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Medicina Legal Resumo

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Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
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Medicina Legal 
Ae 
 
Allana fernandes j. Catafesta 
Crislaine Padilha Penna 
Kelly Thais de pellegrin 
 
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ATM 2019 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
2 
 
 
 
ÍNDICE 
Peritos e perícias............................................................................................................................................................ 3 
Traumatologia............................................................................................................................................................... 9 
Asfixias........................................................................................................................................................................ 14 
Agentes físicos – Energia térmica e elétrica............................................................................................................... 17 
Agentes químicos e suas lesões.................................................................................................................................. 21 
Lesões corporais......................................................................................................................................................... 28 
Técnica de necrópsia.................................................................................................................................................. 31 
Tanatologia................................................................................................................................................................ 35 
Declaração de óbito................................................................................................................................................... 39 
Embriaguez e alcoolismo........................................................................................................................................... 42 
Código de ética médica.............................................................................................................................................. 46 
 
 
 
 
 
 
 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
3 
 
Peritos e Perícias 
Peritos 
 Peritos são técnicos de nível superior, especialistas em determinada área e que, por designação de autoridade 
competente, prestam serviço à Justiça ou à Polícia a respeito de (objeto da perícia): 
 Fatos, 
 Pessoas, 
 Coisas. 
De acordo com a investidura, os peritos se classificam em: 
 Oficiais (polícia, justiça), 
 Nomeados ou louvados (esporáticos), 
 Assistentes técnicos (investigam laudos, de modo a apresentar suposições contrárias). 
Previsão legal dos peritos oficiais – área criminal 
CPP – Art.159. O exame de corpo de delito e as outras perícias serão realizadas por perito oficial, portador de diploma de 
curso superior (peritos criminais ou médicos-legistas). 
§1º Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso 
superior, escolhidas, de preferência, entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame. 
(Atualmente, pode ser realizado por apenas uma pessoa). 
§2º Os peritos não oficiais (“AD HOC”) prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. 
Previsão legal dos peritos – área cível 
CPC – Art. 421. O juiz nomeará o perito (PERITO “AD HOC” OU LOUVADO – de confiança do juiz), ficando de imediato o prazo 
para a entrega do laudo. 
 §1º Incumbe às partes, dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito: 
I. Indicar o assistente técnico*, 
II. Apresentar quesitos 
*Notar que são também nomeados e, portanto, são “ad hoc” ou louvados, mas como são indicados pelas partes são 
conhecidos como Assistentes técnicos. 
Perícia 
A perícia é toda a atuação de um técnico, consubstanciada em um documento (laudo, na maioria dos casos), para 
informar ou esclarecer a Justiça; 
A perícia é o meio probatório pelo qual se procura obter para o processo uma opinião (informação), fundamentada 
em conhecimento técnico-cinetíficos sobre uma questão de fato que é útil no descobrimento ou na valoração de um 
elementro prova. 
Todos os exames elaborados por médicos (exames clínicos, laboratoriais ou necroscópicos) e que são destinados ao 
uso judicial são denominados PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS. 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
4 
 
Os exames elaborados por profissionais de outras áreas, desde que destinados ao uso como meio de prova em 
juízo, são denominadas PERÍCIAS. 
Classificação das perícias 
1. Segundo à matéria 
 Médica 
o Psiquátrica 
o Necroscópica, 
o Traumatológica, etc. 
 
 Não-médica 
o Contábil, 
o Engenharia, 
o Química 
o Balística, etc. 
2. Quanto ao ramo do direito: 
 Cível, 
 Criminal, 
 Trabalhista. 
3. Quanto ao modo como se realiza o exame: 
 Perícia direta – exame em corpo de delito 
 Perícia indireta – exame realizado por fichas hospitalares ou outros documentos. 
4. Quanto aos fins: 
 Perícia de retratação (percipiendi) – apenas uma descrição (narração minuciosa) do que foi observado pelo perito 
– “virsum et repertum” – ver e repetir. 
 Perícia interpretativa (deduciendi) – realizada por um processo científico de interpretação dos fatos e das 
circunstâncias, no qual chega a uma conclusão técnica. 
 Perícia opinativa – é exarado um parecer do especialista sobre determinado assunto. 
5. Quanto ao momento de realização: 
 Retrospectivas – Exames relacionados no presente, mas relacionados com fatos passados com o objetivo de 
perpetuar os elementos de prova (maioria das perícias). 
 Prospectivas – Tratam de situações presentes, cujos efeitos deverão ocorrer no futuro. Ex: exame de cessação de 
periculosidade (Art. 775 CPP). 
Corpo de delito x Exame de corpo de delito 
 Algumas infrações penais, como a injúria verbal não deixam vestígios – “delicta facti transeuntis”. 
 Outras, como homicídios ou delitos contra o patrimônio, deixam modificações no mundo material que podem ser 
percebidas por nossos sentidos ou por aparelhos especiais – “delicta facti permanentis”. 
CORPO DE DELITO é a somatória de elementos vestigiais enontrados nos: 
 Locais dos fatos, 
 Instrumentos, 
 Peças, 
 Pessoas físicas (vivas ou mortas). 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
5 
 
