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TRABALHO QUILOMBOLAS - ANTROPOLOGIA

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1 Resumo da História do Povo Negro
Estima-se que, ao longo de quase quatro séculos, mais de 11 milhões de africanos tenham sido trazidos para a América como escravos. Cerca de 4 milhões, para o Brasil. Coube a essa multidão suportar a parte mais difícil da construção do Novo Mundo: o trabalho mais duro, a carga mais pesada, a violência mais brutal. Os anos se passaram, o trabalho escravo deixou de ser a opção mais rentável e a escravidão foi legalmente banida. Como resultado de acontecimentos tão terríveis, ainda hoje os descendentes dos antigos escravos representam uma parcela significativa da população mais pobre e marginalizada do Brasil. Entretanto, essa não é a única parte da história, apesar de ser a mais conhecida, pois, do período escravocrata até o presente, muitos também encontraram caminhos para superar as dificuldades. Insubmissos, criativos e disciplinados, esses homens e mulheres viveram histórias vitoriosas.
2 O que eram os quilombos
Os quilombos eram espécies de comunidades compostas por ex-escravos que fugiam das fazendas na época do Brasil Colonial. O período de maior formação dos quilombos foi entre os séculos XVI e XIX. 
 2.1 Organização, economia e vida
Os quilombos tinham uma organização parecida com as aldeias africanas, de onde os quilombolas eram originários. Havia uma divisão de tarefas e todos trabalhavam. Um líder geralmente comandava o quilombo. Viviam, principalmente, da agricultura de subsistência e da pesca. Podiam viver de acordo com seus hábitos culturais africanos e praticar livremente seus cultos religiosos.
 2.2 Quilombolas
Os quilombolas eram aqueles que habitavam os quilombos, ou seja, ex-escravos de origem africana que conseguiam fugir das fazendas e engenhos e buscavam moradia nestes quilombos.
 2.3 Combate aos quilombos
Era muito comum os fazendeiros e senhores de engenhos contratarem homens armados para desfazerem os quilombos e capturar os escravos fugitivos. Ocorreram vários combates entres estes homens e os quilombolas durante o período colonial. Os quilombolas resistiam e, muitas vezes, protegiam o quilombo mantendo sua existência.
2.4 A Ocorrência de Quilombos na História da Bahia
O escravo ou crioulo resistia à escravidão, e a forma que todos tinham individual ou em grupo para que houvesse resistência eram a fuga, eles se reunião em comunidades que hoje chamamos de comunidades remanescentes de quilombos. Após muitos e muitos anos os fazendeiros deixavam para essas famílias como forma de pagamento alguns pedaços de terras para habitarem, logo após houve alforria foi quando entregaram a documentação das terras que para eles foram doadas, entretanto não podia ser vendida, era para ser passado de geração em geração. 
Em 1973 foi constatado por pesquisas realizadas o maior número de ocorrência de quilombola dominando territórios “aquilombamento” na história da Bahia, foram descobertos registros com algumas ocorrências de terras ocupadas por quilombolas no século XVII. O quilombo do Rio Vermelho no atual bairro de salvador teria sido organizado em 1629 e destruído em 1642, o quilombo do Rio Real em 1640 fora atacado pelo Terço dos Henrique, que participou das lutas pela expulsão dos Holandeses em Pernambuco, Buraco do Tatú situado entre campinas de Pirajá e a Vila de S. Amaro de Ipitanga, que possivelmente foi o quilombo mais importante do período colonial e teria sido atacado por uma guarnição de 200 homens sob o comando do Capitão-Mor Joaquim de Costa Cardoso em 1763.
A história de grande parte dos quilombos na Bahia é marcada por disputas e conflitos com os grandes proprietários e grileiros. Os grupos quilombolas não estão isolados, existem ambientes externos que fazem pressão, os políticos locais e todos grupos que querem realmente que as terras sejam liberadas para venda, e se torne uma mercadoria, e não um território quilombola como deve ser, consagrando toda uma história de um povo que existem há muitos anos. Atualmente, o Estado da Bahia, juntamente com o Maranhão, possui maior concentração de comunidades quilombolas no Brasil, são mais de 500 comunidades somente na Bahia, das quais 381 já foram certificadas pela fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura. Portanto, é estratégico para o governo da Bahia construir e executar uma política estadual de promoção de direitos á terras para comunidades quilombolas. 
