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A Importância da Disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica na Universidade

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A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA DE 
METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
 NA UNIVERSIDADE 
 
 
Marivete Bassetto de QUADROS1
 
RESUMO 
 
Um dos parâmetros usuais para a categorização dos países, em avançados ou 
em desenvolvimento, ou das instituições de Ensino Superior, em boas ou 
regulares é, sempre e invariavelmente, a ênfase que imprimem à pesquisa 
científica. Esta questão, por sua vez, está vinculada ao ensino de graduação. No 
caso brasileiro, a deficiência que se observa no binômio pesquisa científica x 
graduação decorre de fatores diversos. Neste sentido, é na graduação que as 
imprecisões terminológicas precisam ser discutidas: O que é ciência? O que é 
pesquisa científica? Quando um estudo pode ser classificado como científico? 
Quem é ou o que é pesquisador? Diante de pesquisas efetivadas e resultados 
divulgados temos as seguintes problematizações: Como mensurar o caráter 
científico de uma pesquisa? Como mensurar coerência, originalidade, 
objetivação? Na nossa opinião, o distanciamento do mundo da pesquisa se inicia, 
ainda na graduação, e prossegue na pós-graduação lato sensu, como decorrência 
da forma como o conteúdo da disciplina de Metodologia Científica (ou 
denominações similares) é transmitido. Sem a pretensão de exaurir a temática, 
objetivamos discutir e analisar neste artigo alguns pontos de estreitamento para 
o desenvolvimento da pesquisa na graduação. 
 
Palavras-chave: Metodologia. Pesquisa. Universidade. Graduação. Importância. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Um dos parâmetros usuais para a categorização dos países, em 
avançados ou em desenvolvimento, ou das instituições de Ensino Superior, em 
boas ou regulares é, sempre e invariavelmente, a ênfase que imprimem à 
pesquisa científica. Esta questão, por sua vez, está vinculada ao ensino de 
graduação. 
 
 88
1 Professora da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho – FAFIJA e da 
Faculdade do Norte Pioneiro – FANORPI nas disciplinas de Metodologia da Pesquisa Científica e 
Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso. 
 
No caso brasileiro, a deficiência que se observa no binômio pesquisa 
científica x graduação decorre de fatores diversos. Neste sentido, é na graduação 
que as imprecisões terminológicas precisam ser discutidas: O que é ciência? O 
que é pesquisa científica? Quando um estudo pode ser classificado como 
científico? Quem é ou o que é pesquisador? 
Todas estas questões e seus elementos não são de fácil conceituação. 
Objeto de estudo da psicologia da aprendizagem, o processo de aprendizagem 
dos conceitos é bastante abrangente. Incorpora a permanente mutação do nosso 
repertório conceitual, e há conceitos de maior complexidade, por representarem 
inferências em nível elevado de abstração, cujo sentido não é facilmente 
visualizado, como é o caso dos conceitos embutidos nas questões formuladas. 
Então, diante de pesquisas efetivadas e resultados divulgados temos as 
seguintes problematizações: 
Como mensurar o seu caráter científico? Como mensurar coerência, 
originalidade, objetivação? 
Diante do exposto, sem a pretensão de exaurir a temática, objetivamos 
discutir, a seguir, pontos de estreitamento para o desenvolvimento da pesquisa 
na graduação. 
 
