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Aulas de civilIII (1)

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Disciplina: Direito Civil III 
Aula 01 – TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
1.1 Conceito e gênese
1.2 Condições de validade dos contratos
1.3 Princípios fundamentais do direito contratual
Noções Gerais de Contrato
Não se tem como precisar uma data específica na história para o surgimento do contrato. À medida que a sua ocorrência confunde-se com a própria evolução moral da humanidade. Podemos tão somente detectar em que período a sistematização jurídica do contrato aconteceu. No Direito Romano atribui-se ao jurisconsulto GAIO o trabalho da sistematização das fontes das obrigações, que posteriormente foram desenvolvidas nas Institutas de Justiniano, distribuídas em quatro categorias: contrato, quase-contrato, delito e quase-delito.
Contratos são instrumentos jurídicos de constituição, transmissão e extinção de direitos na área econômica. Em sentido amplo todas as figuras jurídicas que nascem do acordo de vontade podem ser chamadas de contrato. Mas no sentido que vamos estudar limitamos sua acepção às relações jurídicas patrimoniais do campo do direito das obrigações.
No Código Civil de 2002 disciplinou a matéria da seguinte forma:
a) Título V – Dos Contratos em Geral, subdividido em dois capítulos: 
Capítulo I – Das Disposições Gerais e Capítulo II – Da Extinção do Contrato.
b) Título VI – Das Várias Espécies de Contratos, subdivididos em vinte capítulos.
As inovações nessa disciplina tratam-se do Contrato Preliminar, Do Contrato de Pessoa a Declarar, Da Resolução por Onerosidade Excessiva (Teoria da Imprevisão), Da Venda com Reserva de Domínio, Da Venda Sobre Documentos e Do Contrato Estimatório. Além de disciplinar novos Contratos como: Comissão, Corretagem e Transporte.
Conceitos de Contrato
“é uma espécie de negócio jurídico cuja formação depende da presença de pelo menos duas partes. É negócio jurídico bilateral ou plurilateral.”(Orlando Gomes)
“acordo de vontades com a finalidade de produzir efeitos jurídicos”.(Caio Mário)
Hoje toda a convenção nestes termos é dotada de força vinculante e mune o credor para perseguir em juízo a prestação prometida em espécie ou em equivalente.
Contrato no Direito Contemporâneo
A noção de igualdade formal dos indivíduos, que possibilitava a crença no equilíbrio dos contratantes perdeu sua credibilidade nos tempos atuais.
A notória desigualdade entre contratantes fez com que o Estado interferisse no instituto, limitando a autonomia da vontade, a liberdade de contratar e de determinar ao conteúdo da relação contratual, a ponto de se pensar em contrato até mesmo sem a existência de um acordo de vontade (v.g., prorrogação compulsória da locação).
Na prática há confusão com relação a palavra contrato, que designa não só o negócio jurídico bilateral gerador de obrigações como também o instrumento que o formaliza, isto é, o documento escrito, a escritura, etc. Mas é necessário saber que não é a forma que cria o contrato, mas sim o acordo de vontade, existindo, por exemplo, contratos verbais.
O contrato distingue-se da lei por ser fonte de obrigações e gerar direito subjetivo, enquanto alei é fonte de direito objetivo. Ambos seguem regras próprias e distintas.
Condições (requisitos) de validade do Contrato
Para que o negócio produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como os de sua validade. Se os possui, é válido e dele decorrem os mencionados efeitos almejados pelo agente. Se, porém, falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito jurídico em questão e é nulo ou anulável.
azO contrato, como qualquer outro negócio jurídico, sendo uma de suas espécies, igualmente exige para a sua existência legal o concurso de alguns elementos fundamentais, que constituem condições de sua validade. 
Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies: 
a) de ordem geral (comuns a todos os atos e negócios jurídicos); e 
b) de ordem especial. Os primeiros são: a capacidade do agente; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei (CC, art. 104). Na espécie de ordem especial temos o consentimento recíproco ou acordo de vontades.
Os requisitos de validade do contrato podem, assim, ser distribuídos em três grupos: subjetivos, objetivos e formais.
Os requisitos subjetivos consistem:
a)      na manifestação de duas ou mais vontade e na capacidade genérica dos contraentes;
b)      na aptidão específica para contratar; e
c)      no consentimento.
A capacidade genérica dos contraentes (que podem ser duas ou mais pessoas, visto constituir o contrato um negócio bilateral ou plurilateral) é o primeiro elemento ou condição subjetiva de ordem geral para a validade dos contratos. Estes serão nulos (CC, art. 166, I) ou anuláveis (art. 171, I) se a incapacidade, absoluta ou relativa, não for suprida pela representação ou pela assistência (CC, arts. 1.634, V, 1.747, I e 1.781). 
A capacidade exigida nada mais é do que a capacidade de agir em geral, que pode inexistir em razão da menoridade, da falta do necessário discernimento ou de causa transitória (CC, art. 3º), bem como ser reduzida nas hipóteses mencionadas no art. 4º do Código Civil (menoridade relativa, embriaguez habitual, dependência de tóxicos, discernimento reduzido, prodigalidade). No tocante às pessoas jurídicas, exige-se a intervenção de quem os seus estatutos indicarem para representá-las ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente.
Além da capacidade geral, exige a lei a especial para contratar. Algumas vezes, para celebrar certos contratos, requer-se uma capacidade especial, mais intensa do que a normal, como ocorre na doação, na transação e na alienação onerosa, que exigem a capacidade ou poder de disposição das coisas ou dos direitos que são objeto do contrato. Outras vezes, embora o agente não seja incapaz, genericamente, deve exibir a outorga uxória (para alienar bem imóvel, p. ex.: CC, arts. 1.647, 1.649 e 1.650) ou o consentimento dos descendentes e do cônjuge do alienante (para a venda a outros descendentes: art. 496). Essas hipóteses não dizem respeito propriamente à capacidade geral, mas à falta de legitimação ou impedimentos para a realização de certos negócios. A capacidade de contratar deve existir no momento da declaração de vontade do contratante.
O requisito de ordem especial, próprio dos contratos, é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. Deve abranger os seus três aspectos:
a)      acordo sobre a existência e natureza do contrato (se um dos contratantes quer aceitar uma doação e o outro quer vender, contrato não há);
b)      acordo sobre o objeto do contrato e;
c)      acordo sobre as cláusulas que o compõem (se a divergência recai sobre ponto substancial, não poderá ter eficácia o contrato).
O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua validade afetada pelos vícios ou defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude.
A manifestação da vontade nos contratos pode ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art. 111). Expressa é a exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca. 
Algumas vezes, a lei exige o consentimento escrito como requisito de validade da avença. É o que sucede na atual Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245/91), cujo art. 13 prescreve que a sublocação e o empréstimo do prédio locado dependem de consentimento, por escrito, do locador.
Como o contrato, por definição, é um acordo de vontades, não se admite a existência de autocontrato ou contrato consigo mesmo. Dispoõe, todavia, o art. 117 do novo Código Civil:
“Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.”
O novo diploma prevê,portanto, a possibilidade da celebração do contrato consigo mesmo, desde que a lei ou o representado autorizem sua realização. Sem a observância dessa condição, o negócio é anulável.
Os requisitos objetivos dizem respeito ao objeto do contrato, que deve ser lícito, possível, determinado ou determinável (CC, art. 104, II). 
A validade do contrato depende, assim, da: 
a) licitude de seu objeto; 
b) possibilidade física ou jurídica do objeto; e, por fim, 
c) determinação de seu objeto.
O terceiro requisito de validade do negócio jurídico é a forma (forma dat esse rei, ou seja, a forma dá se às coisas), que é o meio de revelação da vontade. Deve ser a prescrita ou não defesa em lei.
No direito brasileiro, a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção.
Podem ser distinguidas três espécies de formas: livre, especial ou solene e contratual.
A forma livre é a predominante no direito brasileiro (CC, art. 107), sendo qualquer meio de manifestação da vontade não imposto obrigatoriamente pela lei (palavra escrita ou falada, escrito público ou particular, gestos, mímicas etc.).
A forma especial ou solene é a exigida pela lei como requisito de validade de determinados negócios jurídicos.
A forma contratual é a convencionada pelas partes. O art. 109 do Código Civil dispõe que, “no negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato”.
Princípios Fundamentais da Relação Contratual:
- Princípio da Obrigatoriedade ou Irretratabilidade (“pacta sunt servanda”): decorre da função social do contrato e da própria manifestação livre da vontade das partes. Fixa tal princípio que não é lícito o arrependimento após a formação do contrato. Uma vez perfeito, só se desfaz o contrato por nova manifestação de vontade, desta vez no sentido de desconstituí-lo. Significa, no dizer de Caio Mário, a “irreversibilidade da palavra empenhada”, não podendo os participantes escapar das conseqüências do negócio, a não ser por novo acordo de vontades. O Estado apenas excepcionalmente pode interferir para abrandar a questão da obrigatoriedade.