2.5 Quilombolas Marcados pela Desigualdade Social
As desigualdades sociais em Salvador apresentam-se, sobretudo no aspecto de ocupação do território, onde apenas uma pequena parcela da população tem acesso a equipamentos públicos e privados de educação, saúde e lazer, dentre outros, a maioria de seus habitantes afros-descendentes reside em locais que, desde a sua origem, configuram-se como espaços de resistência e de luta por reconhecimento da cidadania, ainda, não consolidada, desprovidos de infraestrutura como educação e saúde de qualidade, espaços de lazer, falta de mobilidade, falta de capacitação profissional, de equipamentos culturais, população de baixa renda e descapitalizada
2.6 Quilombo dos Palmares
O quilombo que ficou mais conhecido foi o de Palmares. Teve como um dos principais líderes o ex-escravo conhecido como Zumbi dos Palmares.
 
2.7 Quilombos remanescentes
 
Até hoje, principalmente em regiões do interior do Brasil, existem quilombos. Chamados de quilombos remanescentes, eles são habitados por descendentes de ex-escravos. Uma das principais lutas dos quilombolas atuais é pela posse da terra.
3 QUILOMBOLAS NO BRASIL
Mais de duas mil comunidades quilombolas espalhadas pelo território brasileiro mantêm-se vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição Federal desde 1988.
[]
Tais comunidades estão dispersadas pelo território brasileiro nos estados de Pernambuco, Paraíba, Pará, Bahia, Maranhão, Amapá, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
4 Comunidades quilombolas da Bahia
Os levantamentos mais recentes realizados por pesquisadores e militantes de organizações não governamentais indicam a existência de 300 a 500 comunidades quilombolas no Estado da Bahia. O Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos do governo federal registrava em outubro de 2006 a existência de 159 comunidades naquele estado.
Na Bahia, até outubro de 2006, quatro comunidades contavam com suas terras tituladas (ou ao menos parcialmente tituladas) pelo governo federal ou estadual: Barra, Bananal e Riacho das Pedras; Parateca e Pau D'Arco; Rio das Rãs; Mangal e Barro Vermelho.
A história de grande parte dos quilombos na Bahia é marcada por disputas e conflitos com os grandes proprietários e grileiros. Conheça um pouco mais da trajetória de luta de algumas dessas comunidades:
• Rio das Rãs 
• Parateca e Pau D'Arco 
• Mangal e Barro Vermelho 
• Barra e Bananal
• São Francisco do Paraguaçu
• Jatobá 
• Sacutiaba e Riacho de Sacutiaba 
• Fontes consultadas
4.1 Rio das Rãs: Um exemplo de luta e conquista
Situada no município de Bom Jesus da Lapa, entre o rio São Francisco e o rio das Rãs, a comunidade remanescente de quilombo Rio das Rãs teve seu território titulado pela Fundação Cultural Palmares no ano de 2000 com 272 mil hectares.
As cerca de 300 famílias de Rio das Rãs distribuem-se por diversos pontos de seu território nas localidades conhecidas como Brasileira, Capão do Cedro, Enxu (ou Exu), Riacho Seco, Mucambo, Pau Preto, Retiro, Corta Pé e Rio das Rãs.
A região do médio rio São Francisco onde se encontra essa comunidade passou a ser ocupada a partir do século XVI. Entre os séculos XVII e XVIII, quando se encontrava na rota canavieira nordestina e mineradora, a região experimentou um período de grande prosperidade, principalmente com a criação de gado. Depois, porém, vivenciou quase cem anos de dificuldades em função da decadência da atividade pecuária. Nesse período permaneceram na região quase que exclusivamente negros e índiosaquilombados.
