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PROCESSO PENAL - PONTO7º

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PROCESSO PENAL - PONTO7º
Relações jurisdicionais com autoridade estrangeira. Cartas Rogatórias. Homologação de sentença estrangeira. Extradição. Expulsão. Deportação. Recursos. Disposições Gerais. Apelação. Recurso em Sentido Estrito. Protesto por novo Júri. Embargos Infringentes e de Nulidade. Carta Testemunhável. Recurso Especial e Extraordinário. Agravo em execução penal. Coisa julgada. Revisão Criminal.
Atualizado em janeiro de 2008. Victor R. C. de Souza.
Atualizado por Wilson Medeiros Pereira, outubro de 2010.
Reestruturado e atualizado por Leonardo Tavares Saraiva, em agosto de 2012.
RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA
PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL
Os Estados devem colaborar com a prevenção e repressão da criminalidade. Para tanto, devem permitir que os atos jurisdicionais da Justiça de cada um deles produzam efeitos no território do outro. 
A cooperação entre os Estados ocorre nas áreas NORMATIVA (celebração de tratados, convenções e acordos bilaterais, edição de leis internas), JURISDICIONAL (apreciação de pedido de extradição, homologação e execução de sentença estrangeira, cumprimento de cartas rogatórias) e EXECUTIVA (extradição, tramitação de carta rogatória).
Toda medida de cooperação penal implica a intromissão de uma ordem jurídica externa (país requerente) em outra ordem jurídica (país requerido), o qual deverá aplicar os próprios preceitos para tornar executáveis as medidas solicitadas, que podem, por seu turno, afetar direitos pessoais e patrimoniais dos cidadãos.
O CPP, nos arts. 780 a 790, regula a tramitação de pedidos jurisdicionais afetos às relações jurídicas com autoridade estrangeira, referindo-se à expedição e cumprimento de cartas rogatórias para citações, inquirições e outras diligências necessárias à instrução de processo penal e à homologação de sentenças estrangeiras. São dispositivos de direito público INTERNO que têm como fundamento o combate ao crime como objetivo UNIVERSAL, diante dos compromissos assumidos pelo Brasil em convenções internacionais.
Não se afronta com o cumprimento das rogatórias e homologação de sentenças estrangeiras a soberania nacional ou a ordem pública do País porque tais atos são resultantes de compromissos internacionais assumidos pela nação e submetidos à legislação interna quanto à sua admissibilidade. Além disso, atualmente, vem sendo RECONSTRUÍDA a noção de SOBERANIA, que não mais corresponde à ideia de isolacionismo. Cada vez mais as nações abandonam a postura insular tradicional para angariem esforços em prol do interesse comum, sendo possível visualizar tal movimento pela formação de blocos, bem como pela cooperação jurídica internacional. Fala-se, então, em uma “Teoria da Cortesia Internacional” como decorrência do princípio da reciprocidade.
HIPÓTESES DE RELAÇÕES JURÍDICAS INTERNACIONAIS EM MATÉRIA PENAL
Aplicação da lei penal brasileira a crime cometido no estrangeiro (arts. 7º e 8º, CP).
Homologação de sentença estrangeira para execução no Brasil (art. 9º, CP)
Extradição (arts. 76 a 94, Lei 6.815/80 - Estatuto dos Estrangeiros) 
NÃO se discute na tramitação dos pedidos de cooperação jurídica internacional a posição processual do acusado nem o mérito das ações em curso na justiça alienígena. Entretanto, os pedidos não serão efetivados se contrários à ordem pública e aos bons costumes (art. 781, CPP).
ORDEM PÚBLICA: normas que são expressão dos princípios fundamentais de caráter social e moral sobre os quais se funda o ordenamento jurídico interno, em relação a um determinado período histórico e à consciência jurídica de uma determinada sociedade política nessa época. Ou, no dizer de Clóvis Beviláqua: “Leis de ordem pública são aquelas que, em um Estado, estabeleçam os princípios, cuja manutenção se considera indispensável à organização da vida social, segundo os preceitos do direito, ou segundo uma decisão célebre da Corte de Veneza: são as que concernem diretamente à proteção da organização do Estado, considerado sob o ponto de vista político, econômico e moral”.
BONS COSTUMES: são aqueles que não ferem os sentimentos de honestidade, recato, probidade, decência e estima do indivíduo em determinada época e lugar.
OBS: A VIA DIPLOMÁTICA (art. 782, CPP) é o meio normal de remessa de rogatórias e outros documentos judiciais, havendo aí prova bastante de sua autenticidade. Não sendo esta a via, o documento deve ser autenticado ou legalizado pelo cônsul brasileiro do lugar de onde ele provém, além da providência de tradução para a língua nacional feita por tradutor oficial ou juramentado.
CARTAS ROGATÓRIAS (Res. 9, STJ; arts. 783 a 786, CPP; e arts. 225 a 229, RISTF)
As cartas rogatórias não passam de cartas precatórias, ou seja, de pedidos de um juiz a outro para proceder a citações, inquirições e outras diligências necessárias à instrução de processo submetido a seu julgamento, com a diferença apenas de que se trata de pedido remetido a outro país ou de cumprimento de pedido de autoridade alienígena a ser cumprido no Brasil.
Há dois tipos de cartas rogatórias: a) ATIVA – tem por objeto a prática de ato processual, determinado por juiz brasileiro, fora dos limites do território nacional; b) PASSIVA - tem por objeto o cumprimento de ato processual, determinado por magistrado estrangeiro, dentro do território brasileiro. Desta é que se está a tratar. 
NÃO precisam elas de homologação (art. 784, CPP), mas apenas do exequatur do STJ, conforme o art. 105, I, “i”, CF/88, dispositivo introduzido pela EC 45/04. Antes, tal competência era do STF. Após o exequatur do STJ, devem ser cumpridas por juiz federal (art. 109, X, CF) do lugar onde as diligências tenham de efetuar-se.
ATENÇÃO: Normas INTERNACIONAIS sobre CARTAS ROGATÓRIAS: a) Convenção Interamericana sobre Cartas Rogatórias, de 30/01/75, promulgada no país pelo Decreto nº 1899, de 09/05/96; b) Protocolo Adicional à Convenção Interamericana sobre Cartas Rogatórias, de 08/05/79, promulgado no país pelo Decreto nº 2022, de 07/10/96. 
OBS: PROCESSAMENTO (Res. 9, STJ; arts. 225 a 229, RISTF).
Com a alteração de competência determinada pela EC 45/04, a Presidência do STJ baixou a Resolução 09/05, para tratar do processamento do exequatur das rogatórias e da homologação das sentenças estrangeiras. Essa Resolução tem caráter TRANSITÓRIO, mas se encontra em plena vigência neste momento (agosto de 2012). Não obstante a regulamentação do STJ, é bastante comum verificar em seus próprios julgados menção ao Regimento Interno do STF, daí advindo importância deste.
Segundo o art. 2º, da citada Resolução, compete ao Presidente do STJ conceder exequatur às rogatórias, com ressalva do que disposto no art. 9º. Este art. 9º dispõe, em seu §2º, que, havendo IMPUGNAÇÃO à rogatória, o processo PODERÁ (faculdade), por determinação do Presidente, ser distribuído para julgamento perante a Corte Especial.
Apresentada a carta rogatória, nos termos do art. 8º, da Res. 9, STJ, a parte interessada será INTIMADA (não citada) para, no prazo de 15 dias, IMPUGNAR a carta. Neste ponto, não mais se aplica o prazo de 5 dias previsto no art. 226, RISTF. 
Segundo o parágrafo único do art. 8º, Re. 9, STJ, a medida solicitada por rogatória poderá ser efetivada SEM a oitiva prévia do interessado, quando a sua intimação prévia puder resultar na ineficácia da cooperação internacional.
Conforme o art. 6º, Res. 9, STJ, NÃO será concedido exequatur à rogatória que ofender a SOBERANIA ou a ORDEM PÚBLICA. O art. 781, do CPP, prevê disposição semelhante, apenas acrescentando que também não cabe exequatur quando houver violação aos BOM COSTUMES.
Após a impugnação ou findo o prazo de impugnação, o MP terá vista dos autos pelo prazo de 10 dias (art. 10, Res. 9, STJ), podendo também impugnar o cumprimento da rogatória (art. 226, §1º, RISTF).
A possibilidade de o interessado não aceitar a jurisdição estrangeira NÃO OBSTA a concessão do exequatur, porque NÃO cabe à Justiça Brasileira apreciar o mérito da causa (STJ: AgRgna CR 5.263/EX). Nada impede, de toda forma, que o citado recuse-se à citação, mas aqui apenas haverá certificação da recusa (STF – ECRA 4.920), sem obstar a concessão do exequatur. É de se ressaltar que a impugnação só poderá versar sobre o atentado à soberania nacional, à ordem pública, bem como sobre a autenticidade dos documentos, inteligência da decisão e inobservância aos requisitos da própria Res. 09 (art. 9º). Art. 226, §2º, RISTF, deve observar a maior amplitude do art. 9º, Res. 9, STJ.
Exarado o exequatur pelo Presidente do STJ (art. 2º) ou pela Corte Especial (art. 9º, §2º), a depender do caso, a Res. 9, em seu art. 13, dispõe que a carta será remetida para cumprimento no juízo federal competente, devendo ser fixado um prazo razoável para cumprimento da diligência (art. 786, CPP). A falta de prazo para cumprimento da diligência, entretanto, não impede o seu regular andamento. E, em caso de excesso do prazo fixado, havendo justa causa, deve esta ficar consignada em ofício dirigido ao Presidente do STJ, juntamente com a carta rogatória.
Em crime de ação privada, após o exequatur, o andamento dependerá do pagamento das despesas pelo interessado, nos termos do § 3º, do art. 784, do CPP.
ATENÇÃO: É de se salientar, que o art. 13 da Res. 9, STJ, difere do § 2º, do art. 784, do CPP, segundo o qual, após o exequatur, a carta seria encaminhada ao Presidente do Tribunal, a fim de posteriormente ser encaminhada ao juiz competente. 
Cumprida a carta pelo juiz federal, será devolvida ao Presidente do STJ, no prazo de 10 dias, que, no mesmo prazo, a remeterá, por meio do Ministério da Justiça ou do Ministério das Relações Exteriores, à autoridade de origem (art. 14, Res. 9, STJ).
