relativo a qualquer diferença entre o valor antecipado pelo sujeito passivo e aquele que a ADM entende devido.
Início do prazo decadencial de 5 anos:
 
	a) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado – aplica-se o art. 173, I, do CTN (o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, extingue-se após 5 anos, contados do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado);
 	b) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento de ofício ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado – aplica-se o parágrafo único do art. 173 do CTN (o prazo decadencial conta-se da data da notificação do sujeito passivo acerca da medida preparatória do lançamento);
 	c) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida – aplica-se a primeira parte do § 4º do art. 150 do CTN (o prazo decadencial conta-se da ocorrência do fato gerador);
 	d) regra da decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida preparatória – aplica-se o parágrafo único do art. 173 do CTN (o prazo decadencial conta-se da data da notificação do sujeito passivo acerca do ilícito tributário, medida indispensável para justificar a realização do ulterior lançamento);
	e) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior – aplica-se o art. 173, II, do CTN (o prazo decadencial conta-se da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado).
Nesta sistemática, poder-se-ia incluir a hipótese em que o débito tributário é declarado, mas não pago. Em tal situação, já afirmou o STJ, inclusive em recurso especial submetido ao regime dos recursos repetitivos, que a declaração formal do sujeito passivo do débito tributário, a exemplo da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF e da Guia de Informação e Apuração de ICMS – GIA, é, por si só, modo de constituição do crédito tributário, não havendo que se falar, assim, em decadência.
Obs1: Se o contribuinte declara o débito total, mas não paga, não há falar em prazo decadencial, pois a declaração constitui o crédito. Nesse caso, passa a correr, de pronto, o prazo prescricional da pretensão executória.
Obs2: "no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com vistas à suspensão da exigibilidade do crédito tributário, promove a constituição deste nos moldes do que dispõe o art. 150 e parágrafos do CTN." (EREsp 686.479/RJ, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, DJ 22.9.2008).
Prazo decadencial de contribuições para a Seguridade Social:
Súmula vinculante 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.
Suspensão do prazo decadencial: é possível visualizar no caso de uma medida judicial determinando expressamente que a autoridade tributária fica impedida de constituir o crédito tributário. Ricardo Alexandre elenca a hipótese do art. 173, II, que traz, além de hipótese de interrupção, caso de suspensão do prazo decadencial enquanto pender o processo em que se discute a nulidade do lançamento por vício formal. 
Interrupção do prazo decadencial: é possível visualizar no caso de vícios formais no lançamento anterior. Para Ricardo Alexandre, há de se perceber que a regra somente é aplicável quando o vício que constar do lançamento for de natureza formal (adjetivo), não aproveitando aos casos de vício material (substantivo). É importante também observar que parte da doutrina entende que o art. 173, II, do CTN estabeleceu hipótese de interrupção da decadência. Outra corrente defende não se tratar de prazo de interrupção, mas sim de concessão de novo prazo.
Prescrição
Conceito: ocorre quando a Fazenda Pública, tendo o crédito devidamente apurado e não pago, não realiza a cobrança judicial no prazo fixado em lei. Em outras palavras, prescrição é o prazo para o Fisco realizar a cobrança judicial do crédito tributário. 
Termo inicial: constituição definitiva do crédito tributário. Com a notificação inicial, abre-se um prazo pra o contribuinte pagar ou impugnar. Só após o transcurso desse prazo sem pagamento ou impugnação ou ao final desta é que a constituição do crédito será definitiva. Entre a notificação preliminar e a constituição definitiva não corre prescrição nem decadência. A declaração do contribuinte também dá início ao prazo, conforme acima explicado.
Prazo: cinco anos (CTN)
Prescrição intercorrente: Súmula 314 – STJ – “Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual inicia-se o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente”. A prescrição intercorrente pode ser decretada de ofício, conforme alteração na Lei 6.830/80 efetuada pela Lei 11.051/2004: Art. 40 - § 4º Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.
Obs1: TRF1 entende que o § 4º tem natureza processual, aplicando-se de imediato aos processos em curso. Há posição diversa, sustentando que como esse parágrafo foi acrescentado pela Lei 11.051/04, o reconhecimento da prescrição só se faria possível a partir de 2009, pois não se pode aplicar a lei retroativamente. 
