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Apostila Dir Internacional I

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DIREITO 
INTERNACIONAL 
I 
 
 
 
 
 
 
Juliana Ribeiro 
 
Apostila de Direito Internacional I 2 
 
 
1 - DIREITO INTERNACIONAL 
Conceito básico: conjunto de normas e princípios que regula as relações entre Estados. 
? Figurara a pessoa humana como sujeito de proteção em âmbito internacional. 
 
Conceito atual: Accioly “conjunto de regras e princípios destinados a reger os direitos e deveres 
internacionais tanto dos Estados, de certos organismos internacionais, quanto dos indivíduos”. 
HISTÓRIA 
 
 
Grécia 
 
Guerra: estado normal das relações entre os povos. 
Deuses gregos e bárbaros (Atenas/Esparta). 
 
Momentos: 
 
 
? Jogos Olímpicos 
? Tragédias gregas 
? Arbitragens intermunicipais 
? Asilo político a perseguidos de outras cidades 
? “anfictronias” ? Assembléia anual de delegado 
 
 
 
? Tragédia de Sófocles (Antígona) 
? Atual – Valorização dos Direitos Humanos 
 
 
 
Romanos 
 
Adaptação do “jus civile” (normas primitivas de cunho religioso) aplicado aos 
civis — cidadãos romanos — livres de suas relações que envolviam relacionamentos (...) com 
estrangeiros. 
“Jus gentiun” : sistema de proteção dos direitos privados que protegida. Não 
era Direito Internacional Público. 
 
 
direitos dos indivíduos relacionamento interpessoais — normas sobre a 
atividade de produção de normas jurídicas. 
 
“Jus fetiale” : normas sobre o começo e o fim da guerra. Paz imposta pelo 
vencedor (PAX ROMANA). 
Romano+Cristianismo — unidade global do ser humano. 
 
“Jus gentium” + “jus fetiale”— influenciam no que chamamos Direitos das Gentes. 
 
 
CONCLUSÃO: 
 Pré-história do 
Direito Internacional, 
mas baseado no 
Direito 
Intermunicipal. 
Contribuições 
para o direito 
atual 
Profa. Juliana Ribeiro 
3 
 
IDADE MÉDIA 
 
 Príncipes, Barões — Papa / Imperador — universalidade cristianismo. 
 
IDADE MODERNA 
 
 Absolutismo (Maquiavel) — Primeiros sinais do DIP. 
 
Origem do Direito das Gentes — Frei Francisco de Vitória — existem normas 
e princípios inerentes à pessoa humana que são dotados de uma superioridade hierárquica em 
relação às normas expedidas pelo monarca. 
Francisco Juarez — as normas que regem a comunidade internacional vem 
pela manifestação dos governantes de maneira expressa (tratados internacionais) ou implícita 
(usos e costumes). 
Grotius — passa ao DIP o conceito de um conjunto de normas de maneira 
expressa ou implícita. 
Situação de se aplicar leis estranhas ao sistema do ordenamento jurídico, o 
que deveria ser regulado pelo DIP. 
Direito Internacional Clássico — base forte contratual, originado na vontade de 
Estados soberanos. 
 
1a. GUERRA MUNDIAL — (14 a 18) 
 
 
Tratado de Versalhes — dever de cooperação dentre velhos e novos 
Estados — Velho continente + continente Americano. 
 
 
? LIGA DAS NAÇÕES 
 
? OIT 
 
? FONTES DE DIP — importante 
 
 
Aparece na nova concepção de DIP (antes contratual) o dever de cooperação. 
 
 
2a. GUERRA MUNDIAL — (39 a 45) 
 
 
Afirmação dos ideais de cooperação entre países. 
Regulamentação da paz por meio da diplomacia multilateral. 
 
? Abertura do DIP além da Europa; 
 
? Criação da ONU; 
 
? Proliferação das Ongs 
 
 
 
 
 
 
 
GENEBRA 
INSTITUIÇÃO 
Principais: 
UNESCO —Educação 
OMS — Saúde Internacional 
UIT — Telecom 
 
COMUNIDADE EUROPÉIA, 
MERCOSUL, Região NAFTA 
 
Apostila de Direito Internacional I 4 
 
 
2 - GLOBALIZAÇÃO 
CONCEITO 
Chama-se globalização, ou mundialização, o crescimento da interdependência de todos os 
povos e países da superfície terrestre. Alguns falam em “aldeia global”, pois parece que o 
planeta está ficando menor e todos se conhecem(assistem a programas semelhantes na TV, 
ficam sabendo no mesmo dia o que ocorre no mundo inteiro). 
Um exemplo: Você vê hoje uma indústria de automóveis que fabrica um mesmo modelo de 
carro em montadoras de 3 países diferentes e os vende em outros 5 países. As empresas não 
ficam mais restritas a um país, seja como vendedora ou produtora. 
CARACTERÍSTICAS 
A expressão "globalização" tem sido utilizada mais recentemente num sentido marcadamente 
ideológico, no qual assiste-se no mundo inteiro a um processo de integração econômica sob a 
égide do neoliberalismo. 
Caracterizado pelo predomínio dos interesses financeiros, pela desregulamentação dos 
mercados, pelas privatizações das empresas estatais, e pelo abandono do estado de bem-
estar social. Esta é uma das razões dos críticos acusarem-na, a globalização, de ser 
responsável pela intensificação da exclusão social (com o aumento do número de pobres e de 
desempregados) e de provocar crises econômicas sucessivas, arruinando milhares de 
poupadores e de pequenos empreendimentos. 
 
FASES DA GLOBALIZAÇÃO 
Períodos da Globalização 
Data Período Caracterização 
1450-1850 Primeira fase Expansionismo mercantilista 
1850-1950 Segunda fase Industrial-imperialista-colonialista 
pós-1989 Globalização recente Cibernética-tecnológica-associativa 
GLOBALIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE BLOCOS ECONÔMICOS 
São associações de países, em geral de uma mesma região geográfica, que estabelecem 
relações comerciais privilegiadas entre si e atuam e atuam de forma conjunta no mercado 
internacional. Um dos aspectos mais importantes na formação dos é a redução ou a eliminação 
das alíquotas de importação, com vistas à criação de zonas de livre comércio. Os blocos 
aumentam a interdependência das economias dos países membros. Uma crise no México, 
como a de 1994, afeta os EUA e o Canadá - os outros países-membros do Acordo de Livre-
Comércio da América do Norte (Nafta). 
 O primeiro bloco econômico aparece na Europa, com a criação, em 1957, da Comunidade 
Econômica Européia (embrião da atual União Européia). Mas a tendência de regionalização da 
economia só é fortalecida nos anos 90: o desaparecimento dos dois grandes blocos da Guerra 
Fria, liderados por EUA e URSS, estimula a formação de zonas independentes de livre-
comércio, um dos processos de globalização. Atualmente, os mais importantes são: o Acordo 
de Livre Comércio da Am rica do Norte (Nafta), a União Européias (UE). o Mercado Comum do 
Sul(Mercosul), a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) e, em menor grau o 
Profa. Juliana Ribeiro 
5 
 
Pacto Andino, a Comunidade do Caribe e Mercado Comum (Caricom), a Associação das 
Nações do Sudeste Asiático (Asean), a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e a 
Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento(SADC). 
No plano mundial, as relações comerciais são reguladas pela Organização Mundial do 
Comércio (MC)m que substitui o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), criado em 1947. A 
organização vem promovendo o aumento no volume de comércio internacional por meio da 
redução geral de barreiras alfandegárias. Esse movimento, no entanto, é acompanhado pelo 
fortaleci mentos dos blocos econômicos, que buscam manter maiores privilégios aos países-
membros. 
PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS 
Blocos Integrantes 
PIB 
total(milhões de 
US$) 
População 
total(milhões de 
hab.) 
PIB per 
capita(em 
US$) 
Data de 
criação 
Asean 7 países 541.075 429,00 1.261,25 1967 
Apec 17 países e 1 
território 
14.119.450 2.217,00 6.368,72 1989 
Caricom 12 países e 3 
territórios 
16.135* 5,82 2.772,34 1973 
Mercosul 4 países 859..874 207,704.139,98 1991 
Nafta 3 países 7.568,082 391,10 19.356,76 1988 
Pacto 
Andino 
5 países 197.662 101,50 1.947,41 1969 
União 
Européia 
15 países 7.324.381 372,40 19.668,05 1957 
SADC 11 países 145.950 137,20 1.063,78 1979 
CEI 12 países 550.989 285,00 1.933,29 1991 
 
VANTAGENS E DESVANTAGENS 
A abertura da economia e ao Globalização são processos irreversíveis, que nos atingem no 
dia-a-dia das formas mais variadas e temos de aprender a conviver com isso, porque existem 
mudanças positivas para o nosso cotidiano e mudanças que estão tornando a vida de muita 
gente mais difícil. Um dos efeitos negativos do intercâmbio maior entre os diversos países do 
mundo, é o desemprego que, no Brasil, vem batendo um recorde atrás do outro. 
No caso brasileiro, a abertura foi ponto fundamental no combate à inflação e para a 
modernização da economia com a entrada de produtos importados, o consumidor foi 
beneficiado: podemos contar com produtos importados mais baratos e de melhor qualidade e 
essa oferta maior ampliou também a disponibilidade de produtos nacionais com preços 
menores e mais qualidade. É o que vemos em vários setores, como eletrodomésticos, carros, 
roupas, cosméticos e em serviços, como lavanderias, locadoras de vídeo e restaurantes. A 
opção de escolha que temos hoje é muito maior. 
Mas a necessidade de modernização e de aumento da competitividade das empresas, 
produziu um efeito muito negativo, que foi o desemprego. Para reduzir custos e poder baixar os 
preços, as empresas tiveram de aprender a produzir mais com menos gente. Incorporavam 
novas tecnologias e máquinas. O trabalhador perdeu espaço e esse é um dos grandes 
desafios que, não só o Brasil, mas algumas das principais economias do mundo têm hoje pela 
frente: crescer o suficiente para absorver a mão-de-obra disponível no mercado, além disso, 
houve o aumento da distância e da dependência tecnológica dos países periféricos em relação 
aos desenvolvidos. 
Apostila de Direito Internacional I 6 
 