Princípio da Intangibilidade: da mesma forma como o negócio não pode ser desfeito senão por intermédio de novo acordo de vontade, também não pode sofrer alteração o conteúdo da relação e as cláusulas do negócio. Uma vez estabelecidas, revestem-se do atributo da imutabilidade.
- Princípio Consensualista: a despeito do ocorrido no passado, sobretudo no Direito Romano, em nosso Direito vige a idéia de que o simples acordo de vontades é suficiente para o nascimento dos contratos, que independem de manifestação material para serem válidos. Formam-se do simples consenso (“solo consensu”), excetuando-se apenas os contratos nos quais, por seu reflexo e repercussão, a lei exige a adoção da forma prescrita em lei. Hoje a declaração tem mais peso que as formalidades, apesar de subsistirem situações em que as exigências de forma são necessárias para a validade dos contratos.
- Princípio da Autonomia da Vontade: os contratantes são livres para, através da livre manifestação de vontade decidirem se desejam ou não contratar, com quem contratar e o conteúdo do contrato, sempre que a lei não limitar a atuação das partes. Este princípio não é absoluto, estando limitado pela ordem pública e pela intervenção estatal, ora impondo-se a contratação, ora determinando parte de seu conteúdo, ora concedendo ao juiz a faculdade de rever o contrato. Neste campo intervencionista encontramos a teoria da imprevisão, que iremos estudar.
- Princípio da Boa-Fé: a linguagem não deve prevalecer sobre a verdadeira intenção dos contratantes (art. 85 CC), bem como deve haver lealdade e cooperação entre os contratantes para que cada um possa cumprir com o que dele se espera na relação. Há que se observar os procedimentos éticos médios na relação contratual. Fala-se atualmente em princípio da boa-fé objetiva, sobretudo no que diz respeito às relações de consumo.
- Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato: o contrato é “res inter alios acta”, o que significa que seus efeitos internos se produzem exclusivamente entre as partes, não beneficiando ou prejudicando terceiros, segundo a regra geral. A existência do contrato é fato que não pode ser negado pelas outras pessoas, mas os efeitos operam somente entre as partes. Há, contudo contratos que escapam a regra geral, não sendo, portanto este princípio absoluto.
Caso Concreto 1
Lei atentamente a assertiva adiante:
À luz do Código Civil de 1916 afirmou Caio Mário da Silva Pereira: "a ordem jurídica oferece a cada um a possibilidade de contratar, e dá-lhe a liberdade de escolher os termos da avença. Segundo as suas preferências. Concluída a convenção, recebe da ordem jurídica o condão de sujeitar, em definitivo, os agentes. Uma vez celebrado o contrato, com observância dos requisitos de validade, tem plena eficácia, no sentido de que se impõe a cada um dos participantes, que não têm mais a liberdade de se forrarem às suas consequências, a não ser com a cooperação anuente do outro. Foram as partes que acolheram os temor de sua vinculação, e assumiram todos os riscos. A elas não cabe reclamar, e ao juiz não é dado preocupar-se com a severidade das cláusulas aceitas, que não podem ser atacadas sob a invocação de princípio de equidade".
À luz das novas disposições do Código Civil/2002:
a) A assertiva acima ainda guarda alguma validade face à nova ordem jurídica civil e constitucional. Fundamente a sua resposta.
Gabarito:
a) A assertiva não guarda validade face à nova ordem jurídica civil e constitucional, pois o pacta sunt servanda já não deve mais ser aplicado de maneira absoluta, ou seja, deve ser analisado à luz da boa-fé objetiva, probidade e função social do contrato.
b) Elabore um conceito de função social do contrato, indicando se a função social do contrato pode justificar inadimplemento contratual.
Gabarito:
b) (Como se trata de conceito aberto o professor deve analisar se há o mínimo de coerência na resposta do aluno).A função social que se atribui ao contrato não pode ignorar sua função primária e natural, que é a econômica. Ao contrato cabe uma função social, mas não uma função de assistência social. O instituto é econômico e tem fins econômicos a realizar, que não podem ser ignorados pela lei e muito menor pelo aplicador da lei. A função social é um plus que se acrescenta à função econômica que, portanto, não pode ser ignorada. Contrato sem função econômica não é contrato. A função social não se apresenta como meta do contrato, mas como limite da liberdade do contratante de promover a circulação dos bens patrimoniais. Mas como um limite que interfere profundamente no conteúdo do negócio, pelo papel importante que o contrato tem de desempenhar na sociedade.
Questão objetiva 1
(TJMS - Juiz Substituto - 2009 - adaptada) A propósito dos contratos, examine as assertivas abaixo e indique a alternativa correta:
a) Obrigação e contrato se confundem porque deste advém o acordo de vontades que visa a constituição, modificação ou extinção de direitos; em suma, um conjunto de obrigações a serem cumpridas pelas partes.
b) Nem toda relação jurídica contratual possui, além das partes e do consensualismo, um objeto.
c) O objeto da relação jurídica patrimonial pode ser imediato ou mediato, sendo o primeiro o contrato propriamente dito e o último, o bem da visa suscetível de apreciação econômica.
d) O objeto mediato se limita ao seu aspecto econômico e ao fato de ser corpóreo.
e) Vale, em regra, o contrato que implique transmissão de direitos autorais.
Gabarito: C.
Questão objetiva 2
(MPRS - 2001) A superação do paradigma voluntarista do contrato encontra-se justificada pela:
I. Utilidade social do contrato.II. Objetivação do vínculo contratual.
III. Concepção da causa como função econômico-social do contrato.
IV. Justiça da relação contratual no caso concreto.
V. Expansão das hipóteses de vícios do consentimento.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as alternativas I e III estão corretas.
b) Somente as alternativas II e III estão corretas.
c) Somente as alternativas I, II, III e IV estão corretas.
d) Somente as alternativas I, II, IV e V estão corretas.
e) Somente as alternativas I e IV estão corretas.
Gabarito: C - assertivas I a IV estão corretas.
Aula 02 - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS (continuação)
1.4. Interpretação dos contratos
 A FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
2.1 A formação dos contratos
Interpretação dos Contratos
Constituindo em duas distintas declarações de vontade que se integram, o contrato requer sempre interpretação.
Interpretar um contrato é esclarecer o sentido dessas declarações e determinar o significado do acordo ou consenso.
Deve-se inicialmente verificar o sentido das palavras. Em seguida, a busca da vontade real dos contratantes.
Nessa pesquisa realiza-se a análise jurídica do contrato a fim de enquadrá-lo, pelo seu conteúdo, numa das categorias contratuais definidas na lei, levando-se em conta apenas os elementos essenciais, e não dando importância ao nome que as partes lhe atribuíram. O enquadramento é necessário para a determinação dos efeitos específicos próprios de cada tipo de contrato. Em conseqüência, a determinação dos verdadeiros efeitos do contrato depende, grandemente, da interpretação da vontade das partes.
A função  tradicional do intérprete é perseguir e aclarar a vontade dos contraentes, manifestada no contrato, mediante declaração destinada a provocar efeitos jurídicos. 
Função da interpretação do contrato é a determinação dos efeitos jurídicos que visa a plasmar e a produzir. O que importa, afinal, é definir a vontade contratual objetivamente expressa nas cláusulas, mesmo que não corresponda à intenção do declarante.
O intérprete não pode se afastar da regra  que manda interpretar as declarações de vontade, atendendo-se mais à sua intenção do que ao sentido literal da linguagem, a fim de determinar com precisão a efetiva vontade das partes.
Tal como acontece na interpretação da lei, admite-se interpretação restritiva e extensiva do contrato.
Por maior que seja, finalmente, o poder atribuído ao intérprete na medida em que se acentua a inclinação para dessubjetivar a vontade, não se consente que imponha às partes um contrato diverso do que realizaram, ainda que preferível do ponto de vista do interesse público. Não é lícito ao juiz invocá-lo para o ajustamento por meio de interpretação, cabe-lhe unicamente decretar a nulidade do contrato se o contraria, ou dizer que as cláusulas infringentes estão substituídas pelas disposições legais que preveem a substituição automática.
As lacunas da regulação contratual exigem a sua interpretação complementar, tal como sucede com a lei, com a diferença de que o contrato estabelece regras que somente valem para as partes e para situações concretas.
A interpretação da lei e a interpretação do contrato.
Distinguem-se a interpretação da lei da interpretação do contrato.
A interpretação da lei seria a interpretação da vontade do legislador, isto é, a vontade objetiva e constante que se exprime no texto, não a vontade subjetiva das pessoas físicas que o elaboram ou do órgão que a aprovou. Já a interpretação do contrato é conceituada, na hermenêutica tradicional, como processo de esclarecimento da vontade subjetiva dos contraentes e, na doutrina mais recente, como investigação da vontade objetividade no conteúdo do vínculo contratual.