OBS: EMBARGOS NO CUMPRIMENTO DA ROGATÓRIA (art. 13, §§ 1º a 3º, Res. 9, STJ). Em face dos atos praticados pelo juízo federal no cumprimento da rogatória, é possível a oposição de embargos por qualquer interessado ou pelo MP no prazo de 10 dias, os quais serão julgados pelo Presidente do STJ. Da decisão do Presidente do STJ sobre os embargos é cabível Agravo Regimental. Tanto o Presidente do STJ, ao apreciar os embargos, quanto o Relator do Agravo Regimental, ao analisar a decisão daquele, poderão ordenar diretamente o atendimento à medida solicitada.
ATENÇÃO: De qualquer decisão do Presidente do STJ na carta rogatória, cabe AGRAVO REGIMENTAL (art. 11).
OBS: AUXÍLIO DIRETO COMO ALTERNATIVA ÀS CARTAS ROGATÓRIAS. O trâmite das rogatórias, pela via diplomática (art. 783, CPP), se revela, por vezes, bastante moroso, sendo fundamental a existência de meios alternativos à cooperação jurídica internacional. O próprio art. 7º, Res. 9, STJ, previu a possibilidade do cumprimento de providências requeridas por outro país através de auxílio direto, o qual se opera entre autoridades vinculadas ao Poder Executivo (autoridades centrais), encarregadas da prevenção ou da investigação penal, SEM intermediação do Poder Judiciário. E, tratando-se de auxílio direto (pedido administrativo intergovernamental fundado em tratado internacional de cooperação jurídica), surgindo a necessidade de prévia autorização judicial (segundo o direito interno) para a adoção de determinada providência, cabe aos agentes competentes do Estado requerido (ex: MPF e AGU) atuar judicialmente visando obtê-la. Assim, a competência do STJ para intermediar a cooperação jurídica internacional, através de exequatur às rogatórias, limitar-se-ia a relações entre os órgãos do Poder Judiciário, não impedindo nem sendo incompatível com outras formas de cooperação jurídica, como o auxílio direto (STJ: Rcl 2.645/SP). Sintetizando o ponto, traga-se à baila parte da ementa do acórdão emanado pelo STJ no julgamento do HC 147.375/RJ:
INDIGITADA VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 368 E 783 DO CÓDIGO PENAL. AVENTADA EXCLUSIVIDADE DA CARTA ROGATÓRIA PARA A OBTENÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES NO EXTERIOR. EXISTÊNCIA DE OUTROS MEIOS DE COOPERAÇÃO ENTRE OS PAÍSES ADMITIDOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO. EIVA INOCORRENTE. 1. A carta rogatória não constitui o único e exclusivo meio de solicitação de providências pelo juízo nacional ao estrangeiro, prevendo o direito processual internacional outras formas de auxílio como as convenções e acordos internacionais. 2. O entendimento atual é o de que os acordos bilaterais, tal como o ora questionado, são preferíveis às cartas rogatórias, uma vez que visam a eliminar a via diplomática como meio de cooperação entre os países, possibilitando o auxílio direto e a agilização das medidas requeridas. 3. Como se sabe, o ordenamento jurídico deve ser interpretado de forma sistêmica, não se podendo excluir, notadamente em se tratando de direito internacional, outros diplomas legais necessários à correta compreensão e interpretação dos temas postos em discussão, mostrando-se, assim, totalmente incabível e despropositado, ignorar-se a existência de Acordo de Assistência Judiciária celebrado entre o Brasil e os Estados Unidos da América, regularmente introduzido no direito pátrio mediante o Decreto 3.810/2001, e que permite a obtenção de diligências diretamente por meio das Autoridades Centrais designadas.
ATENÇÃO: QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO/BLOQUEIO DE BENS E CARTAS ROGATÓRIAS. A determinação de quebra de sigilo bancário ou de sequestro de bens (“medidas de segundo nível”) oriunda do estrangeiro para cumprimento através de carta rogatória demanda a existência prévia de decisão judicial estrangeira homologada perante o STJ (juízo de DELIBAÇÃO). Uma segunda alternativa, se ausente decisão judicial estrangeira a ser delibada no STJ, seria o cumprimento por meio de auxílio direto, sendo que aí a autoridade central (Ministério da Justiça), pelo órgão competente (MPF), teria de demandar a prévia autorização judicial perante a Justiça brasileira (juízo federal de 1ª instância). Importante julgado do STJ sobre o tema é o AgRg na CR 3.162/CH, o qual consolida o que fora decidido pela Corte na CR 998/IT e na Rcl 2.645/SP.
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA (Res. 9, STJ; arts. 787 a 790, CPP; aarts. 215 a 224, RISTF)
ATENÇÃO: Em alguns casos, pode a sentença penal estrangeira produzir efeitos no Brasil, INDEPENDENTEMENTE de homologação ou qualquer outra condição. Nessas hipóteses, é ela considerada FATO JURÍDICO, capaz de produzir efeitos jurídicos perante a lei brasileira, bastando, para isso, prova documental idônea (certidão devidamente traduzida e autenticada). A carta de sentença seria dispensável neste acaso, bastando a própria sentença (não se aplica o art. 12 da Res. 9, STJ). Ex: reincidência, detração, condições impostas a respeito da extraterritorialidade etc.
OBS: Art. 9º, CP – Hipóteses de homologação da sentença PENAL estrangeira: 
Para reparação de danos e outros efeitos civis;
Para imposição de medida de segurança.
OBS: Impossibilidade de homologação no caso de atentado à soberania nacional, à ordem pública e aos bons costumes (art. 6º, Res. 9, STJ; art. 781, CPP; art. 216, RISTF).
OBS: REQUISITOS (arts. 788, CPP; art. 5º, Res. 9, STJ; e art. 217, RISTF) 
a) Deve estar revestida das FORMALIDADES EXTERNAS necessárias, segundo a legislação do país de origem. Não se pode negar a homologação por estarem ausentes requisitos formais da lei brasileira.
b) A sentença deve ter sido proferida por JUIZ COMPETENTE. (Na Res. 9, STJ, art. 4º, §1º, está prevista a possibilidade de homologação de provimentos não judiciais que, pela lei brasileira teriam natureza de sentença).
c) Existência de CITAÇÃO REGULAR ou ocorrência legal da REVELIA. Tem-se negado a homologação de sentença por falta de citação válida quando esta não foi feita por rogatória, mas por via postal.
d) Trânsito em julgado da sentença e preenchimento das formalidades necessárias à execução no lugar em que foi proferida.
e) Deve ser autenticada por cônsul brasileiro e acompanhada de tradução feita por tradutor público (este deve ser oficial ou juramentado no Brasil).
OBS: PEDIDO. Recomendações comuns a ambas as hipóteses de homologação (art. 9º, CP): deve a inicial conter as indicaçõesconstantes da lei processual e ser instruída com a certidão ou cópia autêntica do texto integral da sentença estrangeira e com outros documentos indispensáveis, devidamente traduzidos e autenticados (art. 3º, Res. 9, STJ). No caso de não preenchimento dos requisitos, existência de defeitos ou irregularidades, será concedido o prazo de 10 dias para emenda, sob pena de indeferimento (art. 219, RISTF).
Homologação para produção de efeitos civis: somente aquele que possuir legitimação ativa para a execução (“parte interessada”, conforme art. 9º, p. único, “a”, CP) é que pode oferecer o requerimento de homologação; a execução faz-se por carta de sentença (art. 12, Res. 9, STJ) extraída dos autos da homologação e obedece às regras processuais civis.
Homologação para sujeição à medida de segurança: depende da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença (neste caso, tem atribuições para o pedido o PGR, à luz do art. 789, CPP) ou, na falta deste, de requisição do Ministro da Justiça (art. 9º, p. único, “b”, CP); execução também se opera por carta de sentença (art. 12, Res. 9, STJ) ao juízo federal competente.
ATENÇÃO: NÃO se admite homologação para imposição de pena a ser cumprida no Brasil, tampouco para imposição de pena acessória. O procedimento adequado é a extradição (se for possível). 
OBS: PROCESSAMENTO (Res. 9, STJ). Distribuição do requerimento de homologação ( CITAÇÃO (não é intimação) do interessado para CONTESTAR no prazo de 15 dias (art. 8º, Res. 9, STJ).
a) SEM constestação ( PGR (vista por 10 dias, conforme art. 10, Res. 9, STJ) ( decisão do Presidente do STJ (art. 2º, Res. 9, STJ) ( cabe agravo regimental (art. 11, Res. 9, STJ)
b) Oferecida CONTESTAÇÃO ( distribuição na Corte Especial (art. 9º, §1º, Res. 9, STJ), cabendo ao relator os demais atos relativos ao andamento e à instrução do processo ( PGR (vista por 10 dias, conforme art. 10, Res. 9, STJ) ( julgamento pela Corte Especial do STJ.
ATENÇÃO: Enquanto no processamento da rogatória há faculdade do Presidente do STJ quanto à distribuição à Corte Especial no caso de impugnação; em se tratando de impugnação a homologação de sentença estrangeira, o processo já será distribuído à Corte Especial, sem qualquer juízo pelo Presidente do STJ. Isso é o que se extrai dos §§ 1º e 2º, do art. 9º, Res. 9, STJ.
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NA INVESTIGAÇÃO DE CRIMES 
O Brasil celebrou alguns acordos bilaterais com o objetivo de desburocratizar a cooperação nas diligências investigatórias. Trata-se do chamado AUXÍLIO DIRETO. O trâmite é mais célere porque não requer a intervenção da via diplomática nem do Poder Judiciário (não se exige o exequatur do STJ), afinal, não há ação penal ainda. 
Em que pese a heterogeneidade de tais tratados, de um modo geral, há a designação de uma AUTORIDADE CENTRAL em cada país que REMETE e RECEBE os pedidos de cooperação. Esta autoridade, geralmente, é o Ministério da Justiça. Na ausência de tratado, os pedidos são atendidos com base na reciprocidade. 
Em pesquisa ao site do Ministério da Justiça, observa-se que existem acordos de cooperação internacional entre o Brasil e: a) Suíça – Dec. 6.974/09; b) Suriname – Dec. 6.832/09; c) Canadá – Dec. 6.747/09; d) Espanha – Dec. 6.681/08; e) Cuba – Dec. 6.462/08; f) China – Dec. 6.282/07; g) Ucrânia – Dec. 5.984/06; h) Coréia do Sul – Dec. 5.721/06; i) Peru – Dec. 3.988/01; j) Colômbia – Dec. 3.895/01; l) EUA – Dec. 3.810/01; m) França – Dec. 3.324/99; n) Portugal – Dec. 1.320/94; o) Itália – Dec. 862/93. Tem-se notícia, ainda, de Acordo de Cooperação entre os países do Mercosul (Dec. 3468/2000).