A questão que se coloca nesses tempos é como identificar a aproveitar as oportunidades que 
estão surgindo de uma economia internacional cada vez mais integrada. 
Cidadão Globalizado 
 Com todas essas mudanças no mercado de trabalho, temos que tomar muito cuidado para 
não perder espaço. As mudanças estão acontecendo com muita rapidez. O cidadão para 
segurar o emprego ou conseguir também tem de ser manter em constante atualização, ser 
aberto e dinâmico. Para sobreviver nesse mundo novo, precisamos estar em sintonia com os 
demais países e também aprendendo coisas novas todos os dias. 
Ser especialista em determinada área, mas não ficar restrita a uma determinada função, 
porque ela pode ser extinta de uma hora para outra. É preciso atender a requisitor básicos, 
como o domínio do computador, de outros idiomas e mais do que tudo é preciso não ter 
preconceito em relação a essas mudanças. Não adianta lutar. As empresas querem 
empregador dispostos a vencer desafios. 
3 - FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL 
 
Fundamento se diferencia de fonte de direito internacional por se esta que explica a razão da 
existência do DIP enquanto a fonte explica de onde o DIP tira a sua obrigatoriedade. 
 
DUAS TEORIAS – VOLUNTARISTA 
 OBJETIVISTA 
 
 
VOLUNTARISTA – defendem estar o fundamento do direito internacional na vontade dos 
Estados. 
OBJETIVISTA – pressupõe a existência de uma “norma” ou de um princípio acima dos 
Estados. 
 
? VOLUNTARISTA 
a- Teoria da autolimitação – não pode um Estado soberano se encontrar 
submetido a vontade que não fosse a sua própria. 
O DI se fundamentaria na autolimitação do Estado – vontade estatal. 
b- Teoria da vontade coletiva – O DI se fundamentaria na vontade coletiva dos 
Estados, que se manifestaria absolutamente no tratado e tacitamente nos 
costumes. 
Crítica: um Estado novo na sociedade internacional se encontra sujeito a uma 
norma costumeira elaborada anteriormente ao seu ingresso na sociedade 
internacional. 
c- Teoria do consentimento das nações – A grande diferença com a da vontade 
coletiva é que ela não prevê a formação de uma vontade coletiva 
independentemente das vontades individuais que para ela concorrem. Vontade 
majoritária. 
d- Teoria da “delegação do direito interno” – Monismo com primazia no direito 
interno. Culto à CF. Desvinculação aos tratados . 
e- Teoria dos direitos fundamentais do Estado – Direitos naturais do Homen – 
guerra. 
 
? OBJETIVISTA 
 
f- Teoria da norma-base – A validez de uma norma depende da que lhe é 
imediatamente superior. 
Kelsen não explicaria porque uma norma costumeira é obrigatória? Formalismo 
acerbado. 
g- Teorias sociológicas – Solidariedade social – Direito se dividiria sempre aos 
indivíduos. 
Normas econômicas e a norma social se transformariam em norma jurídica: 
Profa. Juliana Ribeiro 
7 
 
• os indivíduos de uma sociedade sentem a sua relevância e acham que ela deva 
possuir uma sanção. 
• os indivíduos consideram que será justo a criação desta sanção. 
 
ATUALIDADE – Hoje as teorias voluntarista ou objetivista não são suficientes, pois 
o caráter obrigatório de uma norma está na solução de uma contradição que se 
encontra em um determinado momento histórico em determinada sociedade. 
 
4 - CONFLITO DE NORMAS – DIREITO INTERNACIONAL E DIREITO INTERNO 
 
Em caso de conflito de normas, qual prevalece? 
O conflito dualismo X monismo 
 
MONISMO DUALISMO 
? Uma só ordem jurídica ? hierarquia de 
normas 
Duas ordens jurídicas autônomas; 
 
Monismo com primazia do Dir. interno 
Soberania absoluta dos Estados 
(discricionariedade) – Culto à CF 
 
Teoria da incorporação 
Monismo com primazia do DIP – primazia do 
direito internacional 
 
 
 
Crítica: em caso de conflito de normas: qual prevalece, afinal? 
• A prática internacional - Monismo com primazia do DIP (princípio da responsabilidade) 
• A prática interna (posição do STF) - A jurisprudência brasileira segue um monismo misto. 
– Relevância do DI na ordem interna brasileira 
- Não se pode impor norma jurídica a um Estado soberano ? ausência de normas 
- O DIP é indiferente ao método escolhido pelo Estado para a recepção da norma 
internacional. 
- A CF não trata do assunto diretamente. 
- Os tratados internacionais são sujeitos ao controle de constitucionalidade. 
- A hierarquia do DI na ordem interna brasileira 
- Os tratados internacionais são equiparados às leis ordinárias 
 
Apostila de Direito Internacional I 8 
 
 
5 - CARACTERÍSTICAS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 
CONCEITO DE ESTADO 
 
“Agrupamento humano estabelecido permanentemente num território determinado e sob um 
governo independente” (Hildebrando Accioly). 
“O Estado é um agrupamento humano, estabelecido em determinado território e submetido a 
um poder soberano que lhe dá unidade orgânica” (Clóvis Beviláqua, citado por Sahid Maluf). 
“O Estado é o órgão executor da soberania nacional” (Sahid Maluf). 
 
ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS À FORMAÇÃO DO ESTADO 
 
a) Território (base territorial) – espaço terrestre, marítimo e aéreo; 
b) População; 
c) Soberania (governo soberano). Governo: representação da soberania nacional, ou 
conjunto de funções imprescindíveis à conservação da ordem jurídica e da administração 
pública. 
 
SOBERANIA 
 
NOÇÃO 
Fato de se encontrar em um certo território delimitado, uma população estável sujeita á 
autoridade do governo não basta para identificar a personalidade jurídica de uma pessoa 
de DIP. 
SOBERANIA faz com que o Estado seja titular de competências, poisnão se subordinará a 
qualquer autoridade que lhe seja superior. 
Carta da ONU – art. 12 
 
 
? CONCEITOS DE INDEPENDÊNCIA E SOBERANIA 
 
Fato assente entre os maiores juristas, que o Estado se caracteriza quando uma população 
estável convive em um território bem delimitado sob a autoridade de um governo. 
Entretanto, como salienta Francisco Rezek in Direito Internacional Público, o Estado, 
apesar de possuir os seus três elementos constitutivos, que são o povo, o território e um 
governo organizado, não pode ser identificado como tal, se não for independente e 
soberano. 
Assim, deve-se agregar à idéia de estado, os conceitos de independência e soberania, os 
quais são totalmente imbricados. 
Segundo Caldas Aulete in Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, um dos 
significados da palavra independência é o de "condição do Estado ou poder que se não 
submete a um outro e se administra por suas próprias leis; ainda libertação, restituição ao 
Estado livre; a independência do Brasil". 
No Vocabulário Jurídico de De Plácido e Silva, encontramos: "Soberania – de soberano, 
oriundo do baixo latim superanus, e este de super (sobre, em cima), ou de supernus 
(superior), designa a qualidade do que é soberano, ou possui a autoridade suprema. É o 
poderio supremo, ou o poder sobre todos. No conceito jurídico, entende-se como o poder 
que se sobrepõe ou está acima de qualquer outro, não admitindo limitações, exceto 
quando dispostas voluntariamente por ele, em firmando tratados internacionais ou em 
dispondo regras e princípios de ordem constitucional". 
Clóvis Beviláqua nos ensina que "soberania é noção de Direito Público Interno, mas 
aparece no campo do Direito Internacional, quando o Estado já está constituído, e, 
conseqüentemente, já se apresenta com a sua qualidade de soberano". E continua mestre 
Beviláqua: "o Direito Internacional respeita a soberania, acata-a e o reconhecimento de um 
Estado pode (enquanto subsistir essa prática) ser interpretado como declaração que os 
outros fazem, de que na qualidade de soberano, pode ter ingresso na comunhão 
internacional. 
Assim, reputada como indivisível, logicamente a soberania não comporta divisões, desde 
que ela é una e única. Não tem aceitação generalizada a divisão de soberania interna". 
Profa. Juliana Ribeiro 
9 
 
A soberania do Estado é considerada sob dois aspectos: o interno e o internacional ou 
externo. A soberania interna é aquela em que o poder do Estado edita e faz cumprir, para 
todos os indivíduos que habitam em seu território, leis e ordens, que não podem ser 
limitadas ou restringidas por nenhum outro poder (por exemplo, a existência de "cláusulas 
pétreas" em nossa Constituição, como a que proíbe a abolição da forma federativa do 
Estado, por força da letra do inciso I do § 4º do Art. 60). A soberania internacional, ou 
melhor dizendo, em nível internacional ou externa, significa que nas relações recíprocas 
entre os Estados, não há subordinação nem dependência e sim igualdade, como bem 
preceituam as Cartas da ONU e da OEA, como já assinalamos. 
Acrescente-se, iterativamente, que há íntima correlação entre Independência e Soberania, 
pois determinado país não pode ter completa autonomia política se não possuir, em grau 
compatível, parcela da soberania para a manutenção e/ou consecução de seus objetivos 
nacionais permanentes, pelo que avultam, em especial nos dias atuais, os problemas com 
a segurança nacional, expressão, aliás, desafortunadamente, estigmatizada por nossa 
atual Carta Magna, que a suprimiu de seu texto. 
Por derradeiro, nesta abordagem perfunctória acerca do conceito de soberania, cabe 
relembrar um citação do emérito tratadista do Direito, José Cretella Júnior: "a soberania 
não é traço de sistema de governo, republicano ou monárquico, mas da Nação, do Estado 
que constitui pessoa jurídica pública distinta dos indivíduos que a integram, o que significa 
que a expressão ou manifestação da soberania não se consegue pela mera soma de certo 
número de vontades individuais, mas pela proporção de uma coletiva vontade, que traduza 
o sentir de toda a Nação". E finaliza o emérito jurista, repetindo Clóvis Beviláqua: "a 
soberania se caracteriza por ser una, indivisível, inalienável e imprescritível". 
 
