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MINUTA Repatriação de Capital Estrangeiro

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CONTABILIDADE GOVERNAMENTAL II
JULIANA SILVA FONTENELE 
LORENA SANTOS ÁVILA
MARIA VITÓRIA CHAVES BRAGA
MARIELI PEREIRA DE ALBUQUERQUE
REPATRIAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO
SOBRAL
 2017
JULIANA SILVA FONTENELE
 LORENA SANTOS ÁVILA
MARIA VITÓRIA CHAVES BRAGA
MARIELI PEREIRA DE ALBUQUERQUE
REPATRIAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO
Trabalho apresentado ao Curso de graduação em Ciências Contábeis da Universidade Estadual Vale do Acaraú, como requisito parcial para aprovação na disciplina de “Contabilidade Governamental II”. 
Orientadora: Profª. Francisca Francivânia R.R. Macêdo, Dra.
SOBRAL
 2017
SUMÁRIO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO --------------------------------------------------------------------------- 3
1.1 LAVAGEM DE DINHEIRO, PARAÍSO FISCAL E FINANCIAMENTO TERRORISTA E SUAS INTERFACES --------------------------------------------------------------------------------- 3
1.1.1 Paraísos fiscais e a lavagem de dinheiro ----------------------------------------------------- 3
1.1.2 Regime de harmonização tributária dos paraísos fiscais --------------------------------- 4
1.1.3 Empresas offshore e sua ligação com a corrupção e sonegação fiscal ------------------ 4
1.2 POLÍTICA BRASILEIRA EM RELAÇÃO AO COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO FINANCIAMENTO TERRORISTA -------------------------------------------- 5
1.2.1 Responsabilidade das empresas ---------------------------------------------------------------- 5
1.2.2 Iniciativas brasileiras anticorrupção ---------------------------------------------------------- 6
1.2.3 Compliance no combate às fraudes ----------------------------------------------------------- 6
1.3 PARAÍSOS FISCAIS DENTRO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ------------------ 7
1.3.1 Interdependência e cooperação internacional ---------------------------------------------- 8
1.3.2 Regimes internacionais -------------------------------------------------------------------------- 8
2 REPATRIAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO -------------------------------------------- 9
2.1 CONCEITUAÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 9
2.2 LEGISLAÇÕES APLICADAS À REPATRIAÇÃO DE ATIVOS --------------------------- 9
2.2.1 Projeto de lei do senado nº 298/2015 ---------------------------------------------------------- 9
2.2.2 Lei nº 13.254/2016 ------------------------------------------------------------------------------- 10
2.2.3 Lei nº 13.428/2017 ------------------------------------------------------------------------------- 11
2.3 REGIME ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO CAMBIAL E TRIBUTÁRIA 
(RERCT) ------------------------------------------------------------------------------------------------- 11
2.3.1 Fatos Antecedentes ao RERCT --------------------------------------------------------------- 11
2.3.2 Panorama Internacional ----------------------------------------------------------------------- 13
2.3.3 Análise Técnica do RERCT ------------------------------------------------------------------- 14
2.3.4 Constitucionalidade do RERCT -------------------------------------------------------------- 14
2.3.4.1 Ato de Declaração da Licitude e Origem dos Recursos ----------------------------------- 14
2.3.4.2 RERCT e o Princípio da Isonomia Tributária ---------------------------------------------- 15
2.3.4.3 Anistia Penal de Infrações Tributárias ------------------------------------------------------- 16 
2.3.4.4 Ação Direta de Inconstitucionalidade em face do RERCT ------------------------------- 16
2.3.5 Declaração de Regularização Cambial e Tributária (DERCAT) ---------------------- 17
2.3.5.1 Obrigatoriedade --------------------------------------------------------------------------------- 17
2.3.5.2 Local e prazo de entrega ----------------------------------------------------------------------- 17
2.3.5.3 Informações a serem apresentadas à RFB na Dercat -------------------------------------- 18
2.3.5.4 Pagamento do Documento de Arrecadação da Receitas Federais ---------------------- 18
2.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA REPATRIAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO ---------------------------------------------------------------------------------------- 18
2.5 DIRECIONAMENTO DAS RECEITAS COM REPATRIAÇÃO --------------------------- 19
2.6 BENEFÍCIOS PARA O CONTRIBUINTE ----------------------------------------------------- 20
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ---------------------------------------------------------------------- 21
REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------------- 21
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A repatriação de capital estrangeiro nada mais é do que a oportunidade oferecida pelo governo para que os brasileiros que possuem grandes somas de dinheiro ou mesmo bens no exterior possam declará-los no Brasil. Essa ação, no entanto, possibilita que esses brasileiros declarem legalmente seus bens, regularizando sua situação perante o governo sem que isso implique em qualquer punição legal, visto que não declarar bens é uma prática criminosa.
Em 13 janeiro de 2016, foi editada, com vetos parciais da Presidente da República, a Lei número 13.254/2016 que instituiu o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), o qual tem o propósito de permitir, por meio de declaração voluntária dos contribuintes, seja regularizada a situação jurídica de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados com omissão ou incorreção em relação a dados essenciais, remetidos ou mantidos no exterior, ou repatriados por residentes ou domiciliados no País. Esse diploma legal vem sendo denominado, por alguns, como “Lei de Repatriação de bens no exterior não declarados ao Fisco”.
No entanto o escopo e os motivos de criação dessa Lei são expressivamente mais amplos, na medida em que ela representa iniciativa que se insere em um contexto jurídico internacional que está provocando relevantes mudanças na forma pela qual os Estados resguardam o sigilo fiscal sobre as informações financeiras dos seus cidadãos, bem como está ampliando os mecanismos de colaboração e de troca de informações entre os entes estatais que participam desse esforço comum de (a) intensificar a transparência nas operações econômicas praticadas pelos indivíduos em um ambiente global e de (b) gradualmente diminuir as alternativas que particulares dispõem para práticas evasivas, objetivando o não pagamento de tributos sobre ativos localizados fora do seu domicílio fiscal. (FERREIRA NETO, 2016)
LAVAGEM DE DINHEIRO, PARAÍSO FISCAL E FINANCIAMENTO TERRORISTA E SUAS INTERFACES
1.1.1 Paraísos fiscais e a lavagem de dinheiro 
 É nesse cenário de expansão do mercado mundial, liberalização e desregulamentação que os centros financeiros consolidam suas atividades entre os centros financeiros globais e os centros financeiros offshore.
Os centros financeiros globais surgem para oferecer diferentes serviços financeiros para uma vasta clientela que pode estar localizada em qualquer lugar do globo. Atualmente os três maiores centros financeiros globais são Nova York, Londres e Tóquio. Além desses centros existem, os centros financeiros offshore, os quais têm sua origem no final dos anos 50, com a formação do euromercado, como um local onde era possível depositar dólares sem respeitar as leis financeiras americanas (PRATES, 2013). 
É válido, no entanto, ressaltar que nem todos os centros offshore são considerados paraísos fiscais, apesar da sua semelhança. Os centros offshore são localidades que possuem mais recursos financeiros justamente porque oferecem serviços fiscais e bancários diferenciados. Por outro lado, os paraísos fiscais também podem oferecer os mais variados serviços o que os torna muitos semelhantes aos centros offshore.
Em termos gerais, os paraísos fiscais são definidos como países que isentam totalmente ou parcialmente o pagamentode impostos, os rendimentos auferidos por pessoas jurídicas constituídas fora de sua jurisdição em seu território, com capital subscrito por não- residentes desde que tenham suas atividades sociais exercidas fora de sua jurisdição (XAVIER 2002). A relevância do sigilo é tanta que atualmente a escolha do paraíso fiscal não se concentra somente nas questões de taxações fiscais, de modo que, muitas jurisdições tidas como paraísos fiscais tornaram-se também centros financeiros offshore (BARBER, 2006 apud WALCHER, 2008).
 A lavagem de dinheiro está estritamente conectada com a utilização dos paraísos fiscais, visto que eles facilitam o embranquecimento desse capital. Algumas condições próprias dos paraísos fiscais, tais como os sigilos bancários e societários, além da confidencialidade que são garantidos pelo sistema judiciário desses locais criam um ambiente seguro para utilização dos paraísos fiscais como destino do dinheiro lavado. Essa prática de branqueamento do capital é uma tentativa de transformar o capital ilícito obtido através de condutas criminosas, em um capital considerado lícito (WALCHER, 2008).
O papel da lavagem de dinheiro como método para atividades criminosas é incontestável. O termo “Money laundering” ou lavagem de dinheiro surgiu nos Estados Unidos por volta de 1920, quando as gangues lá presentes se utilizavam de lavanderias e lavagens de carros para tentar dar uma nova procedência ao dinheiro proveniente de suas atividades criminosas, principalmente da venda de álcool, na época da Lei Seca norte- americana. O GAFI define o branqueamento de capitais, como a utilização e transformação de produtos do crime a fim de dissimular a sua origem ilícita com o objetivo de legitimá-los lucros resultantes das atividades criminosas (BANCO MUNDIAL, 2005).