Com a instituição da Lei de Terras em 1850, grileiros, posseiros e supostos donos de terras buscaram obter ou regularizar títulos de propriedade sem levar em conta os direitos da população que historicamente ocupava a região. Foi nesse processo que, no final do século XIX, o coronel Deoclesiano Teixeira estabeleceu o controle sobre as terras dos quilombolas de Rio das Rãs.
Segundo relatam os moradores mais antigos da comunidade, seus antepassados entraram em acordo com o coronel e, na prática, os comunitários tornaram-se agregados, trabalhando para ele como vaquejadores. Esse arranjo só viria a se modificar na segunda metade do século seguinte.
Passados quase um século de relativa calmaria na região, a comunidade se defronta com novas ameaças. No início da década de 1970, novos conflitos se iniciaram na região. A violência foi intensa e muitos quilombolas foram expulsos, além de algumas localidades acabarem se extinguindo.   No início da década de 1980, a compra dessas terras pelo Grupo Bial-Bonfim Indústria Algodoeira agravou ainda mais essa situação de conflito.
Nessa luta, os quilombolas contaram com diversos aliados como o Ministério Público Federal, o Movimento Negro Unificado e a Comissão Pastoral da Terra. A comunidade saiu vitoriosa e conseguiu em 2000 o título sua terra.
Os quilombolas de Rio das Rãs tornaram-se exemplo de luta e estímulo para outras comunidades quilombolas da Bahia e do Brasil por sua resistência e suas conquistas.
4.2 Parateca e Pau D´arco
No médio São Francisco, nos municípios de Malhada e Palmas de Monte Alto, estão localizadas as comunidades quilombolas de Parateca e Pau D'Arco. Dados de 2006 apontam a existência de 500 famílias com uma população total de 1.784 habitantes que compartilha um território comum localizado na margem direita do rio São Francisco.
Tradicionalmente, a maior parte dos quilombolas distribuía-se ao longo das lagoas e dos braços de rio organizada em pequenos grupos familiares. Nas últimas duas gerações, contudo, as disputas com fazendeiros forçaram a migração de parcela significativa dos moradores. Aqueles que permaneceram na região concentraram-se na vila da Parateca, no povoado do Pau d'Arco e na pequena localidade de Jenipapo.
As terras das comunidades de Parateca e Pau d'Arco são vizinhas a territórios tradicionais de outras comunidades de quilombos, como os de Rio das Rãs, ao norte, e os de Tomé Nunes, ao sul.
Suas terras foram parcialmente tituladas pela Secretaria de Patrimônio da União em 25 de setembro de 2006. O título que reconheceu a propriedade de 7.801,44840 hectares é um marco na história dos direitos das comunidades quilombolas. É a primeira vez que o governo federal titula uma terra de quilombo incidente em terrenos de marinha.
"Terrenos de marinha" é um termo que designa as ilhas, as áreas de várzea e as praias que pertencem à União e são administradas pela Secretaria de Patrimônio da União, órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Assim, apesar de serem chamadas de "terrenos de marinha", essas áreas não são administradas nem pertencem à Marinha.
Essa questão já gerou polêmica. Havia um entendimento de que as terras quilombolas incidentes em terrenos de marinha não poderiam ser tituladas, uma vez que as mesmas pertenceriam à União. O título de Parateca e Pau D'Arco consolidou a interpretação de que prevalece o direito de propriedade dos quilombolas reconhecido pela Constituição Federal.
A porção restante do território encontra-se em processo de regularização pelo Incra, que já concluiu a etapa de identificação do território e reconheceu a ocupação pelos quilombolas de uma área de 41.780 hectares.
4.3 Mangal e Barro Vermelho
As comunidades remanescentes de quilombo Mangal e Barro Vermelho estão localizadas no município de Sítio do Mato, às margens do rio São Francisco na região conhecida como médio São Francisco.