? A SOBERANIA "LIMITADA" OU "RESTRITA" 
Há Estados cujo grau de soberania, apesar de independentes, não é suficiente para que 
seus objetivos sejam alcançados, mormente em âmbito internacional. Estados há, ainda, 
que contêm em seus territórios, enclaves, como a Itália em relação ao Estado do Vaticano, 
principados, ducados, etc. Existem, outrossim, aqueles que pertencem a comunidades 
possuidoras de ordenamento político-jurídico que os limitam na persecução de seus 
objetivos. Em síntese, a busca da plena autonomia política (auto-determinação) desses 
Estados é restrita ou limitada. Entretanto, este é um entendimento unicamente semântico, 
sem conotação jurídica, eis que houve assentimento prévio para a situação em que eles se 
encontram. 
Na verdade, repita-se, a soberania é indivisível e inalienável, como anteriormente afirmado. 
Recentemente, no entanto, surgiram determinadas expressões ("soberania limitada", 
"restrita", "compartilhada", "dever de ingerência", "intervenção humanitária", etc) cunhadas 
por notáveis personalidades, expressões essas que se tornaram usuais, mas que vêm 
trazendo danosos efeitos para os países mais fracos, como se o Direito não os pudesse 
tutelar. Em decorrência dessas esdrúxulas e inaceitáveis invencionices, que conflitam com 
as normas do Direito Internacional e com os textos de diplomas legais do mais alto nível, 
como as Cartas da ONU e da OEA e as Convenções de Haia, Genebra, etc., o velho e 
imutável princípio jurídico, "pacta sunt servanda" (os tratados devem ser respeitados), não 
vem sendo cumprido, pasmemos, pelas nações hegemônicas deste mundo pós-Guerra 
Fria. 
Como corolário da estranhíssima expressão "soberania limitada ou restrita", criou-se outra 
expressão: "soberania compartilhada" em que dois ou uma coalização de Estados 
avençam-se compartilhar as respectivas soberanias, abrindo mão de princípios do Direito 
Internacional, com a finalidade de atingir determinado objetivo comum. Como exemplo, 
podemos citar a criação de Forças Militares Internacionais com o fito de desencadear 
operações conjuntas, até mesmo nos seus próprios territórios, contra o narcotráfico, o 
narcoterrorismo, etc., como se a soberania não fosse uma qualidade de Estado, una e 
indivisível, como aludido, linhas atrás. 
Por final, nesta visão sumária acerca da extravagante expressão "soberania limitada ou 
restrita", diga-se que causa espanto a declaração feita em dezembro de 1992 pelo 
secretário-geral das Nações Unidas, Butros Ghali, que, do alto de sua experiência de 
distinguido homem público, no exercício de uma das mais relevantes funções para o 
ordenamento jurídico mundial e a paz internacional, afirmou: "a noção de soberania dos 
Estados é um conceito flexível e casa caso é um caso"... 
 
Apostila de Direito Internacional I 
10 
 
? SOBERANIA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA 
 
A constituição brasileira declara, no seu art. 1º., que o Brasil tem como um de seus 
fundamentos a soberania, e consagra, no seu parágrafo único, a soberania constituinte ao 
prescrever que todo o poder pertence ao povo. O art. 14 reforça essa idéia ao estabelecer 
os mecanismos de expressão da 
A soberania constitui um princípio recorrente em qualquer análise e interpretação de nossa 
constituição, pois, sobre ele se erige o Estado democrático. Todavia, não é um princípio 
unisubsistente. É necessário, através de um método sistemático, integrá-lo aos demais 
princípios. 
De acordo com o preâmbulo da CFB,a sociedade brasileira assume compromissos na 
ordem interna e internacional, e logo depois, o art. 4.,I, estabelece a independência 
nacional como princípio que orienta o país nas suas relações internacionais. 
Portanto, não se deve estranhar a intervenção de velhos e novos limites ao exercício da 
soberania, tanto na ordem interna, como forma de preservação dos direitos fundamentais e 
dos direitos das associações menores, quanto na ordem internacional, como maneira de 
preservação da soberania dos demais estados. 
 
? RECONHECIMENTO DE ESTADO E DE GOVERNO 
 
“O reconhecimento é um ato unilateral através do qual um sujeito de direito 
internacional, sobretudo o Estado, constatando a existência de um fato novo (Estado, Governo, 
situação ou tratado), cujo evento de criação não teve sua participação, declara, ou admite 
implicitamente, que o considera como sendo um elemento com quem manterá relações no 
plano jurídico. Trata-se, portanto, de ato afirmativo que introduz o fato novo nas relações 
jurídicas entre os sujeitos de direito internacional”1[1]. 
 
? Características do Reconhecimento: formulação de pedido da parte interessada; ato 
unilateral (exceção: proibição por parte do Conselho de Segurança da ONU), irrevogável e 
discricionário daquele que reconhece o novo Estado ou Governo; pode ser tardio ou prematuro. 
 
? Natureza Jurídica: constitutiva, ou atributiva (o reconhecimento é requisito fundamental na 
constituição do fato novo), e declarativa (o fato novo independe de intenções ou apreciações 
de terceiros). 
? Teoria constitutiva: ato individual, ato discricionário, ato condicionado a modalidades, 
ato político; 
? Teoria declarativa: ato coletivo, ato obrigatório, ato puro e simples, ato jurídico. 
 
? Modalidades de reconhecimento: 
De jure A mais utilizada. Trata-se de reconhecimento definitivo, irrevogável e pleno, 
produzindo imediatamente seus efeitos jurídicos. 
De facto Aplicada quando novos Estados ainda não estão consolidados. De alcance 
limitado, sua utilização evita um reconhecimento prematuro. 
Individual Geralmente utilizada, o Estado manifesta o reconhecimento comprometendo 
exclusivamente a si próprio. 
Coletiva 
Um grupo de Estados decide, por razões de oportunidade política, conceder 
o reconhecimento de forma coletiva. O princípio desta colegialidade não se 
aplica às organizações internacionais, estas não dispondo do atributo para a 
concessão coletiva do reconhecimento. 
Explícita Maneira formal, escrita e, por vezes, solene, de expressar o reconhecimento. 
Tácita 
Ambígua, de difícil prova, ela tende a cristalizar o caráter discricionário do 
reconhecimento. Pode ser provado pela manutenção ou troca de agentes 
diplomáticos e consulares, ou ainda pela assinatura de um tratado. 
Discricionária 
Autonomia absoluta do concedente, que julga o conteúdo de sua declaração 
de reconhecimento, a forma de divulgá-la e o momento considerado mais 
propício. 
Vinculada O concedente condiciona o reconhecimento do fato novo (sobretudo 
 
 
Profa. Juliana Ribeiro 
11 
 
surgimento de novos Estados) à oferta de compensações pelo 
concessionário. Trata-se de prática condenável, porém corrente. 
 
? RECONHECIMENTO DE ESTADO 
 
? RECONHECIMENTO DE GOVERNO 
 
Efeitos: a) estabelecimento de relações diplomáticas; b) imunidade de jurisdição; c) capacidade 
para demandar em tribunal estrangeiro; d) admissão da validade da lei e dos atos do governo. 
 
? Sucessão e Extinção de Estados 
 
Sucessão de Estados: substituição de um Estado (predecessor) por um outro sucessor no 
tocante à responsabilidade pelas relações internacionais do território. 
 
Principais convenções: Convenção de Viena (1978), Convenção de Viena (1983) 
 
 - Casos em que ocorre a sucessão de Estados 
 - Sucessão universal: fusão; anexação total; 
 - Sucessão parcial: emancipação; anexação parcial. 
 
? SOBERANIA E AUTONOMIA 
 
Nem toda a entidade autônoma possui soberania, mas toda soberana possui 
autonomia. 
Entidades federadas possuem autonomia, mas não soberania com exceção da 
União Federal. 
 
Estados federados no Brasil não possuem personalidade jurídica de direito 
internacional público, pois não há a capacidade de exprimir voz e vontades 
próprias no âmbito internacional. Sempre que um Estado-membro realiza um 
contrato, este estará submetido ao controle do Estado que possui personalidade 
jurídica. 
 
A- MICRO-ESTADOS 
 
Andorra, Mónaco e San marino 
Soberania, mas enlaçada a um governo maior, são considerados Estados. 
 
A Santa Sé é um Estado que possui soberania mas que tem uma definição 
diferente de estados, pois sua população não é originária. 
 
 
6 - FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL 
 
Fontes 
 
Conceito 
Concepção sobre fontes 
- fonte real; 
- fontes formais ou positivas 
Estatuto da CIJ. Art. 38: 
 
Costumes 
 
Noções 
Costume x uso 
Características do uso 
Características dos costumes 
Apostila de Direito Internacional I 
12 
 
Obrigatoriedade dos costumes 
Término do costume 
 
Princípios Gerais do Direito 
 
- decisões das organizações internacionais: Fontes formais. 
- princípios gerais do direito. 
 