Na interpretação da lei, o intérprete deve determinar o sentido e alcance, enquanto na interpretação do contrato, deve-se descobrir a vontade concreta das partes.
Tende-se para construir uma teoria unitária da interpretação. Os seus mais conseqüentes defensores incluem o contrato entre as fontes normativas. 
Segundo a teoria preceptiva do contrato, a interpretação jurídica visa sempre e somente a fixar o teor e a importância dos comandos jurídicos legais ou negociais, devendo-se abandonar o princípio de que a interpretação é averiguação de uma vontade interna ou psicológica. Desse modo, a determinação do sentido da manifestação ou declaração numa cláusula contratual ou num artigo de lei deve obedecer aos mesmos princípios e critérios.
Para os tradicionalistas, a relação jurídica nascida de um contrato deve ser interpretada em obediência a regras e métodos distintos dos que se observam na interpretação da lei, desigualmente os que presidem a chamada interpretação subjetiva.
Tipos de interpretação.
Distingue-se a interpretação subjetiva e objetiva.
A interpretação subjetiva tem por fim a verificação da vontade real dos contraentes, enquanto a interpretação objetiva visa a esclarecer o sentido das declarações que continuem dúbias ou ambíguas por não ter sido possível precisar a efetiva intenção das partes. A interpretação objetiva é subsidiária, pois suas regras só se invocam se falharem as que comandam a interpretação subjetiva.
Ambas as interpretações têm regras prescritas nos códigos mais recentes. Tais disposições são verdadeiras e próprias regras jurídicas.
Ao interpretar um contrato, a fim de dirimir um litígio, o juiz tem de observá-las como qualquer outro preceito legal.
O código civil brasileiro deixou a tarefa da hermenêutica contratual, quase que por inteiro, para a doutrina e a jurisprudência.
Interpretação subjetiva.
É denominada pelo princípio da investigação da vontade real.
Tal investigação precede a qualquer outra, devendo o intérprete indagar antes de mais nada, qual foi a intenção comum das partes, e não a vontade singular de cada declarante, atendendo ainda ao comportamento coetâneo e posterior à sua celebração.
A intenção das partes passa a ser comum com a integração das vontades, mas não se sabe o que verdadeiramente se deve entender com o tal nem como conduzir a investigação para descobri-la.
A indicação da causa do contrato como meio interpretativo próprio para definir a intenção comum dos contraentes peca por escassez.
A vontade comum no contrato é, para a doutrina objetivista, um conceito vazio, se elaborado em termos subjetivos. Mas, a interpretação subjetiva é necessária, pois o objeto da interpretação do contrato é sempre a vontade e a meta a ser alcançada pelo intérprete, a exata determinação dos efeitos jurídicos que as partes quiseram provocar.
Interpretação objetiva.
O intérprete deve examinar o contrato principalmente do ponto de vista da vontade das partes. O legislador o ajuda à medida que dita preceitos interpretativos. Juntamente ditam-se regras para a solução de dúvidas que perdurem após a pesquisa feita para a descoberta da vontade real do contrato em exame. Passa-se, nesses casos, da interpretação subjetiva para objetiva.
Três princípios dominam a interpretação objetiva:
1 - princípio da boa fé;
2 - princípio da conservação do contrato;
3 - princípio da extrema ratio (menor peso e equilíbrio das prestações).
O princípio da boa fé é uma regra que contribui para precisar o que se deve entender como o consenso, assim considerando o encontro e a consumação de duas vontades para a produção de efeitos jurídicos vinculativos. O que importa é o “significado objetivo” que o aceitante de proposta de contrato “podia e devia” entender razoavelmente segundo a regra da boa fé.
O princípio da conservação do contrato, funda-se na razão principal de que não se deve supor que as partes tenham celebrado um contrato inutilmente e sem seriedade.
O contrato deve ser interpretado, como qualquer de suas cláusulas, no sentido de que possa ter qualquer efeito, devendo prevalecer a interpretação que lhe dê o significado mais útil.
A extrema ratio é uma regra que se inspira na necessidade de atribuir ao contrato um significado, por mais obscuro que seja. Quando a sua obscuridade permanecer a despeito da aplicaçãode todos os princípios e regras de interpretação, recorre o intérprete ao critério extremo que o orienta no sentido de entendê-lo menos gravoso para o devedor, se gratuito, de que se realize eqüitativo equilíbrio entre os interesses das partes, se a título oneroso.
As regras da interpretação objetiva são normas jurídicas ligadas à estrutura do contrato, à sua função e à retidão das técnicas de contratação que atualmente se empregam em certos setores econômicos, como por ex.: a do contrato em massa.
Usos interpretativos.
Resultam da repetição constante do modo de agir na execução de determinado contrato, como por ex., de se dilatar por 30 dias o pagamento considerado à vista do preço de certas mercadorias.
Atribui-se a mesma função ao emprego de termos que designam correntemente atos ou objetos, sempre com a mesma significação, uma vez que , toda declaração de vontade deve produzir os efeitos jurídicos correspondentes ao significado usual das palavras pelas quais se exprime.
Os usos interpretativos  não devem ser confundidos com as normas consuetudinárias. Estas são autênticas normas jurídicas gerais e obrigatórias, enquanto aqueles, representam práticas úteis à interpretação das declarações de vontade.
Os usos interpretativos apresentam duas funções: uma estritamente hermenêutica e outra nitidamente supletória: ao uso supletivo recorre-se para integrar lacuna do contrato, podendo ser excluído por vontade expressa das partes, enquanto ao uso interpretativo stricto sensu deve o intérprete reportar-se para investigar se há efeitos jurídicos não declarados, mas correspondentes ao que é usual em tais contratos.
O uso pode instaurar-se no curso de uma relação contratual, como se verifica quando as duas partes observam durante muito tempo, conduta uniforme a que se atribui habitualmente determinada significação, e não pode ser considerada nova cláusula tacitamente admitida pelas partes.
A doutrina continua dominada por dúvidas sobre a significação dos usos interpretativos  e da qualificação do tipo de interpretação a que devem ser conduzidos.
A Formação dos Contratos
Manifestação da vontade
Os contratos se formam no momento do encontro coincidente de duas ou mais vontades que perseguem determinados efeitos. Para sua formação, portanto, requer-se a participação de duas ou mais vontades. 
Tais vontades podem ser emitidas de imediato, fazendo surgir instantaneamente o contrato, ou ainda ser emitidas em momentos distintos, formando-se o contrato no momento em que se encontram validamente.
Cada declaração tendente a formar o contrato toma um nome, seguindo regras próprias.
A declaração inicial é chamada de proposta ou oferta, e é emitida pelo proponente ou policitante.
A declaração que vai ao encontro da proposta chama-se aceitação, e advém do chamado aceitante ou oblato.
Tais declarações são ditas declarações receptícias de vontade, pois só geram efeitos no momento em que chegam ao conhecimento daquele a que se destinam. O vínculo contratual nasce da integração entre proposta e aceitação.[1: ]
O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita de vontade quando circunstâncias ou usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (art. 111 CC), e, também quando a lei o autorizar como nos arts. 539 (doação pura), 512 (venda a contento), 432 (praxe comercial), etc., ou ainda quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato.
A formação dos contratos segue fases específicas: negociações preliminares, proposta e aceitação.
Negociações Preliminares:
Significam uma fase prévia, também conhecida como fase das “tratativas”. São debates antecedentes à formação dos contratos, onde ainda não se pode falar em vínculo contratual. Para melhor explanação, cumpre ressaltar que difere a negociação preliminar de alguns negócios jurídicos que são celebrados justamente para encaminhar a celebração de um contrato futuro. Estes negócios são os chamados compromissos preparatórios, que diferem por completo da negociação preliminar por que já significam contratos que obrigam as partes que os celebraram.[2: ]
A princípio as negociações preliminares (minutas, esboços, projetos,...) não obrigam. Mas geram responsabilidade se um dos contratantes cria para o outro a expectativa de contratar, fomentando inclusive despesas, deixando posteriormente de contratar imotivadamente. Tal responsabilidade de reparação encontrava explicação na culpa extracontratual (responsabilidade aquiliana ou civil), surgindo hoje a doutrina da chamada responsabilidade pré-contratual.[3: ]
De qualquer modo, nem sempre hoje as tratativas são irrelevantes, podendo gerar responsabilidade de reparação dos ditos “danos negativos”, ou seja, prejuízos efetivos gerados pela quebra da justa expectativa.
O que se deve entender, entretanto, é que as conseqüências que podem surgir das negociações preliminares não se confundem com as da proposta e aceitação, que já não são meros atos preparatórios, mas vontades que irão formar o contrato.
Proposta ou oferta:
Declaração receptícia de vontade dirigida a uma das partes ou ao público com a intenção de celebrar um contrato. Para ser válida, deve estar formulada de modo que baste a aceitação, podendo deixar apenas pontos secundários a critério do oblato.
