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Anulabilidade do negócio jurídico a partir do dolo

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO - UNICAP
THIAGO SOUTO DE SOUZA
ARTIGO 145 DO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
DA ANULABILIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO A PARTIR DO DOLO
Recife
Novembro - 2014
THIAGO SOUTO DE SOUZA
ARTIGO 145 DO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
 Trabalho apresentado ao Professor Natanael Sarmento, da disciplina Direito Civil I, da turma ND4, turno da noite, do curso de Direito da Universidade Católica de Pernambuco. 
 
Universidade Católica de Pernambuco
Recife - 25/11/2014
INTRODUÇÃO
 Apesar de já ser tratado no antigo Código Civil de 1916 e ser reconhecido como vício de consentimento, o dolo sofreu algumas alterações no novo código pátrio, a começar pelo fato de que hoje é considerado como defeito do negócio jurídico (apesar de ainda se caracterizar como vício). O novo código introduziu novos elementos para a caracterização e os efeitos manifestados a partir do seu reconhecimento. 
O paper em questão foi elaborado no intuito de trazer como resultado uma melhor explanação do dolo civil essencial para estudantes do mundo jurídico. Para melhor entendimento da matéria, diferencia rapidamente os defeitos do negócio jurídico, contempla os efeitos do reconhecimento do dolo e traz à tona o entendimento jurisprudencial.
Conceito do dolo
Antes mesmo de aprofundar no papel do dolo no negócio jurídico, é necessário entender a definição do mesmo para uma melhor visualização da matéria. Clóvis Beviláqua define de maneira precisa o dolo como: 
“artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo ou a um terceiro”. 
Apesar da maioria da doutrina aceitar a definição imposta por Beviláqua, existem alguns que discordam sobre a questão do prejuízo, que argumentam que a configuração do dolo é suficiente a partir do induzimento da efetuação do negócio jurídico, mesmo que não haja a intenção de causar dano ao enganado. 
Também é necessário entender a diferença entre o dolo e outras situações similares. O dolo civil não pode de maneira alguma se confundir com o dolo criminal, sendo este a intenção de praticar um ato sabendo que o mesmo é contrário a lei. O próprio Código Penal facilita a visualização da diferença entre os dolos ao afirmar que é doloso o crime quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo (CP, art.18, I) enquanto o dolo civil, todo artifício empregado para enganar alguém. 
Também difere Carlos Roberto Gonçalves o dolo civil do dolo processual, afirmando que este:
“decorre de conduta processual reprovável, contrária à boa-fé e que sujeita, tanto o autor como o réu que assim procedem, a sanções várias, como ao pagamento de perdas e danos, custas e honorários advocatícios”. 
 É necessário diferenciar, dando um maior enfoque, o dolo de outros eventuais defeitos do negócio jurídico, a começar pelo erro. Apesar de ambos constituírem como vícios do negócio jurídico, há uma divergência no cerne de cada um. O erro tem como decorrência do vício da vontade a convicção do agente, ou como boa parte da doutrina costuma referir, trata-se de algo espontâneo. O dolo, por sua vez, surge do induzimento ao erro por parte de um terceiro ou do próprio declaratário. Tomemos o exemplo de alguém que compra um aparelho reprodutor de DVD portátil acreditando ser um notebook. Neste caso, constitui-se em error in corpore pois a pessoa estava convicta de que A na verdade era B. 
O dolo também se diferencia da fraude, sendo esta segundo Silvio de Salvo Venosa “procedimento astucioso e ardiloso tendente a burlar a lei ou convenção preexistente ou futura”. Em outras palavras, o fraudador tem como objetivo burlar a lei e aqueles que efetuaram o contrato. Mais uma vez, o dolo difere da fraude por querer concluir o negócio jurídico, tendo como intenção enganar o próximo, não se esquivando da lei e nem pretendendo a execução do contrato. Venosa utiliza do exemplo daquele que pretende valorizar o seguro a ser pago no caso de eventual sinistro omitindo fatos importantes, portanto se caracterizando como dolo. Já no caso da fraude é utilizado o exemplo daquele que simula o sinistro para receber o valor do seguro.