Ato Unilateral 
 
Conceito 
Obrigatoriedade 
Fundamentação 
Regulamentação 
Publicidade 
Classificação dos atos: 
- tácito (silêncio = consentimento implícito) 
- expresso (protesto, notificação, renúncia, reconhecimento, protesto, promessa) 
 
 
Conceito: Constitui o modo pelo qual o Direito se manifesta. (Fundamento: de onde o 
Direito tira a sua obrigatoriedade) 
 
Concepção sobre fontes: Toda relação jurídica deve ser concebida sob dois aspectos: um 
fundamental, racional, objetivo; e o outro, formal, positivo. No primeiro caso existe uma fonte 
real, no segundo, fontes formais ou positivas. 
 
 - Fonte real: verdadeira ou fundamental (constituída pelos princípios gerais do direito) 
 
 - Fontes formais ou positivas: que dão forma positiva ao direito objetivo, preexistente, e o 
apresentam sob o aspecto de regras aceitas e sancionadas pelo poder público. (costumes e os 
tratados). 
 
Estatuto da Corte Internacional de Justiça – Art. 38 – relação das fontes: 
 
a) 
- convenções e tratados internacionais; 
- costume internacional; 
- princípios gerais do Direito; 
- decisões judiciárias e doutrina dos publiscistas. 
 
b) 
- Atos Unilaterais 
 
Profa. Juliana Ribeiro 
13 
 
COSTUME 
Noções: 
 
Dada a precariedade das normas positivadas de Direito Internacional Público, surge a 
necessidade de preencher-se as lacunas jurídicas. Um dos métodos de integração do Direito é 
a aplicação subsidiária do costume, entendido como tal o 
comportamento adotado de forma generalizada (universal) e unânime com a convicção de sua 
obrigatoriedade (opinio necessitatis). 
 
Até ser prolatada decisão judicial reconhecendo a existência do direito costumeiro, o mesmo 
não existe como tal, mas somente como fato que será objeto de valoração pelo magistrado, o 
qual, decidindo por sua existência e consonância com a ordem pública e jurídica, transforma-lo-
á em norma jurídica concreta, a qual regulará a situação submetida a juízo. Ao contrário do que 
possa parecer à primeira vista, o julgador não está criando direito, mas, tão-só, aplicando a 
norma jurídica que determinou o emprego do costume para composição do litígio. Daí a 
afirmação de Incilio Vanni : “o costume só é fonte de direito quando reconhecido pelo Estado”. 
 
 
Prevê o Art. 4º da LICC, verbis: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordocom 
a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. Logo, é plenamente possível, em 
nosso sistema jurídico, a aplicação subsidiária dos costumes em matéria de Direito 
Internacional Público. 
 
 
Conceito 
 
Conjunto de atos e normas não escritas aceitas por dilatado tempo e observados pelos 
Estados em suas relações mútuas, como se Direito fosse. 
 
As sociedades não hierarquizadas (sem legislativo) têm no costume o principal modo de 
manifestação das normas jurídicas. 
 
A codificação do Direito Internacional Público é ainda bastante incipiente; 
 
A maioria dos costumes se formou de forma inconsciente (processo lento); 
 
A Corte Internacional de Justiça, em seu art. 38 de seus estatutos, afirmou: 
“A parte que invoca um costume.deve provar que o mesmo se constitui de tal maneira 
que se tornou obrigatório para a outra parte.” 
 
a) Elemento Material 
 O aspecto material do costume, é a repetição de um procedimento, podendo ser uma 
ação ou omissão, realizada por pessoas jurídicas de Direito Internacional Público ( Estados 
soberanos, Organizações Internacionais ). 
 Em continuidade, tal “repetição de certo procedimento” deve ser ao longo do tempo, 
sendo de se observar, que devido à celeridade contemporânea não mais se necessitam 
séculos para produzirem uma norma costumeira, sendo que o lapso temporal ainda que 
reduzido não impede a formação de uma nova norma. 
 
b) Elemento Subjetivo 
 Ainda que o procedimento seja repetido, verifica-se a necessidade de que a prática 
seja determinada pela opinio juris. Isto equivale a dizer, que deve haver a convicção de que o 
procedimento é correto, justo, de bom direito. 
Portanto, se por um lado, o elemento material do costume seria a prática, a repetição, de um 
certo modo de proceder, o seu elemento subjetivo seria a convicção de que assim se procede 
por ser necessário, justo e dessa forma jurídic 
 
Costume x Uso 
Apostila de Direito Internacional I 
14 
 
O costume é a continuação de um hábito tradicional e repetido, com a certeza de que o mesmo 
é obrigatório, enquanto que uso é fatível de existir com a repetição de atos embora sem 
convicção de obrigatoriedade. 
 
Características do Uso: 
 
a) Não há prazo determinado para que seja um costume; 
 
b) O costume nos dias atuais tem se formada com maior rapidez a fim de acompanhar as 
transformações das relações internacionais; 
 
c) Generalidade, isto é, seguido por uma parcela da sociedade internacional. Ex.: Uma norma 
costumeira rejeitada por grande parte dos Estados, perde em conseqüência a sua 
generalidade. 
 
Subjetivo: aceitação como sendo o Direito. ( O costume tornou-se Direito?!). 
 
Características do Costume: 
 
a) “prática comum”: resulta da repetição uniforme de certos atos na vida internacional. 
 
b) “prática obrigatória”: ele é direito que em conseqüência deve ser respeitado. 
 
c) “prática evolutiva”: permite se adaptar às novas circunstâncias sociais. 
 
Não existe hierarquia entre tratado e costume. 
 
 
Costume internacional: seria obrigatório ante a universalidade 
Costumes regionais: somente para os Estados que os aceitam. 
 
Término do costume: 
 
 - Por um tratado mais recente que o codifica e o revoga; 
- Quando deixa de ser aplicado; 
- Por um novo costume. 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO 
 
Princípios Gerais de Direito: Reconhecido pelas nações civilizadas.Aceito pelas nações em 
foro doméstico e incorporado pelo Direito Internacional. 
 
Tipos: 
 
a. pacta sunt servanda. impede o abuso do direito em respeito ao direito adquirido. 
b. Responsabilidade internacional nascida de atos ilícitos e restituição do que já 
adquirido com o enriquecimento ilícito. 
c. Boa-fé 
d. lex postarai derogat. Seria um elemento subsidiário em relação ao tratado e ao 
costume. 
e. solução pacífica de litígios entre Estados 
f. o da auto-determinação dos povos 
g. o da coexistência pacífica 
h. o do desarmamento 
i. o da proibição da propaganda de guerra 
j. o da continuidade do Estado 
k. repúdio ao terrorismo e ao racismo 
 
Decisões das Organizações Internacionais: Fonte Formal. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 
15 
 
Consiste em normas originadas em uma organização internacional que são obrigatórias para 
os Estados – membros independentemente de qualquer ratificação. 
 
As resoluções, recomendações, declarações, diretrizes, são normalmente os títulos que 
qualificam as Decisões das Organizações Internacionais. 
Dentro das organizações, certo órgão no uso de sua competência, delibera sobre determinada 
controvérsia, sendo a eficácia legal desse produto medida à luz do sistema constitucional das 
organizações. 
 
RESOLUÇÕES DA ONU – CONSELHO DE SEGURANÇA 
DECISÕES DOS PAINÉIS DA OMC 
 
 
4. ATO UNILATERAL 
 
É o ato através do qual um Estado manifesta sua vontade, sendo esta considerada 
suficiente para produzir efeitos jurídicos, nada impedindo no entanto, que haja 
concorrência de outra vontade, mesmo assim, está última não terá força para impedir a 
eficácia da vontade já manifestada. 
A principal característica dos atos unilaterais é a atipicidade. 
Importante mencionar, que o Estatuto da Corte de Haia não menciona em seu artigo 38 os atos 
unilaterais entre as fontes possíveis de Direito Internacional. 
 No entanto, como destaca ( REZEK, 2000 ), todo Estado, pode eventualmente produzir 
ato unilateral de natureza normativa. Nesta categoria, inscrevem-se os diplomas legais que se 
promulgam no interior das diversas ordens legais, que mesmo não interessando ao Direito 
Internacional, pode casualmente voltar-se para o exterior, habilitando-se como fonte do Direito 
Internacional, na medida em que possa ser invocado por outros Estados com algum pretexto 
qualquer. Neste passo, exemplificam-se as leis ou decretos utilizados pelos Estados para 
determinar a extensão de seu mar territorial, o regime de seus portos, a franquia de suas águas 
interiores à navegação estrangeira 
 
 
Obrigatoriedade: 
O ato unilateral é obrigatório para o Estado que manifestou sua vontade, bem como, para 
àqueles que confiaram nele, cabendo para essa situação o direito de exigir o cumprimento do 
ato. 
 
Fundamento: 
A base dos atos unilaterais é tida por muitos doutrinadores como decorrente do costume, 
devendo para tanto respeitar as normas de DIP. 
 
Regulamentação: 
A regulamentação é necessária quando surge um espaço dentro das normas que ainda não foi 
objeto de apreciação pelo direito. Dessa forma, o Estado pode, através de um ato unilateral 
regulamentar 
- situações: (mesmo localizadas no estrangeiro) mas suscetíveis de produzir seus efeitos no 
seu território; ou, 
- matéria: a respeito da qual o Estado tem um interesse especial, desde que o mesmo 
recaia em benefício da sociedade internacional. 
 
Publicidade: 
A Comissão Internacional de Justiça quando se refere aos testes nucleares, declara que um 
ato unilateral para criar obrigações legais é preciso que seja público e na sua formulação o 
Estado tenha a intenção de se obrigar. 
 