1 O ENSINO DA METODOLOGIA CIENTÍFICA E AS QUESTÕES CONCEITUAIS 
 
Na nossa opinião, o distanciamento do mundo da pesquisa se inicia, 
ainda na graduação, e prossegue na pós-graduação lato sensu, como decorrência 
da forma como o conteúdo da disciplina de Metodologia Científica (ou 
denominações similares) é transmitido. Salvo algumas exceções, qualquer 
docente, independente de sua área de atuação, é designado para ministrá-la. 
Ora, se o professor não desenvolve, sistematicamente, trabalhos de 
investigação científica, não tem como desvendar com o discente o mundo mágico 
da ciência e termina por impor teorias e métodos científicos, normas e regras, 
sem discutir a lógica da ciência enquanto processo vital à humanidade. 
Em vez de a metodologia da pesquisa ser comunicada como um processo 
de tomada de decisões e opções que “[...] estruturam a investigação em níveis e 
em fases e que se realizam num espaço determinado que é o espaço epistêmico” 
(LOPES, 2004, p. 15), tudo ou quase tudo é posto e imposto em nome de uma 
pseudociência, que assume caráter de inacessível, incompreensível, 
 89 
impenetrável, enfadonho ou “muito chata”. Conforme Ferreira (2005) 
epistemologia é o “Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o 
conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles 
técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou lingüísticos)”. 
A ciência precisa ser vista como elemento de vida, termo em si de difícil 
concepção. A nossa concepção de ciência reitera, pois, a visão de Rubem Alves, 
educador, e como todo e qualquer bom educador, um sonhador. Para ele, num 
texto magnífico, intitulado Ciência, coisa boa..., a vida é muito mais do que a 
ciência. A ciência é tão somente uma coisa, entre muitas outras, “[...] que 
empregamos na aventura de viver, que é a única coisa que importa” (1998, 
p.17). 
A ciência é, essencialmente, o fascínio do conhecimento, a busca 
incessante para compreensão dos fenômenos que nos cercam. É a resposta para 
nossas indagações diante da vida, da natureza, dos males que afligem as 
espécies e assim por diante. A busca das suas verdades, sempre instáveis e 
mutáveis. Verdade e certeza absolutas são inatingíveis. Aquilo que temos são 
apenas modelos provisórios, que construímos, para entrar um pouco no mundo 
misterioso do desconhecido. 
Logo, a ciência é, em sua essência, é um processo social, dinâmico, 
contínuo, volátil e cumulativo. Há séculos, influencia a humanidade, rompe 
fronteiras e convicções, modifica hábitos, gera leis, provoca acontecimentos, e, 
mais do que tudo amplia, de forma contínua, as fronteiras do conhecimento. 
(TARGINO, 2005). 
Em meio a este ciclo que posiciona a ciência como um continuum, está o 
que denominamos de comunicação científica. Independente do campo de 
conhecimento consiste na troca de informações entre os pares da comunidade 
científica, recorrendo-se, para tanto, a quaisquer recursos formais, informais e 
eletrônicos, envolvendo publicações, eventos, inovações tecnológicas etc. Na 
verdade, a comunicação científica fundamenta-se na informação científica, 
matéria-prima do conhecimento, ou seja, a informação transmuta-se em 
conhecimento, quando apreendida e assimilada. 
Com o exposto, respondemos à segunda indagação – O que é pesquisa 
científica? – Indo além, diante do termo científica, lembramos que a demarcação 
científica incorpora parâmetros. Os critérios de caráter interno compreendem: 
consistência, coerência, originalidade, objetivação, racionalidade, 
 90 
cumulatividade, capacidade de predição, verificabilidade, dentre outros. Os 
critérios externos referem-se à análise do texto produzido pela comunidade 
científica, o que gera a possibilidade de reconhecimento generalizado ou relativo. 
Isto retoma a premissa irrefutável de que inexiste pesquisa científica sem 
divulgação de resultados. (TARGINO, 2005). 
Pesquisa científica e divulgação de resultados são atividades 
indissociáveis. Divulgar resultados é etapa da pesquisa, e não mero acessório. 
Como seria possível falar em evolução da humanidade, se Einstein, Newton, 
Lavoisier, Darwin ou a equipe do Projeto Genoma Humano tivessem guardado 
para si suas descobertas? 
Se nas ciências da vida e nas ciências exatas, em geral, as conseqüências 
das descobertas são mais perceptíveis, também nas ciências humanas e sociais, 
as pesquisas efetivadas, se divulgadas de forma apropriada, surtem efeitossociais relevantes. 
A questão – Quem é pesquisador? – não comporta uma resposta unívoca, 
como antes discutido (TARGINO, 2004). Quem pode ser considerado 
pesquisador? O aluno de graduação vinculado à iniciação científica ? O docente 
universitário que cadastrou o seu projeto de pesquisa há anos em sua IES, mas 
nunca apresentou resultados significativos? O pós-graduando ou graduando que 
escreve ou escreveu sua monografia para cumprir mera formalidade? O 
pesquisador de um instituto de pesquisa, em cuja carteira de trabalho, consta – 
pesquisador júnior, pesquisador sênior etc. – mas que, no dia-a-dia, limita-se a 
funções burocráticas? 
O máximo que conseguimos assegurar é que o pesquisador busca, 
incessantemente, a verdade na ciência, consciente de que jamais se tornará o 
detentor da “verdade”, seguindo ao longo desse percurso normas peculiares à 
comunidade cientifica. 
 