CPP – Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 Nos delitos que deixam vestígios, então, necessariamente deverá existir exame pericial, sob pena de nulidade 
processual. 
Observação: 
 Ocorre que o próprio Código de Processo Penal, nos casos de crimes que deixam vestígios, expressamente, 
estabelece que quando estes últimos desaparecerem, o exame de corpo de delito pode ser suprido, apenas e tão somente 
por um único meio de prova, qual seja a testemunhal (CPP, art. 167): 
 Art. 167 – “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haver em desaparecido os vestígios, a prova 
testemunhal poderá suprir-lhe a falta.” Em outras palavras, não sendo possível a realização do corpo de delito por haverem 
desaparecido – e não por não terem sido realizados em prazo adequado – a prova testemunhal poderá, então, suprir tal 
hipótese. 
Perícias – Exemplos: 
 Perícias em vivos: violências sexuais em geral (conjunção carnal, atos libidinosos), gravidez, parto, lesão corporal,estimativa da idade, dosagem alcoólica, exames toxicológios, infortúnios do trabalho e outros. 
 Perícias em cadáveres: realidade da morte, causa da morte, necrópsia em mortes violentas e suspeitas, cronologia 
da morte, identificação, exames toxicológicos das vísceras e outros complementares. 
 Perícias no esqueleto: Identificação antropológica (diagnóstico da espécie), sexo, estatura, idade, achados de 
violência. 
 Perícias em locais e objetos: Impressões digitais, armas de fogo, manchas em vestes e em instrumentos. 
Documentos periciais 
 Os documentos relativos às perícias realizadas por médicos são denominados Documentos médico-legais. Aqueles 
relativos ao trabalho pericial realizados por peritos que não atuam na área médica são usualmente denominados laudos 
periciais. 
Documentos médico-legais 
 São todas as informações de conteúdo médico e que tenham interesse judicial. 
 Características: 
 Emitidos por médicos habilitados, 
 Decorrentes de exames médicos, 
 Apresentados, geralmente, por escrito, 
 Objetivam o esclarecimento de questão judicial. 
Classificação: 
 Atestados (certificado-França / declaração-Léo Coutinho), 
 Notificações compulsórias 
 Relatórios médico-legais 
 Pareceres 
 Depoimentos orais. 
Atestados 
Atestado clínico: simples declarações para certificar condições de sanidade ou enfermidade, p.ex., para justificar 
ausência do paciente ao trabalho (é sempre fornecido a pedido do interessado). 
Atestados para fins previdenciários: para comprovação de estado patológico (INSS). 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
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Atestados de óbito (morte): 
 Natural: atribuição do próprio médico, desde que tenha assistido o paciente. 
 Natural mas por doenças mal definidas: médicos do SVO – Serviço de Verificação de Óbitos. 
 Violenta (Acidente, suicídio e crime) e suspeita (inesperada, sem causa evidente): IML – Instituto Médico 
Legal. (*RS – DML = Departamento Médico-Legal). 
Atestados falsos: 
 Chamado de gracioso, de favor ou complacente: quando fornecido a alguém por amizade ou por qualquer 
outro motivo. 
 Não se efetiva o ato médico (exame, por exemplo). “A não necessidade do ex. clínico do paciente é 
permitida pela Resolução CFM 1.658/02 – art. 6º, §2º - médico poderá valer-se de opinião de outros 
profissionais afetos a questão para exarar seu atestado.” 
 Às vezes é dado com fim de lucro. 
 É improcedente a alegação de que a finalidade do atestado é meramente protocolar, sem importância. 
 Além de problemas e questões ÉTICAS, um atestado gracioso ou lucrativo poderá vir a caracterizar um 
“atestado falso”, punível, nos termos do Código Penal. 
o Art.302 – Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: 
 Pena: detenção de um mês a um ano. 
 Parágrafo único: Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
>>> Não se dá atestado em pronto-socorro. 
>>> Se colocar CID, o paciente deve assinar autorizando. 
Elementos de um atestado (aconselháveis): 
 Papel timbrado (receituário), onde conste o nome do médico, CRM (CREMERS), endereço profissional, telefone. 
 Cabeçalho: ATESTADO 
 Descrição: Atesto, a pedido de (nome do requerente), para fins de (ex: abono de faltas, habilitação para o trabalho, 
etc) que o mesmo se encontra (enfermo/apto para o trabalho) e que necessitará de (dias/meses) de 
(repouso/afastamento de suas atividades) 
 Data e local: Rio Grande, 22 de agosto de 2008. 
 Assinatura e carimbo: Deverá constar: médico/especialidade e CREMERS 
Notificações compulsórias 
 São notificações obrigatórias às autoridades competentes por razões sociais ou sanitárias (documentos 
padronizados): 
 Doenças de notificação obrigatória: P. ex., dengue, hanseníase, AIDS, tuberculose, etc. 
 Comunicação de acidente de trabalho (CAT): inclui também doença profissional e do trabalho. 
 Comunicação de ocorrência de crime de ação penal pública incondicionada: desde que não exponha o 
cliente a procedimento criminal. Sem representação do ofendido. Não se discute o desejo da vítima. Em 
razão de seu cargo estão obrigados a noticiar às autoridades a ocorrência de crimes no desempenho de 
suas atividades. 
 Comunicação de ocorrência de morte encefálica: para captação e distribuição de órgãos (Lei 9.434/1997); 
 Ocorrências induzidas ou causadas por alguém não médico: óbitos, lesão corporal, danos à saúde 
(comunicação ao CRM e à Polícia). 
 Ocorrência de violência contra a mulher: p.ex., esterilizações cirúrgicas (Lei 10.778/2003). 
Pareceres 
 São consultas feitas a renomados especialistas na área médica para utilização em processo judicial (criminal, cível 
ou trabalhista) ou administrativo. 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
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 São documentos oficiosos, particulares, encomendados pelas partes para reforçar sua tese e, por isto, devem ser 
analisados com cautela e raramente se sobrepõem aos exames oficiais. 
Elementos dos pareceres: Compõe-se de quatro partes (não possui descrição): 
 Preâmbulo: qualificação do médico consultado; 
 Exposição: transcrição dos quesitos e do objeto da consulta; 
 Discussão: (parte mais importante do parecer), onde os fatos apresentados serão analisados em minúcias; 
 Conclusões: modo de ver do parecerista, dando resposta aos quesitos formulados. 
Depoimentos orais 
 Dados pelo médico perante autoridade policial ou judicial, objetivando o esclarecimento de questão médica de 
interesse judicial. Ex: Esclarecimento de fato médico em inquérito policial. Tais depoimentos são normalmente reduzidos a 
termo, sobre fatos obscuros ou conflitantes. 
Relatórios médico-legais 
 São resultantes da atuação médico-legal. 
 Auto: 
o Relatório ditado ao escrivão ou ao escrevente na presença do delegado ou do juiz, 
o É normalmente elaborado por peritos “ad hoc”, 
o É assinado por peritos nomeados, pelo escrivão e pelo delegado. 
 Laudo: 
o Elaborado pelos próprios médicos, 
o É o mais comum de todos os relatórios. 
>>> Se for ditado logo após o exame: Auto. Se for redigido posteriormente pelos peritos: Laudo. 
Elementos do laudo: 
 Preâmbulo 
 Quesitos (área criminal os quesitos são oficiais e padronizados) 
 Histórico 
 Descrição 
 Discussão 
 Conclusões: É a síntese do laudo 
 Respostas aos quesitos 
 Fecho ou encerramento 
>>> Exemplo: LAUDO DE NECRÓPSIA 
 Aos vinte e três dias de janeiro de dois mil e nove, nesta cidade de Pelotas, no necrotério do PRML, à requisição do 
Sr. Delegado de Polícia da (...), compareceram o (s) perito (s) oficial (ais), para proceder exame no cadáver de xxxxxx, nascido 
(a) em , de cor , estado civil (a), natural de e residente na , descrevendo o que encontraram e respondendo aos seguintes 
quesitos: - PRIMEIRO, se houve morte; - SEGUNDO, qual a causa da morte; - TERCEIRO, qual o instrumento ou o meio que 
produziu a morte; - QUARTO, se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio 
insidioso ou cruel (resposta especificada). - Em conseqüência, passaram os peritos a fazer o exame requisitado e as 
investigações que julgaram necessárias, concluídas as quais, declararam o seguinte: 
HISTÓRICO: Pela autoridade policial foram os peritos informados de que a vítima.... 
DESCRIÇÃO: Exame realizado no dia 23/01/2006 com início às 16:30 h. Envolvendo o cadáver se identificam dois cobertores 
nas cores verde e vermelha, tintos de sangue desidratado, observando-se que este vestia uma bermuda na cor azul, 
parcialmente tinta de sangue não se identificando soluções de continuidade no tecido. O cadáver é do sexo masculino, de 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
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cor mista, aparentando pesar75,0 kg e medindo aproximadamente 1,71 m, bem compleiçoado, bom estado nutricional, 
apresentando rigidez muscular generalizada e livores de hipóstase não fixos nas regiões posteriores do corpo. Couro 
cabeludo dá implantação a cabelos curtos, lisos, pretos e está íntegro. 
Tegumento da face íntegro. Globos oculares depressíveis, córneas semitransparentes, pupilas dilatadas, íris de coloração 
castanha. Narinas, boca e ouvidos secos. Pescoço sem mobilidade anormal e com tegumento íntegro. Tórax simétrico 
apresenta quatro cicatrizes ovaladas, deprimidas, consolidadas, medindo até 1,0 cm no maior eixo e estando assim 
distribuídas: região peitoral esquerda (01), região hipocondríaca direita (01) e hipocondríaca esquerda (02). Na região 
peitoral esquerda vê-se tatuagem amadora designando a palavra ÂNIAK. Ventre tenso e plano. Tegumento dos membros 
apresenta na face medial da transição dos terços superior e médio da coxa direita, uma ferida ovalada, de bordos levemente 
evertidos, com orla de escoriação, medindo 2,0 x 1,4 cm nos maiores eixos (Entrada do Projétil de Arma de Fogo – PAF). 
Cerceando a lesão descrita, vê-se halo de equimose e queimadura medindo até 1,5 m de espessura (Sinal de Werkgaertner). 
Na face posterior do terço médio da coxa direita vê-se área abaulada onde se palpa o PAF. À dissecção da coxa identifica-
se túnel de desorganização tecidual e hemorragia que interliga os compartimentos musculares anterior e posterior da coxa, 
passando pelo compartimento muscular medial lacerando completamente a veia femoral neste nível, e por fim termina em 
fundo cego ao nível do tecido subcutâneo correspondente à área de abaulamento descrita, local de onde se retirou o PAF. 
Vêem-se duas tatuagens assim distribuídas: face medial do antebraço direito (xxxx - xxxxx) e face lateral do braço esquerdo 
(coração). Regiões posteriores e genitália externa sem particularidades. 
INSPEÇÃO INTERNA DA CAVIDADE CRANIANA: Não foi aberta a cavidade craniana visto serem os achados de necropsia, 
associados aos comemorativos do caso, suficientes para explicar a causa mortis. 
INSPEÇÃO INTERNA DO PESCOÇO: Não foi dissecada visto serem os achados de necropsia, associados aos comemorativos 
do caso, suficientes para explicar a causa mortis 
INSPEÇÃO INTERNA DA CAVIDADE TÓRACO-ABDOMINAL: Plastrão condro-esternal e arco costais íntegros. Cavidades 
pleurais direita e esquerda secas. Pulmões expandidos e livres nas cavidades pleurais apresentam difusas estrias 
antracóticas subpleurais e, ao corte, estão oligoêmicos. Saco pericárdio e coração sem particularidades. Cavidade peritoneal 
seca. Estômago contendo pequena quantidade de resíduos alimentares liquefeitos. Demais órgãos e vísceras examinados 
“in situ” e separadamente nada apresentam digno de nota. 
Foram colhidas amostras de sangue e urina para pesquisa de álcool e toxicológico, e material das mãos para exame 
residuográfico, cujos resultados seguirão posteriormente. 
DISCUSSÃO: O projétil de arma de fogo (PAF) penetrou no corpo da vítima na face anterior da coxa direita, transpassando 
as seguintes estruturas: musculatura do compartimento anterior; veia femoral e compartimento muscular medial, vindo 
finalmente a se alojar no tecido subcutâneo do terço posterior da coxa, local de onde foi retirado. Em seu trajeto causou 
extenso túnel de desorganização tecidual e hemorragia, causa da morte. Sua direção foi de frente para trás, da direita para 
a esquerda e de cima para baixo. As características do orifício de entrada do PAF permitem aos peritos concluir que o disparo 
foi de tiro encostado. 
Anexo três mapa (s) da (s) região (ões) anatômica (s), bem como um projétil deformado, pesando 10,0 g, constituído de 
jaqueta e núcleo de chumbo. 
Nestas condições, respondemos: ao primeiro quesito, SIM; ao segundo quesito, CHOQUE HIPOVOLÊMICO CONSECUTIVO 
A FERIMENTO PENETRANTE DE MEMBRO INFERIOR DIREITO POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO; ao terceiro quesito, 
PÉRFURO-CONTUNDENTE; e ao quarto quesito, NÃO. 
 
Outras questões 
Falsa perícia 
 Prevista no art. 342 do CP. 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
9 
 
 Alcança peritos oficiais e não oficiais. 
 Na falsa perícia, o especialista, propositadamente: 
o Faz afirmação falsa ou, 
o Nega a verdade ou, 
o Silencia sobre fato relevante. 
Prazo para realização da perícia 
Prazo para entrega do laudo 
Suspeição, incompatibilidade e impedimento dos peritos 
 Suspeição: vínculo do perito com as partes, 
 Impedimento: relação de interesse com o objeto do processo, 
 Incompatibilidade: outras razões de conveniência previstas nas leis de organização judiciária, 
 Tais situações são as mesmas previstas para os juízes (CPP – arts.: 252, 253 e 254. / CPC – arts.: 134 e 135). 
Conclusão 
 A função pericial requer duas condições ao médico: preparação técnica e moralidade. 
 Não se pode ser um bom perito se faltar uma destas condições. 
 O dever de um perito é dizer a verdade; no entanto, para isso é necessário primeiro saber encontrá-la e, depois 
querer dizê-la. 
“O primeiro é um problema científico, o segundo é um problema moral.” 
 
 
Traumatologia 
Traumatologia Forense é a parte da medicina legal que estuda traumas, lesões e os instrumentos (agentes) 
vulnerantes. Tem como objeto de estudo as lesões produzidas por violência sobre o corpo humano, as quais são produzidas 
por algum tipo de energia. 
As energias podem ser: mecânica, física, química, física-química, bioquímica, biodinâmica ou mista. 
Mecânica 
Aquelas capazes de modificar o estado de repouso ou de movimento de um corpo. 
 Meios: 
 Meio ativo: objeto em movimento. 
 Meio Passivo: corpo humano em movimento. 
 Meio misto: os dois em movimento. 
 