As terras das comunidades já estão tituladas. Inicialmente, em janeiro de 1999, foi titulada uma área de 153 hectares pelo Instituto de Terras da Bahia (Interba) em conjunto com a Fundação Cultural Palmares. Foi a primeira comunidade baiana a ser titulada pelo órgão Estadual. Já em julho de 2000, outros 7.615 hectares foram titulados pela Fundação Cultural Palmares.
Antes da conquista da titulação, porém, os quilombolas de Mangal e Barro Vermelho experimentaram a violência e o conflito. E, como outras comunidades quilombolas da região, resistiram.
4.4 Barra, Bananal e Riacho das Pedras
Conhecidas também por "arraiais dos negros", as comunidades quilombolas Barra do Brumado (ou simplesmente Barra), Bananal e Riacho das Pedras estão localizadas no sudoeste da Bahia, ao sul da Chapada Diamantina, no município de Rio de Contas.
No ano de 1983, os quilombolas de Riacho das Pedras tiveram que abandonar as suas terras tradicionais, que foram inundadas pelas águas da Barragem do Rio Brumado. Alguns deles mudaram-se para Barra e Bananal, outros migraram para cidades.
Em dezembro de 1999, os quilombolas obtiveram o título de domínio de seu território expedido pelo Instituto de Terras da Bahia e pela Fundação Cultural Palmares em nome da Associação Quilombola de Barra do Brumado, Bananal e Riacho das Pedras. Desde então, as 148 famílias que integram essas comunidades são proprietárias de 1.333,2768 hectares.
	4.5 São Francisco do Paraguaçu
A comunidade São Francisco do Paraguaçu está localizada no Recôncavo Baiano, mais precisamente no Vale do Iguape, juntamente com mais de uma dezena de comunidades remanescentes de quilombo.
As comunidades quilombolas da região se articulam no Conselho Quilombola do Vale e Bacia do Iguape para lutar pelo direito à terra e ter acesso aos serviços públicos. O conselho, atualmente integrado por 11 comunidades, conta com a parceria de organizações não governamentais tais como a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Salvador, a Comissão Pastoral dos Pescadores, a Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia.
Como resultado dessa luta, os quilombolas conseguiram que o Incra desse início ao processo de titulação de diversos territórios quilombolas da região. Em outubro de 2006, as terras das comunidades Dendê, Engenho da Praia, Engenho da Ponte, Calemba, Caonge, Caimbongo Velho, Imbiriá, Calolé e Tombo eram alvo de processo de regularização pelo Incra.
No entanto, a possibilidade de regularização dos territórios quilombolas tem trazido para região alguns conflitos com fazendeiros. Em São Francisco do Paraguaçu, a resistência da elite fazendeira local, desrespeitando o direito das comunidades tradicionais, vem se traduzindo em investidas violentas contra os comunitários.
	4.6 Jatobá
 Comunidade de Jatobá, localizada às margens do rio São Francisco no município de Muquém de São Francisco, é formada por cerca de 70 famílias que ocupam um território de 14 mil hectares.
Vivendo à beira do rio São Francisco, o modo de vida da população de Jatobá é influenciado pelos períodos de cheia e de seca do rio. O movimento das águas é importante não só para a atividade pesqueira como também para a agricultura.
Os quilombolas praticam a agricultura de subsistência, sendo a mandioca, o milho e o feijão os principais itens cultivados. Vivem ainda da criação bovina e caprina e da pesca (do Curimatá, do surubim e da piranha).
Nas últimas décadas, a ação do fazendeiro Antônio Limoeiro tem gerado conflitos e maiores restrições de acesso da comunidade à terra que ocupam há mais de cem anos. O conflito teve início em 1984 quando Antônio Limoeiro chegou à região. Dono de uma empresa de terraplenagem, desde o princípio o fazendeiro avisou que era contrário às roças dos quilombolas.
A partir de 1994 o fazendeiro e seus prepostos começaram a adotar medidas violentas. Naquele ano, um morador da comunidade teve a cerca de sua casa derrubada e lhe foi proibido cultivar sua roça.