EXTRADIÇÃO 
Segundo REZEK, extradição “é a entrega, por um Estado a outro, e a pedido deste, de indivíduo que em seu território deva responder a processo penal [extradição INSTRUTÓRIA] ou cumprir pena [extradição EXECUTÓRIA]” (não se confunde com a ENTREGA prevista no Tratado de Roma, em que o indivíduo é entregue não a um Estado, mas sim a uma organização internacional, no caso, o TPI). 
O STF possui competência para processar e julgar o pedido de extradição solicitada por Estado estrangeiro (art. 102, I, “g”, CF). Por sua vez, a extradição é matéria cuja competência legislativa é privativa da União (art. 22, XV, CF).
OBS: A decisão do STF (controle de legalidade; cognição limitada) que defere a extradição NÃO vincula o Presidente da República (caráter político; ato insindicável de soberania nacional), conquanto não possa este agir com discricionariedade quando existente tratado bilateral entre o Brasil e Estado requerente, sob pena de descumprimento de norma internacional (Informativo 572 do STF: Ext 1085 QO/Governo da Itália; Informativo 630 do STF: Rcl 11.243/ República Italiana).
A CF/88, ao tratar dos direitos fundamentais, refere-se à extradição nos incisos LI e LII do art. 5º. As conclusões que daí derivam são as seguintes:
brasileiro NATO NUNCA será extraditado;
brasileiro NATURALIZADO somente será extraditado em 2 hipóteses:
crime COMUM praticado ANTES da naturalização;
crime de TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES a QUALQUER tempo;
estrangeiro somente NÃO será extraditado por crime POLÍTICO ou de OPINIÃO.
ATENÇÃO: Não há conceito legal, expresso, sobre crime político ou de opinião, mas se costuma invocar os crimes traçados na Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83). Ao verificar jurisprudência do STF, a quem cabe com exclusividade apreciar o caráter da infração (art. 77, §2º, Lei 6.815/80), vê-se que o Tribunal examina caso a caso, até porque há pedidos fundados em crimes comuns, mas que, no fundo, não passam de disfarce para perseguição política (EXT 794/PG), caso em que a extradição deve ser indeferida. Por outro lado, quando o fato constituir, PRINCIPALMENTE, infração da LEI PENAL COMUM, ou quando o CRIME COMUM, conexo ao delito político, constituir o fato PRINCIPAL, a extradição poderá ser deferida à luz do art. 77, §1º, da Lei 6.815/80. De todo modo, o STF poderá deixar de considerar crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, seqüestro de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social (art. 77, §3º, Lei 6.815/80).
OBS: O português enquadrado no art. 12, § 1º, CF/88 (direitos inerentes ao estatuto da igualdade) somente pode ser extraditado para Portugal (STF: PPE 302 – QO).
OBS: Diferentemente da expulsão (Súmula 1 do STF), “não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro” (Súmula 421 do STF).
ATENÇÃO: Inimputabilidade do extraditando NÃO se revela como óbice ao deferimento do pedido de extradição (STF: Ext. 932/ República Italiana).
OBS: A concessão de refúgio nos termos do art. 33 da Lei 9.474/97 representa obstáculo ao prosseguimento do pedido de extradição fundado nos mesmos fatos, ressalvada a possibilidade de invalidação do ato de concessão do refúgio quando este não estiver amparado nas hipóteses legais (art. 1º, Lei 9.474/97), mormente se considerada a sua natureza de ato administrativo vinculado (STF: Ext 1085/ República Italiana).
A Lei n° 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro), nos arts. 76 a 94, trata da extradição. Da leitura do art. 77 do referido diploma, extraem-se CONDIÇÕES ao deferimento da extradição:
 Fato que motivar o pedido deve ser considerado CRIME no Brasil e no Estado requerente (DUPLA TIPICIDADE: aferida com base nos fatos e na descrição típica, e não de acordo com o nomen iuris da infração; Informativo 553 do STF: Ext. 1.143/ Governo da República da Coréia);
Estado brasileiro, segundo seu ordenamento, NÃO pode ser competente para julgar o crime imputado ao extraditando;
Lei brasileira deve apenar o fato com pena de prisão SUPERIOR a 1 (um) ano;
Extraditando NÃO pode estar respondendo a processo no Brasil pelo mesmo fato (non bis in idem);
Extraditando NÃO pode ter sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato (Informativo 599 do STF:Ext 1174/Confederação Helvética);
NÃO consumação da prescrição no Brasil e no Estado requerente;
Extraditando NÃO poderá ser julgado perante Tribunal ou Juízo de exceção no Estado requerente.
OBS: Havendo mais de um Estado interessado em extraditar o indivíduo pelo mesmo fato, a extradição deverá ser deferida àquele em cujo território a infração foi cometida (art. 79, Lei 6.815/80). Se forem fatos diversos, a preferência obedece à seguinte ordem: 1º) território em que tenha sido praticada a infração mais grave, segundo a lei brasileira; 2º) se a gravidade for idêntica, a Estado requerente que primeiro tiver solicitado a extradição; 3º) se os pedidos forem simultâneos, ao Estado de origem, ou, na sua falta, ao de domicílio do extraditando (art. 79, §1º, Lei 6.815/80). Havendo tratado ou convenção, no entanto, devem prevalecer as respectivas normas (art. 79, §3º, Lei 6.815/80).
A extradição se inicia mediante requerimento de Estado no qual o indivíduo deva cumprir pena ou ser processado penalmente. É necessária a existência de tratado de extradição ou a promessa de reciprocidade do Estado requerente (art. 76, Lei 6.815/80). O Estatuto do Estrangeiro prevê que a extradição será requerida por via diplomática ou inexistindo agente diplomático do Estado, diretamente, de governo a governo. O pedido de extradição deve estar na forma e ser instruído com os documentos referidos no art. 80. Chegando o pedido ao Estado brasileiro, no qual o Ministério das Relações Exteriores o recebe, deverá ser encaminhado ao Ministro da Justiça, que aí o encaminhará ao STF, onde será determinada a prisão do extraditando (art. 208 do RISTF), devendo permanecer preso até o julgamento final do pedido (art. 213, RISTF). 
ATENÇÃO: É de que se destacar que, inicialmente, a lei previa a prisão do extraditando por ato determinado pelo Ministro da Justiça. Atualmente, no entanto, é pacífico o entendimento de que a prisão para fins de extradição, assim como todas as demais prisões de caráter administrativo, somente podem ser decretadas por autoridade judicial (STF: HC 82.428/SP).
OBS: A jurisprudência mais recente do STF (Informativo 639 do STF: Ext 1.254 QO/ROMÊNIA) vem se orientando no sentido de que “(...) a prisão preventiva para fins de extradição constitui REQUISITO DE POCEDIBILIDADE DA AÇÃO EXTRADICIONAL, não se confundindo com a segregação preventiva de que trata o CPP. Esse entendimento jurisprudencial já foi, por vezes, mitigado, diante de uma tão vistosa quanto injustificada demora na segregação do extraditando e em situações de evidente desnecessidade do aprisionamento cautelar do estrangeiro requestado (...)”. “(...) A prisão preventiva para fins extradicionais é de ser balizada pela necessidade e pela razoabilidade do aprisionamento”. E, caracterizada a desproporcionalidade da medida no caso concreto, é de se impor o relaxamento da prisão, observadas as seguintes cautelas, sob pena de renovação do decreto prisional: a) depósito do passaporte do extraditando no STF; b) impossibilidade de sair do Estado em que reside sem autorização do Relator do processo de extradição; c) compromisso de comparecer semanalmente a juízo federal localizado no Estado de seu domicílio para dar conta de suas atividades; d) compromisso de atender a todo e qualquer chamamento judicial.
OBS: O art. 82 da Lei n° 6.815/80 prevê que em caso de urgência, antes do processo de extradição, poderá ser formulado pedido de prisão, por qualquer meio de comunicação, por “autoridade competente, agente diplomático ou consular do Estado requerente.” O pedido deve estar baseado em “sentença condenatória, auto de prisão em flagrante, mandado de prisão, ou, ainda, em fuga do indiciado” (art. 82, §1º, Lei 6.815/80). Após a prisão, o Estado deverá formalizar o pedido de extradição no prazo de até 90 (noventa) dias (art. 82, §2º, Lei 6.815/80). Saliente-se, entretanto, que tal prazo vem sendo RELATIVIZADO pela jurisprudência (Informativo 593 do STF: PPE 623-QO/República do Líbano).
O processamento do pedido se encontra previsto no art. 85, Lei 6.815/90. Não cabe recurso da decisão do STF que concede a extradição (art. 83, Lei 6.815/80). E o indeferimento do pedido de extradição “faz coisa julgada”, somente admitindo-se nova extradição por fato diverso (art. 88, Lei 6.815/80).
Concedida a extradição o fato é comunicado – via Ministério das Relações Exteriores – à missão diplomática do Estado requerente, que possui prazo de 60 dias para retirar o extraditando do território nacional. Findo o prazo e omisso o Estado requerente, o extraditando será posto em liberdade, se não houver razão para sua expulsão (art. 86, Lei 6.815/80). 
Mesmo sendo concedida a extradição, pode não ser possível a retirada do extraditando do território brasileiro, pelas razões do art. 89, Lei 6.815/80, dispositivo legal que não se confunde com o óbice do art. 77, V, Lei 6.815/80, pois neste o agente responde a processo ou foi condenado/absolvido pelo mesmo fato em que se funda a extradição, enquanto que naquele o agente responde a processo ou foi condenado por fato diverso. 
Por outro lado, o Governo poderá entregar o extraditando, ainda, que responda a processo ou esteja condenado por contravenção, nos termos do art. 90, Lei 6.815/80. Note-se que, enquanto responder a processo ou cumprir pena por CRIME a que foi condenado, o agente não será extraditado (art. 89, Lei. 6.815/80); em se tratando, no entanto, de CONTRAVENÇÃO, a existência de processo pendente ou mesmo condenação com pena a cumprir não impede a imediata entrega do extraditando.