Classificação do Meio 
Instrumento Lesão 
Perfurantes Puntiforme ou Punctória 
Cortantes Cortante 
Contundentes Contusa 
Pérfuro – cortantes Pérfuro – cortante 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
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Pérfuro – contundentes Pérfuro – contusas 
Corto – contundentes Corto – contusa 
Lesões Simples 
1. Instrumento perfurante 
 Ferida Punctória: forma assume aspecto diferente. 
 1º lei de filhos: objeto de médio calibre produz uma ferida semelhante à ferida por instrumento de dois gumes. 
A ferida e o instrumento se “fecham como casa de botão”. 
 2º lei de filhos: diz que lesões na mesma região terão suas linhas de força e eixo no mesmo sentido. 
 Lei de Langer: confluência de linhas de força diferentes, extremidade da lesão com aspecto de ponta de flecha. 
 
2. Instrumento cortante 
 Ferida cortante ou incisa 
 Cauda de escoriação: no início da lesão, ela será mais profunda e a borda de saída da lesão será mais superficial. 
Cauda de escoriação é voltada para a extremidade final da lesão. 
 Obs: Bisturi é usado em INCISÃO (médico) 
3. Instrumento contundente 
 Rubefação 
 Edema traumático 
 Equimose 
 Hematoma 
 Escoriação 
 Ferida contusa 
 Fratura 
 Luxação 
 Entorse 
 Roturas Viscerais. 
Feridas Produzidas por Ação Perfurante / Ferida Punctória 
 Mecanismo de Ação: percussão ou pressão, afastamento das fibras do tecido. 
 Instrumento: estilete, agulha, furador de gelo. 
 Características: “abertura estreita”, raramente sangra, pouca nocividade na superfície e, às vezes, de grande 
gravidade na profundidade (varia com o órgão atingido). As fibras têm elasticidade e fazem retratilidade tecidual, 
por isso, pode haver um ferimento com diâmetro menor do que o diâmetro do instrumento. 
 Instrumentos perfurantes: floretes e agulhas. 
 Instrumentos perfurantes de médio calibre: Espeto, sovela, furador de gelo. 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 201911 
 
Lesões Produzidas por Ação Cortante / Incisas 
 Meios: gume mais ou menos afiado. 
 Mecanismo de Ação: deslizamento sobre o tecido. 
 Características: bordas regulares, fundo regular, ausência de trauma na periferia do ferimento, grande hemorragia, 
maior em comprimento que em profundidade, afastamento das bordas, cauda de escoriação voltada para a 
extremidade final da lesão, profundidade igual em toda a sua extensão. Ex: 
incisão por bisturi. 
>>> No diagrama qual é a primeira lesão e qual a segunda? 
 - Primeiro sempre ocorre a lesão contínua ( linha horizontal da figura 4), depois a 
segunda lesão perde sua continuidade. 
Tipos especiais de lesões cortantes, incisas: 
 Esquartejamento: pessoa é seccionada nas articulações, por exemplo, 
braços separados do tronco. 
 Espostejamento: pessoa seccionada em outros locais que não nas articulações. Ex: atropelamento. 
Lesões Produzidas por Ação Contundente 
 Instrumentos: produzidos por um corpo de superfície. 
 Mecanismo de ação: pressão explosão, deslizamento, compressão, descompressão, distensão, torção, contragolpe. 
Lesões produzidas: 
 Rubefação / Eritema: congestão momentânea, mancha avermelhada (até 24h). Não rompe tecidos ou vasos, só 
fica vermelho e depois desaparece. 
 Escoriação: arrancamento da epiderme e desnudamento da derme. Podem surgir crostas, as quais caem entre o 4º 
- 10º dia. Não deixa cicatriz. 
 Edema Traumático: aumento difuso do volume por acúmulo de líquido intercelular. Modificação traumática da 
permeabilidade dos vasos capilares. Deve ser distinguidos dos vários outros tipos de edemas, sendo importante a 
correta utilização do termo “edema traumático”. 
 Hematoma: extravasamento de sangue de um vaso calibroso. Sangue localizado em cavidade, não infiltra tecido. 
Coloração violácea de reabsorção lenta. Não há difusão nas malhas do tecido. 
 Bossa Sanguínea: é um hematoma, mas sempre sobre o plano ósseo. 
 Ferida cutânea: lesões abertas. Características: forma sinuosa e estrelada, bordas irregulares, pontes de tecido 
íntegros, ligando as vertentes pouco sangrantes. 
 Fratura: perda da continuidade óssea. Decorrem de mecanismos de compressão, flexão ou torção. São classificadas: 
o Quanto à exposição: fechada ou aberta. 
o Quanto à extensão: completa ou incompleta. 
 Luxação: deslocamento de dois ossos cuja superfície de articulação deixa de manter suas relações de contato que 
lhes são comuns. Podem ou não se acompanhar de rupturas dos ligamentos. 
 Entorses: lesões articulares provocadas por movimentos exagerados. Incide sobre os ligamentos. 
 Roturas viscerais internas: é lesão de órgãos das cavidades. 
 Equimose: infiltração hemorrágica nas malhas dos tecidos, sangue é reabsorvido. Rompe vasos pequenos, causando 
a infiltração sanguínea. 
 Quanto a forma, podem ser: 
o Sugilação: forma de grãos. 
o Víbice: forma de estrias. Ex: marca dos dedos quando alguém agride uma criança. 
o Petéquias: pontilhado hemorrágico. Crianças quando choram, vomitam ou tossem muito, podem ficar 
com petéquias na região de artéria temporal. 
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Evolução cromática da equimose: Utilizada para avaliar a temporalidade da lesão, por meio da análise da oxidação da 
hemoglobina. Analisar a cor mais externa da lesão. Idosos e crianças podem ter uma reação diferente, pois o organismo 
pode demorar mais para fazer a digestão dessa hemoglobina. Logo, idade e região de acometimento são variáveis que 
interferem na evolução cromática. 
 
Diagnóstico Diferencial de Equimose com Livor Hipostático 
o Equimose: apresenta sangue coagulado, malhas de fibrina, infiltração hemorrágica, presença de sangue fora dos 
vasos, devido ao rompimento de vasos. 
o Livor hipostático: apresenta sangue não coagulado, ausência de malhas de fibrina, ausência de infiltrado 
hemorrágico. Sempre aparece na região mais baixa do corpo. 
 
>>> Observações: 
1. Encravamento x Empalamento 
o Encravamento: Penetração de objeto afiado consistente em qualquer parte do corpo. 
o Empalamento: Tipo de encravamento onde o objeto penetra no ânus ou períneo. Geralmente as lesões são 
múltiplas e variadas. 
2. Lesões por cinto de segurança 
o Cintura em pelve: traumatismos crânio – faciais, rotura de vísceras internas , como bexiga e fratura de 
coluna. 
o Cinto tóraco – diagonal: lesões de joelho, pernas e coluna cervical. 
o Cinto combinado: hiperflexão ou hiperdistensãoo brusca da região cervical. Traumatismo da mandíbula, 
fraturas e luxações de vértebras cervicais. 
3. Lesão por atropelamento 
o Fraturas de membros inferiores. 
o 1º choque: contusão com o veículo. 2º choque: queda ao solo. 
o Impressão de rodas sobre o corpo: estrias pneumáticas de Simonin. 
Lesões Mistas 
Lesões produzidas por ação Pérfuro – Cortante 
 Instrumento: 
o Um gume (faca): forma de botoeira, um ângulo agudo e outro arredondado. 
o Dois gumes (punhal): forma dois ângulos agudos. 
o Três gumes: ferimento de forma triangular. 
>>> Feridas penetrantes geralmente são graves. 
 Causa mais frequente: homicídio. 
Lesões produzidas por ação Cortocontundente 
 Instrumentos: foice, facão, machado, enxada, serra elétrica. 
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 Características: forma variável, quase sempre graves, não apresentam cauda de escoriação, nem pontes de tecidos 
íntegros entre as vertentes da ferida, o que as diferencia das feridas cortantes e contusas. 
Lesões Produzidas por Ação Perfuro – Contundente 
 Características: decorrentes de mecanismos que perfuram e contundem ao mesmo tempo, são mais perfurantes 
que contundentes. 
 Instrumento padrão: projétil de arma de fogo. 
>>> O ferimento de entrada depende se é resultante de tiro encostado, a curta distância (queima roupa) ou a longa distância. 
 Noções de balística forense: 
 Raias: saliências na face interna do cano da arma de fogo. Essas saliências fazem com que o tiro seja mais perfeito, 
atinja melhor o alvo e identificam de qual arma pertence o projétil. Essas raias são únicas para cada arma. Projétil 
desenvolve um movimento de giro sobre ele mesmo. 
 Estrias: impressões das raias no projétil de arma de fogo. 
 Lesões: considerar o ferimento de entrada, trajeto e ferimento de saída. 
A propulsão de um projétil ocorre do seguinte modo: o percutor bate na espoleta, a qual inflama a pólvora. A queima libera 
gases e o projétil é empurrado no cano. 
Tiro Encostado 
 Os gases de explosão e projétil penetram no ferimento e refluem. Se houver plano ósseo abaixo, as bordas serão 
irregulares, denteadas ou com entalhes, podendo (através dos gases de explosão) gerar “câmara de mina 
Hoffmann” com crepitação gasosa ao redor do ferimento. 
 Efeito de “mina”: quando, em alguns casos, as bordas ficam evertidas pelo efeito dos gases de explosão. 
 Não há zona de tatuagem ou esfumaçamento, mas vertentes enegrecidas ou desgarradas, como uma cratera de 
mina. 
 Sinal de Werkgaertner: desenho do cano e da massa da mira. Tatuagem pela queimadura causada pela arma 
encostada na pele. 
Tiros a curta-distância (queima-roupa) 
 Caracteriza-se por sinais de resíduos da combustão da arma, sendo determinado pelos estigmas do efeito 
secundário, sendo do efeito primário o do projétil. 
 Forma: arredonda ou ovalar. 
 Orla de escoriação: desnudamento de orla de epiderme periorificial. 
 Bordas invertidas, projétil entra e “leva as bordas com ele”. 
 Halo de enxugo: resíduos de materiais que a bala carreia em seu trajeto. 
 Halo de tatuagem: resíduos de pólvora que impregnam a derme, fazendo uma tatuagem ao redor da lesão.Não 
sai com água e fricção. 
 Orla de esfumaçamento: fumaça dos gases na periferia da lesão. Sai com água e fricção. 
 Zona de queimadura: tecido / pele periorificial de aspecto apergaminhado. 
 Aréola equimótica: contusão projetil periferia 
 Zona de compressão de gases: periferia ferida. 
Tiros à distância 
 Caracteriza-se por bordas invertidas, de forma circular ou ovalar, com orla de escoriação e orla de enxugo. 
 OBS: no caso de munições com múltiplos projeteis (arma de caça), forma-se a “rosa de tiro”, onde se formarão 
múltiplos ferimentos de entrada, concêntricos, sendo o diâmetro da “rosa de tiro” diretamente proporcional à 
distância com que foi deflagrada a munição. Quanto mais distante, maior o diâmetro da rosa de tiro. 
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Ferimento de saída 
 Tem como características bordas evertidas, fundo irregular, maior sangramento que o orifício de entrada e não 
apresenta orla de escoriação nem orla de enxugo. Tem o diâmetro maior que o orifício de entrada sempre! 
 Trajeto de projetil: caracteriza-se por sangue e corpos estranhos de outras regiões no interior do trajeto. Para seguir 
o trajeto de projeteis, rastreia-se a infiltração de sangue. 
 
