PODER CONSTITUINTE

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PODER CONSTITUINTE 
Prof. Dra. VALDIRA BARROS 
Considerações iniciais 
 
• O constitucionalismo moderno: a Carta Magna 
na Inglaterra (1215). Inexistência de uma 
Assembléia Nacional Constituinte. 
• O constitucionalismo no Brasil: síntese dos 
grandes sistemas jurídicos modernos (modelo 
continental europeu e modelo estadunidense). 
 
• Há algo em comum entre os dois modelos que 
influenciaram o constitucionalismo no Brasil 
que NÃO foi compartilhado pela Inglaterra: 
 a existência de um PODER CONSTITUINTE 
ORIGINÁRIO, INICIAL, SOBERANO E DE 
PRIMEIRO GRAU CAPAZ DE ROMPER COM A 
ORDEM ANTERIOR E INICIAR UMA NOVA 
ORDEM JURÍDICA CONSTITUCIONAL A PARTIR 
DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO. 
• Em O Poder Constituinte, Aricé Moacyr Amaral 
Santos entende que Sieyès tentou salientar o 
anacronismo do absolutismo vigente, o regime de 
privilégios odiosos sustentados por um injusto 
sistema de votação por estamentos que fazia 
prevalecer a vontade da nobreza e do clero em 
detrimento do Terceiro Estado. 
• A noção de Poder Constituinte é contemporânea 
à de Constituição escrita (Anna Candida da Cunha 
Ferraz, Poder Constituinte, p. 10). 
 A Teoria acerca do Poder Constituinte: 
“Que é o Terceiro Estado?” 
 
Para Sieyès, a NAÇÃO (para os estados 
modernos, o povo). 
Nação # Povo#População 
 
Destaque para a primazia desta obra ao conceber a existência 
de um 
a) poder criador da Constituição; 
b) poder estabelecedor da organização político-jurídica do 
Estado; 
c) poder que antecede a Constituição; 
 d) poder não compreendido entre os poderes constituídos. 
2. Titularidade e Exercício do Poder 
Constituinte 
• O titular nem sempre é o exercente desse 
poder. Titular seria o povo; exercente é aquele 
que, em nome do povo, implanta o Estado e 
edita a Constituição (TEMER, 2010). 
• As constituições modernas afirmam o 
exercício do poder como legítimo quando este 
emana do povo. Na CRFB/1988 a previsão está 
no artigo 1º. 
• Formas de Expressão (ou de exercício) do Poder 
Constituinte: 
 a) Outorga: caracteriza-se por uma declaração 
unilateral do agente revolucionário (Exs: 1824, 1937, 
1967 e EC nº 01/69); 
 b) Assembléia Nacional Constituinte ou Convenção: 
nasce da deliberação da representação popular 
(Constituição de 1891, 1934, 1946 e 1988). 
 
 1ª ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE: FILADÉLFIA ( 1774-
1787) 
 
 
ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE 
• PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
• PODER CONSTITUINTE 
DERIVADO(REFORMADOR) 
3. Atuação do Poder Constituinte 
Originário 
• Como todo movimento inaugural, não há 
limitações à sua atividade. Materialmente, o 
constituinte estabelecerá a preceituação que 
entender mais adequada; criará Estado Unitário 
ou Federal; estabelecerá forma republicana ou 
monárquica de governo; fixará sistema de 
governo, parlamentar, presidencial ou diretorial; 
distribuirá o poder; descreverá e assegurará, ou 
não, direitos reputados individuais. Enfim criará o 
Estado mediante atuação ilimitada do Poder 
(TEMER, 2010, p. 35). 
• Por seu turno, quanto à forma de produção 
constituinte, os exercentes do Poder, seja pela 
via revolucionária (quando a forma de atuação 
jamais vem a público), seja pela via de 
Assembléia, é que estabelecerão tal 
procedimento (TEMER, 2010, p. 35). 
 
Não há limites para o 
PODER CONSTITUINTE 
ORIGINÁRIO? 
• Em artigo na Folha de São Paulo, intitulado 
QUEM TEM MEDO DA CONSTITUINTE? em 
26/07/1981, Paulo Bonavides escreveu que “ A 
Assembléia Nacional Constituinte pode tudo em 
tese, mas quando se reúne traz já compromissos 
indeclináveis emanados de suas origens sociais, 
políticas e ideológicas. E esses compromissos 
evidentemente lhe estreitam o espaço da ação, 
sem todavia desfalcá-la das qualidades de grande 
fórum e plenário insubstituível de uma vontade 
nacional em busca de consenso” (p. 5). 
Características do Poder Originário 
• Inicial – origina um novo ordenamento jurídico; 
• Incondicionado – poder ser exercido de qualquer 
maneira (revolução, assembleia constituinte, etc) 
• Ilimitado (posição tradicional - minoritária 
atualmente): não possui limites em nenhuma 
outra lei; 
• Posição moderna: A doutrina identifica limites ao 
poder originário. 
• PROIBIÇÃO DO RETROCESSO: A constituição não 
pode retroceder na tutela dos direitos 
fundamentais. 
Poder Constituinte 
DERIVADO 
4. Atuação do Poder Constituinte 
Derivado 
Pressuposto: as Constituições se pretendem 
eternas mas não imodificáveis. 
 