Por fim, existe também a diferença entre o dolo, a simulação e a coação. Como bem coloca Carlos Roberto Gonçalves em sua obra:
“O dolo distingue-se da simulação. Nesta, a vítima é lesada sem participar do negócio simulado. As partes fingem ou simulam uma situação, visando fraudar a lei ou prejudicar terceiros”. 
Portanto, a grande diferença entre o dolo e a simulação gira em torno da participação da vítima e do conhecimento da má-fé. No dolo, a vítima participa diretamente do negócio jurídico, entretanto, apenas uma parte (que se manifesta agindo de má-fé) tem conhecimento da maquinação. Já a diferença entre dolo e coação é bem explicita: esta apresenta maior gravidade, pois age diretamente na liberdade da vítima utilizando de graves ameaças, enquanto o dolo atua apenas no campo da inteligência.
Da anulabilidade do negócio jurídico 
O art. 145 do Código Civil afirma que:
“São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa”.
Apesar de existir no Código Civil mais de um tipo de dolo, apenas um tem o condão de tornar inválido o negócio jurídico: o dolo principal (também conhecido como dolo essencial). No direito romano, surgiu a classificação do dolus bonus e do dolus malus, sendo este defeito do negócio jurídico que consegue lubridiar, segundo Maria Helena Diniz, até as pessoas atentas e sensatas. Enquanto o dolus malus tem como natureza o vício do negócio jurídico e portanto podendo invalidar o mesmo, o dolus bonus, por sua vez, parece ser aceito socialmente e inclusive já esperado pelos declaratários, como é o clássico caso do vendedor que afirma ter a “melhor mercadoria”. Visto que o dolus bonus não tem a intenção de lubridiar uma das partes, não possui então o condão de anular o negócio jurídico, entretanto deve-se observar caso sejam ultrapassados os limites aceitos pelo declarante, podendo então se o bonus se transformar verdadeiramente num dolus malus.
A maioria da doutrina parece concordar nos requisitos básicos propostos pelo jurista Eduardo Espíndola para que se configure o dolo essencial, sendo estes: 
a) a intenção de induzir o declarante a realizar o negócio jurídico 
b) a utilização de métodos fraudulentos graves 
c) os artifícios utilizados são a causa determinante da expressão de vontade 
d) proceda de outro contratante, ou seja deste conhecido, se procedentes de terceiro. 
Entretanto, Espíndola não considera a intenção de prejudicar a pessoa enganada como elemento essencial do dolo, o que uma parte da doutrina parece não concordar. O pensamento compartilhado por boa parte dos doutrinadores é o de que quando o contratante utiliza de métodos para obter vantagens e a efetuação do negócio, tal ato constitui sim em prejuízo (seja ele moral ou econômico) pois leva a vítima a firmar um contrato que não existiria se não fosse pela enganação. Em outras palavras, adaptando o pensamento de Silvio Rodrigues, apenas o artifício faz gerar uma permissão que então estava inerte e que de maneira alguma se manifestaria se não fosse pelo engodo utilizado. Portanto, o vício do querer oferece a oportunidade da anulabilidade do negócio. 
O art.145 do Código Civil é bem específico ao tratar de que apenas quando a causa do negócio jurídico for o dolo, ou seja, a vontade manifestada, pode ser então reconhecida a anulabilidade do negócio. Portanto, se é identificado dolo, mas não como a causa do negócio jurídico, o negócio não há de ser anulado pois não constitui vício de consentimento, como é o caso do dolo acidental previsto no art.146 do Código. Quando não há a anulabilidade do negócio mas é comprovado o dolo acidental, cabe apenas a satisfação de perdas e danos.