Observações: 
 Lesão em martelo: calota craniana em pedaços. 
 Olhos de guaxinim: fratura ou lesão de base do crânio. 
 Lesões de Defesa: procurar nos locais mais comuns: mãos, braços, pés, costas. Quando se apresenta um corpo 
por suposto suicídio, sempre procurar se não há lesões nas mãos que demonstrem lesões de defesa em caso de 
tentativa de homicídio. 
 Resíduo gráfico da mão: nesse exame é feito a pesquisa de vários componentes que estão em projetis (fogo, 
gases, elementos químicos, pólvora). 
 
 
Asfixias 
Conceito 
 Síndrome caracterizada por sinais e sintomas resultantes da obstrução do ar desde a entrada das vias aéreas 
superiores até o alvéolo pulmonar. 
Classificação 
I. Mecânica: 
 Gases não-respiráveis (confinamento) 
 Obstáculo à penetração do ar (sufocação direta ou indireta) 
 Meio gasoso em líquido (afogamento) 
 Meio gasoso em sólido (soterramento) 
II. Mista: fenômenos circulatórios, respiratórios e nervosos (esganadura) 
III. Química: gerada por agentes químicos, como o CO2 
Asfixias Mecânicas 
Obstrução à passagem do Ar 
Tipos 
I. Sufocação direta 
 Oclusão externa das vias aéreas superiores, podendo ser por corpo estranho. 
 Engasgamento 
 Soterramento 
II. Sufocação indireta 
 Esganadura 
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 Estrangulamento 
 Enforcamento 
 Afogamento 
Achados Perinecroscópicos Externos 
 Observa-se no corpo congestão perioral, labial, na ponta dos dedos e face. Ocorre formação de petéquias 
subconjuntivais e, eventualmente, cutâneas. Também se observa protusão ocular e procidência da língua, dado aumento 
de pressão. 
Achados Perinecroscópicos Internos 
 Podem ser encontradas as chamadas Manchas de Tardieu (petéquias subserosas com tamanho ≤2cm), assim como 
congestão polivisceral e modificações no aspecto do sangue das câmaras cardíacas, que se torna fluído (com total ausência 
de coágulos) e escuro. 
Sufocação Direta 
 Oclusão externa das vias aéreas superiores, consistindo em uma modalidade de asfixia onde há impedimento da 
passagem de ar do meio externo para o sistema respiratório. Pode ser causada por oclusão manual da boca e narinas 
(grande diferença de força entre o agressor e a vítima), oclusão por roupas de cama/anteparos ou ainda por confinamento 
da cabeça da vitímica em um saco de plástico. Dentro dessa categoria encaixam-se o soterramento (queda em meio 
pulverulento com oclusão de vias aéreas por areia, terra, grãos, etc.) e o engasgamento (oclusão de vias aéreas por 
aspiração de corpo estranho, usualmente bolo alimentar – comum em lactentes e idosos com sequela de AVC). 
 Nos casos de homicídio por oclusão manual da boca e narinas, se as marcas digitais na vítima estiverem à esquerda, 
indica que o agressor é destro (e vice-versa). 
Sufocação Indireta 
 Resulta do impedimento da expansão pulmonar por meio de pressão tóraco-abdominal externa. Pode ser causada 
pela queda de objetos pesados sobre o corpo da vítima e consequente compressão do tórax e abdome. Antigamente, era 
uma forma comum de “auxiliar doentes terminais no fim de sua vida” (exortadores). 
 A morte por sufocamento indireto gera sinais característicos, como a máscara equimótica (Morestin – edema + 
equimose por compressão dos grandes vasos e diminuição do retorno venoso) e comemorativos externos (em função da 
aplicação de força/compressão). É comum encontrar fratura de processo estiloide em crianças (que já tenham 
desenvolvido). 
Esganadura 
 Evento resultante da compressão cervical pelas mãos do agressor. Normalmente, há um desequilíbrio de forças 
entre a vítima e o agressor. É caracterizada como homicídio. 
 Por se tratar de uma agressão, costuma vir acompanhada de sinais de defesa, como estigmas ungueais na pele da 
região cervical e fragmentos da pele do agressor no espaço subungueal das mãos da vítima. Pela aplicação de força, pode 
ocorrer fratura dos ossos/cartilagens cervicais (processo estiloide, hioide e cartilagem tireoide). 
Sinais Frequentes 
 Roturas arciformes: presentes na íntima da carótida comum – Marcas de França 
 Infiltrado hemorrágico na musculatura cervical (muito comum) 
 Congestão da face 
 Sinais gerais comuns às asfixias mecânicas 
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Estrangulamento 
 Resulta da compressão cervical por laço tensionado por força externa. A morte por estrangulamento pode se tratar 
tanto de um homicídio quanto de um acidente. No caso de homicídios, se realizado com a região antebraqueal, não deixa 
marcas externas. 
 Quando se trata de um acidente, deve-se sempre desconfiar de asfixia erótica (hipoxifilia – parafilia), fetiche no 
qual a pessoa sente excitação ao ficar sem ar. 
Sinais Frequentes 
 Marcas de laço em regial cervical: geralmente horizontalizado e completo (360° em torno do pescoço – 
atenção para as diferenças dessa marca para as de enforcamento). 
 Infiltrados hemorrágicos na musculatura cervical 
 Fratura de hioide e cartilagem cricoide (eventualmente) 
 Petéquias cutâneas faciais e subconjuntivais 
 Sinais gerais comuns às asfixias mecânicas 
Enforcamento 
 Evento resultante da compressão cervical por laço tensionado pelo próprio peso da vítima. A morte por 
enforcamento pode se tratar de suicídio, acidente ou homicídio (execução). Podem ser considerados “típicos”, quando a 
marca do nó encontra-se na região cervical posterior, ou “atípicos”, quando a marca do nó encontra-se na região cervical 
anterior. Os livores de morte estarão nos pés e próximos à corda. 
 A marca sulcada no pescoço deixada pelo enforcamento tem direção de baixo para cima, de anterior para posterior 
e segue um caminho oblíquo. Além disso, a marca é incompleta, sendo interrompida no local onde se encontra o nó. A 
morte pode ocorrer tanto com a suspensão completa quanto incompleta do corpo (pessoa pode estar ajoelhada, por 
exemplo). 
Sinais Frequentes 
 Marcas de laço em região cervical, geralmente oblíquo + incompleto (marca de nó) + apergaminhamento 
(gerado por material duro do laço ou demora em achar o corpo – gera a dita linha argêntica, que consiste 
na marca no tecido adiposo). 
 Infiltrados hemorrágicos na musculatura cervical 
 Fratura de hióide e cartilagem cricoide (eventualmente) 
 Sinal de Friedberg (sufusão da adventícia da carótida) 
 Sinal de Amussat (roturas transversais da íntima da carótida) 
 Sinal de Brouardel (infiltrado hemorrágico retrofaríngeo) Sinais gerais comuns às asfixias mecânicas 
Afogamento 
 Resultante da morte por penetração de líquido nas vias aéreas, impedindo a passagem de ar. Pode ocorrer por 
acidente, suicídio ou ainda homicídio. 
 Pode ser classificado como verdadeiro (afogado azul), onde há presença de líquido nas vias aéreas, ou falso 
(afogado branco de Parrot), onde não há presença de líquido nas vias aéreas, sendo a asfixia resultante de espasmo glótico. 
Há ainda o afogado por inibição, que não apresenta líquido nas vias aéreas nem sinais de asfixia (mecanismo ainda não 
elucidado). 
Sinais Frequentes 
 Externos 
 Vestes e tegumento úmidos 
 Piloereção/pele anserina – por contração muscular 
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 Corrugamento da pele das mãos e pés – soltura da pele “em luva”. 
 Cogumelo de espuma – forma-se durante o afogamento, saindo quando o corpo é retirado da 
água. Sua coloração é clara. Não é exclusivo do afogamento. 
 Petéquias submucosas 
 Corpos estranhos em via aérea, cavidade oral e leito subungueal (areia e plantas aquáticas) 
 Escoriações cutâneas lineares e paralelas – gerados pelo arrastamento do corpo no fundo do lago, 
rio ou oceano. 
 Ação da fauna aquática – consomem os lábios e pálpebras do cadáver. 
 Internos 
 Líquido em vias aéreas e estômago 
 Enfisema aquoso 
 Sinal de Paltauf – Sufusões subpleurais (iguais às de Tardieu, porém >2 cm) 
 Hemorragias 
o Sinal de Nilles – bitemporal 
o Sinal de Vargas-Alvarado – lâmina crivosa 
 Sinal de Ettiene-Martin – Congestão hepática e corrugamento da cápsula esplênica 
 Pesquisa histopatológica pulmonar positiva para diatomáceas e cristais (plâncton) – confirma 
que a morte ocorreu na água (e não que o corpo foi jogado lá após um homicídio). Quando o corpo 
se encontra em decomposição, pode gerar falsos positivos. 
Esgorjamento 
Trata-se da lesão cervical lateral ou anterior, produzida por instrumento cortante ou corto-contundente. 
Dependendo da intensidade do manejo do instrumento , pode atingir até a coluna vertebral. Pode se tratar de um 
homicídio, acidente ou suicídio. 
 Causas de óbito 
I. Choque hipovolêmico por lesão vascular (forma mais comum de óbito) 
II. Parada cardio-respiratória por lesão nervosa 
III. Asfixia por entrada de sangue na árvore respiratória (formação de cogumelo de espuma róseo) 
IV. Embolia gasosa por entrada de ar em grandes veias (raro) 
Degolamento 
Consiste em uma lesão produzida por instrumento cortante, localizada na região posterior do pescoço. É sempre 
causada por homicídio. Não se caracteriza em asfixias. 
 