OBS: A extradição, ainda que respeitadas todas as formalidades, somente será efetivada caso o Estado requerente assuma o compromisso (art. 91, Lei 6.815/80): “I – de não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido (PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE; é possível, no entanto, ao Estado requerente formular pedido de EXTENSÃO, observadas as condições previstas no art. 77, Lei 6.815/80; Informativo 523 do STF: Ext. 1052 Extensão/Reino dos Países Baixos); II – de computar (DETRAÇÃO) o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição; III - de comutar em pena privativa de liberdade (limite máximo de 30 anos), a pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação; IV – de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do Brasil a outro Estado que o reclame (vedação à REEXTRADIÇÃO); e V – de não considerar qualquer motivo político para agravar a pena”. 
ATENÇÃO: Súmula 692 do STF - EXTRADIÇÃO E HC.
EXPULSÃO (arts. 65 a 75, Lei 6.815/80; arts. 100 a 109, Decreto 86.715/81)
A expulsão representa a exclusão de estrangeiro do território nacional, sem destino determinado, por ato discricionário do Chefe do Poder Executivo (Decreto), nos termos do art. 66, Lei 6.815/80. É discricionário porque o Estado brasileiro sempre pode deixar de expulsar o estrangeiro do seu território. No entanto, somente poderá expulsá-lo se presentes os seus requisitos legais. 
OBS: Vale salientar que o Decreto 3.447/00 delega competência ao Ministro de Estado da Justiça para resolver sobre a expulsão de estrangeiro do país.
Somente o Estado de origem/nacionalidade do indivíduo tem o dever de recebê-lo. Em regra, pode-se dizer que a expulsão ocorre nos casos em que o estrangeiro atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade e a moralidade pública e a economia popular, cujas atitudes o tornem nocivo à convivência e aos interesses nacionais (art. 65, Lei 6.815/80). “É passível, também, de expulsão o estrangeiro que: a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil;b) havendo entrado no território brasileiro com infração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro” (art. 65, p. único, Lei 6.815/80).
É de se notar, entretanto, que, seo Poder Judiciário NÃO pode adentrar no mérito do juízo sobre a expulsão (ato discricionário), pode ser chamado a fazer o controle da legalidade do ato político-administrativo.
A expulsão é precedida de inquérito realizado no âmbito do Ministério da Justiça, nos termos da Lei n° 6.815/80, no qual se garante ao estrangeiro o direito de defesa, inclusive com acompanhamento técnico do advogado. A CF/88 (art. 22, XV) prevê que a competência para legislar sobre a expulsão é privativa da União.
OBS: Não se dará a expulsão do estrangeiro (art. 75, II, Lei 6.815/80 e Súmula 1 do STF): a) que tenha cônjuge brasileiro, do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de cinco anos; b) que tenha filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. Verificado o divórcio, separação de fato ou de direito, bem como o abandono do filho.
ATENÇÃO: O STF (HC 100.793/SP) vem se orientando pela literalidade do disposto no art. 75, II, Lei 6.815/80, de modo que somente haverá óbice à expulsão do estrangeiro se este for casado há mais de cinco anos (em se tratando de união estável, não haver impedimento para a transformação em casamento). Quanto aos filhos, não haveria impedimento à expulsão a adoção, reconhecimento ou nascimento de filhos posteriores ao fato que o motivar (STF: HC 99.742/SP). Já o STJ vem flexibilizando o disposto no art. 75, II, Lei 6.815/80 para manter no país o estrangeiro que possui filho brasileiro, ainda que nascido posteriormente à condenação penal e ao decreto expulsório, no afã de tutelar a família, a criança e o adolescente, mas desde que comprovadas a dependência econômica e a convivência socioafetiva entre ambos (STJ: HC 169.423/DF).
OBS: Diferentemente da extradição (art. 89, Lei. 6.815/80), a expulsão do estrangeiro poderá ser efetivada ainda que tenha sido condenado ou esteja pendente processo, DESDE QUE CONVENIENTE AO INTERESSE NACIONAL (ART. 67, Lei 6.815/80).
OBS: O processamento se encontra previsto nos arts. 68 a 74, Lei 6.815/80, não sendo possível a expulsão se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira (art. 75, I, Lei 6.815/80).
OBS: O art. 69, Lei 6.815/80, deve ser interpretado, à luz do art. 5º, LXI, CF/88, dispositivo que apenas admite como modalidade de prisão administrativa a que se refere às transgressões disciplinares de natureza militar, na forma da lei. Todas as demais espécies de prisão, salvo o flagrante, constituem reserva jurisdicional. Não poderá, portanto o Ministro de Estado expedir ordem de prisão para o estrangeiro. Deverá representar a autoridade judiciária para que esta expeça o mandado de prisão a ser cumprido pela Polícia Federal. O mesmo raciocínio vale para a deportação.
ATENÇÃO: Fábio Ramazzini Bechara, tratando da competência da autoridade judicial para a decretação da prisão em tais hipóteses, afirma o seguinte: “No caso da expulsão, considerando tratar-se de ato de iniciativa exclusiva do Presidente da República, a prisão deverá ser decretada pelo STF e por iniciativa do Ministro da Justiça. Ressalta-se que é reconhecida a competência originária do STF para conhecer e julgar o habeas corpus quando a autoridade coatora for o Presidente da República. Na deportação – de atribuição da Polícia Federal – a competência para a decretação da prisão é da Justiça Federal de Primeira Instância, após provocação daquela ou do Ministro da Justiça. Além do mais, a Justiça de 1.º Grau é competente para julgar o habeas corpus quando a autoridade coatora for o Delegado da Polícia Federal.” (BECHARA, Fábio Ramazzini. Breves notas acerca da prisão. Flavia Farias, Rio de Janeiro, n. 16, 16 out. 2004. Disponível em: <http://www.flaviafarias.net>).
OBS: O estrangeiro expulso está impedido de retornar ao Brasil, salvo se outro decreto presidencial revogar o de expulsão. Vale lembrar que configura crime contra a administração da justiça, “Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena (Art. 338, do CP)”.
OBS: LIVRAMENTO CONDICIONAL E EXPULSÃO. “Há incompatibilidade entre as condições legais necessárias à concessão do livramento condicional - obter ocupação lícita e manutenção de residência fixa - com a existência de inquérito ou decreto de expulsão de estrangeiro, dada a impossibilidade de sua permanência no país, com ou sem trabalho lícito, em função da prática de conduta que tornou a sua continuidade no Brasil nociva à conveniência e aos interesses nacionais” (STJ: HC 173.955/SP; STF: HC 99.400/RJ).
OBS: PROGRESSÃO DE REGIME E EXPULSÃO. “O fato de a paciente ser estrangeira, estar presa, não ter domicílio no país e ser objeto de processo de expulsão, não constitui óbice à progressão de regime de cumprimento da pena” (STJ: HC 186.906/ SP; STF: HC 97.147/MT).
DEPORTAÇÃO (arts. 57 a 64, Lei 6.815/80; arts. 98 e 99, Decreto 86.715/81)
A deportação “é uma forma de exclusão, do território nacional, daquele estrangeiro que aqui se encontra após uma entrada irregular – geralmente clandestina -, ou cuja estada tenha-se tornado irregular – quase sempre por excesso de prazo, ou por exercício de trabalho remunerado, no caso do turista” (REZEK). Ainda segundo Rezek, “a expulsão assemelha-se à deportação na ampla faixa discricionária que os dois institutos concedem ao governo. (...) Tanto significa que, embora não se possa deportar ou expulsar um estrangeiro que não tenha incorrido nos motivos legais de uma e outra medida, é sempre possível deixar de promover a deportação, ou a expulsão, mesmo sem presença de tais motivos. A lei não obriga o governo a deportar ou expulsar”.
Nos termos do art 58, p. único, Lei 6.815/80, a deportação far-se-á para o país da nacionalidade ou e procedência do estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo.
A deportação não é ato praticado pela cúpula do Estado brasileiro, podendo ser praticado por policiais federais. Ao contrário da expulsão, no qual o estrangeiro fica impedido de retornar ao Brasil, a deportação não limita essa possibilidade. Entretanto, antes do retorno, deve ressarcir as despesas que eventualmente o País tenha com a deportação (art. 64, Lei 6.815/80).
O estrangeiro, enquanto não se efetivar a deportação, poderá ser recolhido à prisão pelo Departamento de Polícia Federal, pelo prazo de sessenta dias (art. 61, Lei 6.815/80), desde que autorizado pelo Poder Judiciário (aqui, vale lembrar a discussão já travada acima, no sentido de que o ordenamento só admite a prisão administrativa no caso transgressão militar; por isso, assim como ocorre na extradição e na expulsão, a prisão para deportação só ocorrerá se passar pelo crivo do Judiciário). Sempre que não for possível, no prazo antes previsto, determinar a identidade do deportando ou obter documento de viagem para promover a sua retirada, a prisão poderá ser prorrogada por igual período, findo o qual será ele posto em liberdade. 
O art. 22, XV, CF/88, dispõe que a União possui a competência privativa para legislar sobre matéria concernente à entrada e permanência de estrangeiros no território. Nesse contexto, se insere a Lei n° 6.815/80, que trata do tema nos arts. 57 a 64.
OBS: Assim como a expulsão, não se procederá à deportação se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira (art. 63, Lei 6.815/80).
RECURSOS:
CONCEITO:
Recurso é o instrumento processual voluntário de impugnação de decisões judiciais previsto em lei, utilizado antes da preclusão/CJ e na mesma relação jurídica processual, objetivando a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da decisão judicial anterior.
ATENÇÃO: Após o trânsito em julgado, seriam cabíveis o MS, o HC e a REVISÃO CRIMINAL. 
FUNDAMENTOS DOS RECURSOS:
INCONFORMISMO DAS PESSOAS
FALIBILIDADE HUMANA
MAIOR CONFIABILIDADE NAS DECISÕES COLEGIADAS
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO:
Duplo grau de jurisdição não se confunde com a mera possibilidade de recorrer. Duplo grau dejurisdição é a possibilidade de interposição de recurso que devolva a órgão jurisdicional diverso e de hierarquia superior todo o conhecimento da matéria de fato e de direito, incluindo questões probatórias.
ATENÇÃO: Recursos extraordinários não são manifestações do duplo grau de jurisdição, pois são recursos de fundamentação vinculada, que visam à tutela da CF/88 ou da legislação federal infraconstitucional. 
OBS: Prevalece na DOUTRINA o entendimento de que o duplo grau de jurisdição não é previsto de modo expresso na CF/88, embora o seja de maneira IMPLÍCITA. Estaria implícito nos seguintes dispositivos:
Do preceito que assegura o devido processo legal (art. 5º, LIV, CF/88).