2 O ENSINO DE METODOLOGIA NA GRADUAÇÃO 
 
Ora, se falta aos docentes, em geral, sensibilidade para compartir com a 
graduação a riqueza conceitual presente no mundo da metodologia científica, há 
outra questão ainda mais séria, responsável pela pobreza das pesquisas em 
comunicação científica. 
 91 
Uma questão séria, responsável pela pobreza da pesquisa na graduação. 
Salvo as disciplina(s) obrigatória(s), o aluno enfrenta o desafio de desenvolver 
sua primeira pesquisa, com freqüência, tão-somente em seu último semestre, ou 
quando em cursos anuais no último ano, com a obrigatoriedade da monografia 
final ou o denominado TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO. 
Por conseguinte, este assume o caráter de “monstro” aterrador, haja 
vista que o primeiro contato entre futuro profissional e pesquisa científica se dá 
dentro de um clima, por si só antagônico, diante da pressão da formatura que se 
aproxima e do contato com o desconhecido. 
Habituados, desde o ensino fundamental e médio, a encarar a autoria 
como ato banal, o universitário costuma “brincar de autor”, através da 
compilação de verdadeiras “colchas de retalho”, deixando para trás a elaboração 
dos projetos como instrumento de mensuração da capacidade crítica, criativa e 
ética do formando. 
Sem a pretensão de macular o bom ensino da graduação, presente em 
algumas universidades e faculdades, afirmamos que muitos dos problemas 
envolvidos na execução dos TCCs sejam na forma monográfica, artigos 
científicos, paper entre outros estão vinculados à pouca ênfase que é concedida 
ao ensino da metodologia científica, aliada a questões outras, como: (TARGINO, 
2005)
a) Desarticulação entre a grade curricular, relegando a inter e 
transdisciplinaridade, incorporadas, em nível teórico, nos foros de 
debate acerca do ensino em graduação; 
b) Discussões evasivas sobre a possibilidade de as monografias 
substituírem os estágios curriculares ou extracurriculares, se for o 
caso, embora constituam esferas distintas; 
c) Tendência para que os TCC reflitam a dicotomia presente em muitos 
cursos de graduação – teórico ou prático? prático ou teórico?; 
d) Complexidade inerente ao processo de autoria em torno das 
(des)vantagens da autoria individual x múltipla; 
e) Controversa relação entre orientador x orientador; 
f) Questões técnico-administrativas, envolvendo carência e/ou 
inadequação dos recursos humanos, materiais, tecnológicos e 
financeiros das instituições; 
g) Complexo processo de acompanhamento e avaliação dos TCC; 
 92 
h) Registro, arquivamento e processo de divulgação dos TCC, muitas 
vezes, deficientes. 
 