 
1.1.2 Regime de harmonização tributária dos paraísos fiscais
 Nesse aspecto, o qual conecta a lavagem de dinheiro com os paraísos fiscais demonstra a baixa tributação não é o único fator que atrai investimentos para esses locais. Os paraísos fiscais possuem outras características além das suas políticas fiscais brandas. Muitos dos investimentos que migram para esses locais o fazem por causa do elevado grau de sigilo bancário e comercial, da falta de controle de câmbio sobre os depósitos de pessoas não residentes, e por possuírem um grau mínimo de estabilidade política e econômica. Nesse sentindo os centros offshore podem atrair a conversão de ativos ilícitos a fim de transformá- los em lícitos, fato que faz com que nessas economias tenha circulado somente em 2010 US$ 21 trilhões, segundo estimativas conservadoras. A fim de avaliar o volume dessa quantia, é possível dimensioná-las como sendo a economia do Japão e dos Estados Unidos juntas. Além disso, os dez maiores bancos privados que possuem ativos em centros offshore, tais como UBS, Goldan Sacks e Crédit Suisse, movimentam mais da metade de todo o capital dos 50 maiores bancos que atuam nesses locais (TAX JUSTICE NETWORK, 2012).
Com relação aos paraísos fiscais pode-se falar de um regime de harmonização tributária e transparência bancária, isto é, de normas e práticas que visam estabelecer regulamentações e restrições ao fluxo financeiro. Dentre os diversos esforços para combater essa prática, encontra-se a política de lista negra da OCDE, que compila as jurisdições “não cooperativas” e as coloca numa lista. A intenção dessa lista é prejudicar a reputação dos paraísos fiscais e centros offshore, a fim de diminuir a confiança do investidor e o fluxo de capitais destinados a esses locais, de modo que esses sistemas teoricamente funcionam como uma espécie de sanção econômica (KUDRLE apud AFFONSO, et al., 2014).
Empresas offshore e sua ligação com a corrupção sonegação fiscal 
 
 Uma offshore é uma pessoa jurídica constituída no exterior, na maioria das vezes em "paraísos fiscais", estes entendidos como países (locais) que propiciam privilégios tributários ou guardam sigilo quanto à composição societária das empresas. Importante ressaltar que nem todas as “offshore” são criadas com objetivos ilícitos, muitas destas surgem de planejamentos tributários lícitos. Por diversos motivos nos paraísos fiscais são abertas empresas offshores principalmente visando à obtenção de vantagens para o desempenho de atividades ilícitas, como dito anteriormente. Devido a todas essas vantagens as empresas offshore são um elo para lavagem de dinheiro, corrupção e sonegação fiscal (POLAK, 2017).
As empresas “offshore” conseguem obter inscrição no CNPJ para exercerem atividade econômica no Brasil sem a necessidade de identificar as pessoas físicas caracterizadas como beneficiários finais das operações. Não há lei obrigando tais empresas a identificarem seus verdadeiros donos, pessoas físicas, o que inviabiliza a responsabilização tributária e penal destes. Assim, os mal intencionados permanecem à vontade para cometer atividades ilícitas, sob o manto da impunidade (POLAK, 2017).
Existem falhas grotescas em nossa legislação, o que dificulta a fiscalização e a contenção de ilícitos tributários. Exemplo dessa ineficiência é a limitação existente no combate aos crimes cometidos por empresas “offshore” constituídas em paraísos fiscais. Esta preocupação foi manifestada, inclusive, pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional – Sinprofaz. Precisamos evoluir rapidamente nesse sentido, pois além dos ilícitos tributários muitas empresas “offshore” são instrumentos comumente utilizados para a lavagem de dinheiro advindo de crimes de outras naturezas, tais como terrorismo, sequestro, narcotráfico, corrupção pública (POLAK, 2017). 
1.2 POLÍTICA BRASILEIRA EM RELAÇÃO AO COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO FINANCIAMENTO TERRORISTA.
Apesar dos esforços do governo de melhorar a jurisdição sobre crimes como lavagem de dinheiro e evasão fiscal, por exemplo, também se faz necessário que os mecanismos utilizados pelo governo para supervisionar grandes transferências bancárias também evoluam. As principais medidas de prevenção e combate aos crimes financeiros no Brasil surgiram no final dos anos 90, com leis que especificavam o crime de lavagem de bens. A fim de monitorar as transações financeiras para identificar possíveis crimes contra o sistema econômico brasileiro criou-se em 1998, com o decreto Lei nº 9.613, o qual trata sobre os crimes de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores, também é criado o Conselho de Atividades Financeiras (COAF), que está vinculado ao Ministério da Fazenda (CONRAD, 2015).
O Conselho entende que é sua principal tarefa promover um trabalho conjunto com os demais órgãos governamentais brasileiros e internacionais, a fim de auxiliar na implementação de políticas voltadas ao combate da lavagem de dinheiro (CONRAD, 2015).
A lei brasileira vem se aperfeiçoando quando se trata do financiamento terrorista, em 2003 uma emenda constitucional à Lei nº 9.613, na qual de acordo com o art. 14 § 3º “a COAF poderá requerer aos órgãos da Administração Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades suspeitas”. (CONRAD, 2015)
1.2.1 Responsabilidade das empresas 
“Não podemos esperar pela existência de Leis para combatermos todo tipo de corrupção e fraudes.” (PERES; BRIZOTI, 2016).
De acordo com Peres e Brizoti (2016), para nos defender da corrupção social que compromete toda a sociedade e as “organizações empresariais” faz-se necessário criar as próprias Leis Internas, ou seja, promover e estabelecer “Políticas Internas nas Empresas” para que estas tenham condições de suportar um sistema de arbítrio, de direcionamento estratégico, de controle e de fiscalização através de processos de Compliance, nos dando instrumentos efetivos para modificar alguns “Vetores Sociais” da sociedade em benefício da organização/empresa e indiretamente de seus próprios colaboradores.
Para fundamentar as afirmações, lembramos que no Brasil o Código Civil, desde 1916, já imputava responsabilidade civil às pessoas “jurídico-empregadoras”por atos ilícitos penais praticados por seus empregados. O novo Código Civil em vigor desde 11 de janeiro de 2003 vem ainda reforçar na sua interpretação, que compete responsabilidade aos empregadores quanto às orientações, o controle e a fiscalização de seus colaboradores, sejam eles diretos ou terceiros, e sobre todos os atos cometidos por eles (PERES; BRIZOTI, 2016).
1.2.2 Iniciativas brasileiras anticorrupção 
 
De acordo com Peres e Brizoti (2016), no mundo todo há dezenas de anos se busca combater a corrupção que invariavelmente conduzem as fraudes como as conhecemos. No Brasil, recentemente, não tem sido diferente, com diversas inciativas isoladas de pequenas a grandes entidades, bem como, com a participação ativa de diversos organismos governamentais, muito já se faz pelo país nesse tema, mas ainda se tem muito por fazer. Vamos a seguir citar as inciativas que julgamos mais emblemáticas, o que não significa que diversas outras não são vitais para sociedade brasileira e internacional. Vejamos:
Lei Anticorrupção Brasileira - O governo brasileiro já vinha desenvolvendo há muitos anos um projeto de lei no sentido de minimizar a corrupção em empresas públicas. Por pressões internacionais, face ao crescimento de notícias sobre corrupção no Brasil, o projeto foi acelerado, reformulado, aprovado e publicado como Lei nº 12.846 em 1º de agosto de 2013, Lei que trata da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e da outras providências. A Lei nº 12.846 foi regulamentada em 18 de março de 2015. A regulamentação se deu a partir de normativo que detalha diversos pontos da lei, seus requerimentos, critérios para o cálculo de multa, parâmetros para a avaliação de programas de compliance e regras para a celebração dos acordos de leniência (PEREZ; BRIZOTI, 2016).
Operações Lava Jato - A denominada “Operação Lava Jato” da Policia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal, iniciou em março de 2014, comum à investigação em postos de combustíveis, onde através destes, organizações criminosas movimentavam recursos ilícitos na lavagem de dinheiro. Hoje é possível afirmar que a “operação Lava Jato” e suas diversas operações complementares e desdobramentos, pode ser considerada a maior investigação de corrupção, com a localização de consequentes fraudes e lavagem de dinheiro identificadas, já realizada no Brasil. A operação foi deflagrada na cidade de Curitiba, no estado do Paraná onde se investigou a lavagem de dinheiro promovida por organizações criminosas ligadas a “Doleiros” que operavam em mercado de cambio paralelo. Do desdobramento das investigações, o Ministério Público Federal, chegou a provas de um imensurável esquema criminoso de corrupção envolvendo a Petrobras e outras organizações de renome.