Obs2: STJ: "Ainda que a execução fiscal tenha sido arquivada em razão do pequeno valor do débito executado, sem baixa na distribuição, nos termos do art. 20 da Lei 10.522/2002, deve ser reconhecida a prescrição intercorrente se o processo ficar paralisado por mais de cinco anos a contar da decisão que determina o arquivamento, pois essa norma não constitui causa de suspensão do prazo prescricional" (DJe de 8.6.2009).
Obs3: § 5º A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído pela Lei nº 11.960, de 2009)
Suspensão da prescrição: suspendem a prescrição as causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 
A Lei 6.830/80 (art. 2º,§ 3º) também prevê a suspensão por 180 dias, quando da inscrição em Dívida Ativa da União, mas a jurisprudência em geral só tem aceitado essa suspensão para créditos não tributários, visto que na esfera tributária a matéria deve ser regulada por lei complementar (STJ, REsp 249.262/DF; AGA 933059;EREsp 657536/RJ).
Interrupção da prescrição:
	Convém salientar que, antes da LC 118/2005, o CTN trazia a previsão de que a prescrição era interrompida não pelo despacho do juiz que ordena a citação, mas pela efetiva citação pessoal do devedor. Tal alteração foi motivada principalmente porque, a despeito de a Lei 6.830/80 já prever, desde longa data, a interrupção da prescrição com o despacho do juiz que ordena a citação, a jurisprudência vinha restringindo essa hipótese para créditos não tributários, visto que na esfera tributária a matéria deve ser regulada por lei complementar.
	
9.6 Conversão do depósito em renda
Ocorre quando o depósito, judicial ou administrativo, cujo efeito era a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, ingressa definitivamente nos cofres públicos, superada, em favor do Fisco, a discussão acerca da licitude do tributo. A conversão só ocorre após o trânsito em julgado. É irrelevante para o fim de conversão, se o processo findou em favor do fisco com ou sem julgamento do mérito. Admite-se a conversão parcial dos depósitos em renda quando ocorre a procedência parcial da ação judicial em que se discute a exação depositada. O depósito capaz de suspender a exigibilidade do crédito é sempre o integral. O depósito integral, além de suspender a exigibilidade, obsta a fluência dos juros. Também é possível ocorrer a conversão em sede de ação de consignação em pagamento. Nesse caso (ação de consignação), o depósito é feito no valor que o contribuinte entende devido e a conversão, no caso de improcedência do pedido, extingue apenas parcialmente o crédito. 
Algumas decisões envolvendo a matéria:
 A desistência homologada da ação, para adesão a parcelamento (PAEX), autoriza o levantamento das importâncias depositadas pela autora para a suspensão da exigibilidade de credito tributário. Permitir o contrário (conversão do depósito em renda para União) é afastar, ou minimizar, o favor fiscal concedido (parcelamento), pois quitaria a dívida, ou parte dela, descapitalizando o contribuinte. AC 2003.34.00.037673-3/DF, em jun/2009
9.7 Consignação em pagamento
O CTN traz os casos em que a consignação é cabível (art. 164).
Também é cabível a consignação quando o fisco exige prestação que o contribuinte entende ser maior que a devida. 
Só é possível em moeda corrente, sendo vedada a utilização de títulos da dívida
 Ao contrário do depósito suspensivo, na consignação, o contribuinte deposita apenas o que entende devido e a procedência do seu pedido extingue o crédito tributário. 
Decisões do TRF1 e TRF5 sobre o tema:
TRIBUTÁRIO - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - LEI Nº 10.684/2003 - IMPOSSIBILIDADE. Indevida a utilização de Ação de Consignação em Pagamento para obtenção do parcelamento de débito fiscal previsto na Lei nº 10.684/2003, uma vez que tem natureza de favor fiscal e só pode ser obtido mediante cumprimento de todas as exigências nela especificadas. 3 - Apelação denegada. AC 0032030-06.2003.4.01.3400/DF, em jan/2010
9.8 Decisão administrativa irreformável
É a decisão final, da qual não cabe recurso, da própria Administração Tributária, quando provocada pelo contribuinte para verificar a correção ou legalidade do tributo apurado. Se os órgãos administrativos competentes concluem pela irregularidade ou ilegalidade do lançamento a conseqüência dessa decisão é justamente a extinção do crédito tributário.