O duplo grau estaria dentro do direito de defesa (art. 5º, LV, CF/88).
Estrutura do Poder Judiciário, dividido em órgãos jurisdicionais inferiores e superiores (arts. 92 e segs., CF/88).
ATENÇÃO: Na CADH (art. 8º, 2., “h”), o duplo grau de jurisdição em matéria PENAL foi previsto EXPRESSAMENTE.
OBS: No STF, há julgado contundente no sentido de que o duplo grau de jurisdição não seria garantia constitucional (RHC 79.785/RJ). Em outras ocasiões, no entanto, o STF demonstra tendência em aceitar o duplo grau como garantia derivada da CF/88, embora sem ostentar caráter absoluto (HC 88.420/PR e AI 601.832 AgR/SP). 
OBS: Pessoas com foro por prerrogativa de função, como não podem apelar (recurso que devolve matéria fática e probatória à instância superior), não possuem direito ao duplo grau de jurisdição. É que, segundo o STF (AI 601.832 AgR/SP, RHC 79.785/RJ), trata-se de garantia não absoluta, devendo ser harmonizada com as exceções previstas no próprio texto constitucional. 
ATENÇÃO: Súmula 704 do STF: Foro por prerrogativa de função. Coautor que não o possui também pode ser julgado pelo tribunal em hipótese de conexão/continência. Ex: caso “mensalão”. Note-se, entretanto, que a reunião não é obrigatória, ficando a critério do tribunal no caso concreto.
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL:
Antes de apreciar o mérito do recurso, o tribunal deve analisar se estão presentes certos pressupostos (JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL).
OBS: Juízo de admissibilidade recursal ou de prelibação (conhecimento do recurso) é realizado tanto pelo juízo a quo (juízo contra o qual se recorre) quanto pelo juízo ad quem (juízo para o qual se recorre). Diferente do juízo de mérito recursal, o qual, em regra é feito pelo juízo ad quem.
ATENÇÃO: Nos embargos de declaração, há coincidência entre os juízos a quo e ad quem.
OBS: Na prática, o conhecimento do recurso significa que a decisão do tribunal irá substituir (efeito substitutivo) a decisão do juízo a quo no ponto que tiver sido impugnada/devolvida (efeito devolutivo). O efeito substitutivo, portanto, somente se oipera diante do conhecimento/admissibilidade do recurso (art. 512, CPC).
ATENÇÃO: COMPETÊNCIA PARA JULGAR REVISÃO CRIMINAL. 
Revisão criminal é ação de competência dos tribunais (exceção: Juizados Especiais) que pressupõe o trânsito em julgado de decisão condenatória com trânsito em julgado. Desse modo, em regra, cabe ao tribunal julgar as revisões criminais ajuizadas em face de seus próprios julgados, bem como dos juízes que lhe são subordinados. 
IMPORTANTE: RE interposto perante o STF. Quem vai julgar a revisão criminal? Se o RE não foi conhecido, quem julgará será o próprio TJ, pois o STF não analisou o mérito da condenação, não tendo incidido o efeito suspensivo no caso concreto. E se o RE foi conhecido? O RE é um recurso de fundamentação vinculada. A decisão do STF substitui a decisão recorrida no que tiver sido objeto do recurso. O STF só vai apreciar a matéria constitucional. Se o objeto da revisão criminal tiver sido apreciado pelo STF no julgamento do RE, caberá ao próprio STF o julgamento da revisão criminal; caso contrário, a revisão deve ser julgada pelo TJ.
3.1. PRESSUPOSTOS RECURSAIS OBJETIVOS:
CABIMENTO
Deve haver previsão legal de recurso contra a decisão.
OBS: Em regra, decisões interlocutórias no processo penal são IRRECORRÍVEIS, salvo se tal decisão estiver contida no rol do art. 581, CPP (RESE).
ATENÇÃO: Ainda que não caiba recurso contra tal decisão, devera ser oportunamente impugnada, para possibilitar seu reexame em preliminar de apelação.
ATENÇÃO: Indeferimento de pedido de quebra de sigilo bancário é decisão irrecorrível. A solução seria impetrar MS, havendo que se observar o disposto na Súmula 701 do STF (MS contra decisão de juiz criminal: réu é litisconsórcio passivo necessário). No caso deferimento do pedido de quebra de sigilo bancário, como a decisão também é irrecorrível, seria cabível HC, pois, em potencial, a liberdade de locomoção estaria ameaçada.
ATENÇÃO: Indeferimento de pedido de interceptação telefônica é decisão irrecorrível. A solução aí seria fazer novo pedido ao magistrado (se possível, com novas provas), pois a impetração de MS, exigindo a citação do réu (Súmula 701 do STF), frustraria as investigações, diferentemente do sigilo bancário, em que os dados bancários já estavam registrados. 
ADEQUAÇÃO
A cada tipo de decisão corresponde um determinado recurso.
OBS: O pressuposto da adequação é mitigado pela FUNGIBILIDADE RECURSAL (art. 579, CPP).
ATENÇÃO: Requisitos para aplicação do princípio da FUNGIBILIDADE RECURSAL: a) dúvida objetiva (ausência de erro grosseiro); b) ausência de má-fé; c) interposição no prazo do recurso correto. 
TEMPESTIVIDADE
O recurso deve ser interposto no prazo correto, sob pena de preclusão temporal. 
OBS: No processo penal, o termo a quo do prazo recursal é a data da efetiva intimação (art. 798, §5º, “a”, CPP), e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória (Súmula 710 do STF). A contagem, no entanto, observa o disposto no art. 798, §1º, CPP, não computando o dia de início, mas incluindo o de vencimento, salvo se terminar em domingo ou dia de feriado, caso em que se considerará prorrogado até o dia útil imediato (art. 798, §3º, CPP).
ATENÇÃO: Para aferir a tempestividade, o que interessa é data do protocolo, estando o art. 575, CPP, desatualizado. É o teor da Súmula 428 do STF.
OBS: Diferentemente do CPC, no CPP, alguns recursos podem ser interpostos sem apresentação simultânea das razões recursais. Há um prazo para recorrer (ex: arts. 586 e 593, CPP), e outro para apresentar as razões (ex: arts. 588 e 600, CPP). Para aferir a tempestividade recursal, há que se observar o prazo de interposição, e não o prazo de apresentação das razões.
ATENÇÃO: Apresentação de razões fora do prazo é mera irregularidade.
OBS: TEMPESTIVIDADE DE RECURSO E MOMENTO DE COMPROVAÇÃO. “É admissível comprovação posterior da tempestividade de recurso extraordinário quando houver sido julgado extemporâneo por esta Corte em virtude de feriados locais ou de suspensão de expediente forense no tribunal a quo” (Informativo 659 do STF: RE 626.358/MG).
OBS: PRAZOS IMPORTANTES:
	PRAZO
		RECURSO
	48 horas
	CARTA TESTEMUNHÁVEL (art. 640, CPP). OBS: Para contagem em horas, deve constar da certidão de intimação o horário da providência; caso contrário, o prazo será de dois dias.
	2 dias
	EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 619, CPP), inclusive no STJ (art. 263, RISTJ).
	5 dias
	APELAÇÃO (art. 593, CPP), RESE (art. 586, CPP), AGRAVOS (Súmula 700 do STF), CORREIÇÃO PARCIAL, ROC e EMBARGOS DE DECLARAÇÃO nos Juizados Especiais e no STF. OBS: PROTESTO POR NOVO JÚRI – revogado.
	10 dias
	APELAÇÃO nos Juizados Especiais (Aart. 82, Lei 9.099/95), EMBARGOS DE NULIDADE e EMBARGOS INFRINGENTES (art. 609, p. único, CPP).
	15 dias
	RECURSO ESPECIAL, RECURSO EXTRAORDINÁRIO e APELAÇÃO supletiva da vítima quando não habilitada como assistente de acusação (art. 598, p. único, CPP).
	20 dias
	RESE contra lista de jurados (art. 586, p. único, c/c art. 585, XVI, CPP). OBS: Art. 426, §1º, CPP – “reclamação”: para alguns, teria revogado tacitamente o RESE contra lista de jurados. 
ATENÇÃO: “Embora o Superior Tribunal de Justiça aceite o protocolo integradopara aferir a tempestividade do recurso especial, observa-se, nesses casos, a data do protocolo do recurso na secretaria do órgão integrante desse sistema, e não a data da postagem na agência dos Correios, nos termos da Súmula 216/STJ” (STJ: EDcl no AgRg no AREsp 153.926/SP). 
OBS: PRAZO EM DOBRO PARA RECORRER no caso de DEFENSORIA PÚBLICA (art. 44, I, LC 80/94, e art. 5º. §5º, Lei 1.060/50). Jurisprudência NÃO estende a prerrogativa aos advogados dativos (STJ: 1.106,213/SP). No processo penal, o MP não tem prazo em dobro para recorrer.
ATENÇÃO: Art. 9º, Lei 10.259/01 – Nos JEF, não há prazo diferenciado para a interposição de recursos. Aplica-se tal dispositivo à DPU? Há divergência. 
1) A DPU não conta com prazo em dobro no JEF (STJ). 
2) Por não ser uma “pessoa jurídica de direito público”, mas sim um órgão no âmbito da estrutura do Min. Justiça, o art. 9º da Lei 10.259/01 não seria aplicável à Defensoria Pública. Assim, ainda nos JEF, a DPU teria o prazo em dobro, mormente se considerada que tal prerrogativa se encontra prevista na LC 80/94 (art. 44, I), não podendo ser suprimida por uma LO, como é a Lei 10.259/01.
OBS: INTIMAÇÃO PESSOAL é prerrogativa do MP e da Defensoria Pública, sendo estendida aos advogados dativos (STJ: HC 187.757/SP), diferentemente do prazo em dobro.
ATENÇÃO: Para o STF (HC 84.166/SP), o prazo recursal do MP se inicia a partir do momento em que os autos ingressam no setor administrativo, pouco importando a data em que o promotor apõe seu ciente na petição.
OBS: INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VIA FAX é possível. Os originais deverão ser apresentados no prazo de 5 dias contados do término do prazo assinalado para a prática do ato, e não da data do envio do fax, conforme art. 2º, Lei 9.800/99 (STF: RHC 86.952/SP).
ATENÇÃO: Intimação de advogado falecido é absolutamente ineficaz (ato inexistente).