Depois desse fato vieram outros. Em 1998, um comunitário teve sua casa derrubada e umabarraca de lona destruída pelo gerente da fazenda e seus capangas. Durante esse ato, ainda ameaçou com um cavalo o morador. Pouco tempo depois, roças ao redor das casas de outros quilombolas foram destruídas assim como a mata na beira do rio. Em 1999, durante nova ofensiva do gerente e dos capangas de Antônio Limoeiro, tiros foram disparados e ameaças de morte foram feitas com o intuito de intimidar os comunitários.
Em 1999, os comunitários formaram a Associação dos Trabalhadores Rurais da Fazenda Jatobá. Alguns órgãos foram, então, oficiados pela associação para que tomassem ciência do conflito bem como das ilegalidades que estavam sendo praticadas.
Nos anos de 2000 e 2001, os conflitos se agravaram, restringindo ainda mais as possibilidades dos quilombolas continuarem praticando a agricultura, a criação de animais e a pesca.
Em 2004, a Fundação Cultural Palmares reconheceu a comunidade de Jatobá como remanescente de quilombo.
No ano de 2006, a Superintendência do Incra da Bahia abriu um processo para titulação das terras em nome da comunidade quilombola e iniciou a elaboração do relatório técnico de identificação e delimitação. Abriu-se, assim, uma nova esperança para a resolução dos conflitos fundiários envolvendo a Comunidade de Jatobá.
4.7 Riacho de Sacutiaba e Sacutiaba
As comunidades de Riacho de Sacutiaba e Sacutiaba estão localizadas no município de Wanderley, no oeste da Bahia, e compartilham um território comum. Estabelecidas nas proximidades do rio Grande, as comunidades situam-se há cerca de 90 quilômetros da sede do município.
5 Quilombolas disputam terra com Marinha na Bahia
Conexão mais viva com o passado da escravidão, as comunidades quilombolas tiveram o direito à titulação de terras estabelecidas pela Constituição de 1988 – e regulamentado por um decreto dez anos atrás. Mas o caminho para obterem títulos de propriedade é lento e tortuoso, de acordo com a Fundação Cultural Palmares, mais de 1.200 quilombos têm processos abertos reivindicando a terra onde seus antepassados instalaram escravos fugidos ou libertos. Apenas 207 já obtiveram o reconhecimento, muitas enfrentam disputas de terra com donos de fazendas, empresas – ou mesmo com o próprio Estado.
É o caso de Rio dos Macacos, na Bahia, palco de um dos conflitos de terra mais emblemáticos vividos por quilombolas. Cerca de 67 famílias da comunidade disputam suas terras com a Marinha Brasileira – e vivem com os nervos à flor da pele, temendo o despejo e denunciando casos de violência e intimidação.
5.1 Problema com a Marinha
Aqui, os mais velhos dizem que seus antepassados foram trazidos para trabalhar em uma fazenda de cana de açúcar, há mais de 200 anos. "A comunidade era boa, todo mundo criava, todo mundo plantava a gente pescava e vivia da roça, mas depois a Marinha chegou e começou a botar todo mundo para fora.”
A Marinha chegou ao local nos anos de 1950 e estabeleceu a Base Naval de Aratu, hoje a segunda maior do Brasil, uma vila naval que foi construída ao lado da comunidade e hoje abriga mais de 400 famílias. A Marinha começou a pedir a reintegração de posse da área em 2009, iniciando uma disputa jurídica e fazendo a comunidade se mobilizar por seus direitos.
 Dona Maria diz que dezenas de famílias foram expulsas nos anos 1970 para dar lugar à vila, sua casa é uma das únicas que permaneceram em um dos lados do terreno, separada do restante do quilombo pela vila militar. Antônio Lessa, chefe de gabinete do Ministério da Defesa, diz que a área tem grande importância estratégica para a Marinha Brasileira, que precisa expandir suas operações, o plano é aumentar a vila naval e criar um centro de treinamento para fuzileiros navais. Lessa diz que a Marinha venceu as três ações de reintegração de posse que apresentou à Justiça. Mas a ordem de despejo não foi cumprida, e ele afirma que nem será. "Temos a intenção de que eles continuem na área. O interesse do Ministério da Defesa é fazer um acordo com a comunidade e resolver a questão da terra. Fizemos uma proposta e agora estamos esperando uma contraproposta", diz ele.