 
Agentes físicos - Energia térmica e elétrica 
Lesões por energia térmica 
Definição: Energias geradas por transferência de calor. 
Tipos: 
 Lesões induzidas pelo frio 
 Lesões induzidas pelo calor 
 Lesões induzidas por eletricidade 
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Lesões induzidas pelo frio 
 Natureza jurídica: 
o Homicídio – Ex: Abondono de recém-nascido 
o Acidental (mais comum) – Ex: Mendigos, alcoolistas. 
A ação do frio pode ser generalizada ou localizada. Quando localizada, é chamada de geladura, que é uma lesão 
semelhante ao calor e classificada em graus: 
1º Grau: Palidez ou rubefação e pele de aspecto anserino. 
2º Grau: Eritema + flictenas (bolhas pequenas) com líquido claro hemorrágico em 12h. 
3º Grau: Necrose dos tecidos moles, formação crostas enegrecidas, aderentes e espessas. 
4º Grau: Gangrena e ou desarticulação. 
Não existe lesão típica da ação generalizada e esta resulta de perda de calor do indivíduo. A perícia deve orientar-
se do(s): 
o Comemorativos do caso, 
o Estudos do ambiente, 
o Fatores próprios da vítima (fadiga, depressão orgânica, idade, alcoolismo, perturbações mentais). 
Elementos 
 Hipóstase vermelho-clara, sangue menos escuro, isquemia cerebral, congestão polivisceral, às vezes disjunção das 
suturas cranianas (se temperaturas extremas ou abaixo de 0ºC), sangue pouco coagulado, congestação e repleção das 
cavidades cardíacas, espuma sanguínea em via área superior, flictenas (bolhas) na pele. Erosões e infiltrados hemorrágicos 
da mucosa gástrica (S. Wischnewski). 
Alterações in-vivo 
 Alterações do sistema nervoso central: Sonolência, convulsões, delírios, pertubação do movimento, anestesias, 
congestão ou isquemia visceral  Morte. 
Gangrena 
Ex: “Pés de trincheira” – Gangrena ocasionada pela falta de proteção dos pés ao frio, ocorridas na guerra. 
Lesões induzidas pelo calor 
Definição: Lesão resultante da transferência de calor para a vítima, em nível supra fisiológicos. 
Finalidade básica da perícia: 
 Diagnosticar lesões in vita ou post mortem; 
 Natureza jurídica: acidente, suicídio, homicídio; 
 Estimar a gravidade da(s) lesão(ões). 
Tipos lesionais 
1. Intermação – Calor difuso 
 Intenso calor ambiental + local fechado + pouco ar (comum em alcoolistas) 
 Fisiopatogenia: Lise da miosina cardíaca e destruição hemática = coagulação intravascular e anafilaxia, 
efeitos diretos no SNC ou metabólitos sanguíneos lisados. 
2. Insolação – Calor difuso 
 Calor ambiental + local aberto + sol + pouco ar + excesso de vapor d’água. 
>>> Nos casos letais de insolação e intermação pode aparecer: Secreção espumosa e sanguinolenta nas vias respiratórias; 
precocidade da rigidez cadavérica, putrefação antecipada, congestão e hemorragia das vísceras. 
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>>> O diagnóstico se dá pelos antecedentes, análise das condições locais e ausência de outras lesões à necrópsia. 
3. Queimadura – Calor direto 
 O calor direto gera queimadura de extensão variável. 
 Fontes: Chamas, calor irradiante, líquidos escaldantes, gases em altas temperaturas, sólidos quentes e raios 
solares. 
 Agentes: 
o Líquidos escaldantes – Causa jurídica: geralmente acidental. 
o Calor irradiante – Ex: exposição ao calor de forno industrial, raios solares. 
Classificação das queimaduras por Hoffmann 
Grau Características 
Primeiro Eritema simples (sinal de Christinson) com lesão 
restrita a epiderme e vasodilatação. OBS: Não se 
evidencia no cadáver. 
Segundo Eritema + vesículas ou flictenas com líquido 
amarelo/claro (sinal de Chamber) 
Terceiro Coagulação necrótica (se passar algum tempo, que 
geram cicatrizes de segunda intenção), podendo a 
cicatriz ser retrátil ou formar queloide. Observa-se que 
este grau atinge o plano muscular. 
Quarto Carbonização em nível de plano ósseo. 
 
>>> Queimaduras de 2º grau até 10% da superfície corporal geralmente 
podem ser tratadas ambulatorialmente, exceto se a localização for em 
mãos, face, articulações ou se estiverem infectadas. Queimaduras 
maiores devem ser tratadas em centros para queimados, com risco de 
morte aumentando conforme aumenta a área afetada. 
Extensão da queimadura 
 Baixa: Menos de 15% 
 Média: de 15 a 40% 
 Alta: Acima de 40% 
Carbonização generalizada 
 Características: Diminuição do corpo, posição de lutador, cabelos crestados, exposição do couro cabeludo, tórax 
com aberturas, ossos fissurados, pele enegrecida que ressoa a percussão, desapareciemento do sulco nasogeniano. 
 Perícia: Como saber se o indivíduo está vivo ou morto no momento da queimadura? 
o Procurar outras lesões distintas da queimadura, 
o Pesquisar se houve respiração durante a queimadura – óxido de carbono no sangue e fuligem nas vias 
respiratórias (sinal de Montalt). 
o Flictenas: O morto pode conter, porém o conteúdo não será seroso, ao contrário dos vivos, em que a 
microscopia revela hemáceas descoradas, migração leucocitária e edemas das papilas dérmicas. 
>>> Queimaduras por líquidos ou gás a altas temperaturasnão são tão profundas nem chamuscam os pelos. 
>>> Queimaduras por calor irradiante respeitam o corpo (parte) coberto. 
>>> Observar a direção das chamas. 
Regra dos “nove” de Pulaski 
e Tennison 
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Lesões térmicas por eletricidade 
Tipos de eletricidade: 
 Natural ou cósmica – Raios 
 Artificial – Energia elétrica ou industrial 
Unitermos relacionados às lesões por eletricidade 
 Eletricidade artificial – Eletroplessão: Qualquer acidente que venha ou não ter êxito letal. 
 Eletricidade artificial – Eletrocussão: Execução através de corrente elétrica. 
 Eletricidade natural – Fulminação: Morte por ação de descarga elétrica natural 
 Eletricidade natural – Fulguração: Lesão por ação de descarga elétrica natural que não resulte em morte. 
 
 Marca elétrica é o ponto de entrada de eletricidade no corpo. 
 Queimadura elétrica: calor corrente gera escara escura, apergaminhada, de bordas nítidas, sem áreas de congestão 
ou flictenas. 
>>> É frequente encontrar o sinal de saída da descarga elétrica no nivel da planta do(s) pé(s). 
Queimadura elétrica 
Tipos / Características 
 Porosa: dá o aspecto da histologia pulmonar. 
 Anfractuosa: tem aspecto de esponja gasta. 
 Cavitária: tem aspecto de crateras com tecido carbonizado. 
Itens importantes de verificação em vítima de eletroplessão 
 Identificar marca elétrica, 
 Identificar queimadura elétrica, 
 Raspagem marca de Jellinek (espectrometria reab. Atômica) – Suspeita 
 Exame minucioso das três cavidades (tórax, crânio e abdome) 
 Verificar sinais gerais de asfixia 
 Detalhar alterações 
Verificação em vítima de fulminação 
 Dados meteorológicos do período, 
 Exame e informação detalhada do local, 
 Verificação de queimaduras, carbonização e calcinação, 
 Verificar lesões secundárias: fraturas, contusões, etc. 
 Identificar lesões arboriformes, 
 Estudo das três cavidades (crânio, tórax e abdome), 
 Verificar micro-hemorragias cerebrais e cerebelares, 
 Sinal de Devergie (boxeador) nos carbonizados. 
Fatores importantes para resultado da ação descarga elétrica 
 Intensidade da corrente (Ampéres): Quantidade de eletricidade que atravessa um condutor em determinado espaço 
de tempo (segundos). 
o Lesão fatal: 
 Correntes contínuas entre 400-600 miliampéres 
 Correntes alternadas (baixa frequência) entre 20-150 miliampéres 
 Correntes alternadas (alta frequência) acima de 150 miliampéres. 
 Resistência do condutor (Ohms): No corpo humano, a resistência superficial varia de 15 mil a 40 mil. 
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o Em meio úmido: 1200 Ohms 
o Submerso: 500 Ohms 
>>> A produção desse tipo de lesão ou mortes está ligada às variáveis: Intensidade da corrente, resistência do corpo, tempo 
de exposição, derivação da corrente elétrica, próprio indivíduo. 
Efeitos da corrente elétrica 
 Efeito térmico (“efeito joule”): Produção de calor pela passagem de corrente elétrica. 
 Efeito luminoso: Elevação da temperatura do condutor, torna-o incandescente. 
 Efeito magnético: Ao percorrer condutor, cria um campo magnético (produção de eletroímã). É visto em 
fuguração, principalmente. 
 Efeito fisiológico: O choque elétrico aumenta a excitabilidade muscular. Esta é a principal ação elétrica sobre o 
organismo. 
Fisiopatologia da morte por eletricidade 
Causas Mecanismos 
Pulmonar Tetanização dos músculos respiratórios e fenômenos vasomotores  asfixia, edema pulmonar, 
enfisema subpleural, congestão visceral e petéquias subendocárdicas e subpleurais, congestão de 
traqueia e brônquios. 
Cardíaca Contração fibrilar do ventrículo, alterando a condução elétrica. 
Cerebral Hemorragia das meninges, paredes ventriculares, bulbo, corno anterior da medula, edema do 
parênquima. 
 