Classificação dos atos unilaterais: 
 
? Tácito 
 
Apostila de Direito Internacional I 
16 
 
a) Silêncio: consentimento implícito à extensão da soberania. Para evitar tal interpretação o 
Estado deverá manifestar-se para afastar a hipótese de aceite. Muito embora, essa 
assertiva não seja absoluta, pois entende-se que tais interpretações comprometem a 
existência ou as condições do exercício de seu direito. 
 
Elementos para a validade do consentimento tácito: 
 
- que o Estado que guarda silêncio conheça o fato; 
- o interesse jurídico do Estado no fato; 
- a expiração de umprazo razoável. 
 
? Expresso: 
 
a) Protesto: é o modo pelo qual um Estado procura evitar que se forme uma norma 
costumeira, ou um estado de coisas que lhe seja prejudicial. 
 
Requisitos de validade do protesto: 
 
- capacidade jurídica; 
- capacidade do órgão que formulou o protesto 
- a vontade manifestada não deve conter vícios. Ex.: coação. 
- O objeto lícito. 
 
b) Notificação: ato pelo qual um Estado leva a conhecimento de outro um determinado fato 
que pode produzir efeitos jurídicos. 
 
c) Renúncia: ocorre quando um Estado voluntariamente abandona o seu direito. A 
manifestação de vontade deve ser inequívoca, pois a mesma não pode ser presumida. 
 
d) Reconhecimento: ( é o contrário do protesto) - Ocorre quando um Estado aceita uma 
determinada situação de fato e a declara como sendo legítima. 
 
e) Promessa: É o compromisso assumido por um Estado de Ter no fut uro certa atitude. 
 
Os atos unilaterais podem ser: 
 
a) escritos (é o normal); ou, 
b) oral. (a grande dificuldade nesse caso é a forma de comprovação dos termos em que 
foram feitos) 
 
JURISPRUDÊNCIA E DOUTRINA 
 
 Primeiramente, é de se destacar que enquanto instrumentos de boa interpretação da 
norma jurídica, a jurisprudência e a doutrina têm, no plano internacional, importância maior que 
no direito nacional de qualquer Estado. 
 
 Em continuidade, a utilidade instrumental da jurisprudência e da doutrina advém das 
imperfeições do direito, que se fosse exato e unívoco, no tocante às suas normas jurídicas, não 
necessitaria de todo o esforço hermenêutico apoiado nas lições doutrinárias ou nas decisões 
dos tribunais. 
 
 Em prosseguimento, as decisões judiciárias referidas pelo Estatuto da Corte de Haia, 
são as componentes da jurisprudência internacional. Isto significa, o conjunto das decisões 
arbitrais e judiciárias, e ainda, os pareceres proferidos pela Corte de Haia . 
 
 A seu turno, a Corte de Haia, concedeu à Doutrina, a qualidade de meio auxiliar para a 
determinação das regras de direito]. Neste sentido, a doutrina dos publicistas mais qualificados 
das diferentes nações, observada a característica do consenso doutrinário para a qualificação 
de segurança nos domínios de interpretação de uma regra convencional. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 
17 
 
ANALOGIA E EQÜIDADE 
 
 A analogia e a eqüidade são meios para enfrentar a inexistência da norma, ou a 
evidente falta de préstimo para proporcionar ao caso concreto um desfecho justo. Ainda, 
comporta dizer que são métodos de raciocínio jurídico. 
 
 A seu turno, o uso da analogia, consiste em fazer valer, para determinada situação, a 
norma jurídica concebida para aplicar-se a uma situação semelhante, na falta de regramento 
que se ajuste ao exato contorno do caso posto ante o intérprete. 
 
 
 Por sua vez, a eqüidade, pode operar tanto na hipótese de insuficiência da norma de 
Direito positivo aplicável quanto naquela em que a norma, embora bastante, traz ao caso 
concreto uma solução inaceitável pelo senso de justiça do intérprete. Assim, decide-se à luz de 
normas outras que preencham o vazio eventual, ou que tomem o lugar da regra estimada 
iníqua ante a singularidade da espécie . 
 Importante, a lembrança de que a Corte de Haia não poderá decidir à luz da eqüidade 
sem a autorização das partes. Portanto, sendo imprópria a norma ou faltante esta para aplicar 
ao caso, só poderá a Corte recorrer à eqüidade com a aquiescência das partes . 
 
 
7 - TRATADO COMO FONTE DE DIREITO 
 
O tratado é fonte do DIP se ele determinar de modo efetivo o comportamento dos Estados. 
 
Acordos entre organizações de comércio exterior não são tratados. 
 
 
• Importância dos tratados na atualidade - Multidisciplinariedade de assuntos, os quais são os 
mais importantes. 
 
 
Conceito (Convenção de Viena de 1969) 
 
• “Acordo internacional concluído entre os Estados de forma escrita e regulado pelo DI, 
consubstanciando em um único ou em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a 
sua destinação específica”. 
 
Outros conceitos 
 
• Convenção ou acordo entre dois ou mais Estados soberanos. Sua motivação é variada: 
acerto de fronteiras, comércio, isenção de tarifas aduaneiras, intercâmbio cultural. 
 
• É um acordo aceito entre duas ou mais pessoas de Direito Internacional que visa a interesses 
comuns. 
 
• É o ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de vontades entre duas ou mais 
pessoas internacionais. 
 
 
Fonte democrática 
 
Os "tratados" são atos de consenso, portanto aplicados tão somente aos Estados-partes, ou 
sejam, àqueles que consentiram com sua adoção. Como dispõe a Convenção de Viena, em 
seu artigo 3º, § 1º . 
 
 
Terminologia 
 
TRATADO – acordo solene (ex: tratados de paz) 
CONVENÇÃO – cria normas gerais (ex: convenção sobre mar territorial, ilhas marítimas) 
 
Apostila de Direito Internacional I 
18 
 
DECLARAÇÃO – utilizada para acordos que viram princípios jurídicos ou afirmam uma atitude 
política em comum (ex: Declaração de Paris) 
 
ATO – estabelece regras de direito 
PACTO – tratado solene (ex: Pacto de São José da Costa Rica) 
ESTATUTO - empregado por tratados coletivos, geralmente estabelecendo normas para os 
tratados internacionais (ex: Estatuto do CIJ) 
 
ACORDO - tratados de cunho econômico, financeiro, comercial e cultural 
CONVÊNIO – tratados que versam sobre matérias cultural e de transportes 
 
 
Fundamento 
 
Ao tratados internacionais tiram a sua obrigatoriedade da norma “pacta sunt servanda”, que é 
um dos princípios constitucionais da sociedade internacional e que teria seu fundamento último 
no direito natural. A revogação de um tratado só pode ser feita, em regra geral, como ocorre 
com a lei, através de um processo semelhante ao de sua criação, ou por um modo nele 
previsto ou fixado pelo DI Geral. A violação deste princípio acarreta a responsabilidade 
internacional. 
 
Conceito de pacta sunt servanda: 
Diz Orlando Gomes a respeito da força obrigatória do contrato que, "celebrado que seja, com 
observância de todos os pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser 
executado pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos." 
Segundo Maria Helena Diniz , tal princípio se justifica porque "o contrato, uma vez concluído 
livremente, incorpora-se ao ordenamento jurídico, constituindo um a verdadeira norma de 
direito". 
 
Efeitos 
 
Em princípio limitam-se às partes contratantes. “Os tratados não beneficiam e nem prejudicam 
terceiros”. (princípio “pacta tertiis nec noncent nec prosunt”) (Brasil – princípio da relatividade) 
Os tratados estabelecem uma relação Estado a Estado e se aplicam, salvo estipulação em 
contrário, a todo o território dos contratantes. 
Em virtude do princípio da relatividade, o tratado produz efeitos apenas em relação às partes 
contratantes. A Convenção de Viena estabelece que em princípio um tratado só se impõe a um 
terceiro Estado se o terceiro Estado aceitar a obrigação, e ele só pode ser revogado com o 
consentimento do terceiro Estado e dos contratantes. 
Um tratado pode se transformar em norma costumeira de DI e, em conseqüência, obrigatória 
para todos os Estados como tal. A regra “pacta tertiis” visa defender os Estados. È mais 
aplicada nos tratados-contratos, porque os tratados multilaterais visam uma universalidade. 
- Tratado não tem efeito retroativo. 
- Descumprimento do tratado acarreta responsabilidade internacional. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 
19 
 
• Exceções ao princípio da relatividade“tratados dispositivos” : são tratados que produzem efeitos aos terceiros Estados e que 
criam situações reais. Ex.: aqueles que versam sobre questões territoriais: Tratado de 
Petrópolis, 1903 em que a Bolívia cedeu o Acre ao Brasil. 
Criação de organizações internacionais tem nos levado a entender que tratados 
produzem efeitos em relação a terceiros. Art. 12, alínea 6ª Carta da ONU: impõe 
obrigações a terceiros no que diz respeito a paz. 
 
Rebus sic stantibus - Cláusula rebus sic stantibus 
 
Rebus Sic Stantibus pode ser lido como "estando as coisas assim" ou "enquanto as coisas 
estão assim". Deriva da fórmula contractus qui habent tractum sucessivum et dependentium de 
futuro rebus sic stantibus intelliguntur. 
 
Cláusula contratual em que as partes estipulam que o cumprimento do contrato fica 
subordinado à não-modificação, no futuro, dos pressupostos e circunstâncias que ensejaram o 
pacto. 
 
Esta cláusula admite, portanto, a chamada Teoria da Imprevisão. 
 