A proposta, para obrigar o proponente, deve significar real intenção de contratar, e não mera sondagem ou apresentação de simples informações. Pode ser realizada a pessoa determinada ou determinável. (art. 427 CC)
A proposta obriga ao proponente enquanto correr o prazo para a aceitação, se nada disser em contrário e se as circunstâncias não fizerem concluir de outro modo. 
A proposta deixa de ser obrigatória nos caso do art. 428 e 430 do CC.
Proposta a ausente: pode ser que o aceitante não tenha meios de dar a resposta imediatamente ao proponente, porque não se encontra presente. Nesse caso, é preciso determinar a partir de qual momento a proposta passa a ser eficaz e quando perde a sua eficácia, desobrigando o proponente.
O momento de início de validade da proposta para o aceitante: não pode ser o de sua formulação, pois o aceitante pode desconhecer esse momento.; também não é o de sua expedição, posto que é declaração receptícia de vontade. Só ganha eficácia a proposta, então, quando ocorre a sua recepção pelo eventual aceitante.
Surgem neste caso 3 situações:
proposta a ausente sem prazo: deixa de ser obrigatória se decorrer tempo suficiente para chegar a resposta ao proponente (“prazo moral”). Se o aceitante retarda a aceitação, libera-se o proponente;
proposta a ausente com prazo: deixa de ser obrigatória se a aceitação for expedida após o término do lapso fixado.
proposta a ausente seguida de retratação: se a retratação do policitante chega ao conhecimento do oblato antes da expedição da aceitação, a proposta não o obriga.
Caduca também a proposta com a morte ou incapacidade do proponente, se ocorrerem antes da aceitação. Se ocorrerem após a expedição da resposta, consideram-se obrigados os herdeiros, pois o contrato já está formado.
A validade da proposta entre presentes tem diferentes regras. Vejamos:
Aceitação:
na proposta entre presentes sem prazo: a aceitação deve ser imediata, caso contrário, deixa a proposta de ser obrigatória;
na proposta entre presentes com prazo: caduca se não for aceita no prazo.
É a concordância com uma proposta. Tal concordância adere a proposta, em integração que marca o início do contrato e estabelece o vínculo obrigatório entre as partes.
A aceitação, assim como a proposta, pode ser expressa ou tácita, surgindo algumas ocasiões de atos de início de execução dos contratos, atos de apropriação, ou mesmo do silêncio circunstanciado. Para ser eficaz deve chegar ao conhecimento real ou presumido do proponente.
“É a declaração receptícia de vontade na qual o oblato exerce o direito potestativo de concluir o contrato proposto.”
- Dissenso: aceitação produz efeito somente se significar adesão plena a proposta. Se as vontades divergem há dissensoe não consenso. Pode haver divergência com relação a pontos secundários, mas não com relação a pontos principais. O dissenso manifesto impede a formação do contrato.
- Contraproposta: é a aceitação modificativa, que ocorre quando o oblato modifica a proposta, acrescentando ou retirando algo. Neste caso, não há formação do contrato, transformando-se em proposta a resposta dada ao proponente. (art. 431 CC)
- Aceitação Tardia: a aceitação fora do prazo não cria o contrato, exceto se o próprio proponente aceitar convalidá-la.
Atenção! Pode haver atraso na expedição ou na recepção da resposta.
Se houver atraso na expedição a aceitação não tem eficácia, pois adere a proposta que já perdeu sua validade.
Mas se por circunstância imprevista, embora expedida tempestivamente, a resposta chega ao conhecimento tardio do proponente, esta não terá força vinculante, mas o proponente deve comunicar o fato imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. (art. 430 do CC).
- Retratação do Aceitante: só é válida se o contrato ainda não se formou, devendo a retratação chegar antes da aceitação ou em conjunto com ela (art. 433 do CC).
Se o contrato for daquele em que não costuma ocorrer a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputa-se concluído o contrato caso não seja expressa a tempo a recusa (art. 432 do CC).
Embora a aceitação não seja obrigatória, torna-se compulsória nas seguintes situações: 
1. Pela existência de um contrato preliminar, no qual a própria vontade das partes estabeleceu a obrigatoriedade de consentimento em um contrato posterior; 
2. Nos contratos obrigatórios, onde as partes tem obrigação legal de contratar.
O silêncio e a formação dos contratos: art. 111 do CC e considerações gerais.
Caso Concreto 1
Jovenal, prestador de serviços em Curitiba, após troca de e-mails com informações sobre o serviço (via Internet) com Maria (residente em Colombo, região metropolitana de Curitiba) apresenta-lhe on-line (também via Internet/Messenger) proposta para realizar pintura de sua residência, indicando o preço que cobraria pela empreitada e o material necessário. Responda as questões abaixo:
i. Pode-se afirmar que houve negociação preliminar? Se afirmativa a resposta, de que forma?
ii. A proposta feita on-line por Jovenal vincula? Justifique sua resposta e destaque, em caso afirmativo, o que significaria a obrigatoriedade da oferta.
iii. Qual o prazo de validade da oferta feita por Jovenal?
iv. Em que momento poderia ser considerada aceita a proposta e formado finalmente o contrato?
v. Identifique o lugar da celebração do contrato.
Gabarito:
i. Pode-se afirmar que houve negociação preliminar? Se afirmativa a resposta, de que forma? Sim, por meio do prévio contado pela Internet.
ii. A proposta feita on-line por Jovenal vincula? Justifique sua resposta e destaque, em caso afirmativo, o que significaria a obrigatoriedade da oferta. A oferta vincula o proponente Jovenal se contiver todos os elementos essenciais do negócio proposto e se do contrário não resultar dos termos dela (art. 428, CC, ).
iii. Qual o prazo de validade da oferta feita por Jovenal? Não há prazo. A aceitação deve ser imediata porque considerada proposta feita a pessoa presente.
iv. Identifique o lugar da celebração do contrato. Colombo, será feito no lugar onde foi proposto.art. 435, CC.
Questão objetiva 1
(TJSC - Juiz Substituto - 2010) Assinale a alternativa correta:
I. A liberdade de contratar é exercida em razão e nos limites da função social do contrato. No sistema do Código Civil, quando há no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, nem sempre adota-se a interpretação mais favorável ao aderente. Contudo, nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
II. É nulo o negócio jurídico quando: celebrado por pessoa absolutamente incapaz; for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; tiver por objetivo fraudar lei imperativa; derivar de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso de tempo.
III. É lícito aos interessados prevenir ou terminar o litígio mediante concessões mútuas. A transação, se recair sobre direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública ou por temo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.
IV. O texto do Código Civil contempla, sempre que necessário, cláusulas gerais. As cláusulas gerai conferem ao sistema jurídico flexibilidade e capacidade de adaptação à evolução do pensamento e do comportamento social e importam em avançada técnica legislativa de enunciar, através de expressões semânticas relativamente vagas, princípios e máximas que compreendem e recepcionam a mais variada sorte de hipóteses concretas de condutas tipificáveis, já ocorrentes no presente ou ainda por realizarem no futuro.
a) Somente as proposições I e II estão incorretas.
b) Somente as proposições III e IV estão incorretas.
c) Somente as proposições I e III estão incorretas.
d) Somente as proposições I , II e IV estão incorretas.
e) Todas as proposições estão incorretas.
Gabarito: B - As assertivas I e II são incorretas ? arts. 423 e 171, CC.
Questão objetiva 2
(MPE-PR - 2009 - adaptada) Sobre a formação e interpretação dos contratos, podemos afirmar:
a) A função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva não constituem limitadores da liberdade de contratar, quando presentes na relação jurídica, como partes, pessoas capazes agindo no exercício de sua atividade profissional.
b) Pode-se revogar a oferta ao público, pela mesma via da sua divulgação, desde que ressalvada essa faculdade no instrumento que contemple a oferta realizada.
c) Somente quando evidenciada uma relação de consumo, é possível sustentar o princípio da interpretação mais favorável ao aderente, em sede de contrato de adesão.
d) No caso de contrato de adesão firmando tendo como partes duas pessoas capazes, agindo no exercício de sua atividade profissional, é válida a cláusula de renúncia antecipada do aderente, mesmo quando se trate de direito resultante da natureza do negócio.
Gabarito: B - arts. 427 e 429, CC
Aula 03 - A FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS (continuação)
2.2 Classificação dos contratos
2.3 Estipulação em favor de terceiros
2.4 Da promessa de fato de terceiro
Classificação dos Contratos
Boa parte da doutrina encarrega-se de classificar os contratos. Tal classificação ganha relevo, sobretudo por sua utilidade na apuração das responsabilidades dos contratantes e das regras a serem aplicadas a cada tipo de contrato.