ATENÇÃO: No Júri, como a sentença é lida em plenário, o prazo recursal começa a fluir imediatamente, salvo se o acusado não estiver presente, caso em que se iniciará da sua intimação. 
INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO DO DIREITO DE RECORRER (RENÚNCIA)
ATENÇÃO: Com a revogação do art. 594, CPP, e a superação, no STJ, da Súmula 9 pela Súmula 347, o não recolhimento do condenado à prisão deixou de ser fato impeditivo ao direito de recorrer. Atualmente, portanto, o conhecimento do recurso independe do recolhimento à prisão do recorrente (art. 387, p. único, CPP). Tal entendimento se aplica, inclusive, no âmbito da legislação penal extravagante.
RENÚNCIA ao direito de recorrer: ocorre antes da interposição do recurso. 
OBS: MP pode renunciar ao direito de recorrer? Há divergência: 
Pacelli: MP não pode renunciar, pois violaria a indisponibilidade da ação pública.
Denilson Feitosa Pacheco: Como o CPP só vedou a desistência (art. 576, CP), nada obsta que o MP renuncie à faculdade de recorrer, à luz, inclusive, do princípio da voluntariedade (se o MP pode simplesmente ficar inerte, não recorrendo, poderia renunciar). É o que prevalece.
OBS: Divergência entre advogado e acusado sobre interesse em recorrer. Deve prevalecer a vontade de quem quer recorrer (Súmula 705 do STF). Em havendo renúncia do único defensor, réu deve ser intimado para constituir outro antes do julgamento do recurso, sob pena de nulidade (Súmula 708 do STF).
INEXISTÊNCIA DE FATO EXTINTIVO DO DIREITO DE RECORRER
O advento de uma das hipóteses tidas como fatos extintivos do direito de recorrer gera a EXTINÇÃO ANÔMALA DO RECURSO.
DESISTÊNCIA: ocorre após a interposição do recurso.
ATENÇÃO: O MP não pode desistir de recurso que haja interposto (art. 576, CPP)
DESERÇÃO por FALTA DE PREPARO do recurso do QUERELANTE nas ações penais EXCLUSIVAMENTE PRIVADAS (art. 806, §2º, CPP): única hipótese em que a ausência de preparo leva à extinção anômala do recurso no processo penal; nas demais hipóteses, não se pode cercear o direito de recorrer por falta de preparo.
ATENÇÃO: Com a revogação do art. 595, CPP, a fuga do acusado deixou de ser fato extintivo do direito de recorrer. Atualmente, portanto, não há que se falar em extinção do recurso por conta da fuga do réu. 
REGULARIDADE FORMAL
Observância de requisitos de forma. Em regra, recursos podem ser interpostos por petição ou por termo nos autos (art. 578, CPP). Exceção: recursos extraordinários ou perante tribunais devem ser interpostos por petição, não sendo possível a interposição por termo nos autos, sob pena de não conhecimento.
OBS: Súmula 115 do STJ é aplicável aos feitos criminais, de modo que, na instância especial, o recurso deve ser interposto por advogado com procuração nos autos (STF: HC 87.008/MG; STJ: AgRg no REsp 1.248.501/SC).
PRESSUPOSTOS RECURSAIS SUBJETIVOS:
LEGITIMIDADE 
Prevista no art. 577, CPP: MP, querelante, acusado, defensor e assistente.
OBS: No CPP, a legitimidade do réu e do seu defensor são autônomas, devendo ambos ser intimados da sentença condenatória.
INTERESSE RECURSAL
O interesse recursal (art. 577, p. único, CPP) deriva diretamente da idéia de sucumbência, que é uma situação de desvantagem jurídica oriunda da emergente decisão recorrida.
OBS: A extinção da punibilidade (matéria de ordem pública) pela prescrição da pretensão punitiva não autoriza o acusado a recorrer em busca de decisão absolutória, sendo-lhe ausente o interesse.
 OBS: O acusado pode ter interesse recursal para recorrer de sentença absolutória PRÓPRIA, haja vista que, a depender do fundamento, haverá repercussão na esfera cível. Ex: alteração do fundamento da absolvição de falta de provas para legítima defesa, vez que esta faz CJ favorável ao acusado no cível.
OBS: Havendo sucumbência, o MP pode recorrer em favor do acusado (ex: MP pede absolvição, mas o juiz condena), vez que lhe cabe a tutela da liberdade de locomoção deste (interesse indisponível). Se, entretanto, o MP tiver pleiteado a condenação do acusado, e o juiz o tenha, de fato, condenado, não haverá interesse recursal do MP, pois ausente a sucumbência. A solução, neste último caso, se o MP entende que o acusado é inocente, é impetrar um HC em seu favor. 
ATENÇÃO: Havendo condenação em ação penal privada, o MP pode recorrer em favor do querelado. Por sua vez, em crimes de ação penal exclusivamente privada, o MP não pode recorrer contra sentença absolutória caso o querelante não tenha recorrido (princípio da disponibilidade da ação penal privada). 
OBS: O ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO PODE RECORRER nos seguintes casos:
Extinção da punibilidade: RESE PREVISÃO EXPRESSA NOS ARTS. 
Sentença absolutória: APELAÇÃO 271 C/C 584, §1º, E 598, CPP, BEM 
Impronúncia: APELAÇÃO COMO NA SÚMULA 210 DO STF. 
ATENÇÃO: A doutrina e a jurisprudência majoritária do STJ (HC 137.993/RS), entretanto, têm se manifestado pelo amplo interesse recursal do assistente, desde que presente a SUCUMBÊNCIA, sustentando que, na busca pela justa aplicação da lei, poderia recorrer de sentença condenatória com a finalidade de aumentar a pena.
ATENÇÃO: Súmula 208 do STF – assistente do MP não pode recorrer de decisão concessiva de HC. A atuação do assistente tem por fim precípuo a obtenção de reparação aos danos causados pela infração penal, não se relacionando, portanto, à liberdade de locomoção do acusado, objeto do HC. Ocorre que, a depender do caso concreto, pode ser que o assistente tenha interesse recursal no âmbito do HC, pois este, atualmente, vem sendo utilizado, ainda que excepcionalmente, para trancar a ação penal, o que equivaleria a verdadeira absolvição do réu. Neste caso, restando prejudicado o interesse patrimonial do assistente, possível a este recorrer em HC.
OBS: O recurso do assistente é subsidiário em relação ao do MP (art. 598, CPP), de modo que o prazo recursal daquele somente se inicia com o fim deste (Súmula 448 do STF), e observa a seguinte regra: se o assistente estiver habilitado, o prazo é de 5 dias; se o assistente não estiver habilitado, o prazo é de 15 dias (art. 598, p. único, CPP).
EFEITOS DOS RECURSOS
EFEITODEVOLUTIVO
Consiste na devolução de matéria impugnada ao juízo ad quem. É efeito presente em todos os recursos. Na maioria dos casos, a matéria é devolvida para órgão distinto.
OBS: O conhecimento do tribunal está circunscrito àquilo que foi objeto de impugnação (tantum devolutum quantum apelatum). A delimitação dos recursos se opera pela petição de interposição
ATENÇÃO: Efeito devolutivo INVERSO: ocorre quando o conhecimento do recurso (da matéria impugnada) é devolvido ao próprio órgão que prolatou a decisão recorrida (ex: embargos de declaração); para alguns, coincidiria com o efeito regressivo, a permitir o exercício do juízo de retratação pelo órgão a quo.
EFEITO SUSPENSIVO
Consiste no impedimento da eficácia da decisão recorrida. A decisão não tem aptidão para produzir efeitos enquanto não houver o julgamento do recurso ou o trânsito em julgado da decisão.
OBS: A apelação contra sentença CONDENATÓRIA é dotada de EFEITO SUSPENSIVO. Apelação contra sentença ABSOLUTÓRIA NÃO tem efeito suspensivo (art. 596, CPP)
ATENÇÃO: A suspensividade da decisão condenatória tem início com a publicação da decisão recorrível, independentemente da interposição do recurso. Caso não haja interposição de recurso, a decisão condenatória somente produzirá efeitos após o trânsito em julgado.
OBS: Art. 637 do CPP – Os recursos extraordinários não são dotados de efeito suspensivo (art. 27, §2º, Lei 8.038/90). Isso não significa que seja possível a execução provisória da pena. Em verdade, prevalece no STF (HC 84.078/MG) o entendimento de que, conquanto os recursos extraordinários não sejam dotados de efeito suspensivo, NÃO É POSÍVEL AEXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. 
ATENÇÃO: Prisão antes do trânsito em julgado somente é possível diante da presença dos requisitos cautelares (art. 312, CPP), caso em que poderão ser aplicados, desde logo, eventuais benefícios da execução penal definitiva (Súmulas 716 e 717 do STF). Isto não significa que haja execução provisória da pena, vez que esta propriamente é tida por inconstitucional (STF: HC 84.078/MG). 
EFEITO REGRESSIVO (ITERATIVO/DIFERIDO)
Consiste na devolução da matéria impugnada ao mesmo órgão jurisdicional que prolatou a decisão recorrida (JUÍZO DE RETRATAÇÃO).
OBS: RESE (art. 589, CPP) e AGRAVO EM EXECUÇÃO (segue o rito do RESE) são dotados de efeito regressivo.
EFEITO EXTENSIVO (COMUNICABILIDADE RECURSAL)
Quando a decisão do tribunal estiver fundada em motivos de caráter objetivo, os efeitos se estendem aos demais acusados que não interpuseram recurso (art. 580, CPP).
OBS: O efeito extensivo também se aplica ao HC e à revisão criminal.
EFEITO SUBSTITUTIVO
Caso o recurso seja conhecido, a decisão proferida pelo tribunal tem o condão de substituir a decisão recorrida no que tiver sido objeto de impugnação (art. 512, CPC).
EFEITO PRODRÔMICO
Cuida-se de efeito ligado à non reformatio in pejus INDIRETA. Em recurso exclusivo da defesa, decidindo o tribunal pela anulação da sentença, devendo outra ser proferida em seu lugar, esta não poderá piorar a situação do réu quando comparada à sentença anulada. Essa limitação imposta à nova decisão é decorrência do efeito prodrômico da sentença anulada.
EFEITO EXPANSIVO
O reconhecimento de uma nulidade processual no julgamento do recurso pode implicar no desfazimento de outros atos que guardem com ele relação de dependência. Tem-se aí a eficácia expansiva, abrangendo, então, outros atos com base em uma relação de causalidade decorrente da nulidade do primeiro ato.