É certo que, em razão do princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição, o contribuinte sempre poderá buscar no Poder Judiciário a reforma ou a anulação da decisão administrativa. Questão que se põe é quanto à possibilidade do ente público buscar judicialmente a anulação de uma decisão administrativa que houver extinguido um crédito tributário.
Até bem pouco tempo, era praticamente pacífico o entendimento de que a Administração não poderia recorrer judicialmente de suas próprias decisões. Entretanto, no âmbito do Poder Executivo Federal, existem, hoje, aos normativos de observância obrigatória, estabelecendo que a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em determinados casos, deve recorrer ao Poder Judiciário contra decisões administrativas, como na hipótese de acórdãos dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais que expressa ou implicitamente afastem a aplicação de leis ou decretos.
Fundamento: “Na força do principio da inafastabilidade da jurisdição, afigura-se juridicamente possível ação reconvencional, proposta pela União Federal (Fazenda Nacional), visando desconstituir decisão administrativa de Conselho de Contribuintes, que concedeu anistia, indevidamente, a multa aplicada a empresa demandante”. 
9.9 Decisão judicial passada em julgado
É a decisão final, da qual não cabe recurso, proferida pelo Poder Judiciário reconhecendo a invalidade do tributo ou da ação fiscal. O STJ entende que superada a coisa julgada, por intermédio de ação rescisória, é perfeitamente possível a exigência do tributo (REsp. nº. 333258).
9.10 Dação em pagamento em bens imóveis
Art. 156, XI, CTN: a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
Na ADI 1917, o STF julgou inconstitucional lei distrital trouxe a possibilidade de dação em pagamento em material e não em bem imóvel: “a norma impugnada viola o art. 37, XXI, da CF, porquanto afasta a incidência do processo licitatório, por ele exigido, para aquisição de materiais pela Administração Pública”.
9.11 Restituição de juros e multas
Segundo o CTN: “A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar”.
9.13 Correção monetária
As principais regras sobre correção monetária no âmbito tributário são as seguintes:
Não constitui majoração de tributo, para os fins de observância do princípio da reserva legal, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo do tributo.
A observância das normas complementares, versadas no art. 100 do CTN, exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.
Correção do crédito do Fisco: antes do advento da Lei nº 9.065/95, o crédito do Fisco não integralmente pago no vencimento acrescido de correção monetária e juros de mora de 1% ao mês. Após aquela lei, e a partir de 1º de abril de 1995, os créditos do fisco em atraso passaram a ser acrescidos apenas da taxa SELIC, que congrega fator de atualização monetária e juros de mora.
Obs.1: A Corte Especial do STJ, no julgamento do Recurso Especial 1.143.677/RS, representativo de controvérsia, firmou a orientação de que não há mora da Fazenda Pública que importe na incidência de juros no lapso compreendido entre a data da homologação da conta de liquidação e a da expedição do precatório, quando satisfeito o débito no prazo estabelecido para seu cumprimento.
Obs2.: O STJ ainda não analisou a EC 62/09 que poderá ter efeitos sobre os valores repetidos, que são pagos em precatório. Com a EC 62/2009, não vejo como aplicar a SELIC na repetição a partir de 09/12/09 diante da clareza do art. 100, § 12, da CF, verbis: “A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão jurossimples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios”. 
Obs3. A Corte Especial do STJ firmou entendimento no sentido de que a alteração dos juros de mora na fase de execução não ofende a coisa julgada quando realizada para adequar o percentual aplicado à nova legislação civil. Entretanto, no recurso especial representativo de controvérsia (REsp 1.136.733/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 26/10/10), decidiu que “a fixação de percentual relativo aos juros moratórios, após a edição da Lei 9.250/95, em decisão que transitou em julgado, impede a inclusão da Taxa SELIC em fase de liquidação de sentença, sob pena de violação ao instituto da coisa julgada, porquanto a referida taxa engloba juros e correção monetária, não podendo ser cumulada com qualquer outro índice de atualização".

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