Investigações dos últimos dez anos mostraram que grandes empreiteiras que atuavam junto a Petrobras promoveram cartel e pagaram elevados montantes (suborno), como propina a altos executivos, funcionários da estatal e a agentes públicos, direta ou indiretamente envolvidos (PERES; BRIZOTI, 2016).
1.2.3 Compliance no combate ás fraudes 
Uma ferramenta que está sendo utilizada no combate as fraudes chama-se compliance (to comply, “cumprir”), que, por meio do “cumprimento” das regras estabelecidas (internamente, pelo mercado, de clientes, de fornecedores ou de órgãos reguladores), desenvolve controles e adequa os processos, visando sempre ao negócio. Quando se criam normas e procedimentos formais de prevenção e controle de fraudes, falamos que a empresa “está em” compliance, dessa forma, mitigando os riscos e estabelecendo um padrão ético, pois fica evidente (interna e externamente) a preocupação com o resultado, com o clima organizacional, com a imagem e a transparência das informações perante os stakeholders (partes interessadas), órgãos reguladores e a própria sociedade (MAZZOLA, 2013). 
Como já foi diversas vezes abordado o “combate” a corrupção e as consequentes fraudes vem sendo travado por governos e organizações há muitas décadas. Em especial, o apoio de organizações privadas tem contribuído para se compreender a necessidade de ações de compliance no combate da corrupção e das fraudes particularmente no Brasil. Apresentamos as indicações das pesquisas impactantes dessas organizações privadas (PERES; BRIZOTI, 2016).
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras COAF (órgão do Ministério da Fazenda do Brasil) define o crime de “Lavagem de Dinheiro” como “conjunto de operações comerciais ou financeiras que buscam a incorporação na economia de cada país, de modo transitório ou permanente, de recursos, bens e valores de origem ilícita e que se desenvolvem por meio de um processo dinâmico que envolve, teoricamente, três fases (Colocação–Ocultação–Integração) independentes que, com frequência, ocorrem simultaneamente.”
Citamos o crime de Lavagem de Dinheiro, como o processo de transformar dinheiro ilícito obtido através de diversos crimes, mas principalmente os de fraude, em dinheiro de procedência aparentemente legal ou licita. Ou ainda segundo o COAF “lavagem de dinheiro” realiza-se por meio de um processo dinâmico que requer: primeiro, o distanciamento dos fundos de sua origem, evitando uma associação direta deles como crime; segundo, o disfarce de suas várias movimentações para dificultar o rastreamento desses recursos; e terceiro, a disponibilização do dinheiro novamente para os criminosos depois de ter sido suficientemente movimentado no ciclo de lavagem e poder ser considerado "limpo"(PERES; BRIZOTI, 2016).
De forma mais abrangente hoje se define os processos preventivos de “Lavagem de Dinheiro” por PLDCFT (Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Combate ao Financiamento do Terrorismo) onde o mercado brasileiro responsabiliza pessoas físicas e jurídicas com base em práticas e regras que devem atender requerimentos regulatórios, principalmente para empresas do ramo financeiro, o que não significa que outras organizações não devam se preocupar (PERES; BRIZOTI, 2016). 
OS PARAÍSOS FISCAIS DENTRO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
 Para conseguir realizar suas ações, os grupos terroristas precisam achar meios de financiar suas atividades. Embora o principal objetivo dos grupos terroristas não envolva questões financeiras, o apoio financeiro é fundamental para a realização de suas atividades. Nesse sentido, o GAFI definiu o financiamento terrorista como qualquer ação que possa ser caracterizada como assistência econômica a elementos ou grupos terroristas. O financiamento aos grupos terroristas já é uma questão securitizada antes mesmo dos ataques de 11 de Setembro nos Estados Unidos. De modo que, a comunidade internacional, principalmente a ONU, já mostrava preocupação com essa questão, de modo que, em 1999, foi criada a Convenção Internacional para a Eliminação do Financiamento do Terrorismo. O estudo sobre segurança deixou de ser pensado apenas como defesa ou guerra, e a agenda internacional de segurança passou a incluir não apenas o setor militar, mas também políticas, econômicas, sociais e ambientais. Nesse sentido, surgiu a necessidade de se analisar como que entidades criminosas espalhadas pelo mundo conseguem se financiar, e, portanto, surge também à necessidade se combater essa prática. (CONRAD, 2015)
1.3.1 Interdependência e cooperação internacional
 O debate sobre a legitimidade dos paraísos fiscais e as consequências da existência de tal regime tributário tem sido amplamente discutido nas organizações internacionais e também internamente nos países, através da criação de legislações internas de combate a essa prática e também o crescente surgimento de instituições não governamentais que atuam nesse sentido. Porém, mesmo assim, ainda é um mistério mensurar de forma exata quanto de dinheiro é depositado nessas economias. As consequências não só econômicas, mas também sociais causadas pelas transferências ilícitas, tais como manutenções do crime organizado, corrupçãoe financiamento terrorista interferem na vida da sociedade como um todo, apesar de muitas vezes não percebermos tais consequências. Esse cenário internacional torna propício o surgimento do movimento de cooperação entre os Estados e organizações, que visavam à regulamentação ou combate a essas práticas, por meio, principalmente, de processos de negociação, sanções e coordenação política (CONRAD, 2015).
A conjuntura da cooperação internacional pode ser vista como um processo no qual a coordenação política faz com que os Estados ajustem seu comportamento às expectativas dos demais Estados. Mesmo nos casos em que, a princípio, não haveria uma tendência de cooperação, os atores buscam influenciar as atitudes dos outros atores, por meio de negociações, sanções e barganhas, de modo que, esses atores, apesar de continuarem a buscar seus próprios objetivos, agora o fazem a fim de adquirir benefícios para todos os envolvidos, mesmo que esses sejam alcançados em diferentes níveis e, portanto, de forma desigual (CONRAD, 2015).
No atual âmbito da política mundial a interdependência pode ser vista como “situações caracterizadas por efeitos recíprocos entre países advindos de intercâmbios internacionais, como fluxo de dinheiro, bens, pessoas e informações entre as fronteiras” (CONRAD, 2015).
Por isso torna-se importante estudarmos como os regimes internacionais inseridos nesse contexto atuam e se os regimes existentes são eficazes no que se propõem. De que outra forma é possível combater práticas ilícitas e danosas como a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro sem prejudicar os fluxos econômicos internacionais (CONRAD, 2015).
1.3.2 Regimes internacionais 
 Os regimes são resultados da negociação entres os atores entres os setores nos quais eles possuem interesse comum na cooperação. Segundo Keohane (1982) essa cooperação é de adesão voluntária e benéfica para os participantes, pois, caso não fosse, os atores não optariam por participar. Ainda segundo o autor, a função dos regimes é criar um conjunto de regras e práticas com a finalidade de coordenar o comportamento dos autores quando não há uma autoridade para impor essas regras (CONRAD, 2015). 
Nesse cenário de interdependência crescente após a Segunda Guerra Mundial, tratados comerciais e a criação de organizações internacionais que facilitem a cooperação tornam-se inevitáveis. Instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e a OCDE foram criadas para reforçar as políticas de governos que visavam o rápido crescimento das relações transnacionais estatais, mas também privados já que elas funcionam como institutos que auxiliam os governos, com informações necessárias para a tomada de decisões e no processo de cooperação (CONRAD, 2015). 
A OCDE é uma organização internacional composta atualmente por 34 países membros, que não inclui o Brasil. Ela deriva da criação da Organização para a Cooperação Econômica Europeia (OECE) criada em 1948 para auxiliar na execução do Plano Marshall, a OECE se transformou em OCDE em 1960 quando Canadá e os EUA assinaram a nova Convenção da OCDE, deste modo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico nasceu oficialmente em 30 de setembro de 1961, quando a Convenção entrou em vigor. O trabalho de OCDE tem como base monitorar a evolução econômica no mundo, de modo que os objetivos principais da organização são: apoiar, o crescimento econômico, desenvolver as taxas de emprego, elevar o nível da renda, contribuir para a manutenção da estabilidade econômico-financeira, prestar auxílio para o desenvolvimento econômico dos demais países e auxiliar no crescimento do mercado internacional (CONRAD, 2015).
Nessa mesma corrente de atuação contra a prática fiscal prejudicial também temos o GAFI, órgão intergovernamental criado em 1989 pelos países membros do G-7, atual G-8, em uma convenção realizada em Paris. Atualmente essa organização é composta por 34 países membros, incluindo o Brasil, e também um Estado observador que é a Malásia (CONRAD, 2015). 
As atividades do GAFI visam estabelecer padrões e promover a efetiva implementação de leis, regulamentos e medidas operacionais para combater a lavagem de dinheiro, o financiamento ao terrorismo e outras ameaças à integridade do sistema financeiro internacional (CVM, 2017).
REPATRIAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO 
CONCEITUAÇÃO 
A repatriação é o empreendimento dos mesmos passos utilizados para transferir um empregado para o exterior, só que de forma reversa. Pode ser entendida como um processo, que começa meses antes do retorno e continua durante o evento da volta, tornando-se crítico durante os primeiros meses da ressocialização do repatriado à organização doméstica (NICOLE; FLEURY, 2011).