Jurisprudência
As decisões proferidas nos tribunais trazem umavisualização melhor da configuração do dolo essencial e a anulabilidade do negócio jurídico. Assim é o entendimento do TRF-3: 
CIVIL. AGRAVO RETIDO. NÃO CONHECIDO. AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO. REVELIA. EFEITOS. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS ALEGADOS PELO AUTOR. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO. INDÍCIOS E CIRCUNSTÂNCIAS COMPATÍVEIS COM DOLO. ART. 145, CÓDIGO CIVIL. ANULABILIDADE. CONTRATOS FIRMADOS MEDIANTE DOCUMENTAÇÃO FALSA. DEFENSORIA PÚBLICA QUE ATUOU COMO CURADORA ESPECIAL DE PESSOA INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DE CONTESTAÇÃO E APELO. APELAÇÃO DA CEF PROVIDA. 1- Agravo Retido não conhecido por não reiterado; 2- O pedido inicial da Caixa Econômica Federal consiste na anulação dos contratos de crédito rotativo colacionados aos autos, sob a alegação de que foram celebrados mediante documentos e informações falsas, visando ao ludíbrio da referida instituição financeira. 4- Mais precisamente, a tese autoral é no sentido de que o réu Pedro Paulo de Lima teria, fraudulentamente, requerido a abertura de uma conta em nome de pessoa inexistente, José Carlos Ribeiro, mediante a adulteração de seus próprios documentos. 5- Embora tenha comparecido espontaneamente aos autos, o requerido Pedro Paulo deixou de contestar a ação, incidindo, portanto, os efeitos previstos no art. 319 do CPC. 6- Caso em que, além da presunção de veracidade das alegações autorais, o conjunto probatório corrobora tal versão. 7- Configurado o dolo, o negócio jurídico produz efeitos até ser anulado, pois o interesse para a anulação é privado, sendo que a anulabilidade não produz efeito antes de julgada por sentença (art. 177, CC); 8- Diante dos argumentos expendidos, de rigor o reconhecimento de que o "réu" José Carlos Ribeiro sequer existe, sendo, em verdade, a mesma pessoa que o "co-réu" Pedro Paulo de Lima. Por conseguinte, não há como conhecer da contestação e do apelo da Defensoria Pública que atuou na condição de curadora especial de pessoa inexistente. 9- Condenação da parte vencida ao pagamento da verba honorária. 10- Apelo da Caixa provido. 11- Prejudicado o recurso interposto pela Defensoria Pública.
(TRF-3 - AC: 23113 SP 0023113-60.2001.4.03.6100, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ LUNARDELLI, Data de Julgamento: 14/05/2013, PRIMEIRA TURMA) 
A decisão proferida pela primeira turma do TRF apenas demonstra o quão rigorosa é análise da configuração do dolo essêncial. Diante da ementa supracitada, é possível perceber não só os efeitos da anulabilidade a partir do dolo, que tem como efeito ex nunc, mas também como se configura o dolo a partir da presença de um terceiro.
Conclusão
 Sendo o dolo um dos vícios mais presentes no negócio jurídico, principalmente no Brasil onde infelizmente o ato de enganar os outros para obter algum tipo de lucro já é de praxe, torna-se impossível de não presenciar tal vício no dia-a-dia. 
Diante disso, resta claro que a norma constata severa rigorosidade quando é configurado o dolo no negócio jurídico, afirmando que cabe a anulação do mesmo diante da presença do vício. Portanto, o artigo faz o seu papel de manter e aplicar a eticidade, a operabilidade e a sociabilidade onde se assenta o Código Civil.
 BIBLIOGRAFIA
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. (v. 1). 
SARMENTO, Natanael. Notas de Direito Civil. São Paulo: Harbra, 2004.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 14ª. ed. São Paulo: Atlas, 2014. (v. 1). 
DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. 15ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. (v. 1).

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