5.2 'Intimidação'
O governo ofereceu 28 hectares de terra à comunidade. Mas um relatório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), concluiu que eles têm direito a 301 hectares – mais de 10 vezes além do proposto. O relatório é o primeiro passo do processo para que comunidades quilombolas pleiteiem a titulação de terras, ele foi estabelecido pelo decreto 4.887, publicado em 20 de novembro de 2003 – 15 anos após a Constituição estabelecer que o estado devesse conceder títulos de propriedade a comunidades quilombolas. Mas no caso de Rio dos Macacos, o relatório nunca foi publicado no Diário Oficial e o caso foi levado para Brasília, enquanto a situação não se resolve moradores da comunidade dizem estar sendo intimidados por fuzileiros navais e impedidos de plantar. "A gente plantava aipim, feijão, cana de açúcar, abóbora, agora tudo que a gente planta a Marinha arranca", diz Crispiniana Evangelista que tem 10 filhos, cinco netos e diz só conseguir alimentar a família no sufoco, “dia tem para comer, dia não tem", afirma. 
Segundo Lessa, as denúncias recebidas foram apuradas, mas não foram encontrados indícios de violência. Ele reconhece que há uma sobreposição de interesses em relação à terra, "de um lado, temos os interesses públicos da Marinha de manter a área, e de outro os interesses públicos do Estado de dar uma solução para aquelas famílias, para que possam ter uma vida digna e acesso a serviços públicos. É o que estamos tentando conciliar", diz.
Uma das líderes da comunidade, Rosimeire do Santo Silva, diz que a situação está muito difícil. "Eles querem que a gente negocie, mas não dá para tirar o sustento da terra que estão oferecendo, a gente já perdeu tanto que você nem imagina." Rosimeire diz que a comunidade perdeu grande parte do território com a construção da vila naval, de uma barragem no Rio dos Macacos e dos quilômetros de muro que cercam o terreno. Sentem-se espremido e agora o governo quer reduzir ainda mais.
5.3 Contraste
Rosimeire afirma ainda que a comunidade está sendo pressionada a aceitar a oferta para que possa ter acesso a serviços básicos e programas sociais. O quilombo não tem saneamento básico, eletricidade nem escolas, como a maioria dos moradores, Rosimeire não saber ler nem escrever é um grande contraste com a vila naval do outro lado do Rio dos Macacos, com casas brancas, grama cortada e ruas de paralelepípedo. A vila tem um ambulatório e uma igreja que segundo ela, a comunidade não pode frequentar mesmo para entrar e sair da comunidade existe dificuldade. O acesso principal é pela vila naval, sujeito ao controle da Marinha, e Rosimeire diz que os moradores têm seu direito de ir e vir cerceado.
Vice-presidente do Conselho do Desenvolvimento da Comunidade Negra, a socióloga Vilma Reis vem acompanhando a luta de Rio dos Macacos há quase três anos. Ela diz que as comunidades quilombolas estão descobrindo sua própria voz e lutando por seus direitos – mas enfrentam a resistência de elites que têm influência e poder político a seu favor.
"Essa é uma questão de reparação moral, as comunidades quilombolas nos faz lembrar que o Brasil tem uma dívida com a população negra", diz o vice-presidente. Essas comunidades guardam as nossas memórias mais delicadas, elas estão nos dizendo: Enquanto não houver reparação, nós não vamos sair do meio da estrada.