Já Vance e Paik (2006) entendem como a volta para casa e a consideram a fase da atribuição internacional mais frequentemente negligenciada, mas também a mais crítica para o expatriado e para a multinacional. Deste modo, entende-se que o sucesso durante a expatriação leva ao sucesso durante a repatriação. Semelhantemente, Lazarova e Caligiuri (2001) explicam que expatriação e repatriação não são dois processos separados, e sim a expatriação é o início e a repatriação é o final do mesmo processo. Portanto, a maioria das atividades que asseguram a retenção após a repatriação acontece durante a expatriação e é importante que as multinacionais que enviam seus funcionários para o exterior acompanhem e atuem durante todo o processo. Políticas e práticas de repatriação são construídas para assegurar a retenção do repatriado, ou seja, sua permanência na organização após o retorno da atribuição internacional, em especial nos casos em que a expatriação tem como objetivo o desenvolvimento profissional. A análise das políticas e práticas de repatriação é dividida em dois arcabouços teóricos: a perspectiva tradicional da retenção do repatriado e a perspectiva emergente (NICOLE; FLEURY, 2011).
LEGISLAÇÕES APLICADAS À REPATRIAÇÃO DE ATIVOS 
Diante de um ambiente político catatônico, de total e absoluta desconfiança, passou a vigorar legislações aplicadas à repatriação de ativos, sendo essas:
2.2.1 Projeto de lei do senado Nº 298/2015 
Em vias de ser votado no Plenário do Senado Federal, o Projeto de Lei nº 298/2015, visa regulamentar o repatriamento de capitais a ser operacionalizado através do denominado Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária – RERCT aplicável a bens não declarados, de origem lícita, mantidos no exterior por residentes e domiciliados no Brasil.
Art. 1° É aprovado o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária – RERCT, para declaração de recursos patrimoniais transferidos ou mantidos no exterior, de origem lícita, inclusive aqueles repatriados ao País, por residentes brasileiros, conforme a legislação cambial ou tributária, nos termos e condições da presente lei.
§ 1º O RERCT aplica-se aos recursos remetidos para o exterior, inclusive quando tais condutas tiveram por finalidade ocultar ou dissimular a natureza, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes de condutas lícitas, mantidos no exterior ou repatriados indevidamente, e que não foram declarados até a publicação da presente lei.
Art. 8º Regulamento disporá sobre regras cambiais especiais aplicáveis ao repatriamento dos recursos mantidos no exterior, com o objetivo de graduar o impacto de sua incorporação ao sistema econômico, especialmente no que se relacionar com a taxa cambial e sua influência no comércio exterior.
§1º Sem prejuízo de outras medidas, poderá ser determinado o depósito obrigatório, em moeda estrangeira, no Banco Central do Brasil, pelo prazo máximo de cinco anos, sujeito a liberação segundo graduação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
§ 2º Os depósitos de que trata o § 1º deste artigo renderão juros equivalentes aos rendimentos do título da dívida pública emitido pelo Tesouro Nacional indicadoem Regulamento.
§3º Regulamento disporá sobre recursos já repatriados ao País, sob qualquer modalidade de investimento prevista no art. 3º, ainda que em nome de entidades estrangeiras.
Art. 9º Os recursos declarados no regime do RERCT somente poderão ser repatriados, diretamente ou por terceiros, em qualquer das hipóteses do art. 3º, inclusive fundos de investimento, mediante autorização e nas condições a serem estabelecidas pelo BACEN
2.2.2 Lei Nº 13.254/2016 
Em 13 janeiro de 2016, foi editada, com vetos parciais da Presidente da República, a Lei nº 13.254/2016 que instituiu o Regime Especial Regularização Cambial e Tributária (RERCT), o qual tem o propósito de permitir, por meio de declaração voluntária dos contribuintes, seja regularizada a situação jurídica de “recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados com omissão ou incorreção em relação a dados essenciais, remetidos ou mantidos no exterior, ou repatriados por residentes ou domiciliados no País” (RDIET, Brasília, 2016).
Art. 2° Consideram-se, para os fins desta Lei:
I - recursos ou patrimônio não declarados ou declarados com omissão ou incorreção em relação a dados essenciais: os valores, os bens materiais ou imateriais, os capitais e os direitos, independentemente da natureza, origem ou moeda que sejam ou tenham sido, anteriormente a 31 de dezembro de 2014, de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no País;
II - recursos ou patrimônio de origem lícita: os bens e os direitos adquiridos com recursos oriundos de atividades permitidas ou não proibidas pela lei, bem como o objeto, o produto ou o proveito dos crimes previstos no § 1°do art. 5°;
III - recursos ou patrimônio repatriados objeto do RERCT: todos os recursos ou patrimônio, em qualquer moeda ou forma, de propriedade de residentes ou de domiciliados no País, ainda que sob a titularidade de não residentes, da qual participe, seja sócio, proprietário ou beneficiário, que foram adquiridos, transferidos ou empregados no Brasil, com ou sem registro no Banco Central do Brasil, e não se encontrem devidamente declarados;
IV - recursos ou patrimônio remetidos ou mantidos no exterior: os valores, os bens materiais ou imateriais, os capitais e os direitos não declarados ou declarados com omissão ou incorreção em relação a dados essenciais e remetidos ou mantidos fora do território nacional;
V - titular: proprietário dos recursos ou patrimônio não declarados, remetidos ou mantidos no exterior ou repatriados indevidamente.
É consabido que o principal atrativo da Lei nº 13.254/2016, conhecida como Lei da Repatriação de Recursos, é evitar sanções penais. Entretanto, havendo eventual imputação penal, acende o questionamento quanto à possibilidade e/ ou impossibilidade do confisco penal.
Lei Nº 13.428/2017 
Publicada em 31 de março de 2017 a Lei nº 13.428/2017 alterou a Lei nº 13.254/2016 que criou o programa de regularização de recursos, bens ou direitos remetidos ou mantidos no exterior de forma ilegal.
Art. 1° A Lei n° 13.254, de 13 de janeiro de 2016, passa a vigorar com as seguintes alterações:
§ 4°-A. O RERCT aplica-se também ao espólio cuja sucessão tenha sido aberta até a data de adesão ao RERCT.
Art. 2° O prazo para adesão ao RERCT de que trata a Lei no 13.254, de 13 de janeiro de 2016, será reaberto por 120 (cento e vinte) dias, contados da data da regulamentação para a declaração voluntária da situação patrimonial em 30 de junho de 2016 de ativos, bens e direitos existentes em períodos anteriores a essa data, mediante pagamento de imposto e multa.
Com a alteração aumentou o prazo para a “repatriação” de 38 para 120 dias, que serão contados a partir da data de regulamentação da Receita Federal, que deverá ser feita em até 30 dias. 
§ 2° Os bens ou direitos de qualquer natureza regularizados nos termos deste artigo e os rendimentos, frutos e acessórios decorrentes do seu aproveitamento, no exterior ou no País, obtidos a partir de 1° de julho de 2016, deverão ser incluídos na:
I - declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda relativa ao ano-calendário de 2016, ou em sua retificadora, no caso de pessoa física;
II - declaração de bens e capitais no exterior relativa ao ano-calendário de 2016, no caso de pessoa física ou jurídica, se a ela estiver obrigada; e
III - escrituração contábil societária relativa ao ano-calendário da adesão e posteriores, no caso de pessoa jurídica.
2.3 REGIME ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO CAMBIAL E TRIBUTÁRIA (RERCT) 
2.3.1 Fatos Antecedentes ao RERCT 
Estima-se que atualmente existem grande cifras depositadas nos inúmeros paraísos fiscais espalhados ao redor do mundo, como a Suíça, Mônaco, Ilhas Cayman e Liechtenstein. Diante da possibilidade de reaver parcela do valor mantido por brasileiros, foi apresentada, em 2003, a primeira proposta nacional de anistia fiscal e penal para pessoas físicas e jurídicas que repatriassem seus recursos. De autoria do então Deputado Federal Luciano Castro (PR/RR), o Projeto de Lei nº 113 de 2003 autorizava o reingresso de qualquer recurso remetido ilegalmente ao exterior mediante tributação, pelo imposto de renda, à alíquota de 5%. Quem optasse pelo repatriamento não seria obrigado a declarar a origem dos recursos à Receita Federal, que manteria o sigilo total da identidade do optante (OLIVEIRA, 2016).
Naquele mesmo ano, porém, foi instaurada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado, que investigou enorme esquema de evasão de divisas no Brasil, e, diante do clamor social, a tramitação da proposta legislativa acabou sendo protelada. Segundo apuração realizada pela CPI do Banestado, cerca de R$ 150 bilhões eram mantidos ilegalmente por brasileiros no exterior. Esta vultosa quantia estimulou seu relator, o Deputado Federal José Mentor (PT/SP), a retomar a discussão abortada em 2003, com a apresentação do Projeto de Lei nº 5.228 de 2005 (OLIVEIRA, 2016).