Aplicação dos Tratados 
 
A aplicação de tratados com normas contraditórias deve respeitar os seguintes princípios que 
são enunciados pela Convenção de Viena: 
 
a) a regra geral é que o mais recente prevalece sobre o anterior quando as partes 
contratantes são as mesmas nos dois tratados; 
b) quando os dois tratados não têm como contratantes os mesmos Estados: 
1. entre um Estado-parte em ambos os tratados e um Estado-parte 
somente no tratado mais recente se aplica o mais recente; 
2. ente um Estado-parte em ambos os tratados em um Estado-parte 
somente no tratado anterior se aplica o tratado anterior 
c) entre os Estados-parte nos dois tratados só se aplica o anterior no que ele 
não for incompatível com o novo tratado. 
Conflitos por ventura existentes são na maioria das vezes resolvidos por meio de 
interpretação. 
 
 
Interpretação dos Tratados 
 
Para a interpretação dos tratados, se lança mão dos métodos teleológico, sistemático, histórico 
e o atual: arts. 31 a 33 da Convenção de Viena. 
Apostila de Direito Internacional I 
20 
 
 
Art. 31 nº 1 - Regra geral de interpretação: Boa-fé: Um tratado deve ser interpretado de boa-fé, 
segundo o sentido comum dos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objeto e 
finalidade; procura excluir a fraude: 
a - A regra do efeito útil, que exclui que o tratado possa ser interpretado por formas a prová-lo 
de efeitos práticos; 
b - A interpretação não pode conduzir ao absurdo, não pode criar uma figura teratológica; 
c - Efeitos implícitos nos tratados, segundo os quais, devem entender-se que foi querido, não 
só o que expressamente se estipulou, mas ainda aquilo que for indispensável para a realização 
da estipulação; e 
d - É aquela que se dá de acordo com os fins almejados. 
 
Visa determinar o sentido do tratado. A Convenção de Viena apresenta as seguintes normas 
de interpretação dos tratados: 
- boa-fé; 
- considerar o preâmbulo; 
- considerar o acordo entre as partes; 
- tratados em diferentes línguas tem a mesma autenticidade. 
- As palavras devem ser interpretadas em seu sentido próprio e usual; 
- Deve presumir-se como um todo; 
- Na dúvida, predominará a interpretação que impuser menos ônus; 
- Prevalecem as regras especiais sobre as gerais. 
 
Classificação dos Tratados 
 
Segundo o Prof. Rezek os tratados se classificam: 
A) Quanto ao número de partes: 
• bilaterais : somente duas as partes; 
• multilaterais: mais de duas partes. 
 
Os tratados multilaterais normalmente tem a cláusula de adesão. 
 
B) Quanto à natureza das normas: 
•contratuais ou tratados-contratos : através deles as partes realizam uma 
operação jurídica. 
 No tratado-contrato as vontades são divergentes, não surgindo, assim, a criação de uma 
regra geral do direito, mas a estipulação recíproca das respectivas prestações e contra 
prestações. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 
21 
 
• Normativos ou tratados-leis: as partes editam uma regra de direito 
objetivamente válida, através deles se manifesta a vontade coletiva; são fontes 
do Direito Internacional Público. 
No tratado-lei dá-se a criação de uma regra de direito internacional pela vontade conforme das 
partes. 
 
C) Quanto ao procedimento: 
•executivos: se conclui sob a autoridade do chefe do Poder Executivo, 
independentemente do parecer e do consentimento do Senado. 
• Formais: abonados pelo Senado, precisam de aprovação. 
 
D) Quanto à forma: 
• aberto: tem cláusula de adesão; 
• fechado: não tem cláusula de adesão. 
 
E) Quanto à execução no tempo: 
 
• estático: permanente, cria uma situação jurídica estática, definitiva. Ex.: Tratado das 
fronteiras. 
• Dinâmico: estabelece uma relação jurídica obrigacional que vincula as partes por prazo certo 
ou indefinido. 
 
F) Quanto à execução no espaço: 
• abrange todo o território 
•abrange parte do território 
 
 
Condições de validade dos tratados internacionais 
 
 
- Capacidade das partes contratantes 
 Estados soberanos 
 Organizações internacionais 
 Beligerantes 
 Santa Sé 
 Entes internacionais 
 
 
• Corte Internacional declarou do direito dos organismos internacionais de terem personalidade 
jurídica de DI, pois elas têm a necessidade de manter relações externas, uma vez que não 
podem permanecer isoladas dentro da sociedade internacional 
 
• A Carta da ONU prevê a conclusão de tratados (ex: Convenção sobre privilégios e 
imunidades – art. 105) 
 
Beligerantes – Alguns determinam que apenas para discutir assuntos sobre guerra / operações 
de guerra, enquanto outros dizem que para qualquer assunto. 
 
Atualmente para movimentos de libertação nacional, tem concluído os tratados. 
 
Apostila de Direito Internacional I 
22 
 
Outras entidades internacionais – territórios especializados (ex: o SANE – Conselho da 
Europa). Análise em cada caso. 
 
- Habilitação dos agentes = Poder de negociar os tratados = Plenos Poderes 
 
Pessoas que são denominadas plenipotenciárias 
Ex: Chefes de Estado / Governo, Ministros das Relações Exteriores, Chefes de missão 
diplomática junto ao Estado que estão creditados. 
 
Organizações internacionais não exigem plenos poderes dos secretários -gerais ou adjuntos 
 
Tratados bilaterais – plenos poderes são tratados pelos negociadores, enquanto os 
multilaterais, pelo Secretariado ou Comissão. 
 
Pessoa não habilitada não tem efeito legal. 
 
- Objeto lícito e possível - Norma imperativa (Convenção de Viena) 
 
É nulo todo tratado que violar normas gerais de Direito Internacional. 
 
Normas em que não é permitida a derrogação, só pode ser modificada por uma subseqüente 
norma de Direito Internacional Geral que tem o mesmo caráter. 
 
Tratado que contrarie a moral ou com objeto impossível de ser executado. 
 
• Consentimento mútuo 
 
Erro, dolo e coação viciam os tratados. 
Acordo de vontades entre as partes não devem sofrer vícios. 
 
• Erro que anulará tratado (Convenção de Viena) 
 
Só anula o tratado o erro que tenha atingido a base essencial do consentimento para submeter 
um tratado. 
 
Se o erro é de redação, não atinge a validade de um tratado e deverá ser feita sua correção. 
 
Erro de fato constitui vício de consentimento. Erro de direito deverá ser afastado como vício. 
 
O Estado que tenha concorrido para o erro não poderá invocá-lo. 
 
• Dolo 
Erro devido à fraude de outrem, isto é, toda espécie de manobras ou de artifícios dirigidos a 
induzir uma parte na sua conclusão. 
 
Existência de doloTer sido praticado por uma parte contratante 
 Erro devido a fraude de outrem seja escusável para a vítima e determinante do seu 
consentimento (responsabilidade internacional) 
 
Coação 
Ameaça ou emprego de força. Corrupção do representante do Estado. 
 
 
FORMA DOS TRATADOS 
 
 
Os tratados se compõe de duas partes: o preâmbulo e a dispositiva. 
*Preâmbulo – contém geralmente um enunciado das finalidades do tratado e a 
enumeração das partes contratantes. Na antiguidade e no período medieval havia 
invocações aos deuses. 
*Dispositiva – é redigida sob a forma de artigos, sendo nela que estão fixados os direitos e 
deveres das partes contratantes. 
Profa. Juliana Ribeiro 
23 
 
O idioma em que será redigido o tratado é escolhido livremente pelos Estados. 
Atualmente, as organizações internacionais têm adotado “línguas oficiais” para, entre 
outras coisas, solucionar questões. A ONU tem como línguas oficiais: inglês, francês, 
espanhol, russo, chinês e árabe. 
 
OBRIGATORIEDADE DOS TRATADOS 
 
Os tratados tornam-se obrigatórios para os órgãos judiciais com a sua promulgação e 
publicação no âmbito interno dos Estados. 
Tratados são: auto-executáveis – sujeito a normas que dependem de regulamentação – 
dependem de regulamentação para se tornarem obrigatórios no interior do Estado. 
Os tratados devem submeter-se às normas das Constituições dos Estados contratantes. 
A Convenção de Viena determina que um Estado não pode invocar o seu direito interno 
para não executar o tratado. 
 
AS FASES DO PROCESSO DE CONCLUSÃO – TRATADO EM SENTIDO ESTRITO 
 
• NEGOCIAÇÃO 
• ASSINATURA 
• RATIFICAÇÃO 
• PROMULGAÇÃO 
• PUBLICAÇÃO 
• REGISTRO 
 
NEGOCIAÇÃO 
 
É a fase inicial do processo de conclusão de um tratado. É da competência, dentro da 
ordem constitucional do Estado, do Poder Executivo. A competência geral é sempre do 
Chefe de Estado. Entretanto, outros elementos do poder executivo passam a ter uma 
competência limitada (Ministro do Exterior - plenipotenciários). 
Na etapa da conclusão dos tratados internacionais os representantes do chefe de Estado, 
isto é, os negociadores, se reúnem com a intenção de concluir um tratado. 
Esta fase termina com a elaboração de um texto escrito que é o tratado. 
A adoção do texto de um tratado é feita por todos os Estados negociadores. Quando há 
uma Conferência, o texto do tratado é adotado por 2/3 do Estados presentes e votantes, a 
não ser que se determine o contrário. Nos acordos por troca de notas nem sempre existe a 
fase de negociação. 
 