6 OS QUILOMBOS DE SALVADOR
6.1 Quilombo o Buraco do Tatu (1744-1765)
Situava-se este quilombo (um dos mais importantes surgidos na Bahia) nas proximidades de Salvador, a duas léguas e meia, "nas margens da atual estrada que liga Campinas a Santo Amaro de Ipitanga", sendo que o local onde existiu ainda se denomina "Buraco do Tatu". O quilombo teve início em 1744 e em 1760 possuía grande número de habitantes. Era bem protegido e defendido por "estrepes e armadias", colocadas nos matos que o circundavam, para dificultar a aproximação de elementos estranhose das tropas das milícias da Capitania que os iam atacar. Os calhambolas do Buraco do Tatu, praticavam assaltos, roubavam fazendolas e sítios dos arredores; "à noite demonstrando grande coragem e ousadia, penetravam pelas ruas da cidade a prover-se de pólvora, chumbo e das mais bagatelas que precisavam para a sua defesa".
Considerando o quilombo do Buraco do Tatu de alta periculosidade, o governo interino da Bahia (formado pelo coronel Gonçalo Xavier de Brito Alvim, Chanceler José de Carvalho e Arcebispo Dom Frei Manuel de Santa Inês) ordenou sua imediata destruição, organizando para tal fim uma expedição com 200 pessoas, sob o comando do Capitão-Mor Joaquim da Costa Cardoso. O ataque realizou-se a 2 de setembro de 1763, sendo o quilombo arrasado, e vários rebeldes feitos prisioneiros.
Uma carta dirigida a Mendonça Furtado, pelo Governo Interino da Bahia, informou-o de que a expedição enviada ao Buraco do Tatu fez "61 presos entre pretos e pretas recolhidos à Cadeia e relaxados à Justiça da Ouvidoria Geral do Crime para devassa r e proceder no castigo que a lei determinasse aos réus de semelhante delito". Ainda da mesma carta consta "que foram por soldados e oficiais expugnados vários quilombos de negros que havia nas vizinhanças desta Cidade, de cujos quilombos vieram presos para a Cadeia, procedendo-se em devassa do caso por este Juízo, se pronunciaram os cabeças daqueles facinorosos e outras pessoas, com as quais tinham comunicação; e os negros que não tinham mais delito que o de calhambolas, depois marcados com a letra F".
Finalmente, em documentação datada de 30 de outubro de 1765, o ministro Mendonça Furtado elogia o Conde de Azambuja, Capitão-General da Bahia, pela sua atuação na destruição do quilombo Buraco do Tatu.
6.2 Quilombos de “Nossa Senhora dos Mares” e “Cabula”
Também localizados nos arredores de Salvador tiveram, como o do Buraco do Tatu, "grande importância e periculosidade", tendo o governador e capitão-general da Bahia, Conde da Ponte, cuidado imediatamente de destruí-lo, chamando à sua presença, em 29 de março de 1807, o Capitão-Mor das Entradas e Assaltos do Termo da Cidade do Salvador, Severino da Silva Lessa, a quem encarregou de cuidar da repressão aos aquilombados.
A 30 de março de 1807, o Sr. Severino Lessa "requereu 80 homens da Tropa de Linha" devidamente selecionados e municiados, com os quais "cercou várias casas e arraiais na distância de duas léguas desta cidade, ali aprisionando 78 pessoas" entre os quais se encontravam escravos, negros forros, e dois dos principais cabeças, posteriormente remetidos presos ao Arsenal.
Em carta remetida ao ministro da Marinha e Ultramar, em 7 de abril de 1807, o conde da Ponte ainda detalha: "houve alguma resistência e pequenos ferimentos", acrescentando que "os pretos achados nesses ajuntamentos, mandei-os para o Arsenal, empregá-los nas reais obras e as mulheres para as cadeias da Cidade". Diz ainda o Conde da Ponte que "os escravos fazem já muita diferença na obediência devida aos seus senhores".