Após anos sem movimentação, a crise econômica mundial de 2009 acelerou a tramitação do Projeto de Lei nº 5.228/05 (atualmente apensado ao Projeto de Lei nº 113/03): em novembro daquele ano, a proposta foi aprovada pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Paralelamente, o então Senador Delcídio Amaral (PT/MS) apresentou, em meados de 2009, o Projeto de Lei nº 354 de 2009, que, ao dispor sobre medidas de estímulo à prática de cidadania fiscal, também propunha o repatriamento de bens e direitos no exterior de pessoas físicas e jurídicas (OLIVEIRA, 2016).
No dia 14 de julho de 2015 foi publicada a Medida Provisória nº 683, que cria o Fundo de Auxílio à Convergência das Alíquotas do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias, com o objetivo de auxiliar financeiramente os Estados e o Distrito Federal durante o período de convergência das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), compreendido como os oito anos seguintes ao efetivo início da convergência, e o Fundo de Desenvolvimento Regional e Infraestrutura, com a finalidade de reduzir as desigualdades socioeconômicas regionais, custear a execução de projetos de investimento em infraestrutura e promover maior integração entre as diversas regiões do País (OLIVEIRA, 2016).
Segundo o mais novo Projeto de Lei sobre o tema ( PL nº 298/2015), de autoria do Senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP) – cujo texto substitutivo foi apresentado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) na mesma data em que foi assinada a Medida Provisória – seria autorizado o repatriamento ou manutenção de recursos não declarados mantidos no exterior, desde que comprovada sua origem lícita, mediante alíquota de 35% – 17,5% a título de Imposto de Renda, e outros 17,5% de multa de regularização (arts. 6º e 7º) (OLIVEIRA, 2016). 
O Projeto de Lei nº 298/2015 não esclareceu, contudo, de que forma a origem lícita dos recursos seria comprovada. Alguns alegam que a licitude já teria sido verificada pelos bancos estrangeiros nos quais os recursos estão depositados.Isso porque os maiores centros financeiros do mundo são membros do Financial Action Task Force (FATF), ou Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), que estabelece, dentre suas recomendações, políticas de Know Your Customer, isto é, segundo as quais a instituição financeira deve identificar, de forma independente, o cliente e o beneficiário efetivo das transações e obter informações sobre o objeto e a natureza da relação de negócio, verificando se são consistentes com o conhecimento que a banco tem do cliente, dos seus negócios e do seu perfil de risco, incluindo, se necessário, a origem dos fundos. No entanto, os paraísos fiscais, em grande parte, não são membros do FATF/GAFI. Nesses casos, ainda que o dinheiro a ser repatriado tenha realmente origem lícita, há efetivo risco ao pretenso anistiado se o dinheiro tiver sido depositado, no exterior, por intermédio de doleiros – em operação denominada dólar-cabo. Isso porque nessas circunstâncias, o suposto optante pela anistia, na maioria das vezes, não saberia identificar, efetivamente, a origem do recurso depositado, por ser proveniente de contas desconhecidas (OLIVEIRA, 2016). 
Corrigindo equívocos das propostas anteriores, que fatalmente contribuiriam para seu insucesso, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 13.254/2016, que institui o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT) de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados incorretamente, remetidos, mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou domiciliados no País, anteriormente a 31 de dezembro de 2014. A regularização se operacionaliza por intermédio da anistia das infrações tributárias, cambiais e penais relacionadas ao envio de recursos e manutenção dos ativos no exterior (OLIVEIRA, 2016). 
2.3.2 Panorama Internacional 
Segundo o Professor Hamilton Dias de Souza, muitos países enfrentaram a questão e criaram soluções legislativas. O Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que 47 jurisdições disciplinaram a matéria, como, por exemplo, Estados Unidos da América, Alemanha, Reino Unido, Itália, Portugal, Espanha, México, Argentina. Ademais, verifica-se que a experiência internacional é favorável à sua realização de repatriamento de bens. De fato, projetos parecidos foram levados a cabo em países como Portugal, Espanha, Itália, África do Sul, Argentina, México, Bélgica, Alemanha e os Estados Unidos da América do Norte (OLIVEIRA, 2016).
É curioso notar que os resultados alcançados foram diferentes (vide gráfico abaixo). Quando as alíquotas aplicáveis foram altas, houve pouco êxito em relação ao dinheiro esperado e efetivamente repatriado (Alemanha e Estados Unidos). Ao revés, quando as alíquotas aplicáveis foram menores e, por conseguinte, mais atrativas aos contribuintes, então o montante repatriado foi muito maior (Itália e México) (OLIVEIRA, 2016). 
Devido ao aumento da atividade econômica em escala mundial, a expansão da complexidade das legislações fiscais nacionais, problemas políticos ou de ordem econômica, incrementaram-se os fenômenos de evasão e de planejamentos internacionais agressivos, bem como a concorrência fiscal danosa (OLIVEIRA, 2016).
Em detrimento a este quadro caótico em âmbito mundial, o Brasil tomou medidas fundamentais para o processo de incorporação das medidas de combate à fraude fiscal internacional, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Em 2015, ocorreu a adesão ao Programa Foreign Account Tax Compliance Act (FATCA), um dos mais importantes atos da visita aos EUA, apesar da pouca difusão, que permitirá aos Estados Unidos da América (EUA) enviar ao Brasil, de forma espontânea e automática, todas as informações relativas às contas correntes e situações patrimoniais de brasileiros disponíveis no sistema financeiro americano (OLIVEIRA, 2016).
No Brasil, o Congresso Nacional aprovou a adesão ao FATCA pelo Decreto Legislativo nº 146, de 26 de junho de 2015, cujo acordo foi firmado em 23 de setembro de 2014, e, após a adesão formal, viu-se regulamentado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), no dia 3 de julho, pela Instrução Normativa nº 1571/2015. Anteriormente, o Brasil já tinha assinado outros dois tratados ao lado dos membros do Global Forum, da OCDE e do G20: a Convenção Multilateral sobre Assistência Mútua Administrativa em Matéria Fiscal, à qual aderiu em 2011, para trocas automáticas ou a pedido de informações fiscais com os 128 países membros e a Convenção Automátic Exchange of Financial Information in Tax Matters (AEOI), para trocas de informações fiscais sobre contas bancárias, aberta para adesões no encontro do G20 do ano de 2014, igualmente firmada pelo Brasil e ainda em tramitação na Casa Civil. (OLIVEIRA, 2016).
2.3.3 Análise Técnica do RERCT 
Os recursos, bens ou direitos devem ter origem lícita, ou seja, a pessoa os recebeu sem cometer nenhum crime. Em linguagem vulgar, mas necessária à compreensão: o "dinheiro" deve ser "limpo". Desta forma, a ilegalidade praticada pela pessoa baliza-se ao momento de enviar ou manter tais bens no exterior (OLIVEIRA, 2016). 
A definição de "origem lícita" é dada pela Lei nº 13.254/2016: 
Art. 2º Consideram-se, para os fins desta Lei: 
II - Recursos ou patrimônio de origem lícita: os bens e os direitos adquiridos com recursos oriundos de atividades permitidas ou não proibidas pela lei, bem como o objeto, o produto ou o proveito dos crimes previstos no § 1º do art. 5º;
Quanto ao alcance, o RERCT aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil em 31 de dezembro de 2014 que tenham sido ou ainda sejam proprietárias ou titulares de ativos, bens ou direitos em períodos anteriores a 31 de dezembro de 2014, ainda que, nessa data, não possuam saldo de recursos ou título de propriedade de bens e direitos (OLIVEIRA, 2016). 
Existem condições que proíbem as pessoas de aderir ao RERCT. Neste caso, os sujeitos que já foram condenados criminalmente pelos seguintes delitos: crimes contra a ordem tributária (art. 1º, todos os incisos e art. 2º, incisos I, II e V, da Lei nº 8.137/90); crime de sonegação fiscal da Lei nº 4.729/65; sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A do CP); falsificação de documento público (art. 297 do CP), falsificação de documento particular (art. 298 do CP), falsidade ideológica (art. 299 do CP) e uso de documento falso (art. 304 do CP); evasão de divisas nas suas três modalidades (art. 22, caput e parágrafo único, da Lei nº 7.492/86); lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98). São excluídos também dos benefícios os indivíduos que, na data de publicação da Lei (14/01/2016) forem detentores de cargos, empregos e funções públicas de direção ou eletivas. Essa mesma proibição se desdobra aos cônjuges e parentes até 2º grau (consanguíneos, afins, por adoção) (OLIVEIRA, 2016).