Tratado bilateral: representantes de comissões, agentes, ministros das relações exteriores 
que com a ajuda de negociadores, realizam tratados. 
Tratado multilateral: grandes conferências e congressos. 
Apostila de Direito Internacional I 
24 
 
 
ASSINATURA 
 
Pode ser resumida nos seguintes fatores : 
a) Autentica o texto do tratado; 
b) Atesta que os negociadores estão de acordo com o texto do tratado; 
c) Os dispositivos referentes ao prazo para a troca ou o depósito dos 
instrumentos de ratificação e a adesão são aplicados a partir da assinatura; 
d) Os contratantes “devem se abster de atos que afetem substancialmente o valor 
do instrumento assinado”; 
e) A assinatura pode ter valor político; 
f) Pode significar que o Estado reconhece as normas costumeiras tornadas 
convencionais. (Adotado pela Convenção de Viena – consagrado na jurisprudência 
internacional) 
As convenções internacionais do trabalho (OIT) não são assinadas. 
 
ASSINATURA DIFERIDA – consiste em dar aos Estados um prazo maior para a 
assinatura do tratado, a fim de que os Estados que não participam das negociações 
figurem como partes contratantes originárias. 
A convenção de Viena refere-se a “assinatura ad referendum”, que é aquela que necessita 
ser confirmada pelo Estado de quem a fez. 
Salienta-se que um Estado pode se obrigar ao tratado pela simples assinatura quando os 
Estados contratantes assim concordam ou quando isto figura nos plenos poderes ou foi 
expresso durante a negociação. 
A ordem das assinaturas obedece ao princípio do alternado, isto é, o chefe de Estado e 
seu plenipotenciário são citados em primeiro lugar nos instrumentos que lhes são 
destinados. Nos acordos assinados com a Santa Sé, os países católicos dão a ela o 
primeiro lugar. 
A assinatura dos participantes tem sido algumas vezes dispensada nos tratados 
concluídos em grandes conferências e é considerada suficiente a do presidente da 
conferência. 
Com o advento da ratificação a assinatura diminuiu consideravelmente de importância. As 
convenções da OIT não são mais assinadas. 
 
RATIFICAÇÃO 
 
“É ato pelo qual a autoridade nacional competente informa às autoridades 
correspondentes dos Estados cujos plenipotenciários concluíram, com os seus, um projeto 
de tratado, a aprovação que dá a este projeto e que o faz doravante um tratado obrigatório 
para o Estado que esta autoridade encarna nas relações internacionais”. (Sette Câmara) 
Profa. Juliana Ribeiro 
25 
 
Ato do órgão estatal próprio que exprime a vontade do Estado de se obrigar por um 
tratado. O procedimento internacional pelo qual o tratado entra em vigor. 
O poder competente para efetuar a ratificação é fixado livremente pelo D. Constitucional 
de cada Estado. O Estado possui este direito em virtude de uma delegação do DI. Esta 
posição é uma decorrência da concepção sustentada do monismo com primazia do DI e, 
em conseqüência, a ordem jurídica interna de um Estado nada mais é do que “parte” do 
DI. 
A ratificação é assim um ato do Poder Executivo, exigindo ou não a prévia autorização do 
Legislativo. 
A ratificação passou a ser considerada a fase mais importante do processo de conclusão 
dos tratados. 
Os tratados passam a ser somente obrigatórios depois de ratificados, mesmo quando a 
ratificação não esteja prevista expressamente. 
Devido à prática cada vez maior de acordos executivos, a ratificação tem decaído de 
importância. Um grande número de acordos bilaterais internacionais entram em vigor sem 
que haja ratificação. Diante deste fato é que a Comissão de DI não enunciou a ratificação 
como elemento essencial. 
 
NATUREZA JURÍDICA DA RATIFICAÇÃO: 4 posições 
 
a) não é um ato confirmatório da assinatura, “mas a verdadeira declaração de 
vontade” do Estado, ela “dá vida a um ato novo”. 
b) Considera que os negociadores concluem um tratado condicional, a ratificação 
o torna presente, a ratificação não diz respeito à validade do tratado, mas à sua 
executoriedade. 
c) Considera que assinatura e ratificação concorrem para a formação do tratado. 
d) Equipara a ratificação a um ato-condição, isto é, um ato que, realizado, provoca 
“a aplicação de uma situação jurídica objetiva”. 
 
Na verdade a ratificação é um ato sui generis que não se enquadra em nenhuma das 
classificações propostas. Ela é uma das fases, no processo de conclusão dos tratados. Ela 
confirma assinatura do tratado e dá validade a ele, sem que isto signifique não produzir a 
assinatura qualquer efeito. 
PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: ato discricionário, do que decorrem duas conseqüências: 
 
a) a indeterminação do prazo para a ratificação – significa que ela poderá ser 
realizada pelo Estado no momento que assim julgar oportuno, isto, entretanto, não 
ocorre quando os tratados fixam um prazo determinado para ela. 
b) a licitude da recusa da ratificação – não obrigatoriedadedos tratados 
 
Apostila de Direito Internacional I 
26 
 
A ratificação não é um ato retroativo, e o tratado só produzirá efeitos a partir da troca ou 
depósito dos instrumentos de ratificação. 
Deve ser dada por escrito. 
Contém 3 partes: 
* ”narratio” – parte inicial em que se historiam os tratados, enunciam-se os Estados 
contratantes, menciona-se a finalidade do tratado e termina pela transcrição do texto do 
tratado. 
* “dispositio” – parte em que se faz referência a ratificação propriamente dita. 
* “corroboratio” – é a parte em que “o signatário apresenta o instrumento como demonstração 
de sua resolução de ratificar o tratado, ‘em fé de que’o assina e sela”. 
 
PROMULGAÇÃO 
 
Ocorre normalmente após a troca ou o depósito dos instrumentos de ratificação. Atinge a 
executoriedade do tratado no direito interno. No Brasil a promulgação é feita por Decreto do 
Presidente da República e é publicada no Diário Oficial. 
 
PUBLICAÇÃO 
 
Condição essencial para o tratado ser aplicado no âmbito interno. 
REGISTRO 
É considerado dia do registro do tratado o dia do recebimento pelo Secretário – geral do pedido 
do mesmo. Quando o registro é ex officio, a data do registro é considerada como sendo a em 
que o tratado entrou em vigor. O depositário de um tratado tem como função registrar o tratado 
no Secretariado da ONU. 
 
AS FASES DO PROCESSO DE CONCLUSÃO – TRATADO NO BRASIL – INCORPORAÇÃO 
AO ORDENAMENTO JURÍDICO INTERNO 
 
- INICIATIVA E ASSINATURA 
• iniciativa, negociação e assinatura do acordo pelo Presidente da República que pode 
delegar, e de regra o faz, parte importantíssima destas atribuições ao Ministério das 
Relações Exteriores que, por sua vez pode valer-se do auxílio de outras instituições 
federais; 
• envio de Mensagem pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, 
acompanhada de uma exposição de motivos e do texto integral do acordo, que deflagra 
o procedimento de aprovação ou de rejeição do tratado pelo Poder Executivo; 
- RATIFICAÇÃO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Profa. Juliana Ribeiro 
27 
 
No Brasil, a ratificação dos tratados que acarretem encargos ou compromissos 
gravosos ao patrimônio nacional depende da aprovação do Congresso Nacional (artigo 
49, I, da CF/88), destacando-se os acordos sobre a dívida externa, que jamais poderão 
revestir-se da forma de acordo executivo. Dependerá, ainda, da aprovação do Senado 
Federal, as operações externas de natureza financeira de Estados, Municípios e do 
Distrito Federal (artigo 52, V, da CF/88). 
Não obstante a aprovação congressual, ao Presidente da República cabe a última 
palavra quanto à celebração de tratados, podendo este se opor à ratificação. O inverso, 
porém, é inadmissível: rejeitado o projeto do tratado pelo Congresso, não pode o 
Presidente ratificá-lo, donde se conclui ser a aprovação pelo Congresso Nacional 
requisito para a validade da ratificação, com a qual não se confunde. 
 - APROVAÇÃO PELO CONGRESSSO NACIONAL 
A aprovação do Congresso Nacional é expressa mediante a promulgação de um 
decreto legislativo, ao passo que os tratados submetidos apenas ao Senado Federal são 
aprovados através de resoluções. 
• apreciação e deliberação da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos 
Deputados, onde será formulado um projeto de Decreto Legislativo de aprovação ou rejeição, 
seguida da apreciação e deliberação da Comissão de Justiça e outras Comissões da Casa 
que, conforme o tema do tratado, devam opinar sobre ele, da apreciação e deliberação em 
plenário e do envio do projeto de Decreto Legislativo ao Senado Federal; 
• apreciação e deliberação do Projeto de Decreto Legislativo pela Comissão de 
Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, seguido de, se necessário for, e 
somente mediante interposição de recurso, apreciação e deliberação em plenário, para 
finalmente proceder-se à promulgação do Decreto Legislativo pelo Presidente do Senado 
Federal, com publicação daquele no Diário Oficial da União e no Diário do Congresso Nacional; 
 - PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO DOS TRATADOS 
 