O estudo de Metodologia Científica nas universidades raramente é bem 
aceito pelos alunos. As perguntas cruciais advêm do por que e para que estudar 
tantas regras, tantos detalhes, indicações rígidas para digitação e formatação do 
texto, que parecem cercear a liberdade do aluno em pensar e escrever sem 
nenhuma exigência metodológica. 
Num mundo marcado pela pressa, pela falta de tempo, pelo tic-tac do 
relógio, falar de disciplina e de método é realmente desanimador. Acostumamo-
nos a um necessário e exacerbado ativismo, a agir como robôs mecanizados, a 
copiar idéias e posturas e deixamos de lado uma das maiores riquezas humanas 
que é a capacidade de pensar. 
O primeiro objetivo da disciplina de Metodologia Científica é resgatar em 
nossos alunos a capacidade de pensar. Pensar significa passar de um nível 
espontâneo, primeiro e imediato a um nível reflexivo, segundo, mediado. O 
pensamento pensa o próprio pensamento, para melhor captá-lo, distinguir a 
verdade do erro. Aprende-se a pensar à medida que se souber fazer perguntas 
sobre o que se pensa. (LIBÂNIO, 2001). 
Uma segunda meta a ser alcançada pela Metodologia Científica é 
aprender a arte da leitura, da análise e interpretação de textos. Vivemos o 
fenômeno do aluno-copista, vivemos a era do Ctrl C e Ctrl V, que reproduz em 
suas pesquisas e trabalhos acadêmicos aquilo que outros disseram, sem nenhum 
juízo de valor, de crítica ou apreciação. Reproduz sem ética sem dar o devido 
crédito intelectual e autoral. 
Sabemos da dificuldade que a leitura e hermenêutica - arte de interpretar 
o sentido das palavras - de um texto apresentam em relação à interpretação de 
um autor, a sua real intenção e que um texto/palavra é um mundo aberto a ser 
lido e interpretado e, exatamente por isso o texto linguagem significa, antes de 
tudo, o meio intermediário, pelo quais duas consciências se comunicam. Ele é o 
código que cifra a mensagem (SEVERINO, 2002). 
E um terceiro ponto que norteia o ensino da Metodologia é aprender a 
fazer, que significa colocar-se num movimento histórico em que o presente 
assume continuamente uma instância crítica em relação ao passado. Aprender a 
fazer captando o lado ético de todo agir humano implica um senso de 
 93 
responsabilidade, pois quanto mais cuidamos de vislumbrar o futuro nos atos 
presentes, mais aprendemos a fazer. Aprender a fazer e a pensar não é privilégio 
de inteligências. 
Grandes gênios se perderam no encurralamento de seu saber 
fragmentado e hiperespecializado, desenvolvendo experiências que terminaram 
em produtos nefastos para a humanidade. Não se pode entender o investimento 
de inteligências na pesquisa de armamentos de morte, a não ser porque essas 
pessoas nunca aprenderam a pensar e a fazer. (LIBÂNIO, 2002). 
Vemos, portanto, que a Metodologia objetiva bem mais que levar o aluno 
a elaborar projetos, a desenvolver um trabalho monográfico ou um artigo 
científico como requisito final e conclusivo de um curso acadêmico. Ela pode 
levar o/a aluno/a a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando um 
pensamento estruturado, plausível e convincente. 
O conteúdo da disciplina Metodologia Científica pode ser classificado 
como conceitual e procedimental, uma vez que não basta memorizar as ações ou 
as normas da ABNT sem uma construção de sentidos, pois é preciso 
compreender sua lógica de funcionalidade, bem como, realizar as etapas - que 
comporta o saber fazer – para isso as condições de aprendizagem são: a reflexão 
sobre a ação que o sujeito está fazendo, a exercitação constante, é preciso fazer 
uso deste conhecimento com freqüência e a descontextualização – saber aplicar 
em outras situações que se apresenta como necessidade (ZABALA, 2001). 
Tendo claro esta questão, que os alunos (as) aprenderão a fazer, fazendo 
em um contexto pleno de significados, propiciando espaços onde os alunos e 
alunas, têm oportunidade de realizar atividades num processo experimental a 
partir dos textos das outras disciplinas, como o exercício de sublinhar textos, 
produzir esquemas e resumos, estruturar um trabalho exigido na graduação 
considerando as normas da ABNT, entre outros. 
O desenvolvimentoprogressivo das competências relacionadas ao ler e 
escrever que nossos alunos e alunas precisam dar conta de construir no percurso 
da graduação, não é objetivo de apenas uma disciplina ou de um professor, mas 
deve ser um compromisso de todos e todas que como enfatiza Edgar Morin 
(2001), tem a compreensão que o conhecimento deve ser transversal. 
O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou de 
pensamento, leva o indivíduo a adquirir hábitos e posturas diante de si mesmo, 
do outro e do mundo que só têm a beneficiar a sua vida tanto profissional quanto 
 94 
social, afetiva, econômica e cultural. Por método entendemos caminho que se 
trilha para alcançar um determinado fim, atingir-se um objetivo; para os filósofos 
gregos, metodologia era a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade. 
Ora, as regras e passos metodológicos que são ensinados na 
universidade, visando à inserção do estudante no mundo acadêmico-científico - 
que são pertinentes e necessárias - objetivam também, e sobretudo, a criar 
hábitos que o acompanharão por toda a sua vida, como o gosto pela leitura, a 
compreensão dos diferentes interlocutores, um espírito crítico maduro e 
responsável, o diálogo claro e profundo com os outros e com o mundo, a 
autodisciplina, o respeito à alteridade e ao diferente, uma postura de humildade 
diante do pouco que se sabe e da infinidade de saberes existentes, o exercício da 
ética e do respeito a quem pensa diferente, a ousadia/coragem de expor o 
próprio pensar. 
A disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica nas universidades deve 
ajudar os alunos na experiência de sentirem-se cidadãos, livres e responsáveis, a 
administrar suas emoções e exercitar o bom senso e a eqüidade. De um modo 
peculiar, os alunos muito se enriquecem quando assimilam bem tudo que foi 
exposto, estes saem da faculdade cheios de teorias, de idéias para 
revolucionarem as empresas, levá-las a patamares recordes de lucro e eficiência; 