O procedimento antes do pagamento do imposto de renda e da multa, a pessoa física ou jurídica deverá apresentar à Receita Federal e ao Banco Central declaração descrevendo pormenorizada dos recursos, bens e direitos a serem regularizados. Do mesmo modo, os recursos, bens e direitos que forem listados na declaração única para adesão ao RERCT deverão ser também informados na declaração retificadora do imposto de renda, na declaração retificadora da declaração de bens e capitais no exterior e na escrituração contábil societária relativa ao ano-calendário da adesão e posteriores, no caso de pessoa jurídica (OLIVEIRA, 2016). 
2.3.4 Constitucionalidade do RERCT 
2.3.4.1 Ato de Declaração da Licitude e Origem dos Recursos 
O RERCT foi concebido com o objetivo de incrementar a arrecadação do combalido Governo Federal, com foco à regularização apenas de recursos que tenham comprovada origem lícita, conforme se extrai do artigo 1º, caput e do § 2º, da Lei 13.254/20169: 
Art. 1º É instituído o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), para declaração voluntária de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados com omissãoou incorreção em relação a dados essenciais, remetidos ou mantidos no exterior, ou repatriados por residentes ou domiciliados no País, conforme a legislação cambial ou tributária, nos termos e condições desta Lei. 
§ 2º Os efeitos desta Lei serão aplicados aos titulares de direito ou de fato que, voluntariamente, declararem ou retificarem a declaração incorreta referente a recursos, bens ou direitos, acompanhados de documentos e informações sobre sua identificação, titularidade ou destinação. 
Entretanto, muitos receiam aderir ao RERCT e não conseguir provar que os recursos foram obtidos licitamente. Todavia, o sucesso do RERCT está amarrado a segurança jurídica que o contribuinte terá quanto às condições e consequências da adesão ao regime (OLIVEIRA, 2016). 
Sobre o Princípio da Segurança Jurídica, Heleno Taveira Torres apresenta analítico conceito referente a tal regra constitucional: Para os fins desse estudo, define-se a segurança jurídica como princípio-garantia constitucional que tem por finalidade proteger direitos decorrentes das expectativas de confiança legítima na criação ou aplicação das normas jurídicas, mediante certeza jurídica, estabilidade do ordenamento ou efetividade de direitos e liberdades fundamentais (OLIVEIRA, 2016).
Dentre as formas de escapar dessa insegurança jurídica, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) adverte que indivíduos que procurem regularizar os ativos sejam claros em seus termos e nas consequências da adesão. Ao assim fazer, a OCDE elege a segurança jurídica como um pilar desses programas ao redor do mundo (OLIVEIRA, 2016).
O Poder Judiciário tem sido firme ao garantir a observância do Princípio da Segurança Jurídica. A despeito desse e alguns outros pontos que ainda deverão ser melhor esclarecidos pela Receita Federal, a compreensão geral é de que há segurança jurídica suficiente para que os contribuintes se valham do RERCT para regularizar eventuais bens mantidos no exterior que no passado não tenham sido declarados às autoridades brasileiras (OLIVEIRA, 2016). 
2.3.4.2 RERCT e o Princípio da Isonomia Tributária 
As análises até agora empreendidas acerca do RERCT, estabelecido nos termos da Lei 13.254/2016, não têm enfrentado um aspecto que se afigura flagrante e desarrazoada lei de regularização cambial e tributária que viola princípio da isonomia tributária. Segundo Baleeiro, dentre os princípios consagrados em nossa Constituição Federal de 1988 está o Princípio da Isonomia, mandamento nuclear de todo o nosso sistema constitucional (OLIVEIRA, 2016).
Princípios constitucionais são os valores éticos, religiosos e culturais que nortearam a ação do poder constituinte originário e continuam parametrizando a aplicação das normas jurídicas em nosso ordenamento jurídico. O Princípio da Isonomia, conforme nos ensina Mello, “tem duplo objetivo, o de propiciar garantia individual contra perseguições e o de tolher favoritismos”. A Lei, como sabemos, é instrumento regulador da vida social e não deve ser usada como fonte de privilégios ou perseguições, daí o legislador e o aplicador estão sob sua limitação. Assim, os critérios de o sujeito ocupar cargos públicos, ou de possuir grau de parentesco com ele, não pressupõe e tampouco acarreta, por si só, a ilicitude dos recursos, bens ou direitos mantidos no exterior a ponto de não permitir a fruição dos benefícios previstos no RERCT (OLIVEIRA, 2016). 
Por outro lado, a exclusão das pessoas politicamente expostas que possuem recursos, bens ou direitos lícitos no exterior da fruição dos benefícios do RERCT — incluindo aí os seus familiares — viola diretrizes basilares da ordem constitucional e tributária nacional, como é o caso do referido Princípio e da vedação à discriminação em razão da ocupação profissional inseridos nos artigos 5º, caput, e 150, II, da Constituição brasileira de 198818. Assevera-se que o artigo 11 da Lei 13.254/2016 está eivado de inconstitucionalidade. De acordo com tal artigo19: “Os efeitos desta Lei não serão aplicados aos detentores de cargos, empregos e funções públicas de direção ou eletivas (...)” (OLIVEIRA, 2016).
Diante da dúvida quanto à constitucionalidade do imposto e da multa exigidos para adesão ao RERCT, tem sido cogitada a apresentação de pedido individual de restituição dos valores inicialmente pagos. Independentemente do mérito da questão, deve ser sopesado o risco de se entender que a devolução do tributo obstaria a fruição dos benefícios legais, já que isso supõe a integral aceitação das condições estabelecidas, inclusive a confissão e o efetivo recolhimento do montante exigido a título de imposto e da multa (OLIVEIRA, 2016). 
2.3.4.3 Anistia Penal de Infrações Tributárias 
Um dos pontos controversos se refere à possibilidade de pessoas já condenadas por um dos crimes listados na lei, mas sem sentença transitada em julgado, aderirem ao RERCT. Tanto que o artigo 5°, parágrafo 2° da lei estabelece que a extinção da punibilidade dos crimes cobertos pelo programa “somente ocorrerá se o cumprimento das condições se der antes do trânsito em julgado da decisão criminal condenatória” (OLIVEIRA, 2016). 
Vale ressaltar o artigo 4°, parágrafo 5°, da lei 13.254/16, que estende a interpostas pessoas a extinção da punibilidade pelos crimes abrangidos pelo regime. Neste caso, portanto, parece que trustes e fundações também estariam protegidos pela anistia (OLIVEIRA, 2016).
Não podem aderir ao RERCT os condenados por decisão definitiva pela prática dos mesmos crimes anistiados pela Lei. Não há impedimento se a condenação for pela prática de outros crimes (OLIVEIRA, 2016). 
O Princípio da Anterioridade determina que a lei penal deve ser anterior ao fato que busca incriminar. Em outras palavras, é necessário que a lei penal já esteja em vigor na data em que o fato que tipifica é praticado (regra do tempus regit actum). Um fato só é considerado reprovável pelo ordenamento jurídico penal se era considerado como tal pela lei penal à época de seu acontecimento (OLIVEIRA, 2016). 
Com isso, podemos concluir que os benefícios introduzidos pela Lei nº 13.254/16 não podem ser vedados seja a condenados em primeiro grau, seja a condenados definitivos. Resta-se a aplicação retroativa por meio do Juízo das Execuções, como esclarece o enunciado nº 611 da jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal (STF). Em suma, pelos seus efeitos irem para depois da sentença definitiva, o Juiz de Direito da Vara de Execução Penal (artigo 66, I, CP e Súmula 611 do STF) poderá conhecê-la (OLIVEIRA, 2016).
2.3.4.4 Ação Direta de Inconstitucionalidade em face do RERCT
O Partido Popular Socialista (PPS) ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº 5.496/2016) para questionar dispositivos da Lei 13.254/2016, que institui o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), também conhecida por Lei da Repatriação de Recursos. A referida Ação foi distribuída à relatoria da Ministra Cármen Lúcia e atualmente aguarda informações para posterior apreciação do pedido de liminar pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a descrição no sítio do STF, a Ação Direta de Inconstitucionalidade “tem por finalidade declarar que uma lei ou parte dela é inconstitucional, ou seja, contraria a Constituição Federal”. A ADI é um dos instrumentos daquilo que os juristas chamam de “controle concentrado de constitucionalidade das leis”. Em outras palavras, é a contestação direta da própria norma em tese. Uma outra forma de controle concentrado é a Ação Declaratória de Constitucionalidade (OLIVEIRA, 2016).
Na ação, o PPS sustenta que lei apresenta dispositivos que violam princípios consagrados na Constituição Federal, como o Princípio da Isonomia Tributária, da Capacidade Contributiva, da Moralidade e da Segurança Jurídica. Em breve análise, a ADI nº 5.496/2016 não apresenta fundamentos suficientes para que o STF declare inconstitucional a Lei n 13.254/2016. O foco da discussão da Adin está pautado em três pontos: 
1) não impedir a investigação doscrimes de lavagem de dinheiro relativa a outros crimes antecedentes que não os de sonegação anistiados pela própria lei; 
2) determinar a aplicação da alíquota padrão do IR, vigente em 31 de dezembro de 2014, respeitada a progressividade regularmente definida; e 
3) limitar o alcance da lei ao período de 1º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2014, ou seja, cinco anos (OLIVEIRA, 2016).