EFEITO EXTRÍNSECO
Refere-se ao prolongamento da litispendência (existência do processo), evitando a coisa julgada. 
PRINCÍPIOS
PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE DOS RECURSOS
Recurso é um ônus. Recorre se quiser. Mas, se não quiser recorrer, terá que arcar com os efeitos da decisão. A voluntariedade recursal encontra-se prevista no art. 574, CPP.
OBS: RECURSO DE OFÍCIO/REEXAME NECESSÁRIO. Quando o juiz concede decisão que deve ser reexaminada no tribunal. Tem a natureza jurídica de CONDIÇÃO OBJETIVA DE EFICÁCIA, isto é, a decisão não teria aptidão para produzir seus efeitos enquanto não recorrida de ofício (Súmula 423 do STF). Os casos de recurso de ofício encontram-se previstos no art. 574, CPP:
Decisões concessivas de HC.
Decisão concessiva de reabilitação.
Arquivamento de IP ou absolvição em crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública (art. 7º, Lei 1.521/50).
ATENÇÃO: Absolvição sumária no Júri NÃO mais admite recurso de ofício. Art. 574, II, CPP referia-se ao art. 411, CPP (antiga absolvição sumária no Júri). Atualmente, a absolvição sumária no Júri encontra-se prevista no art. 415, CPP, não havendo qualquer menção ao recurso de ofício de tal decisão.
PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DOS RECURSOS
A parte legitimada a recorrer pode dispor do recurso, seja renunciando ao direito de recorrer, desistindo do recurso interposto, ou, simplesmente, deixando de recorrer. A disponibilidade (após a interposição) é desdobramento lógico da voluntariedade (antes da interposição). 
OBS: Art. 576, CPP – O MP não pode desistir de recurso que haja interposto.
PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE
Contra uma decisão somente se admite a INTERPOSIÇÃO de um único recurso.
ATENÇÃO: Em uma mesma sentença, juiz julga extinta a punibilidade em relação a um delito (seria cabível o RESE, conforme art. 581, VIII, CPP), e condena em relação a outro delito. Neste caso, o recurso de APELAÇÃO absorve o RESE (PRINCÍPIO DA ABSORÇÃO/CONSUNÇÃO), conforme art. 593, §4º, CPP.
ATENÇÃO: Antiga EXCEÇÃO à unirrecorribilidade se verificava no cabimento simultâneo do protesto por novo Júri (crime com pena maior ou igual a vinte anos) e da apelação (crime conexo). Nesse caso o recurso de apelação ficaria sobrestado aguardando ao processo por novo júri.
ATENÇÃO: Seria exceção à unirrecorribilidade a interposição simultânea de embargos infringentes/nulidade quanto à parte não unânime e de recursos extraordinários quanto à parte unânime? NÃO, pois a jurisprudência majoritária (STJ: AgRg no Ag 1.386.935/SP) tem se orientado pela incidência do art. 498, CPC, ao processo penal, de modo que, ao interpor os embargos, os prazos para interposição de RE e REsp ficariam suspensos, não havendo interposição simultânea. Inclusive, havendo interposição simultânea, sem posterior ratificação,restaria caracterizada a extemporaneidade do recurso extraordinário.
OBS: A única exceção ao princípio seria a interposição simultânea de RE e REsp, à luz do art. 26, Lei 8.038/90, bem como da Súmula 126 do STJ.
PRINCÍPIO DA VARIABILIDADE DOS RECURSOS
Quando for cabível um só recurso, mas dois são possíveis, é possível a alteração do recurso interposto. Ex: No Júri, há a condenação a 25 anos de reclusão. Interpõe-se apelação desta sentença. Neste caso, poderia alterar para protesto por novo Júri.
OBS: Para a maioria da doutrina, este princípio não foi acolhido no Processo Penal em virtude de ser incompatível com a preclusão consumativa (se já exerceu o direito de apelação, não poderia trocar por outro recurso).
PRINCÍPIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS:
Em recurso exclusivo da defesa, a situação do acusado não pode ser piorada pelo tribunal (art. 617, CPP), nem mesmo em se tratando de erro material (STF: HC 83.545/SP; STJ: HC 163.851/RS).
ATENÇÃO: Corolário do princípio da non reformatio in pejus é o princípio da personalidade dos recursos, segundo o qual o recurso só pode beneficiar a parte que o interpôs, não aproveitando aquele que não recorreu. Exceção: art. 580, CPP (recurso interposto por um acusado beneficia os demais se fundado em motivos objetivos). A parte que recorreu não pode ter sua situação agravada, se não houve recurso da parte contrária.
OBS: À luz da Súmula 160 do STF, o réu NÃO pode ter sua situação agravada (do ponto de vista qualitativo e quantitativo) sem que haja recurso da acusação, até mesmo com relação à matéria cognoscível de ofício, como as nulidades absolutas.
OBS: Art. 626, p. único, CPP - Non reformation in pejus em revisão criminal.
OBS: NON REFORMATIO IN PEJUSINDIRETA (EFEITO PRODRÔMICO)
Em recurso exclusivo da defesa, caso o tribunal anule a decisão recorrida, a situação do acusado não poderá ser agravada pelo juízo a quo por ocasião da nova decisão.
ATENÇÃO: Non Reformatio in Pejus e Tribunal do Júri. A soberania dos vereditos não é relativizada, podendo os jurados decidir livremente. O juiz, ao aplicar a pena, entretanto, estará limitado àquela imposta no 1º julgamento (Informativo 542 do STF: HC 89.544/RN).
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE DOS RECURSOS:
O recorrente deve declinar os motivos (razões) pelos quais pede o reexame da decisão, pois somente assim a parte contrária poderá apresentar contrarrazões. Não é possível o julgamento de recurso sem as razões.
OBS: Súmula 707 do STF confirma o princípio da dialeticidade recursal.
ATENÇÃO: Art. 601, CPP, viola o princípio da dialeticidade recursal ao autorizar que o recurso seja remetido à instância superior sem as razões. O ideal seria que, não apresentadas as razões pelo MP, se aplicasse analogicamente o art. 28, CPP (não apresentação de razões equivaleria a desistir do recurso, o que não é possível ao MP). Se o advogado não apresenta as razões, poderia se entender que estaria havendo abandono do processo, sendo o caso de se nomear um defensor público ou advogado dativo. 
ATENÇÃO: Em recurso exclusivo da acusação, a manifestação do MP em segunda instância deve sempre preceder á sustentação da defesa, ainda que atue na qualidade de custus legis (STF: HC 87.926/SP).
OUTROS PRINCÍPIOS
Princípio da legalidade/tipicidade/taxatividade: só podem ser utilizados recursos previstos em lei.
Princípio da adequação: somente pode ser utilizado o recurso adequado.
Princípio da fungibilidade: o recurso errado pode ser admitido no lugar do certo (art. 579, CPP), mediante o preenchimento de requisitos: boa-fé, recurso errado no prazo do recurso certo e dúvida objetiva (inexistência de erro grosseiro). 
Princípio da conversão: se a parte interpuser um recurso para determinado órgão jurisdicional que não é o competente para o conhecer, este remeterá o processo para o órgão competente. A parte não será prejudicada pelo endereçamento errado do recurso. 
Princípio da complementaridade: consiste na possibilidade de aduzir razões complementares, quando o juiz modifica a sentença depois do recurso já interposto. 
OBS: Após a interposição do recurso, o juiz pode modificar a sentença nas seguintes hipóteses:
erro de cálculo e erro material, desde que não prejudique o réu.
lei nova mais favorável;
embargos de declaração;
juízo de retratação (RESE ou agravo em execução).
DIREITO INTERTEMPORAL E RECURSOS
A lei aplicável ao recurso é aquela vigente à época da PUBLICAÇÃO da decisão recorrida, e não a lei vigente à época do crime ou a lei vigente à época da interposição do recurso.
RECURSOS EM ESPÉCIE
RESE
Trata-se de recurso cabível, em regra, em face de decisões interlocutórias. Seu cabimento se encontra previsto no art. 581, CPP, comportando hipóteses taxativas (numerus clausus):
ATENÇÃO: Cabe, de logo, esclarecer que todas as hipóteses do art. 581, CPP, que se operam na fase de execução penal NÃO MAIS ADMITEM RESE, sendo recorríveis por AGRAVO EM EXECUÇÃO.
Art. 581 - Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
I - que NÃO RECEBER a denúncia ou a queixa; 
OBS: Embora o rol seja taxativo, admite-se analogia em alguns casos (quando ficar clara a intenção da lei de abranger a hipótese). Da decisão que rejeita ADITAMENTO à denúncia cabe RESE com base no art. 581, I, CPP. Do RECEBIMENTO, entretanto, cabe HC.
ATENÇÃO: Súmulas 707 e 709 do STF – Interposto RESE da rejeição da denúncia, deve o recorrido ser intimado para oferecer contrarrazões (PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE RECURSAL), sob pena de nulidade absoluta, valendo destacar que a nomeação de defensor dativo não supre aquela comunicação. Acórdão que provê RESE da rejeição da denúncia equivale ao recebimento desta, salvo no caso de invalidação da decisão do órgão a quo.
ATENÇÃO: Na Lei 9.099/95 (art. 82), da rejeição da denúncia cabe APELAÇÃO.
II - que concluir pela incompetência do juízo; 
OBS: Se juiz se considera competente, a solução seria impetrar HC.
III – que julgar PROCEDENTES as EXCEÇÕES, salvo a de suspeição; 
OBS: A exceção de suspeição é julgada por tribunal, sendo que o RESE somente é cabível de decisões de juízes de 1ª instância, razão pela qual não cabe RESE daquela decisão.
OBS: Decisão que julga IMPROCEDENTE a exceção é irrecorrível.
IV- que pronunciar o réu; 
OBS: Decisão de IMPRONÚNCIA e ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA são desafiadas por APELAÇÃO (art. 416, CPP). DENEGAÇÃO de absolvição sumária é irrecorrível, podendo ser cabível HC. 
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a FIANÇA, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; 
OBS: Por analogia, indeferimento de requerimento de prisão temporária é recorrível por RESE.
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que decretar a PRESCRIÇÃO ou julgar, por outro modo, EXTINTA A PUNIBILIDADE; 
OBS: Recurso cabível da absolvição sumária fundada na extinção da punibilidade (art. 397, IV, CPP) é o RESE (art. 581, VIII, CPP), e não a apelação. Sendo o caso de extinção da punibilidade em uma sentença absolutória/condenatória, aplica-se o princípio da consunção (art. 593, §4º, CPP).