	
Em linhas gerais, os contratos podem ser classificados da seguinte forma:
Contratos considerados em si mesmos: 
Quanto a sua natureza (efeitos):
Contratos Unilaterais – cria obrigação somente para uma das partes (Ex. doação pura)
Contratos Bilaterais – cria obrigação para ambos os contratantes (Ex. Compra e Venda)
Contratos Plurilaterais – contém mais de duas partes (Ex. Sociedade)
Contratos Onerosos – ambos os contratantes obtêm vantagens e ônus recíprocos (Ex. Compra e Venda)
Subdividem em: 
Comutativos – prestações certas e determinadas. As partes podem antever que vantagens e ônus geralmente se equivalem (Ex. Compra e Venda)
 
Aleatórios – pelo menos um dos contratantes não pode não pode antever a vantagem que receberá em troca da prestação. Caracteriza-se pela incerteza - álea = sorte, risco, acaso – (Ex. Jogo, Aposta, Seguro)
Contratos Gratuitos – somente uma das partes aufere benefício ou vantagem (Ex. Doação pura)
Quanto a sua formação:
Contratos Paritários – forma tradicional, onde as partes discutem livremente as condições. As partes estão em situação de igualdade.
Contratos por Adesão – não permitem discussão de condições devido a preponderância de vontade de um dos contratantes.Contrato previamente confeccionado onde o outro contratante somente adere, não podendo modificar suas condições (Ex. Consórcio, Serviços Públicos)
Contratos Contra-tipo (Formulário) – previamente formulado, porém suscetível de alterações e normalmente há espaços para inclusão de dados. Não há cláusulas impostas e existe equivalência entre os contratantes (Ex. Alguns contratos bancários).
Quanto a sua forma:
Contratos Consensuais – se formam exclusivamente pelo acordo de vontades (Ex. Compra e Venda de bens móveis)
Contratos Solenes – devem obedecer a forma prescrita em lei para se aperfeiçoar (Ex. Compra e Venda de Imóveis, Pacto Antenupcial)
Contratos Reais – exigem além do consentimento, a entrega da coisa (traditio) do objeto (Ex. Depósito, Mútuo, Comodato)
Quanto a sua denominação:
Contratos Nominados – tem denominação própria no ordenamento jurídico. Espécies contratuais que servem de base à fixação de modelos, esquemas ou tipos de regulamentação específica da lei. São os vinte e três contratos nominados no Código Civil.
Contratos Inominados – não tem denominação própria no ordenamento jurídico.
Contratos Típicos – são regulados pela lei. Normalmente todo contrato nominado é típico e vice-versa
Contratos Atípicos – acordo de vontades que não tem característica e requisitos definidos em lei
Contratos Mistos – contrato típico onde se acrescenta cláusulas criadas pela vontade dos contratantes
Contratos Coligados – contratos distintos, porém ligados por um nexo funcional, por cláusula acessória, implícita ou explícita (Ex. Compra automóvel e gasolina, compra automóvel e arrenda garagem, compra casa de praia e loca-a para veraneio)
União de Contratos – contratos distintos e autônomos, que somente são realizados ao mesmo tempo ou em um mesmo documento. Vínculo meramente externo (Ex. Compra de imóvel e reparação de outro prédio)
Quanto ao objeto:
Contratos Patrimoniais – o objeto entende-se patrimonial estritamente dito
Contratos Pessoais – atinentes a alguma prestação do contratante ou de outrem em seu lugar
Contratos Sociais – visam interesse da coletividade
Quanto a tempo de sua execução:
Contratos de Execução Imediata ou Instantânea – consumam num só ato (Ex. Compra e venda à vista)
Contratos de Execução Diferida – consumam num só ato, porém em um momento futuro (Ex. Compra com entrega em determinada data)
Contratos de Trato Sucessivo ou de Execução Continuada (prestações) – cumprem por meio de atos reiterados (Ex. Compra e venda a prazo, locação)
Quanto a pessoa do contratante:
Contratos Pessoais – celebrado em atenção às qualidades pessoais de um dos contratantes, que não pode ser substituído por outrem (Ex. Contratação de determinado ator para um evento)
Contratos Impessoais – a obrigação pode ser cumprida indiferentemente pelo obrigado ou por terceiro (Ex. Entrega de bens, transporte, serviços)
Contratos Individuais – vontades são individualmente consideradas, mesmo que envolva várias pessoas (Ex. Compra e Venda)
Contratos Coletivos – acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais (convenções coletivas)
Contratos reciprocamente considerados:
Contratos Principais – tem existência própria, autônoma e não depende de qualquer outro (Ex. Locação)
Contratos Acessórios – depende da existência de outro contrato para sua existência (Ex. Fiança, penhor, hipoteca)
Contratos Derivados – derivam de outros contratos (Ex. Sublocação)
Observação:
Quanto à qualidade dos sujeitos contratantes, os contratos podem ser:
 
a) Contratos de direito comum: são regulados pelo direito civil. São considerados contratos paritários, em decorrência do princípio da igualdade formal que informa o direito civil. 
b) Contratos de consumo: são contratos cuja polarização se dá entre consumidor e fornecedor. Os contratos de consumo são regulados pelas normas do Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90).
O CDC, em seus arts. 2° e 3°, assim define consumidor e fornecedor: 
Art. 2°. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Assim, sempre que restar caracterizada relação de consumo (fornecimento de produto e/ou serviço a um consumidor), o contrato será de consumo e, por isso, reger-se-á pelas regras consubstanciadas no CDC.
Estipulação em favor de terceiro (art. 436 CC e seguintes)
Vem a ser um contrato estabelecido entre duas pessoas, em que uma (estipulante) convenciona com outra (promitente) certa vantagem patrimonial em proveito de terceiro (beneficiário), alheio a formação do vínculo contratual (Ex. Seguro, acordo judicial). São necessários três requisitos para que se configure a estipulação em favor de terceiro:
requisito subjetivo – obrigatoriamente três pessoas na relação jurídica, o estipulante, o promitente e o beneficiário. É imprescindível que o terceiro beneficiário seja estanho ao contrato.
requisito objetivo – liceidade e possibilidade do objeto, vantagem patrimonial (gratuita ou não) que beneficie terceira pessoa, alheia à convenção.
3) requisito formal – forma livre, contrato consensual.
Princípio da relatividade dos efeitos contratuais: os contratos geram efeitos apenas entre as partes, nos limites impostos pela lei e pelo exercício da autonomia privada.
A regra geral é, portanto, que os contratos produzem efeitos tão-somente aos contratantes, excluindo todos aqueles alheios à avença. No entanto, situações há em que os efeitos do contrato alcançarão terceiros, tornando-os interessados na relação contratual. Tais efeitos podem lhes ser benéficos ou prejudiciais.
Quando maléficos (contrato em prejuízo de terceiros), pode o terceiro interessado opor-se, por legitimação ordinária ou extraordinária, para resguardar seus direitos. Ex: evicção.
É possível, porém, que os efeitos sejam em benefício do terceiro interessado, situação em que há estipulação em favor de terceiro.
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não inovar nos termos do art. 438.
Roberto Senise Lisboa: a estipulação em favor de terceiro é o negócio jurídico por meio do qual se ajusta uma vantagem pecuniária em prol da pessoa que não o celebra, mas se restringe a colher seus benefícios. (Manual de Direito civil: contratos e declarações unilaterais: teoria geral e espécies. Vol. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 251.)
 A gratuidade da relação entre o estipulante e o terceiro interessado (beneficiário), bem como entre o beneficiário e o promitente é característica fundamental da estipulação em favor de terceiro, de modo que é inadmissível a exigência de contraprestação por parte do terceiro interessado para que possa este receber os benefícios pactuados. A gratuidade, no entanto, não obsta a aposição de encargo ao terceiro.
Compensação: como os efeitos contratuais recairão sobre terceiros, não pode haver compensação entre o promitente e o estipulante. Todavia, há que ser considerada a possibilidade de compensação entre promitente e beneficiário.
Legitimação: deve ser observado eventual impedimento de o benefício ser recebido pelo beneficiário diretamente do estipulante.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exoneraro devedor. 
O terceiro interessado pode aceitar ou recusar o benefício que recebe. Uma vez aceitando, deve se submeter às regras contratuais. Ao direito de exigir o cumprimento da obrigação estipulada, concorrem, regra geral, o estipulante e o beneficiário. Entretanto, pode o estipulante determinar que tal direito seja exclusivo do beneficiário ? nessa circunstância, o estipulante não pode mais praticar qualquer ato que importe em perda ou diminuição do direito subjetivo do terceiro interessado em receber o benefício ajustado.
Há, pois, dois momentos na estipulação em favor de terceiro:
a)    Antes da aceitação do beneficiário. Nesta fase, o estipulante pode revogar a qualquer tempo o benefício.
b)    Depois da aceitação do beneficiário. Nesta fase, a estipulação torna-se irretratável, excetuando somente a situação descrita no art. 438.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 
A possibilidade de substituição revela o caráter dispositivo da irretratabilidade da estipulação. Todavia, a substituição deve ser expressa.