acumulam teorias dos mais renomados especialistas em marketing, em controle 
de qualidade, logística, organização empresarial, enfim, administração pública, 
reserva de mercado. Deparam-se, muitas vezes, com a questão do método. Por 
onde começar? Qual o primeiro passa a ser dado? O que é mais urgente? Entre 
teoria e método há uma grande diferença, ainda que sejam interdependentes. 
Ambos buscam realizar o objetivo proposto, a teoria pode gerar e dar forma ao 
método e vice-versa; o método quando alimentado de estratégia, de iniciativa, 
invenção e arte estabelece uma relação com a teoria capaz de propiciar a ambos 
regenerarem-se mutuamente pela organização de dados e informações (MORIN 
apud VERGARA, 2005, p. 335). 
O método numa empresa ou instituição abre caminhos, aponta ou intui 
soluções, minimiza tempo e gastos, estimula o diálogo entre opiniões contrárias 
e/ou diferentes, resgata a postura ética, cria o espírito de participação e 
responsabilidade comuns na solução de problemas, no enfrentamento de 
desafios e na conquista de metas. 
 95 
O profissional que pauta sua vida por princípios metodológicos adquiridos 
na universidade adquire possibilidades de pensar e ver para além do que lhe é 
mostrado e exigido; ele/a pode levar a instituição ou empresa a se destacar e 
até mesmo inovar em áreas específicas, pois aprendeu a traçar metas e 
objetivos claros, convencidos das hipóteses levantadas, apoiados em referenciais 
de análise seguros que justificam os argumentos expostos. Tudo isto como fruto 
de alguém que aprendeu a pensar, aprendeu a ler, analisar e interpretar - não só 
os textos como a vida - aprendeu, assim, a fazer! 
Acreditamos que o mundo acadêmico-científico é uma cartilha - um 
pouco mais elaborada - para aprender a arte de com-viver. E viver-com é a arte 
de ser. Quando assimilarmos no cotidiano da vida, não apenas as regras 
metodológicas da ABNT e suas infinitas exceções e peculiaridades, com o 
objetivo de elaborar um trabalho científico de excelência, mas avançarmos, 
transformando as mesmas regras frias e intelectuais em hábitos que integralizam 
a pessoa, então estaremos, também, aprendendo a ser. Entrar nesse processo 
significa superarmos a tentação de medir tudo em termos de eficiência e de 
interesses e substituirmos esses critérios quantitativos por intensidade da 
comunicação, pela difusão dos conhecimentos e das culturas, pelo serviço 
recíproco e a boa harmonia para levar adiante uma tarefa comum (LIBÂNIO, 
2002, p. 85). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Em suma, julgamos imprescindível gerar atitudes comportamentais 
conscientes e internalizadas quanto às operações inclusas no processo de 
pesquisa científica, a partir da graduação. Afinal, é este o estágio mais propício 
para começar a preparação de um cientista capacitado, rompendo o estereótipo 
da pesquisa como monstro submisso a formas e fórmulas mecânicas, 
burocráticas e maçantes. Isto significa investir em medidas aparentemente 
simples, mas decisivas, como: minimizar as distorções do ensino da metodologia 
científica; enfatizar a prática da Iniciação Científica; estimular a transformação 
dos Trabalhos de Conclusão (TCC) em pesquisas significativas para o avanço da 
área; e ressaltar a divulgação de resultados como elemento essencial dos 
trabalhos desenvolvidos. 
 96 
Avaliamos que muitas são as dificuldades de aprendizagem para os 
acadêmicos e acadêmicas na disciplina de Metodologia Científica. Seja em função 
da idéia equivocada que têm da pesquisa, considerando o modelo adotado na 
escolarização básica, a pura reprodução das fontes, ou mesmo por causa da 
prática insuficiente de leitura e capacidade de construção interpretativa. 
Entretanto, uma contribuição fundamental nesta questão é o trabalho coletivo 
entre os docentes no sentido de fazer as regulações necessárias contribuindo 
para o avanço do saber em estudo. 
Um dos grandes méritos desta disciplina é a reflexão sobre a inconstância 
do conhecimento, pois permite a compreensão da necessidade do ser humano 
produzir perguntas e respostas relacionadas às dúvidas e questionamentos 
postos, objetivando a interpretação e a explicação da realidade, das coisas e dos 
fenômenos. Neste sentido, o conhecimento que hoje nós validamos, amanhã 
podemos refutá-lo, constitui-se num aspecto fantástico que se traduz na sua 
própria inconclusão do ser, na idéia do provisório. Isso nos remete ao campo da 
produção das explicações e das verdades. É comum os alunos e alunas terem um 
conceito de verdade absoluto, uma única referência. No processo de leituras e 
debates a desconstrução destas idéias, é algo que se torna inevitável. (NEVES, 
2006) 
Aprender e ensinar Metodologia Científica, não pode se limitar a uma 
atividade distanciada da práxis pedagógica, senão nosso papel em sala de aula 
será apenas o de exigir o cumprimento de normas que não compreendemos, 
bem como, solicitar dos alunos e alunas algo que não fazemos, como por 
exemplo, o exercício da reflexão escrita. 
Freire (1997) sinaliza que como docentes nós não podemos ajudar os 
alunos e alunas a superarem suas ignorâncias se não superamos 
permanentemente a nossa, pois não podemos ensinar o que não sabemos, o que 
não aprendemos. Que legitimidade temos, então de solicitar um artigo científico, 
quando não conseguimos escrever nenhuma linha, não temos intimidade com a 
publicação? Questões como esta dialogam cotidianamente com a minha prática, 
interrogam o meu fazer e certamente tem me ajudado a ensinar melhor. 
Esta forma de ver e aprender Metodologia da Pesquisa Científica talvez 
possa contribuir para um maior desempenho dos professores que se 
responsabilizam pelo seu ensino, uma melhor aceitação da disciplina/matériapor 
parte dos alunos - nem sempre muito receptivos -, e poderá, finalmente, 
 97 
proporcionar uma dinâmica interdisciplinar com as demais matérias visando um 
ensino eficaz e integrador. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALVES, Rubem. Ciência coisa boa... In: MARCELLINO, N. C. (Org.). Introdução 
às ciências sociais. Campinas: Papirus, 1998. p. 11-17. 
 
FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991. 
 
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 
São Paulo: Paz e Terra, 1997. 
 
LIBÂNIO, João Batista. Introdução à vida intelectual. 2. ed. São Paulo: 
Loyola, 2001. 
 
______. A arte de formar-se. São Paulo: Loyola, 2002. 
 
LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Pesquisa de comunicação: questões 
epistemológicas, teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de Ciências da 
Comunicação, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 13-39, jan./jun. 2004. 
 
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos 
e resenhas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 
 
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3. ed. 
São Paulo: Cortez, 2001. 
 
NEVES, Josélia Gomes. Metodologia científica ou a dor e a delícia de aprender a 
ler e escrever na graduação. Revista Virtual Partes. Disponível em: 
http://www.partes.com.br/educacao/metodologia.asp. Acesso dia 15mar2006. 
 
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São 
Paulo: Cortez, 2002. 
 
TARGINO, Maria das Graças. A pesquisa cientifica é uma atividade criativa? 
(2005) Disponível em: www.imes.edu.br/revistasacademicas.com. Acesso dia 
20/jul/2006. 
 
VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em Administração. São 
Paulo: Atlas, 2005. 
 
Para citar este artigo: 
 
QUADROS, Marivete Bassetto de. A importância da disciplina de Metodologia da 
Pesquisa Científica na universidade. In: ANAIS - VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO 
NORTE PIONEIRO – Educação e Interdisciplinaridade. 2007. FAFIJA, Jacarezinho, 2007. 
p. 88 - 98. ISSN 18083579. 
 
 98 
	A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
	 NA UNIVERSIDADE

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