2.3.5 Declaração de Regularização Cambial e Tributária (DERCAT)
 
De acordo com a Receita, quem aderir a esta segunda fase da repatriação terá que pagar 15% de Imposto de Renda mais 20,25% de multa, sobre o valor do bem declarado. Com isso, a alíquota total (multa mais juros) será de 35,25%, contra 30% cobrados no programa aberto no ano passado. (SUBSECRETARIA DE FICALIZAÇÃO, 2017).
A regularização dos bens e direitos e o pagamento integral do imposto e da multa importam confissão irrevogável e irretratável dos débitos em nome do sujeito passivo, configuram confissão extrajudicial e condicionam o sujeito passivo à aceitação plena e irretratável de todas as condições estabelecidas na Lei nº 13.254, de 2016 (SUBSECRETARIA DE FICALIZAÇÃO, 2017).
Adicionalmente, a adesão realizada no período entre 03/04/2017 e 31/07/2017 implica a remissão dos demais créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações tributárias e a redução de 100% (cem por cento) das demais multas de mora, de ofício ou isoladas e dos encargos legais diretamente relacionados a esses bens e direitos em relação a fatos geradores ocorridos até 30 de junho de 2016. O imposto pago será considerado como tributação definitiva, e não será permitida a restituição de valores anteriormente pagos (SUBSECRETARIA DE FICALIZAÇÃO, 2017).
2.3.5.1 Obrigatoriedade
 A entrega da Dercat é facultativa, sendo necessária apenas àqueles que desejarem optar pelo RERCT. O contribuinte que tiver aderido ao RERCT até 31 de outubro de 2016 poderá complementar a declaração mediante declaração complementar que deverá ser preenchida no aplicativo referente ao exercício de 2017 (SUBSECRETARIA DE FICALIZAÇÃO, 2017).
 Não poderá optar pelo RERCT quem tiver sido condenado em ação penal cujo objeto seja um dos crimes listados no § 1º do art. 5º da Lei nº 13.254, de 2016, ainda que não transitada em julgado (SUBSECRETARIA DE FICALIZAÇÃO, 2017).
Os efeitos da Lei nº 13.254, de 2016, não serão aplicados aos detentores de cargos, empregos e funções públicas de direção ou eletivas, nem aos respectivos cônjuges e aos parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, na data da publicação da Lei nº 13.254, de 2016, ou seja, 14 de janeiro de 2016 (SUBSECRETARIA DE FICALIZAÇÃO, 2017).
2.3.5.2 Local e Prazo de Entrega
 A Dercat deverá ser apresentada em formato eletrônico mediante acesso, via certificado digital, ao serviço “Declaração de Regularização Cambial e Tributária”, disponível no Centro Virtual de Atendimento (e-Cac). O período de entrega será entre 03 de abril de 2017 e 31 de julho de 2017 (SUBSECRETARIA DE FISCALIZAÇÃO, 2017).
 
2.3.5.3 Informações a serem apresentadas à RFB na Dercat
 Deverá constar na Dercat:
1. Identificação do declarante, contendo o número de inscrição no CPF, nome e data de nascimento, no caso de pessoa física; ou, no caso de pessoa jurídica, o número de inscrição no CNPJ e razão social;
2. Identificação dos recursos, bens ou direitos a serem regularizados, existentes em 30 de junho de 2016, bem como a identificação da titularidade e origem;
3. O valor dos recursos, bens ou direitos de qualquer natureza declarados;
4. Declaração de que os bens ou direitos de qualquer natureza declarados têm origem em atividade econômica lícita e de que as informações fornecidas são verídicas;
5. Declaração de que não foi condenado em ação penal, ainda que não transitada em julgado, cujo objeto seja um dos crimes listados no § 1º do art. 5º da Lei nº 13.254, de 2016;
6. Declaração de que era residente ou domiciliado no País em 30 de junho de 2016, segundo a legislação tributária;
7. Declaração de que, em 14 de janeiro de 2016, não era detentor de cargos, empregos ou funções públicas de direção ou eletiva e de que não possuía cônjuge ou parente consanguíneo ou afins até o 2º(segundo) grau ou por adoção nessas condições; 
8. Descrição das condutas praticadas pelo declarante que se enquadrem nos crimes previstos no § 1º do art. 5º da Lei nº 13.254, de 2016, e a descrição dos respectivos recursos, bens ou direitos de qualquer natureza, na hipótese de inexistência de saldo dos recursos, ou de titularidade de propriedade de bens ou direitos em 30 de junho de 2016; 
9. Descrição das condutas praticadas pelo declarante que se enquadrem nos crimes previstos no § 1º do art. 5º da Lei nº 13.254, de 2016, e a descrição dos respectivos recursos, bens ou direitos de qualquer natureza, na hipótese em que o bem original tenha sido posteriormente repassado à titularidade ou responsabilidade, direta ou indireta, de trust de quaisquer espécies, fundações, sociedades despersonalizadas, fideicomissos, ou dispostos mediante a entrega a pessoa física ou jurídica, personalizada ou não, para guarda, depósito, investimento, posse ou propriedade de que sejam beneficiários efetivos o interessado, seu representante ou pessoa por ele designada (SUBSECRETARIA DE FISCALIZAÇÃO, 2017).
2.3.5.4 Pagamento do Documento de Arrecadação de Receitas Federais
 Após a transmissão da declaração, o DARF deverá ser emitido na própria aplicação da Dercat. Em atendimento ao disposto no art. 5º, §3º, da IN RFB nº 1.704, de 2017, o DARF será emitido em nome do Ministério da Fazenda, CNPJ nº 00.394.460/0058-87. A identificação do declarante será feita por meio do campo “número de referência”, no qual constará o número do recibo de entrega da Dercat (SUBSECRETARIA DE FISCALIZAÇÃO, 2017).
 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA REPATRIAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO 
 A lei é extremamente vantajosa para contribuintes que possuem recursos no exterior ou possuíam até 2014. Se a omissão de recursos no exterior fosse apenas um crime de natureza tributária, no momento em que o tributo é pago o crime morre, então no limite a pessoa resolve o problema pagando o imposto. Nesse caso, no entanto, existe a questão penal, por isso é extremamente recomendável aderir à lei (YAZBEK, 2016).
 Além do benefício de anistia do crime, a lei também reduz os valores pagos pelas multas. Sem a lei, a omissão de recursos no exterior pode levar o contribuinte a pagar multas de até 150% sobre o valor do tributo – o que ocorreria em caso de fraude, simulação e dolo – ou ainda de 225% – caso houvesse indício de fraude, simulação ou dolo (YAZBEK, 2016).
Outro grande benefício, em termos financeiros, é que ao repatriar os recursos por meio da Lei da Repatriação o contribuinte tem a oportunidade de converter os ativos para reais pela cotação de 31 de dezembro de 2014, de 2,65 reais, bem abaixo da cotação atual, por exemplo, de 4,03 reais, que valeria, por exemplo, para quem repatriasse os recursos neste ano, sem aderir à nova lei (YAZBEK, 2016).
Além das vantagens citadas acima, a lei de repatriação de capital também oferece a extinção de todas as obrigações de naturezas cambial e financeira relacionadas à titularidade dos ativos declarados; exclusão de multa pela não entrega completa ou atraso na declaração de Capitais Brasileiros no Exterior ao Banco Central; exclusão de penalidades aplicadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e por outras entidades regulatórias; e extinção da punibilidade de crimes previdenciários e tributários relativos aos ativos e de sonegação fiscal, falsificação de documentos, falsidade ideológica, ocultação de bens, entre outros (ANGÉLICO ADVOGADOS, 2016).
 O RERCT também possui riscos e possíveis desvantagens de adesão, tais como:
1.Apesar de anistiar alguns crimes, não garante que a quebra de sigilo, continuidade de investigações e a responsabilização criminal dos contribuintes nãoocorrerão; 
2. Há receio que as informações do RERCT possam ser utilizadas em eventuais investigações, ainda que exista a previsão de anistia, isso porque, apesar do RERCT dizer que as informações não poderão ser utilizadas, se a Receita Federal negar a participação do contribuinte no programa de repatriação, poder-se-á aplicar a ressalva prevista no § 2º do art. 9º, que, segundo esse dispositivo, a instauração ou continuidade de procedimentos poderá ocorrer “se houver evidências documentais não relacionadas à declaração do contribuinte”; 
3. Outro dispositivo que gera insegurança é o inciso I, § 12, do art. 4º, segundo o qual a declaração única de regularização não poderá ser, por qualquer modo, utilizada “como único indício ou elemento para efeitos de expediente investigatório ou procedimento criminal”;  
4. Existe risco na interpretação de “único indício”, pois não se estabelecem quais outros poderão ser usados; os rendimentos dos recursos mantidos no exterior relativos ao ano de 2015 estarão sujeitos ao Imposto de Renda normalmente, mas sem a cobrança de multa (ANGÉLICO ADVOGADOS, 2016).