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
X - que conceder ou negar a ordem de HABEAS CORPUS;
OBS: Em se tratando de tribunal, da decisão denegatória de HC, cabe ROC; da decisão concessiva de HC, cabe REsp ou RE, conforme a matéria.
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
OBS: Aplica-se no caso de suspensão condicional do PROCESSO (analogia).
OBS: No caso de suspensão condicional da PENA, é cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO.
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
OBS: Cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO.
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; 
OBS: RESE de prazo mais amplo (20 dias), conforme art. 586, p. único, CPP.
OBS: Para parte da doutrina, teria sido revogado pelo atual art. 426, CPP. 
XV - que denegar a APELAÇÃO ou a julgar deserta;
OBS: NÃO é carta testemunhável. 
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de QUESTÃO PREJUDICIAL;
OBS: Decisão que denega a suspensão é IRRECORRÍVEL, sendo cabível HC.
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
OBS: Cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO.
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; 
OBS: Cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO.
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
OBS: Cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO.
XXI- que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
OBS: Cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO.
XXII - que revogar a medida de segurança;
OBS: Cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO.
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;
OBS: Cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO.
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
OBS: Esta hipótese NÃO é mais possível, pois o inadimplemento da multa não mais implica sua conversão em pena privativa de liberdade, devendo ser executada como dívida de valor (art. 51, CP)
ATENÇÃO: Do indeferimento do RESE, cabe a CARTA TESTEMUNHÁVEL (art. 639, CPP).
Juízo de retratação é cabível no RESE, ou seja, o juiz diante desse recurso pode voltar atrás refazendo a sua decisão. Trata-se do EFEITO REGRESSIVO (art. 589, CPP).
Prazo de interposição do RESE é de 05 dias (art. 586, CPP). O prazo para arrazoar é de 02 dias (art. 588, CPP).
Em regra, se processa por instrumento, extraindo-se cópias para instruir o RESE. Excepcionalmente, o processamento do RESE observa a subidados autos (art. 583, CPP). 
Em regra, não tem efeito suspensivo (art. 584, CPP).
ATENÇÃO: Sob o ponto de vista estritamente legal, atualmente, por conta do art. 416, CPP, o assistente de acusação somente pode interpor RESE em uma hipótese: QUANDO HÁ EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (art. 584, §1º, CPP). Vale lembrar, entretanto, que a doutrina e a jurisprudência vem ampliando o interesse recursal do assistente.
ATENÇÃO: No RESE, diferentemente da apelação (art. 600, §4º, CPP), não é possível a apresentação de razões no segundo grau, haja vista a possibilidade de retratação por parte do juiz.
2. APELAÇÃO
Encontra-se previsto no artigo 593, devendo ser interposto em 5 dias, com prazo para juntada das razões em 8 dias (art. 600, CPP). Com ou sem razões, os autos serão submetidos à instância superior (art. 601, CPP).
ATENÇÃO: A apresentação de razões e contrarrazões NÃO é obrigatória, e isso não impedirá o conhecimento e julgamento do recurso, pois o âmbito recursal é delimitado na interposição. De todo modo, o que se deve garantir são aos prazos para apresentação de razões e contrarrazões.
Diferentemente do RESE (interposto por instrumento), a apelação pode ser interposta por PETIÇÃO ou TERMO nos autos. A petição de interposição é dirigida ao magistrado “a quo”, que exercerá um juízo de prelibação. Intima-se apelante e apelado para a apresentação de razões e contrarrazões. A interposição por termo nos autos normalmente ocorre nos casos de sentença proferida oralmente, mas, nada impede que a parte se dirija ao cartório e peça para reduzir a termo a petição de interposição. O réu preso será intimado pessoalmente da sentença e poderá na mesma oportunidade assinar o termo de renúncia do recurso ou o termo de recurso, sendo esse tipo de apelação considerada como por termo nos autos. A expressão “ciente-Recorro” não é um termo nos autos, mas, pode o juiz entender como tal. Entretanto, o juiz pode considerar como não o sendo, e, assim, o recurso não será recebido. 
OBS: Art. 600, §4º, CPP, autoriza a apresentação das razões diretamente no tribunal. Este expediente normalmente é utilizado pela defesa, embora não haja vedação à sua utilização pela acusação. A regra, no entanto, é bastante criticada, pois dá margem à procrastinação do feito.
OBS: No CPP, a apelação pode ser: a) principal (interposta pela parte); b) subsidiária/supletiva (interposta pelo assistente de acusação), 
A LEGITIMIDADE para apelar é conferida ao: a) réu, de próprio punho, em nome próprio (não precisa da capacidade postulatória), devendo as razões ser ofertadas por advogado, constituído ou nomeado pelo juiz; b) advogado.
ATENÇÃO: Nos Juizados Especiais Criminais, o recurso é encaminhado a um Colégio Recursal, a uma turma recursal, que é órgão colegiado de 1ª instância; o prazo é de 10 dias (art. 82, §1º, Lei 9.099/95), mas não há a duplicidade de atos, pois no mesmo ato a parte apela e apresenta razões. Entretanto, prevalece no STF o entendimento de que, assim como no procedimento comum, nos Juizados, o recurso pode ser interposto sem as razões, não havendo qualquer nulidade neste caso (HC 85.344/MS).
As HIPÓTESES DE CABIMENTO (art. 593, CPP) são as seguintes: I e II) das sentenças definitivas ou com força de definitiva (não sendo o caso de RESE) proferidas por juiz singular (FUNDAMENTAÇÃO LIVRE); II) das decisões do Tribunal do Júri (Súmula 713 do STF; FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA; teoria da ASSERÇÃO: cabe ao recorrente afirmar um dos fundamentos legais):
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; 
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
OBS: Com o advento da Lei 11.698/2008, a apelação passa a abranger mais duas hipóteses: contra sentença de impronúncia ou de absolvição sumária (art. 416, CPP).
ATENÇÃO: JUÍZO RESCINDENTE – o tribunal rescinde a decisão de 1º grau, eliminando-a.
 ≠ 
 JUÍZO RESCISÓRIO – o acórdão do tribunal substitui a sentença do juízo de 1º grau.
OBS: Na alínea “d”, art. 593, III, CPP, o tribunal, ao julgar a apelação, profere juízo apenas RESCINDENTE, e não rescisório (art. 593, §3º, CPP). Nos demais casos, há juízo rescindente e rescisório (art. 593, §§1º e 2º, CPP). 
OBS: O PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO (art. 593, § 4º, CPP) determina que, quando cabível a apelação (recurso mais amplo no CPP), não se utiliza o RESE, mesmo que em tese cabível. Ex: ao julgar dois crimes, o juiz, em uma mesma sentença, condena por um crime (cabimento de apelação), e julga extinta a punibilidade quanto ao outro (cabimento de RESE). Neste caso, deve ser interposta unicamente a apelação.
OBS: Na apelação ordinária (crimes punidos com reclusão), há a figura do REVISOR. Na apelação sumária (demais crimes), NÃO existe revisor (arts. 610 e 613 do CPP).
3. PROTESTO POR NOVO JÚRI
Tratava-se de recurso EXCLUSIVO DA DEFESA. Era utilizado para realização de um novo júri, quando, em razão de um único crime, tivesse sido imposta pena de reclusão igual ou superior a 20 anos. Não havia necessidade de fundamentação, motivação. Só poderia ser utilizado uma vez. Prazo de interposição era 5 dias. Seu principal efeito era a ANULAÇÃO DO JULGAMENTO ANTERIOR, sendo o réu era levado a novo júri. Se o juiz não recebia o protesto, cabia carta testemunhável. Este recurso foi retirado do ordenamento jurídico brasileiro pela Lei nº 11.689/2008.
ATENÇÃO: Há doutrina minoritária que entende pela aplicabilidade desta espécie recursal aos crimes cometidos à época de sua vigência. Prevalece, no entanto, o entendimento de que a lei que rege o recurso é aquela vigente à época da decisão recorrida (tempus regit actum).
OBS: As penas NÃO podiam ser somadas para efeitos de cabimento do presente recurso, no concurso material. No CONCURSO FORMAL e no CRIME CONTINUADO, o aumento servia para o cômputo dos 20 anos mínimos para o cabimento do recurso. Nos CRIMES CONEXOS, as penas não podiam ser somadas. Em caso de crimes conexos podiam ser interpostos apelação e protesto por novo júri (art. 608). Nesta hipótese, a apelação aguardava o novo julgamento. Se o réu não apelasse quanto ao conexo, haveria coisa julgada.
OBS: Embora o art. 607, §1º, CPP, fosse expresso em vedar o protesto por novo júri quando a condenação superior a vinte anos decorresse de julgamento de apelação, havia controvérsia sobre sua possibilidade, ou não, quando a condenação decorresse de recurso. É que a parte final do dispositivo supra fazia remissão ao art. 606, do próprio CPP, o qual se encontra revogado. Por conta disso, alguns defendiam (LFG) que o § 1º, do art. 607, CPP, teria sido revogado com a revogação do art. 606, CPP. Outros (Capez), por sua vez, sustentavam que não poderia haver protesto quando a condenação fosse no julgamento de apelação. No STJ (REsp 33.259/SP e HC 74.633/SP) prevalecia o entendimento pela possibilidade do protesto. 
OBS: No segundo júri, a pena podia ser maior? Tudo depende do que fazia o MP. Se o MP concordava com a pena anterior, e não recorria, a pena nova NÃO poderia ser maior, em nenhuma hipótese. Por outro lado, se o réu MP concordava com a pena, a nova pena podia ser maior, porque não havia trânsito em julgado diante do recurso do MP, podendo a pena ser aumentada.
4. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE
Cabimento previsto no art. 609, p. único, CPP. São duas espécies recursais exclusivas da defesa (MP pode interpor em favor do réu), sendo-lhes comum o PRAZO (10 dias), e o fato de que somente são cabíveis contra decisão NÃO unânime do tribunal que julgar APELAÇÃO, RESE ou AGRAVO EM EXECUÇÃO. Os limites da impugnação, por sua vez, se encontram no voto vencido (somente pode se pedir o que o voto vencido concedeu).
OBS: EMBARGOS INFRINGENTES – versam sobre o mérito (jus puniendi).
 ≠
 EMBARGOS DE NULIDADE – versam sobre vício

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