 
Da Promessa de Fato por terceiro (art. 439 e 440 CC)
O contrato produzirá efeitos em relação a terceiro se uma pessoa se comprometer com a outra a obter prestação de fato de um terceiro não participante dele, caso em que se configura o contrato por terceiro (promessa de fato de terceiro – art. 439 CC) – Duas pessoas maiores e capazes e aptas a criar direitos e obrigações, que ajustam um negócio tendo por objeto a prestação de um fato, que deverá ser cumprido por outra pessoa, que deverá consentir com a obrigação pactuada.
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
 A promessa de fato de terceiro é fonte de uma obrigação de fazer, qual seja, fazer com que uma pessoa integre relação jurídica com outra. Em outras palavras, o devedor tem a obrigação de convencer que terceiro celebre negócio jurídico (facere) com o credor. O adimplemento dessa obrigação, portanto, ocorre com a formação da relação jurídica entre o terceiro e o credor (da relação originária), motivo pelo qual o devedor (aquele que prometeu fato de terceiro) não se compromete com o cumprimento do negócio celebrado com o terceiro.
Contrato de Pessoa a Declarar (art. 467 CC e seguintes)
Arts. 467 a 471 do CC – um dos contratantes tem interesse em fazer-se substituir por pessoa cujo nome pretende ocultar, no momento da celebração do negócio. É usual para evitar dispêndio com nova venda, em caso de compra para revenda em que intermediação do adquirente. Pode ser utilizado por quem não deseja, por qualquer razão, ser identificado no início do contrato (art. 467 CC).
Caso Concreto 1
Lúcia promete à sua Comissão de Formatura que trará para cantar em uma festa destinada a arrecadar fundos para a Comissão sua tia Ivete Sangalo. Os membros da Comissão, conhecedores do relacionamento próximo que Lúcia possui com sua tia, com razões concretas e objetivas para acreditar na promessa, não contratam nenhuma banda e iniciam os preparativos de divulgação do evento que, então, terá como uma das principais atrações a mencionada cantora. Ocorre que um dia antes do início da festa, Lúcia telefona para o presidente da Comissão e o comunica que embora tenha realizado inúmeros esforços não conseguirá trazer a tia para cantar na festa. Diante dessa situação, responda:
a)   Qual é o tipo de obrigação (utilize pelo menos duas classificações) assumida por Lúcia em face da Comissão de formatura e que espécie contratual pode ser identificada?
b)   Lúcia poderá ser de alguma forma responsabilizada, mesmo tendo empreendido todos os seus esforços para que a tia cumprisse promessa por ela feita?
c)   Suponha que por intermédio de Lúcia, a representante da cantora entrou em contato com o Presidente da Comissão e, anuindo com a indicação do promitente, combina que a cantora cantará na festa no dia e horários marcados. No entanto, no dia do evento a cantora é convidada a receber um prêmio e não comparece ao evento. Quem responderá pelos prejuízos causados por essa ausência? Fundamente sua resposta.
Gabarito:
a.   Promessa de fato de terceiro. Trata-se de obrigação de fazer e de resultado (art. 439, CC).
b.   Sim, Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar art. 439, CC.
c.   Responderá a cantora por perdas e danos conforme art. 440, CC. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
Questão objetiva 1
(TJMA - Juiz substituto - 2008) Assinale a proposição correta, em se considerando o atual Código Civil:
a)     Qualquer que seja o valor do imóvel, a escritura pública é essencial à validade do contrato de compra e venda.
b)     Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça
c)     Nos contratos unilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
d)     A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato ou o seu cumprimento; mas apenas na primeira hipótese será possível cumular o pedido com o de indenização por perdas e danos.
Gabarito: A.
Questão objetiva 2
(TRT 8a. Região - 2009) Marque a alternativa correta:
a)     Se o contrato for aleatório em virtude de fatos futuros, cujo risco de inexistirem for assumido por um dos contratantes, terá o outro direito de receber integralmente o que foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido culpa ou dolo, ainda que nada do avençado venha a existir.
b)     No contrato aleatório, o alienante terá direito ao preço integral em qualquer situação, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
c)     Concluído o contrato preliminar poderá a parte exigir seu cumprimento. A existência e a utilização da cláusula de arrependimento não inibe a exigência de perdas e danos.
d)     Se a promessa de contrato for unilateral, pode o credor manifestar-se a qualquer tempo pela sua aceitação.
e)     A resilição unilateral do contrato, em qualquer caso, só se opera mediante denúncia.
Gabarito: A - art. 458, CC.
Aula 4 – A FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS (continuação)
Dos vícios redibitórios
Das arras
Da evicção
Dos Vícios redibitórios:
No contrato bilateral, onde haja transmissão de propriedade, é responsabilidade do alienante entregar a coisa de forma que se possa cumprir com a finalidade esperada pelas partes e sem qualquer defeito. Caso isto não ocorra, pode o adquirente rejeitar a coisa ou exigir o abatimento do preço, se esta traz consigo defeito oculto que lhe torne imprópria ao uso ou diminuam seu valor ( art. 441 c/c 442 do CC). A estes defeitos chamamos vícios redibitórios. Seus efeitos legais não se aplicam apenas ao contrato de compra e venda, mas em todos os contratos bilaterais comutativos (art. 441 CC).	
O defeito deve estar oculto e existir quando da conclusão do contrato, sendo considerável e não insignificante. O fato do transmitente conhecer ou não do vício é irrelevante. Mas se conhecia previamente, surge também a obrigação de indenizar possíveis prejuízos (art. 443 do CC).	
É garantia de natureza especial a que se submete o transmitente, e sua responsabilidade perdura ainda que a coisa pereça em poder do alienatário se o perecimento se der em virtude do vício.(art. 444 do CC).
Ações Edilícias:
	São os meios postos a disposição do adquirente para que possa pleitear, segundo sua livre escolha a recomposição do prejuízo pelo defeito oculto. Deve fazer isso através de um dos procedimentos conhecidos como ações edilícias. As ações edilícias são inacumuláveis. Uma vez feita a opção, não se pode mais manejar um ou outro procedimento, muito menos podem ser manejados em conjunto.
- Ação redibitória (art. 441 do NCC) : rejeição da coisa, com resolução do contrato.
- Ação estimatória ou “quantis minoris” (art. 442 do CC): abatimento proporcional no preço.
Questão polêmica na doutrina é o termo inicial do prazo para propositura destas ações: conclusão do contrato, tradição da coisa ou descoberta do vício? Para Orlando Gomes, o melhor critério é o do momento da efetiva entrega da coisa, não obstante autores modernos deslocarem o termo inicial para o momento do conhecimento efetivo do vício, dado o exíguo prazo para a propositura destes procedimentos.
Legislação brasileira: No Código Civil existem prazos diferentes para móveis e imóveis, mas comuns para qualquer das duas ações (art. 178 § 2º e § 5º, IV CC). O NCC reuniu o termo inicial do prazo e o prazo em um único artigo: 445 NCC – surgem neste artigo regras específicas para animais. Solução diversa para as relações de consumo nos arts. 18 e 26 do CDC (Lei 8.078/90), inclusive no que diz respeito ao prazo de propositura da ação: 1. Vícios aparentes ou de fácil constatação: contagem do prazo decadencial tem início com a entrega do produto ou término da execução do serviço do serviço; prazos diferentes para bens e serviços duráveis e não duráveis. Art. 26 caput, inc. I, II, § 1º.; 2. Tratando-se de vício oculto o prazo inicia-se no momento em que se verificar o defeito. Art. 26, § 3º. ATENÇÃO AOS FATOS QUE OBSTAM A DECADÊNCIA, elencados no § 2º do art. 26 do CDC.
Não cabe alegação do vício redibitório em casos de venda em hasta pública, onde a alienação é compulsória, nem nos casos em que o adquirente conhecia do vício quando da entrega da coisa. O Código atual foi silente com relação a esta regra, já que não há artigo correspondente ao art. 1.106 do atual diploma legal.
Das arras
Arras
Arras - radical latino que significa “garantia”. Sua primeira utilização deu-se no direito de família, migrando posteriormente para o direito das obrigações.
Sua primeira utilidade no direito obrigacional era assegurar a perfeição do contrato. Posteriormente ganhou caráter de penitencial, dando a possibilidade de arrependimento às partes e prefixando a indenização das perdas e danos. As arras são garantia em dinheiro ou outra coisa móvel dada, de modo geral, com o intuito de concluir o negócio. Portanto, com a execução do contrato devem ser restituídas ou computadas na prestação devida. Significam garantia acessória real.
Tratadas no Código de 1916 no Título dos contratos, no capítulo das disposições gerais dos contratos, migraram no NCC para o Título do inadimplemento das obrigações.
Função principal: confirmatória (art. 417, 418 e 419 CC) Convenção acessória real que prova o contrato principal está concluído, considerando-se as partes vinculadas. Dadas as arras o negócio está concluído e não é possível arrepender-se. Quem se arrepende não usa de um direito, mas descumpre o contrato, incorrendo nas sanções cabíveis.