Principais causas de morte 
 Alta tensão (>1200 V): Morte cerebral (hemorragia encefálica e ou medular) e asfixia. 
 Média tensão (120 a 1200 V): Morte por asfixia. 
 Baixa tensão (<120 V): Morte por fibrilação ventricular. 
 
 
Agentes Químicos e suas Lesões 
Definição 
 São substâncias que, ao entrar em contato interno ou externo com o organismo, são capazes de causar dano à 
saúde. 
Tipos 
 Cáusticos: causam lesões tegumentares e diretas, podendo ser externa e/ou visceral. 
 Venenos: necessitam ser absorvidos. 
Efeitos 
1. Efeito Coagulante: age por desidratação dos tecidos, formando escaras endurecidas de tonalidade diversas. 
 Ácido sulfúrico, óleo de vitríolo: deixam escaras enegrecidas. 
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 Nitrato de prata: cáustico lunar. A inalação causa tosse, queimação, dificuldade respiratória, cefaleia, 
náuseas, vômitos. Causa lesões amareladas, cuidar com colírios feitos à base de nitrato de prata. Essa 
substância perde seu efeito se exposto à luz. 
 Acetato de cobre: presente em antifúngicos e corantes. Deixa escaras acinzentadas. 
 Cloridrato de zinco: presente em vasoconstritores. Deixa escaras acinzentadas. 
 
2. Efeito Liquefaciente: produzem escaras úmidas, translúcidas e moles, tem um efeito mais agressivo que o 
coagulante, pois essas substâncias entram no tecido e nas células, causando degradação e formação de úlcera. 
É necessário retirar a substância para que ela pare de penetrar no tecido em caso de acidente com esse tipo de 
substância. Perigoso quando alguém ingere uma substância que tenha efeito liquefaciente para suicídio, pois 
é difícil sobreviver. 
 Soda cáustica: presente em papel, tecidos e detergentes. 
 Amônia: gás incolor que está presente em fertilizantes agrícolas, produtos de limpeza e explosivos. 
 Potassa: produto alcalino e corrosivo, presente em limpadores de metais, baterias, fabricação de sabão. 
Cáusticos 
Importância do estudo das lesões externas: 
1. Determinação da gravidade: depende da quantidade, concentração e natureza do cáustico. 
2. Distinguir se foi lesão in vita ou post mortem: é de difícil determinação, pois alguns ácidos atuam igualmente no 
vivo ou no cadáver. 
3. Identidade da substância usada: feita pelo aspecto das lesões e reações químicas. 
4. Natureza Jurídica: para determinar se a lesão foi por acidente, suicídio ou homicídio. Quando a ação é criminosa 
predomina o arremesso da substância em áreas expostas, principalmente face e pescoço, visto que o intuito é a 
deformação. 
Os agentes cáusticos danificam os tecidos, devido à sua capacidade de alterar a estrutura das proteínas, 
dos lipídios, dos carboidratos e dos ácidos nucleicos tão acentuadamente a ponto de ocorrer perda da integridade 
celular. 
Vitriolagem 
São as lesões cutâneas e viscerais produzidas por ação de substâncias cáusticas, fundamentalmente ácidos e bases. 
>>> Características da lesão externa: cicatriz deformante, saliente, ás vezes, até queloidiana, com extensas retrações 
principalmente em locais de articulação. 
Ácidos 
 Mecanismo de ação: age por coagulação das albuminas, lesão térmica e intensa desidratação local. 
 Exemplos: ácido sulfúrico (óleo de vitríolo), ácido nítrico (ácido azótico), ácido clorídrico, ácido muriático. 
 Lesões mais características: 
 Ácido nítrico: escaras secas, resistentes, amareladas. 
 Ácido sulfúrico: escaras secas, enegrecidas (hematina). 
 Ácido clorídrico: escaras esbranquiçadas. 
Álcalis – Bases 
 Produzem escaras úmidas, moles e untuosas. Lesões por álcalis não formam crostas protetoras, resultando em 
lesões mais profundas e dolorosas, úmidas, amolecidas, saponáceas (gordura x álcali). 
 Caso não sejam eliminadas, tendem a causar lesão progressiva. 
 Mecanismo de ação: agem por dissolução mineral, determinando ulceraçõesque tendem a hemorragia. Ex: soda 
cáustica. 
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 Queimadura química: a gravidade das lesões dependerá da concentração e da quantidade do produto, duração e 
modo de contato com a pele, extensão corporal exposta ao agente e do mecanismo de ação da substância. 
Lesão Visceral por ingestão de álcali ou bases fortes: 
Sinais e Sintomas: 
 Dor atroz 
 Vômitos 
 Hálito com odor atípico 
 Atresia ou estenose esofagiana 
 Gangrena gastrointestinal 
 Peritonite 
 
Gravidade das lesões: 
 Apresenta espectro variável, desde lesões discretas até sequelas deformantes e morte. 
 Quando há êxito letal, geralmente sobrevêm por hipotensão e necrose tubular aguda. 
 Achados de necropsia: múltiplas lesões renais, hepáticas, gastrointestinais, bem como trombose. 
Orientações Terapêuticas 
 Retirada de roupas contaminadas, substância tem efeito enquanto está em contato com a pele. 
 Lavar em água corrente abundante reduz a taxa de reação e diluirá o cáustico. Lavar de forma que essa água e 
substância não escorram para outros locais do corpo. 
 Quando for álcali, deve-se evitar cobrir a lesão, visto que gera reação exotérmica, resultando em maior dano. 
 Medidas locais: gaze vaselinada, desbridamento tecidual precoce. 
Venenos 
Toxicologia: ciência que estuda venenos e substâncias tóxicas com efeitos no organismo. 
Definições de venenos 
 Substância que, quando introduzida no organismo, em quantidades pequenas e agindo quimicamente é capaz de 
produzir lesões graves à saúde (no caso do indivíduo comum e no gozo de relativa saúde). 
 É toda substância que lesa a integridade corporal ou a saúde do indivíduo ou lhe produz a morte, mesmo em 
quantidades relativamente pequenas. 
 Substância que pode ser concomitantemente medicamento e veneno, dependendo da quantidade que é 
administrada. 
 O conceito de veneno está intimamente vinculado à dose. 
 