A Lei n° 13.254/2016 oferece importante oportunidade para pessoas físicas e jurídicas regularizarem ativos não declarados no exterior. Todavia, para adesão ao RERCT deverá ser realizada individual e minuciosa análise, com o objetivo de evitar ou minimizar os riscos acima identificados (ANGÉLICO ADVOGADOS, 2016).
2.5 DIRECIONAMENTO DAS RECEITAS COM REPATRIAÇÃO
 
 A Receita Federal informou que a arrecadação final com a chamada Lei da Repatriação chegou a R$ 50,9 bilhões. O valor equivale ao imposto e multa pagos pelos contribuintes para a regularização de ativos no exterior que somaram R$ 169,9 bilhões (ESTADÃO CONTEÚDO, 2016). 
Foram mais de 25 mil declarações, a maior parte de pessoas físicas, com 25.011 contribuintes. Esse grupo regularizou R$ 163,975 bilhões em ativos não declarados no exterior. Além disso, 103 pessoas jurídicas aderiram ao programa para regularizem R$ 6,064 bilhões em ativos. A meta original do governo era arrecadar pelo menos R$ 50 bilhões. Pelo programa, os contribuintes que enviaram dinheiro ao exterior sem declarar à Receita podem trazer os recursos de volta ao País pagando uma alíquota de Imposto de Renda (IR) de 15%, mais uma multa de 15% (ESTADÃO CONTEÚDO, 2016).
A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, adiantou que o dinheiro extra da Lei de Repatriação será usado para quitar os chamados “restos a pagar” em aberto de obras e programas que deveriam ter sido pagos em anos anteriores. Os valores também serão usados para melhorar o resultado fiscal do Setor Público Consolidado, já que parte do imposto (49%), será repartido com Estados e municípios (ESTADÃO CONTEÚDO, 2016).
O relator da Lei Orçamentária Anual de 2017, senador Eduardo Braga, afirmou que, com o aumento das receitas da União proporcionado pela regularização de recursos de brasileiros mantidos no exterior, será possível reduzir os cortes em investimentos. Pelas estimativas de Braga, esses cortes, inicialmente previstos em R$ 13 bilhões, cairão para R$ 4 bilhões. Eduardo Braga afirmou que a entrada de recursos com a repatriação permitirá maior flexibilidade na elaboração do relatório da proposta de lei orçamentária (GARCIA, 2016).
Devido a arrecadação das multas da Lei de Repatriação de Capital, houve elevação nas transferências para os Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios (FPE e FPM) e para os Fundos Constitucionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste (FNO, FNE e FCO) (DA REDAÇÃO, 2016).
Os Estados têm direito a 21,5% do dinheiro arrecadado com o pagamento do Imposto de Renda devido pelos contribuintes. A divisão entre os estados atende aos critérios do Fundo de Participação dos Estados (FPE) (MARTELLO, 2016).
Já em outros dados disponibilizados pelo governo federal diz que arrecadou R$ 46,8 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões de IR foram repartidos com os estados e cerca de R$ 5,5 bilhões com os municípios, conforme determina a Constituição (JORNAL DO BRASIL, 2016). 
Segundo Meirelles (2016), o governo federal decidiu partilhar o dinheiro das multas somente por causa do compromisso dos estados e do Distrito Federal em instituir medidas de corte de gastos. “Concordamos que, com esse pacto de austeridade, que seria impensável meses atrás, os estados se submeterão a ajuste muito forte com redução de despesas que justifica a repartição das multas. Tudo está vinculado a que o pacto seja formatado e assinado pelos governadores ao longo desta semana. Os R$ 5 bilhões das multas são apenas uma ajuda temporária”, explicou (JORNAL DO BRASIL, 2016).
De acordo com o ministro, o próprio acordo de desistência das ações judiciais a ser assinado no STF estabelecerá a obrigação de os governadores enviarem projetos de ajuste fiscal às Assembleias Legislativas. O acordo também estabelece a reintrodução, no acordo de renegociação da dívida dos estados, de contrapartidas que tinham sido retiradas na tramitação do projeto na Câmara dos Deputados, como o corte de 20% de gastos com cargos comissionados e de confiança e a proibição de aumentos para o funcionalismo público local nos próximos dois anos (JORNAL DO BRASIL, 2016). 
 
2.6 BENEFÍCIOS PARA O CONTRIBUINTE
 A lei de Repatriação é tida como uma oportunidade única de um recomeço para empresas e pessoas físicas que têm recursos não declarados no exterior. Além da anistia tributária, o programa de regularização prevê anistia dos crimes contra a ordem tributária e sistema financeiro nacional expressamente mencionados na legislação, tais como lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica relacionados com a sonegação fiscal e evasão de divisas (DINO, 2016).
Os contribuintes da Lei de Repatriação serão beneficiados pela extinção da punibilidade dos crimes previstos na legislação, desde que a origem dos recursos/bens/direitos no exterior seja relacionada à atividade lícita, bem como pela remissão dos créditos tributários relacionados aos eventos ocorridos até 31/12/2014 (incluindo a obrigação tributária principal – pagamento do tributo e acessória – declaração) (DINO, 2016). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É notória a grande corrupção que o Brasil enfrenta por inúmeros motivos, entre eles a falta de medidas que os responsabilizem por tal ato. Lavagem de dinheiro, criação de paraísos fiscais, financiamento terrorista são algumas das formas de burlar a lei. O Brasil vem tendo inciativas de controlar essa deturpação. A repatriação como forma de levar bens, pessoas, materiais para seu lugar de origem, objetivou uma forma de detenção da lavagem de dinheiro e criação de paraísos fiscais fora do Brasil, com a criação da Repatriação de Capital Estrangeiro. Um objetivo que há tempos vem sendo discutido, mas que tomou proporções maiores com a revelação de casos de corrupção. 
A intensa procura dos paraísos fiscais é notória, fato que, facilitam a entrada de grandes quantias de dinheiro em seus países sem a necessidade de indentificação, e até mesmo o pagamento de impostos. Nesse âmbito surgem também as empresas offshore, que junto dos paraísos fiscais formam um quadro de facilidades para aquelas pessoas que desejam realizar investimentos e receber rapidamente retorno, por outro lado os paraísos fiscais e às empresas offshore são alvos daquelas pessoas que cometem atividades criminosas como a lavagem de dinheiro e o terrorismo. Portanto, com o advento da lei 13.254/2016 de 13 de Janeiro, a correta utilização dos paraísos fiscaís e empresas offshore poderá ser feita.
Foi possível observar, que práticas ilícitas como corrupção, lavagem de dinheiro e fraudes necessitam de instrumentos eficazes para combater tais práticas. Através de organizações nacionais como a COAF, e internacionais a exemplo OCDE e GAFI, desempenham um papel de extrema importância na busca do controle e averiguação de tais atos. 
É importante reconhecer as diferenças entre expatriação e repatriação, além da participação das multinacionais quantoaos interesses dos repatriados. Vale ressaltar que foram criadas legislações aplicadas à repatriação de ativos, como o projeto de lei do senado Nº 298/2015, a Lei Nº 13.254/2016 e a Lei Nº 13.428/2017.
Com a criação Lei nº 13.254/2016 - RERCT (Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária), algumas normas de natureza tributária foram modificadas e até mesmo criadas, oferecendo anistia em alguns casos de irregularidades tributárias. Apesar de possuir riscos, o RERCT trouxe vantagens os país em termos de arrecadação de receitas, as quais foram utilizadas em melhorias para Estados e municípios.
REFERÊNCIAS
ANGÉLICO ADVOGADOS. A Regularização de Ativos no Exterior: Requisitos, Roteiro, Vantagens e Riscos. 2016. Disponível em: <http://blog.angelicoadvogados.com.br/2016/02/04/a-regularizacao-de-ativos-no-exterior/>. Acesso em: 24 abr. 2017. 
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BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2017 Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=A&id=124>. Acesso em: 24 abr. 2017.
BRASIL. Lei Nº 13.428/2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13428.htm>. Acesso em: 25 abr. 2017.
BRASIL. Projeto de lei do senado Nº 298/2015. Disponível em: <https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/121324>. Acesso em: 24 abr. 2017.
BRASIL. Senado Notícias. Rateio da repatriação leva a nova estimativa da receita federal. 2016. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/12/27/rateio-da-repatriacao-leva-a-nova-estimativa-da-receita-federal>. Acesso em: 24 abr. 2017. 
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CONRAD, Thyana Carolina Spode. Paraísos fiscais e a lavagem de dinheiro como instrumento de financiamento grupos terroristas. Dissertação – UFSC. 2015. Disponível em:<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/134819/Monografia%20da%20Thyana.Conrad.pdf?sequence=1>. Acesso em: 24 abr. 2017.
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