Função secundária: penitencial (art. 420 do CC) a entrega das arras torna livre o arrependimento, ficando a perda do sinal regulando a indenização. Aqui não se pode pleitear indenização suplementar, como aliás salienta o NCC no art. 420. A retratação pode ocorrer até o final da execução da obrigação. Assemelha-se a cláusula penal, sendo diferente por ser convenção acessória real que se perfaz com a tradição antecipada de uma coisa. Têm caráter de pena convencional, eqüivalendo a uma penalidade e pré-fixação das perdas e danos.
Se houver impossibilidade da prestação sem culpa de quem deu as arras, quem as recebeu deve devolvê-las.	
As arras surgem em contratos bilaterais.
No Novo Código Civil, sua função precípua é confirmatória, só assumindo função penitencial se houver estipulação expressa. A vida social, entretanto, vem dando grande ênfase a função penitencial, devendo-se atentar à sua disciplina no NCC.
Da Evicção:
É própria dos contratos bilaterais, comutativos e onerosos, com obrigação de transferência de propriedade de uma coisa.
Em virtude da expectativa do adquirente, o alienante tem o dever de garantir a posse da coisa transmitida, impedindo que terceiros tenham pretensão judicial sobre ela. (art. 447, 448 e 449 do CC).
A evicção ocorre quando o adquirente perde a posse ou a propriedade da coisa em virtude de sentença judicial que entrega a outrem tais direitos. (evictio = recuperação judicial de uma coisa).
A garantia contra a evicção envolve assegurar o adquirente contra a perda do bem por decisão judicial, garantindo-se-lhe: a restituição do preço + indenização dos frutos que tiver de ter devolvido + despesas contratuais e processuais e prejuízo sofrido (art. 450 e 455 do CC).
Requisitos de configuração: privação do direito do adquirente, sentença judicial reconhecendo direito preexistente; risco anterior a aquisição; ignorância do adquirente sobre o fato da coisa ser alheia ou litigiosa (art. 457 do CC).	
O adquirente deve denunciar a lide o alienante (art. 456 do CC).
Caso Concreto 1
(OAB 2010.1) Edson vendeu veículo de sua propriedade a Bruna, estipulando que o pagamento deveria ser feito a Tânia. Trinta dias depois da aquisição, o motor do referido veículo fundiu. Edson, embora conhecesse o vício, não o informou a Bruna e, ainda, vendeu o veículo pelo preço de mercado. Desejando resolver a situação, Bruna, que depende do automóvel para o desenvolvimento de suas atividades comerciais, procurou auxílio de profissional da advocacia, para informar-se a respeito de seus direitos. Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, a(s) medida(s) judicial(is) cabível(is) e a(s) pretensão(ões) que pode(m) ser(em) deduzida(s), a parte legítima para figurar no polo passivo da demanda e o prazo para ajuizamento.
Gabarito (oficial OAB): Como se trata de caso clássico de vício redibitório, a adquirente do veículo pode rejeitar o produto ou pedir abatimento do preço da coisa. Da mesma forma, como o alienante era sabedor do vício que maculava o veículo, ele dever. restituir o valor pago e mais perdas e danos ou sujeitar-se à redução do preço. Como se trata de vício oculto, a compradora tem o prazo de 180 dias, a contar do descobrimento do vício, para o ajuizamento da ação de rescisão ou da ação quanti minoris  com perdas e danos e lucros cessantes, que dever. ser proposta contra o alienante, e não contra quem recebeu o valor. Fundamento nos artigos 441 (ação redibitória), 442 (ação quanti minoris ) e 445, §1o. (prazo de 180 dias), todos do Código Civil.
Questão objetiva 1
(TJMS - Juiz Substituto - 2008) A ação de indenização, relativamente aos prejuízos causados em razão da entrega de sementes, para plantação, de qualidade inferior à contratada, deve observar o prazo:
a)     Prescricional de 3 anos.
b)     Decadencial de 3 anos.
c)     Decadencial de 90 dias.
d)     Decadencial de 30 dias.
e)     Prescricional de 5 anos.
Gabarito: D - art. 445, CC - vício redibitório.
Questão objetiva 2
(TJMG - Juiz Substituto - 2008) Nos contratos onerosos, o alienante responde pela
 evicção. Assim, de acordo com o Código Civil, é correto dizer que:
a)     A garantia não subsiste quando a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
b)     A garantia ou responsabilidade pela evicção independe de culpa.
c)     A garantia opera-se com a perda da coisa por ato administrativo de política sanitária ou se segurança pública.
d)     A garantia ou responsabilidade pela evicção não pode ser objeto das disposições de vontade dos contratantes.
Gabarito: B - art. 456, CC.
Aula 5 – A FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS (continuação)
Do contrato preliminarDa extinção dos contratos
1) Contratos Preliminares e definitivos
Os contratos preliminares é inovação do novo Código Civil, residente na Seção VIII do Capítulo I do Título V do Livro destinado aos Direito das Obrigações.
Conceito:
Avença através da qual as partes criam em favor de uma ou mais deles a faculdade de exigir o cumprimento de um contrato apenas projetado. Trata-se portanto, de um negócio jurídico que tem por objeto a obrigação de fazer contrato definitivo.
O exemplo mais comum é o Compromisso de Compra e Venda, o qual, como se sabe, pode inclusive gerar direito real.
A Promessa de Compra e Venda, quando devidamente registrada no Cartório de Imóveis (publicidade e boa fé) e para a concretização de seu direito.
Natureza Jurídica:
É negócio jurídico, na medida em que consiste em uma declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico, pretendido pelo agente. Daí denota-se o art. 462 do CC, que dispõe que o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Nada impede que o contrato definitivo tenha mais cláusulas do que as pactuadas no contrato preliminar, que de maneira alguma se desnatura com tal possibilidade. Assim, a regra legal deve ser interpretada com razoabilidade para entender que a exigência é somente quanto aos requisitos essenciais (entenda-se os elementos de existência e validade do negócio jurídico), e não quanto ao inteiro conteúdo do pactuado.
Classificação:
A classificação dos Contratos Preliminares se dá de acordo com sua exigibilidade, retratabilidade e onerosidade.
Na classificação primária, percebemos que o pré-contrato pode ser unilateral ou bilateral.
a) Na forma unilateral, a faculdade de exigir o cumprimento reserva-se única e exclusivamente a uma das partes, sendo que a outra contrai uma obrigação cujo adimplemento fica subordinado à vontade da que pode exigi-lo.
Destaque-se que a peculiaridade de criar obrigação ao talante de uma única parte não retira a natureza contratual dessa promessa, uma vez que ela somente se aperfeiçoa com o acordo de vontades. 
São exemplos de tais contratos preliminares unilaterais: a opção de compra, a venda a contento e a promessa de doação (art. 466 CC).
b) No contrato preliminar bilateral, cada parte pode exigir da outra a execução do contrato que projetaram, em toda sua extensão e efeitos.
A promessa de venda é o exemplo mais habitual de tal espécie de avenca, pois, nela tanto o promitente vendedor quanto o promitente comprador podem exigir a realização do negócio jurídico prometido, a saber, a venda do bem, nos termos em que foi pactuado, ainda que com condição resolutiva da avenca.
Nos pré-contratos bilaterais, vislumbra-se uma nova classificação (ou uma subclassificação), quanto à retratabilidade. 
Ao contrário da forma unilateral, que não há necessidade de cláusula de arrependimento, haja vista que somente há relevância a vontade de um dos pré-contratantes para a realização do pré-contrato, na forma bilateral é relevantíssimo saber que se há possibilidade de arrependimento ou irretratabilidade, pois nesse último caso, na promessa de venda, o direito positivo pode considerar, inclusive, um direito real.
Promessa de Compra e Venda (art. 1.417 e 1.418 CC)
Pertence a categoria dos Contratos Preliminares. Define-se como o contrato que pelo qual as partes contraem a obrigação de estipular contrato definitivo de compra e venda. 
Não caracteriza documento translativo de propriedade.
Gera eficácia real e execução específica via adjudicação compulsória (quando não pactuado cláusula de arrependimento e devidamente registrado no registro de imóveis).
Pode ser unilateral ou bilateral.
Unilateral – geral obrigação apenas para uma das partes.
Ex. Promessa de compra – Promessa de Venda.
Bilateral – gera obrigações para ambas às partes.
Ex. Promessa de Compra e Venda 
Sua execução se dá:
a) pela escritura definitiva de compra e venda;
b) pela adjudicação compulsória.