 
Questão: Poder Constituinte Derivado ou 
Competência Reformadora? 
 
• O poder constituinte derivado é também 
denominado instituído, constituído, 
secundário e de segundo grau. É criado e 
instituído pelo originário. 
• Ao contrário do ORIGINÁRIO, este deve 
obedecer aos limites impostos pelo 
ORIGINÁRIO, sendo nesse sentido LIMITADO e 
CONDICIONADO. 
• A formalização da atuação do Poder 
Constituinte Derivado se dá por meio de 
Emenda à Constituição (art. 59, I, CR/88) e 
exerce esta competência o Congresso 
Nacional. 
• Limitações impostas ao exercício deste Poder: 
PROCEDIMENTAIS, MATERIAIS E 
CIRCUNSTANCIAIS. 
 
a) LIMITAÇÕES PROCEDIMENTAIS ou FORMAIS: 
Referem-se ao devido processo legislativo da 
espécie normativa apropriada para alterar a 
Constituição (art. 60, CR/88). Se não obedecido 
o procedimento para elaboração da EMENDA À 
CONSTITUIÇÃO, deverá ser declarada a 
inconstitucionalidade em razão de 
desobediência à forma. 
b) LIMITAÇÕES MATERIAIS: Referem-se àquilo que 
não pode ser conteúdo/matéria de discussão pelo 
Poder Constituinte Derivado. 
 
b.1 Vedações EXPLÍCITAS: art. 60, §4º, CR/88 
 
b.2 Vedações IMPLÍCITAS: a titularidade do Poder, a 
forma do governo (República ou Monarquia) e os 
artigos que limitam a atuação do Poder Constituinte 
Derivado dentre outros. 
c) VEDAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS: Remete-se à 
impossibilidade de reforma constitucional em 
momentos de conturbação nacional (Estado 
de Defesa- art. 136, CR/88 e Estado de Sítio- 
art. 137). 
 
 Vide art. 60, §1º, da CR/88. 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
REFORMADOR: 
 
• É aquele criado pelo poder constituinte originário 
para reformular (modificar) as normas 
constitucionais. A reformulação se dá através das 
emendas constitucionais. 
• O constituinte, ao elaborar uma nova ordem 
jurídica, desde logo constituiu um poder 
constituinte derivado reformador, pois sabe que a 
Constituição não se perpetuará no tempo. 
Entretanto, trouxe limites ao poder de reforma 
constitucional. 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE 
• Também foi criado pelo poder constituinte 
originário. É o poder de que foram investidos 
os estados-membros para elaborar a sua 
própria constituição (capacidade de auto-
organização). 
• O exercício do poder constituinte decorrente 
foi conferido às Assembléias legislativas, 
conforme o artigo 11 da ADCT. 
 
 
 
 
Poder constituinte derivado revisor 
• Também chamado de poder anômalo de revisão ou revisão 
constitucional anômala ou competência de revisão. Foi 
estabelecido com o intuito de adequar a Constituição à 
realidade que a sociedade apontasse como necessária. 
• O artigo 3º dos ADCT estabeleceu que a revisão 
constitucional seria realizada após 5 anos, contados da 
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta 
dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. 
O procedimento anômalo é mais flexível que o ordinário, 
pois neste segundo exige-se sessão bicameral e 3/5 dos 
votos. 
• 
 
Características do poder derivado 
• A)CONDICIONADO – possui formas pré-
estabelecidas de manifestação. 
• Ex: Qual o instrumento para alterar a CF/88? 
• Emenda Constitucional. 
•B) LIMITADO – possui limites na própria 
constituição. Ex. art. 60, parágrafo 4º ; 
 
PODER CONSTITUINTE DIFUSO 
• Caracterizado como um poder de fato ; 
• A modificação da Constituição se 
instrumentaliza de modo informal e 
espontâneo; 
• Altera-se o sentido interpretativo da 
Constituição, e não o seu texto, que 
permanece intacto – MUTAÇÃO 
CONSTITUCIONAL.