Estas fases sucedem a ratificação, sendo ato jurídico interno, que torna o tratado válido 
e executável dentro dos limites territoriais do Estado. Sua importância reside em que os 
tratados não são norma de direito interno, sendo a partir de sua promulgação, através de 
decreto do Presidente da República, que estes passam a integrar o ordenamento jurídico 
interno. 
Uma vez promulgado o texto do decreto, constando a íntegra do tratado em anexo, 
este é publicado no Diário Oficial da União. A publicação é imprescindível para que o tratado 
Apostila de Direito Internacional I 
28 
 
seja aplicado internamente, por dar ciência à população de sua existência, mas cumpre 
ressaltar que sua observância pelo Estado no plano internacional independe desta. 
A ratificação do Presidente da República, seguida da troca ou do depósito do 
instrumento de ratificação, e da promulgação do tratado pelo Executivo através de Decreto, 
publicado no Diário Oficial da União, devidamente acompanhado do texto do acordo 
internacional. 
8 - CONFLITOS ENTRE TRATADOS E ORDEM JURÍDICA INTERNA NO BRASIL 
- Pela denominação inconstitucionalidade intrínseca, destacamos o problema 
concernente à internalização defeituosa dos tratados de que o Brasil é parte. O mais grave 
deles resulta da ratificação imperfeita, isto é, o Poder Executivo ratifica um tratado sem tê-lo 
submetido ao Legislativo. Há, sobre a questão em pauta, três divergentes posições 
doutrinárias, as quais passamos a expor: 
A) a não submissão dos tratados ao Poder Legislativo é questão de direito interno, em 
nada maculando a vigência do tratado, que é fonte de direito internacional, 
principalmente tendo em vista que um Estado não está obrigado a conhecer o 
direito Constitucional do outro; 
B) O tratado celebrado sem a aprovação do Legislativo é nulo, posto não haver 
nenhuma norma de direito internacional concedendo validade a este tipo de tratado. 
C) O tratado será nulo somente quando a violação for notória para o outro Estado 
contratante, sendo válido na hipótese contrária. É conhecida como teoria mista, 
estando consagrada na Convenção de Viena. 
O problema acima abordado refere-se à aplicação do tratado no âmbito interno, fruto 
do cotejo entre o Direito Internacional e o Direito Constitucional. Em qualquer das hipóteses, 
não pairam dúvidas de que o referido tratado é plenamente válido na ordem internacional. 
No plano interno, a solução de maior aceitação doutrinária tem sido a terceira, isto é, 
necessitando a conclusão do tratado se sujeitar aos critérios normais dispostos na Constituição 
dos Estados, em esta sendo violada, pode-se argüir sua invalidade pois, na verdade, o tratado 
não chegou a ser devidamente concluído. É, outrossim, corolário do Estado democrático que o 
Executivo submeta as propostas de tratados à apreciação do Legislativo, sendo que o Direito 
Internacional não pode considerar tal ponderação irrelevante. 
Trata-se do problema de maior complexidade em sede de conflito de normas internas e 
internacionais. Com efeito, a doutrina tem sido cautelosa na análise desta questão, optando por 
Profa. Juliana Ribeiro 
29 
 
não reconhecer nem à Constituição nem aos tratados supremacia absoluta. Prefere a doutrina 
a busca da conciliação entre as ordens jurídicasnacional e internacional. 
Várias têm sido as soluções encontradas pelos Estados para este problema. Há 
Constituições que prevêem o primado dos tratados sobre o disposto nelas, e, ao contrário, há 
aquelas que ordenam a prevalência de seus dispositivos em caso de conflito. Todavia, mesmo 
tais disposições não devem ser aplicadas sem uma maior análise da situação fática, e tem sido 
obra árdua da jurisprudência fundamentar suas decisões neste campo. 
O Brasil, por expressa norma constitucional (artigo 102, III, b) consagrou o princípio da 
supremacia da Constituição, ao conceder ao Supremo Tribunal Federal competência para 
declarar a inconstitucionalidade dos tratados. 
Conflito entre lei federal e tratado. 
O problema da existência de norma legal incompatível com o disposto em tratado do 
qual o Brasil é parte tem sido objeto de profunda controvérsia doutrinária. Ao longo dos anos e 
através das diversas Constituições do país desde sua independência, os juristas têm 
trabalhado a questão de como resolver o citado conflito. Ao menos três posições podem ser 
facilmente isoladas: 
A) o tratado promulgado e publicado no Brasil tem status de lei federal, resolvendo-
se eventuais discrepâncias pela clássica regra hermenêutica lex posteriori derrogat 
priori, ou seja, a norma estatuída posteriormente, seja o tratado ou a lei, tem o 
condão de derrogar a anterior naquilo em que forem incompatíveis; 
B) a lei tem prioridade de aplicação sobre o tratado no que forem incompatíveis, em 
obediência ao princípio de que os tribunais não podem se furtar a aplicar as leis do 
país; 
C) a norma internacional é dotada de primazia sobre a lei interna, em obediência ao 
princípio do pacta sunt servanda. 
A terceira posição é hoje doutrinariamente dominante, pelas razões que exporemos 
sucintamente. Tratado e lei não podem revogar-se mutuamente, por se tratar de normas de 
natureza diversa. Não são elaboradas de forma semelhante, tampouco são expressão de uma 
mesma vontade. Por outro lado, a segunda posição também não logra êxito, uma vez que, se 
há obrigação de os tribunais aplicarem as leis, igual responsabilidade lhes cabe no tocante aos 
tratados, mormente em face dos artigos 102, III e 105, III, da Constituição Federal. Não é 
possível, por conseguinte, a concepção do tratado como fonte supletiva da lei, aplicável 
somente quando de sua ausência. 
Apostila de Direito Internacional I 
30 
 
A vigência inarredável dos tratados (e a doutrina entende que este termo deve ser 
interpretado em sentido amplo, para abranger também Convenções, Protocolos, Cartas, ...) 
advém, em primeiro lugar, da liberdade dos Estados para celebrar ou não tratados. Livres para 
escolher, não podem, uma vez celebrado o acordo, deixar de efetivá-lo sob a escusa de que 
seu cumprimento contrariaria o direito interno. Pacta sunt servanda. Os princípios de 
cooperação entre os povos e os ditames da boa-fé devem presidir as relações internacionais. 
Dado ser muito difícil que um Estado conheça o ordenamento interno do outro, não é possível 
que os tratados deixem de ser cumpridos sob a escusa de incompatibilidade com a ordem 
jurídica interna. 
Soma-se ao argumento acima exposto, o fato de que o Poder responsável pela 
elaboração de lei - o Congresso Nacional - participa da conclusão dos tratados, enquanto a 
recíproca não é verdadeira, isto é, nem todos os participantes da elaboração dos tratados 
participam da elaboração das leis. O Poder Legislativo permite a conclusão dos tratados, 
entendendo-os compatíveis com o direito interno. O Congresso Nacional, ao longo de sua 
história, não permitiu a conclusão de tratados inconstitucionais, em respeito ao princípio da 
primazia da Constituição. 
Entretanto, não se pode exigir que o governo aplique uma disposição internacional 
cujos resultados mostrar-se-ão gravosos ao país. Nestes casos, os tribunais poderão deixar de 
aplicá-lo, mas este desrespeito por parte dos Poderes é passível de responsabilização 
internacional. Para prevenir esta responsabilização, o Governo deve denunciar o referido 
tratado ao invés de deixar de cumpri-lo. 
Reservas 
 
A reserva é um qualificativo do consentimento. A Convenção de Viena define reserva como: 
“uma declaração unilateral, qualquer que seja sua redação ou denominação, feita por um 
Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de 
excluir ou modificar os efeitos jurídicos de certas disposições do tratado em sua aplicação a 
esse Estado”. 
Por quebrar a uniformidade absoluta do regime jurídico convencional, a reserva se vê 
tradicionalmente entendida como um mal necessário à prevenção de mal maior, que seria a 
marginalização de Estados diversos nos pactos contra cujo texto nutrissem objeção tópica, 
tantas vezes mínima, ou inexpressiva na essência. Assim, a retirada de reservas é gesto não 
apenas aceito, mas incentivado na cena do direito internacional público. Muitos são os tratados 
que, facultando reservas, encerram também norma que prevê e facilita sua retirada. 
A conclusão que podemos apresentar é que as reservas devem estar realmente sujeitas ao 
controle do legislativo nos casos em que ele é exigido, uma vez que elas modificam o tratado, 
modificação esta que pode não ser aceita pelo Legislativo. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 
31 
 
Garantia de Execução dos Tratados 
 
A execução de um tratado é “questão de boa-fé”. O tratado é executado pelo Estado na 
mais completa independência (princípio da independência) e sob a sua única 
responsabilidade. O Direito Internacional Geral ou Comum somente oferece um instituto 
para garantir a execução do tratado, que é o da responsabilidade internacional. 
 
A garantia acima, sendo considerada insuficiente pelos contratantes, é então acrescentada 
convencionalmente uma outra forma de assegurar a execução do tratado. Utilizam-se os 
Estado de quatro meios capazes de preventivamente obrigar os demais contratantes ao fiel 
cumprimento do tratado: 
a) garantia; 
b) entrega de território; 
c) entrega em garantia da renda do Estado; 
d) a execução é entregue à fiscalização dos organismos internacionais. 
 
Extinção dos Tratados 
 
 O fim dos tratados pode ocorrer de diversas maneiras, entre elas: 
a) execução integral do tratado; 
b) consentimento mútuo; 
c) termo; 
d) condição resolutória; 
e) renúncia do beneficiário; 
f) caducidade; 
g) guerra; 
h) fato de terceiro; 
i) impossibilidade de execução; 
j) ruptura de relações diplomáticas e consulares; 
k) inexecução por uma das partes contratantes 
l) denúncia unilateral. 
 
Tem-se interpretado que os tratados sem prazo determinado podem ser denunciados, uma vez 
que nenhum tratado é perpétuo. Admite-se ainda a denúncia naqueles tratados em que ela não 
é prevista, mas que se possa demonstrar ter sido intenção das partes admiti-la, bem como nos 
acordos técnicos cuja denúncia não acarreta prejuízos para a outra parte. 
A denúncia de um tratado no Brasil, não necessita de aprovação do Legislativo, o que é mais 
um argumento para mostrar que o tratado não pode ser equiparado a uma lei. 
 
Apostila de Direito Internacional I 
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Revisão dos Tratados 
 
 A revisão dos tratados pode ser feita: 
a) judicialmente; 
b) por negociações diretas; 
c) por um órgão internacional. 
 
Os motivos da revisão geralmente são políticos. 
Existem duas espécies de revisão: 
- parcial : atinge apenas alguns

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