6.3 Quilombo do Urubu (1826)
Conta-nos José Alípio Goulart: "em 1826 formou-se um grande quilombo chamado URUBU, no sítio Cajazeiro, nas proximidades da Capital". Os documentos da época dizem que os quilombolas do URUBU "premeditavam apresentar uma revolução na Cidade". Para tanto começaram por realizar alguns ataques na região. No dia 15 de dezembro de 1826, "praticaram alguns ataques no Cabula contra lavradores, raptando uma menina que com sua família passava numa roça no dito sítio, e que dois dias depois foi encontrada muito maltratada e recolhida ao Hospital da Misericórdia.
Alguns capitães-do-mato, tomando conhecimento das ações perpetradas pelos rebeldes, resolveram destruí-los e entrando em luta com os quilombolas mataram dois e feriram um terceiro, "tendo esse combate se dado a 17 de dezembro". Segundo o relato de um dos combatentes, ao se dirigir para o Cabula acompanhado de 12 soldados e um cabo, sabendo estarem "os negros reunidos em um lugar denominado URUBU, em número de mais ou menos 50, e também algumas negras", na tentativa de descobri-los acabou encontrando "um Capitão de Assaltos, e mais dois crioulos gravemente feridos, a í soube terem sido aqueles ferimentos causados pelos negros que se achavam levantados". Essa luta travou-se ao meio-dia, tendo falecido os capitães Antônio Neves e José Correia, segundo informa Clóvis Moura. "Tendo sido os Capitães derrotados o governo mandou pôr em marcha 20 praças do Batalhão Pirajá, sob as ordens do coronel Francisco da Costa Branco e mais 12 soldados e um cabo que saíram às 10 horas da manhã". Os sentinelas dos quilombolas pressentiram a presença das tropas, imediatamente se "puseram em guarda e deram o alarme, fazendo para isso uso de um corno de boi, uma espécie de corneta. A batalha se desenvolveu entre uns 30 soldados e uns 50 calham bolas, estes usando como armas facões, facas, lazarinas, lanças, e mais outros instrumentos curtos. 
Portanto, uma luta de vida e de morte aos gritos de MATA! MATA! lançando-se furiosos sobre os soldados". Estes abriram fogo sobre os combatentes insurretos, matando 3 homens e uma mulher. Tendo anoitecido, os calhambolas enfurnaram-se nas matas próximas a fim de reorganizarem-se. Destacou-se sobremaneira nesse embate uma escrava chamada Zeferina, lide arco e flecha nas mãos, lutando ferozmente, até ser presa". Foi encontrado entre os quilombolas "um soldado do 1º Batalhão da 2ª Linha, Cristovão Vieira, preso em sua casa em companhia do negro Francisco Romão". Segundo relato de Alípio Goulart, "posteriormente, alguém confessou que , vários escravos eram reunidos na Rua da Oração em um casebre. A polícia os cercou e aprisionou nove escravos e um pardo".
Em documento dirigido ao Chefe da Polícia, um dos comandantes das tropas encarregadas da destruição do Quilombo do URUBU, José Balthazar da Silveira, relata: "prendi a negra Zeferina, a qual se achava com arco e flecha na mão, e achei três negros mortos e uma negra, e alguns sacos de farinha e bolacha, e como já fosse noite (...) deixei perto do lugar o Sgto. e soldados de Pirajá, para observar qualquer movimento que houvesse". Este documento é datado de 17 de dezembro de 1826.
O exemplo magnífico da negra Zeferina que de arma em punho vendeu caro a derrota, as múltiplas formas encontradas pelos insurretos para combater a violência e a escravatura servem como fonte de inspiração para o povo brasileiro construir sua unidade e sua liberdade.
7 Referências:
Comunidades Quilombolas na Bahia. <http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_brasil_ba.html>. Acesso em 20/10/2014.
Comunidades Quilombolas em Salvador. < http://grabois.org.br/portal/cdm/revista.int.php?id_sessao=50&id_publicacao=92&id_indice=220>. Acesso em 10/11/2014.
Comunidades Quilombolas no Brasil. < http://elianeafricanidade.blogspot.com.br/2011/11/quilombos-hoje_05.html>. Acesso em 03/10/2014.

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