Os venenos podem ser: 
o Medicamentos: depressores e estimulantes do SNC; 
o Produtos químicos diversos: raticidas e formicidas a base de arsênico, cianetos, fósforo, mercúrio, chumbo. 
o Plantas tóxicas: mandioca brava, espada de são Jorge, mamoma, comigo ninguém pode, copo de leite. 
o Animais: serpentes, aranhas, vespas, abelhas. 
Animais peçonhentos ou venenosos 
 Animais peçonhentos: possuem glândula de veneno que se comunica com dentes ocos, ferrões ou aguilhões 
inoculadores do veneno. Tem veneno e o inocula. 
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 Animais venenosos: possuem o veneno, todavia, não tem um aparelho inoculador (dentes, ferrões). Provocam 
envenenamento por contato (lagartas), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu – veneno na supra-
renal). 
No mundo, existem cerca de 3 mil espécies de cobras, no Brasil, 250, sendo 70 venenosas e 4 peçonhentas (como a 
Coral). 
A quantidade de veneno inoculada para causar a morte, tem relação com a superfície corporal da pessoa. Em pessoas 
menores, uma menor dose já pode causar morte. 
Veneno aconitina – planta acônito: 1 gota desse veneno pode ser letal, não é pego pela avaliação toxicológica. Tem 
efeito neurológico e sistêmico. 
Termos Relacionados 
 Intolerância: hipersensibilidade à substância. 
 Mitridatismo: hiposensibilidade adquirida. Pessoa adquire uma resistência a determinada substância. Ex: pessoas 
que utilizam digitálicos (aumento gradativo da dose para adaptação do organismo); Rasputin que tomava pequenas 
doses de veneno para diminuir sua sensibilidade à substância em caso de tentativa de homicídio. 
 Sinergismo: potencialização pela combinação de substâncias. 
 Equivalente tóxico: dose mínima, endovenosa, capaz de matar 1 Kg de tecido do animal considerado. Deve constar 
na bula. 
Fisiopatologia da lesão por agente químico 
Alguns venenos tem capacidade transdérmica, causando penetração – absorção – distribuição (capilar) – fixação – 
transformação – eliminação. 
Vias de Penetração: 
 Mucosas: tem uma penetração rápida. Ex: supositório com antitérmico para diminuir a temperatura. 
 Gatrointestinal: via mais utilizada. 
 Pulmonar: mais grave em ser utilizada. 
 Tegumentar 
 Circulatória (endovascular) 
 Intradérmica 
 Intramuscular 
 Intratecal 
Absorção 
Capacidade de se difundir para o sistema circulatório. É a fixação da substância no tecido alvo. É específica por via 
(VO, IV, etc). 
Determinantes: solubilidade, repleção ou vacuidade gástrica, presença de neutralizadores. A via de absorção 
determinará maior ou menor velocidade quanto aos efeitos. Por exemplo, a via mucosa é mais rápida, pois evita o fenômeno 
de primeira passagem hepática. 
Distribuição e Fixação 
Determinantes: a distribuição dependerá da via de absorção e condições circulatórias da vítima. A fixação 
dependerá do grau de afinidade molecular entre o veneno e o tipo de tecido. 
Exemplos: Digitálicos: miocárdio 
 Barbitúricos: hemácias e tecido cerebral. 
 Cocaína: substância branca da medula espinhal. 
 Halogenados: tecido adiposo 
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 Metais pesados: fâneros e fígado. 
 Chumbo: ossos 
 Cádmio e mercúrio: rins. 
Transformação 
Determinantes: dependentes dos mecanismos bioquímicos de destruição e síntese molecular presente em vários 
órgãos. O mais insigne é o citocromo p450 no tecido hepático. Contudo, outros parênquimas também são capazes de 
transformar e até neutralizar o tóxico. Ex: sistema imune e arcabouço ósseo. Transformação a nível celular para ser 
eliminado ou absorvido. 
Eliminação 
Várias são as vias de eliminação dos agentes tóxicos, contudo, a mais importante é a via renal (perícia – coleta de 
urina). Outras vias: aparelho digestivo (vômito e catarse - evacuação), saliva, fígado (bile), pele (glândulas sudoríparas), 
pulmão, fâneros, unhas e pelos. 
Convém lembrar que a eliminação do veneno está na dependência de inúmeras variáveis, sendo as mais comuns: 
estado da vítima, presença de neutralizadores (Ex. café x álcali), alimentos, repleção ou vacuidade gástrica, idiossincrasia 
(característica de cada um reagir a uma substância), mitridatismo. 
Pesquisa de metais pesados: procurar nos cabelos, unhas, fígado. Não convém pesquisar no sangue. 
Procedimentos básicos nos casos suspeitos de envenenamento 
 Solicitar ajuda e contatar o serviço de emergência de saúde (SAMU). 
 Contatar o Centro de Informações Toxicológicas. 
 CIT / RS: 0800 721 3000 
Coleta nos casos suspeitos de envenenamento: 
 Coletar urina (5ml) 
 Coletar sangue (5ml) 
 Coleta (cadáver): fragmentos viscerais: estômago (mandar para análise o órgão inteiro), rim, fígado, encéfalo e 
armazenar em temperatura inferior à 4ºC. Não se deve adicionar conservante, como álcool ou formol; amostras 
armazenadas somente sobre refrigeração. Exceção: sangue (dosagem de álcool, cocaína e ácido cianídrico – 
adicionar fluoreto de sódio). 
Para enviar à toxicologia: 
Dividir a amostra em 4 partes: 
 1º parte: análise de venenos voláteis. 
 2º parte: análise de venenos minerais. 
 3º parte: análise de venenos alcaloides 
 4º parte: armazenar para eventual contraprova. 
Principais manifestações e seus correspondentes mais frequentes 
Manifestação Característica Substância 
Odor Alcoólico 
Acetona 
Gás carvão 
Acre 
Fenol, cianeto, álcool. 
Álcool. 
Monóxido de carbono. 
Paraldeído. 
Pele Hiperemia Cianeto, álcool. 
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Vermelho cereja 
Cianose 
Palidez 
Icterícia 
Monóxido de carbono. 
Anilina, organofosforados. 
Benzeno.Cogumelos, fósfoto, CI4C. 
Temperatura Aumento 
Diminuição 
Dinitrofenol. 
Hidrato de cloral, morfina, barbitúrico. 
Pulso Rápido 
Irregular 
Lento 
Barbitúrico. 
Inseticida. 
Morfina. 
Respiração Kussmaull 
Rápida 
Sibilante 
Salicilato. 
Co, cianeto. 
Organofosforado. 
Convulsão - Álcool, inseticidas clorados. 
Vômitos - Qualquer substância. 
Rigidez de nuca - Estricnina, brucina, cocaína. 
Distúrbios abdominais - Corrosivos. 
Contrações musculares - Organofosforados. 
 
 
Critérios para diagnóstico de envenenamento 
1. Clínico: 
 Externos: cheiros (fenol – amêndoas), dilatação de pupila (atropina), lesão de lábios (cáusticos) 
 Internos: estudo das vísceras. 
Asfixia por monóxido de carbono 
 CO fixa na hemoglobinas dos glóbulos vermelhos, impedindo transporte de oxigênio para tecidos. 
 Asfixia para carboxihemoglobina (Hb o2 + CO = COHB + 02) – ASFIXIA TISSULAR. 
 Apresentam transtornos psíquicos e neurológicos. 
 Mais frequente como forma suicida e acidental. 
 Não é asfixia mecânica. 
Sinais mais frequentes 
 Rigidez cadavérica mais tardia. 
 Tonalidade rósea da face. 
 Manchas de hipóteses mais claras. 
 Sangue fluido e róseo. 
2. Histológico 
 Rim: necrose tubular aguda 
 Fígado: esteatose 
3. Químico / toxicológico 
Formol impede pesquisa de ácido cianídrico / monóxido de carbono. 
Álcool: impede pesquisa de formol / fósforo. 
Anisocoria: pupilas diferentes. 
Midríase: ambiente com pouca luz, anóxia ou hopóxia severa, fármaco, cocaína, maconha, LSD, cola. 
Miose: ambiente com muita luz, fármaco, intoxicações exógenas, heroína, morfina, ópio. 
 
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Quando não se encontra veneno? 
 Substância escapa à pesquisa química. 
 Eliminada em vida. 
 Substância decompõe no organismo. 
 Doses pequenas e mortais (Aconitina) 
 Decomposição cadáver desintegra veneno (digitálicos, atropina). 
Amostras e Resultados 
 À medida que as metodologias analíticas evoluem, a principal questão da toxicologia forense não é saber o que é, 
mas sim o que isso significa. Não basta identificar a nível das amostras orgânicas uma substância com relevância toxicológica, 
porém é essencial interpretar adequadamente os resultados obtidos. 
 São inúmeros fatores envolvidos em uma pesquisa toxicológica: 
 Relativos à análise: estado das amostras, técnica analítica. 
 Analista operador, rendimento dos métodos e um número de erros sistemáticos ou fortuitos passíveis de 
ocorrer em qualquer atividade de análise química. 
 Fatores que possam contribuir para que os resultados entrem em contradição com as hipóteses da 
investigação: via de absorção do tóxico, o tempo de sobrevida, tempo decorrido entre a ocorrência e a 
morte ou o intervalo de tempo até colheita de amostras, e não as medidas terapêuticas. 
Necropsia dos intoxicados ou envenenados 
Suspeita de envenenamento, deve-se prestar atenção em: 
 Lesões orais 
 Lesões esofágicas 
 Lesões gástricas 
 Lesões renais 
 Lesões hepáticas 
 Pupilas 
Elementos que podem sugerir ou indicar a causa da morte por envenenamento: 
 Tendência ao suicídio 
 Toxicomania 
 Resto de medicamento (hipnótico), veneno ou produto químico usado. 
 Quadro clínico correspondente às grandes síndromes tóxicas, como gastro-intestinal por arsênico ou cerebral por 
inseticidas organofosforados. 
 Outros elementos que possam sugerir ou indicar a maneira de morte: suicídio, acidente ou homicídio. 
Exame externo – inspeção 
 Cadáver de adolescente ou jovem adulto, sem história pregressa de doença grave: drogas ou venenos. 
 Espuma na boca e narinas, envenenamento por drogas. 
 Odores especiais: álcool, amêndoas amargas (cianeto - 20 - 25% das pessoas são incapazes de senti-lo). 
Inspeção particular da pele e mucosas 
 Cor vermelho – carmim ou cereja: principalmente das hipóteses sanguíneas – monóxido de carbono ou cianeto. 
 Icterícia: intoxicação por fósforo ou tetracloreto de carbono. 
 Lesões cáusticas nos lábios, mãos, vestuário (gola): ingestão de produto químico (biocidas em geral). 
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 Erupções cutâneas: arsênio, fósforo, mercúrio. 
 Cicatrizes de lesões cortantes (punhos) indicativas de tentativa anterior de suicídio. 
 Lesões múltiplas puntiformes (picadas), recentes ou cicatrizes ao longo de trajetos venosos (antebraço): droga 
(toxicomania). Não descartar a possibilidade de ser vestígio de injeção (possibilidade rara) com propósitos de 
envenenamento (insulina, curarizantes, etc). 
 Perfuração do septo nasal. 
 
 
Lesões Corporais 
Conceitos 
 O termo “lesão corporal” apresenta conceitos diferentes, de acordo com a área de conhecimento que estamos 
consultando: 
 Medicina pericial: “qualquer modificação de normalidade de origem externa capaz de provocar dano 
pessoal em decorrência de culpa, dolo ou acidente”. 
 Doutrina penal: “consequência de um ato violento capaz de produzir, direta ou indiretamente, qualquer 
dano à integridade ou saúde de alguém ou responsável pelo agravamento/continuidade de uma 
perturbação já existente”. 
 Medicina curativa: “alteração anatômica e funcional de um órgão ou tecido”. 
Para a medicina legal, lesão corporal é aquela que atingem a integridade física e psíquica de alguém. Têm o 
significado jurídico de configurar, no dolo ou na culpa, um crime contra a pessoa. 
Objetivo do Médico Perito 
 Caracterizar a lesão em sua: 
 Extensão 
 Gravidade 
 Perenidade 
Termos Técnicos 
 Causa: é o que leva a resultados imediatos e responsáveis por determinada lesão (relação causa x efeito) 
 Concausa: fatores que se associam para o agravamento ou atenuação de uma lesão. Ex.: portador de 
esplenomegalia que se rompe ao receber um murro no abdome. 
 Pré-existente: portador de alguma alteração orgânica ou anatômica que já estava lá antes do 
ferimento. Ex.: morte por perfuração de coração após ferimento em hemitórax direito de paciente 
com situs inversus. 
 Superveniente: não segue a consequência natural do ferimento. Ex.: morte por tetania 
desenvolvida em ferimento originalmente leve. 
 Voluntária: agravamento das lesões por negligência, imprudência ou imperícia da vítima. 
 Lesão agravada pelo resultado: causas não seriam nem anteriores nem posteriores ao ferimento; a morte 
ocorre por surgimento de agravo não esperado ou possível de ser previsto. Ex.: ferimento por projétil de 
arma de fogo transfixante que atingiu pescoço apenas em planos superficiais (lesão leve – enfraquece 
parede carotídea). Dias depois, paciente vem à óbito por hemorragia em função do rompimento 
inesperado da carótida (impossível verificar em exames antes da ocorrência). 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
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Classificação das Lesões por Dano 
Lesões Leves 
 Estão representadas por danos de pouquíssima repercussão orgânica, sendo caracterizadas como superficiais. O 
conceito de lesão corporal de natureza leve é estabelecido por exclusão dos fatores que a caracterizariam como grave ou 
gravíssima. Vale lembrar que, na classificação de uma lesão, leva-se em conta o dano causado pelo agressor, não sua 
intensão (gravidade do crime). 
 As lesões leves são responsáveis por 80% do total das lesões corporais, constituindo-se em equimoses, escoriações 
(solução de continuidade superficial da epiderme – recente ou não) e feridas contusas (caso deixem impresso o formato do 
objeto, são ditas lesões em assinatura). 
Lesões Graves 
 São caracterizadas como graves as lesões que resultam em incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 
dias, mesmo que não venha a serde forma integral. Essa incapacidade deve ser real (perito deve comprovar que não se 
trata de simulação do periciado, que pode estar buscando vantagens ou incriminar alguém). Quando geram sequelas, elas 
são de debilidade (permanece capaz de realizar a função, porém com menor eficácia). 
 O ofendido fica sem condições de retornar a todas suas atividades comuns antes de 30 dias, os quais são contados 
a partir da data da lesão. A incapacidade não precisa ser absoluta, basta que a lesão caracterize perigo ou imprudência no 
exercício dessas ocupações. A perícia deve ser repetida em um segundo momento (prazo estipulado de acordo com a 
natureza da lesão), a fim que seja constatada a necessidade de um período maior do que 30 dias para a recuperação da 
vítima e retorno às suas ocupações habituais. 
Observações 
 As fraturas são as lesões que mais incapacitam, comumente necessitando de períodos superiores a 30 dias 
(exceto fraturas nasais) para que haja recuperação e retorno às atividades. 
 30 dias é um prazo clínico e previsto por lei. Apesar disso, pode ser estendido (ex.: fratura de ossos longos 
– 90 dias). 
 O que estabelece a alta definitiva sem necessidade de cuidados assistenciais é mais a cura funcional do 
que a cura física. 
Perigo X Risco à Vida 
 Apesar de parecerem sinônimos, “risco” e “perigo” apresentam significados diferentes. Um quadro de perigo à vida 
deriva de uma situação de risco à vida que evoluiu: por exemplo, uma pessoa atravessa correndo uma rodovia de alta 
velocidade (risco à vida) e é atropelada por um ônibus (perigo à vida). 
 O perigo decorre de diagnóstico e não de mero prognóstico de peritos – trata-se da possibilidade eminente de morte, 
com dano efetivo e atual (não uma hipótese, como no risco). Caracterizado com sintomas graves e sérios, onde as funções 
vitais estejam indiscutivelmente comprometidas. As lesões com maior probabilidade são feridas penetrantes do abdome 
e tórax, hemorragias abundantes, fraturas de crânio e coluna vertebral. Resulta na morte do ofendido se não for socorrido 
adequadamente e em tempo hábil. 
Debilidade Permanente de Membro/Sentido/Função 
 Sempre de caráter funcional, não levando em consideração o aspecto físico (significado fisiológico, não anatômico). 
O ofendido segue sendo capaz de realizar a função, porém com uma eficiência muito menor. As funções passíveis de 
debilitação são as atividades de órgãos/aparelhos do corpo humano, normalmente pares (rins, olhos, ouvidos, membros) 
que, apesar de reduzidas, não ficam inutilizadas por completo. 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
30 
 
Aceleração do Parto 
 Antecipação da data prevista ou esperada para o parto, motivada por agressão física ou psíquica. Caso ocorra óbito 
fetal, a lesão passa a ser classificada como gravíssima, dado que resultou em aborto. 
Lesões Gravíssimas 
 Caracterizadas por incapacidade permanente para o trabalho (e não ocupações habituais). Quando há dano 
anatômico ou funcional que torne o ofendido inválido de forma total e permanente para o exercício de atividade laboral 
(perda total da função). Vale lembrar que a readaptação profissional não modificará o conceito médico-legal da 
incapacidade permanente, não resultando em benefício/redução de culpa do agressor. 
 Os critérios para avaliação de invalidez devem ser norteados por persistência ou agravamento dos sinais e sintomas, 
constatação por exames subsidiários, tempo de doença, insucesso terapêutico, local e extensão do dano. 
Enfermidade Incurável 
 Déficit funcional ou orgânico causado por uma ação lesiva, de evolução crônica ou permanente (ex.: epilepsia 
decorrente de lesão). É necessário que seja incurável. O ofendido não está obrigado a passar por terapias de risco ou 
excepcionais para beneficiar o agressor – porém, não deve de modo proposital, dificultar o processo de cura. 
Perda ou Inutilização de Membro/Sentido/Função 
 Consiste na perda total da capacidade concedida por um órgão ou conjunto de membros, tornando o agredido inútil 
para determinada função. 
○ Observação: a perda ou grave comprometimento permanente de um só dos órgãos duplos são considerados uma lesão 
grave (debilidade da função). Já a perda de um deles acompanhada de grave comprometimento ou perda de outro é 
considerada uma lesão gravíssima. 
Deformidade Permanente 
São lesões imprescindíveis a alteração da aparência de forma permanente e irreparável pelos meios comuns. Dano 
estético seja capaz de causar uma impressão vexatória ou interfira negativamente na vida social ou econômica, entrando 
nesse mérito quaisquer lesões que causem constrangimento, sentimento de repulsa ou piedade. 
Abortamento 
Consiste na morte do embrião ou feto no útero ou sua expulsão violenta seguida de morte. É indispensável ao 
reconhecimento a constatação pericial dos sinais de certeza da gravidez, do nexo de causa e efeito, da existência de vida 
fetal antes do ocorrido e da sua causa mortis. 
Alguns admitem que é indispensável que o agente tenha conhecimento da gravidez da ofendida ou que sua 
ignorância quanto a mesma tenha sido inescusável (neste caso ter-se-á “um erro de fato invencível” – agressor não tinha 
consciência nem intenção do dano que causou). 
 
Paciente masculino, 46 anos, sofre acidente que tem como desfecho a enucleação de um globo ocular com 
preservação do outro – lesão grave (ainda é capaz de enxergar). 
Mesmo paciente sofre o mesmo acidente, porém tem como desfecho a enucleação de um globo ocular e 
desenvolvimento de catarata severa no outro – lesão gravíssima (perda visual total). 
Exame Complementar 
É um segundo exame pericial que se faz logo que decorra o prazo de 30 dias após a ocorrência da lesão corporal. 
Esse exame avalia a extensão dos danos causados pela lesão, sua perenidade e se o ofendido já está (ou não) apto para 
Allana Catafesta, Crislaine Padilha e Kelly Thaís – ATM 2019 
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retornar às suas atividades cotidianas e laborais. Se necessário, pode ser realizado novamente após 60/90/120/... dias, de 
acordo com a lesão. 
Lesão Corporal Seguida de Morte 
Sempre que ocorre morte por consequência da lesão corporal produzida pelo agente e que este não teve intenção 
de matar, nem de assumir o risco desse resultado. Caso haja intensão, é caracterizado como homicídio. 
O reconhecimento dos elementos deste tipo cabe a justiça, mas o informe médico é de capital importância na 
diferenciação do crime doloso x culposo. 
Perícia 
Através da perícia é possível determinar a forma de energia que deu causa as lesões e o instrumento ou meio utilizado, 
bem como a causa jurídica da lesão. As lesões devem ser localizadas precisamente dentro do corpo humano, sendo 
utilizadas para tanto nomenclaturas que permitam um mapeamento do corpo e possibilitem a determinação exata de cada 
ponto graficamente. 
Ao final da perícia, o laudo fornecerá respostas objetivas a quesitos, que permitirão que se afirme as causas e 
conseqüências do delito, diante dos elementos colhidos no exame, juntamente com provas complementares. Não cabe ao 
perito descrever suas impressões éticas da agressão periciada. 
Quesitos Oficiais 
I. Se houve ofensa à integridade física ou à saúde; 
II. Qual o instrumento utilizado 
III. Se a lesão foi produzida por meio insidioso ou cruel (veneno, tortura, etc.) 
IV. Se provocou incapacidade por período superior a 30 dias (leve?) 
V. Se resultou em dano permanente/perda/inutilização de membro/sentido/função (grave?) 
VI. Se inabilitou a vítima ao trabalho, gerou doença incurável ou, ainda, deformidade (gravíssima?) 
VII. Se provocou aceleração de parto ou aborto 
Classificação por Qualidade 
 Ofensa a integridade corporal 
 Incapacidade para ocupações habituais 
 Incapacidade permanente para o trabalho

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