2) Da extinção dos contratos
Podemos observar que a extinção da relação contratual se define particularmente em dois grandes grupos. São eles:
Causas extintivas do contrato anteriores à sua formação:
a) Nulidade
b) Condição Resolutiva
c) Direito de Arrependimento 
Causas extintivas do contrato contemporâneas e supervenientes à sua formação:
a) Resolução por inexecução voluntária do contrato
b) Resolução por inexecução involuntária
c) Resolução por onerosidade excessiva
d) Resilição bilateral ou distrato
e) Resilição unilateral
f) Morte dos contraentes
A extinção normal dos contratos ocorre com o cumprimento das prestações avençadas, ou ainda, com o termo final nos contratos de trato sucessivo. Nesta situação não há dúvida quanto ao término do vínculo, já que, conforme explicita Orlando Gomes, temos nessa situação “a morte natural do contrato”.
Segundo Maria Helena Diniz, a execução é o modo normal de extinção do vínculo contratual, não suscitando por isso, quaisquer problemas quanto à forma e aos efeitos, já que uma vez executado o contrato, extinguir-se-ão todos os direitos e obrigações que o originou. (art. 319, 320, 322 e 323 CC)
Mas o contrato pode extinguir-se antes do cumprimento das obrigações, por variados motivos. Por esses motivos, estudaremos cada situação e seus efeitos.
É necessário distinguir a anulação do contrato de sua dissolução. A anulação ocorre quando causas anteriores ou contemporâneas a formação do contrato atuam de modo a extinguir a relação contratual, determinando sua anulação. Na dissolução, causas supervenientes a formação do negócio é que ensejam sua extinção.
Nulidade
O Contrato para ter validade, precisará observar normas jurídicas atinentes a seus requisitos subjetivos, objetivos e formais, sob pena de não produzir conseqüências jurídicas. A nulidade é portanto, uma sanção, por meio da qual a lei priva de efeitos jurídicos o contrato celebrado contra os preceitos disciplinadores dos pressupostos de validade do negócio jurídico.
Nulidade Absoluta (arts. 166, I a VII, e 167 CC)
É a sanção cominada ao contratante que transgride preceito de ordem pública, operando de pleno direito, de sorte que o contrato não poderá ser confirmado, nem convalescerá pelo decurso de tempo, da mesma forma que não produzirá efeitos desde a sua formação (art. 169 CC), ou seja, produz efeitos ex tunc.
Invalidade e Ineficácia dos Contratos.
Se o negócio não observa os pressupostos e requisitos da relação contratual, o contrato (que é um negócio jurídico) é privado de seus efeitos.
Nulidade - é a sanção estabelecida pelo direito para o contrato celebrado contra a lei, sobretudo no que tange aos pressupostos e requisitos do contrato,. Por não cumprir com as exigências do modelo legal não recebe a proteção que esperava receber. Pode ser total ou parcial, conforme atinja parte ou a totalidade do negócio.
É insanável, absoluta e perpétua. Pode ser argüida por qualquer interessado, por estarmos diante de princípio de ordem pública. Pelo mesmo motivo, pode ser decretada de ofício pelo juiz.
Anulabilidade - priva o contrato de efeitos caso seja requerida a sua invalidação pela parte interessada. Aqui o negócio produz efeitos até ser anulado. É relativa, sanável e provisória. Só pode ser requerida pela pessoa a quem a lei dedica proteção. Admite confirmação e se purifica com o decurso do tempo.
Fala-se ainda em inexistência do contrato quando lhe faltam os elementos básicos de configuração. Os contratos inexistentes não possuem qualquer relevância jurídica, não se admitindo conversão ou confirmação do mesmo por carecer do mínimo para ser ato negocial.
Contratos Ilícitos ou Ilegais
a) Contratos Proibidos – atentam contra a ordem pública.
b) Contratos Imorais – contraria os bons costumes.
c) Contratos Fraudulentos – a finalidade é proibida por lei.
Nulidade Relativa (art. 171 CC)
É uma sanção que apenas poderáser pleiteada pela pessoa a quem a lei protege e que se dirige contra os contratos celebrados por relativamente incapazes ou por pessoas cujo consentimento se deu por erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. Os efeitos de tais contratos subsistirão, porém, até o instante de sua anulação, admitindo-se ainda, confirmação e purificando-se com o decurso do tempo (art. 172 a 174 CC). 
A nulidade relativa não deve ser incluída como uma das formas de dissolução dos contratos, pois trata-se tão somente do reconhecimento de que o contrato é defeituoso, o que não lhe tira a relevância jurídica, visto que produzirá seus efeitos e permanecerá eficaz enquanto não se mover ação que decrete tal nulidade, por ter a nulidade relativa efeito ex nunc.
Convalescença:
A nulidade é incurável, porém os contratos anuláveis podem ser purificados. Sana-se o vício originário e, em conseqüência, convalesce. A convalescença dá-se por três modos:
a) pela confirmação ou ratificação – declaração negocial de renúncia à faculdade de pedir anulação do contrato e realiza-se por manifestação de vontade.
b) pela convalidação – se dá pela superviniência de requisito apurável depois de sua formação. Há suprimento do requisito inatendido no momento da sua formação.
c) pela prescrição – se a parte legitimada não age no lapso temporal estabelecido na lei para a defesa de seu interesse, tranca-se a possibilidade de anular o trato e extinto o direito de anulação, o contrato convalesce, tornando-se definitivos seus efeitos.
São formas de extinção dos contratos: 
A) resolução - quando de alguma forma há inadimplemento
B) resilição - pela vontade de uma, de ambas ou de todas as partes
C) rescisão - quando há lesão
D) morte dos contraentes
Resolução:
Surge de situações de inexecução das obrigações contratuais (não cumprimento das obrigações; mora; cumprimento defeituoso).
Obs.: resolução é diferente da suspensão (parcial ou total dos efeitos do contrato). Na suspensão há apenas interrupção temporária das relações contratuais, em caso de força maior, “exceptio non adimpleti contractus” ou mútuo consenso.
A causa da resolução é a inexecução relevante das obrigações de uma das partes, seja ela culposa ou involuntária, ou derivada de considerável dificuldade na execução da prestação contratual em razão de onerosidade excessiva advinda das prestações. No primeiro caso, aquele que não cumpre com a obrigação pode ser compelido a cumpri-la, ou então a satisfazer as perdas e danos.
A.1) Resolução por inexecução voluntária e suas modalidades: 
Pressupõe inadimplemento e extingue o contrato desde sua origem (salvo os contratos de trato sucessivo). As prestações cumpridas são restituídas, para que não ocorra o enriquecimento sem causa, arcando o inadimplente com o pagamento das perdas e danos. Os efeitos se operam ex tunc.
São modalidades de resolução por inexecução voluntária:
Cláusula resolutiva tácita: (art. 475 e 476 CC) 
É a cláusula que, implícita, autoriza o término da relação contratual nos casos de inadimplemento das obrigações. No Brasil, seguimos o sistema francês, sendo necessária ação judicial para que se possa extinguir o contrato com base na cláusula resolutiva tácita, que não atua senão através de sentença constitutiva (diferentemente do que ocorre no sistema alemão, onde a resolução age sem a necessidade de intervenção judicial).
Pacto Comissório Expresso: (art. 474 CC) 
É a cláusula resolutiva quando clausulada expressamente no contrato, não sendo necessária aqui a intervenção judicial. Não obstante as controvérsias, opera de imediato suas conseqüências em favor de que padece com o inadimplemento. 
Direito de Arrependimento:
Havendo mútuo consenso, formar-se-á o contrato e as partes ficarão vinculadas juridicamente, não mais podendo eximir-se do ajuste ad nutum. Todavia a força vinculante da convenção poderá romper-se excepcionalmente pelo direito de arrependimento, que deverá estar previsto expressamente no contrato, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer dos contraentes se arrepender de o ter celebrado, sob pena de pagar multa penitencial, devida como uma compensação pecuniária a ser recebida pelo lesado com o arrependimento.
O exercício do direito de arrependimento deverá dar-se dentro do prazo convencionado, ou, se não houver estipulação de prazo, antes da execução do contrato, uma vez que o arrependimento deste importará em renúncia tácita àquele direito.
O direito de arrependimento também poderá decorrer de Lei (art. 420 CC e Lei 8.078/90), que permite na relação de consumo, ao consumidor a desistência do contrato dentro do prazo de sete dias contatos da sua assinatura ou do recebimento do produto ou serviço.
A.2) Resolução por inexecução involuntária: 
Ocorre por impossibilidade superveniente, total e definitiva, do cumprimento da prestação avençada. Segundo Orlando Gomes, é a impossibilidade que produz a resolução, e não a simples dificuldade de cumprir com a prestação.
Neste caso a parte inadimplente libera-se do vínculo contratual, de pleno direito, estendendo-se os efeitos da liberação até a origem do contrato. Mas é facultado ao devedor que se responsabilize por indenizar as perdas e danos em caso de fortuito ou força maior, desde que o faça de forma expressa.
O devedor responde pelo fortuito ou força maior se estiver em mora.
A inexecução tem efeitos diversos de acordo com o tipo de contrato. Vejamos:
Contratos unilaterais: quem suporta o risco é o credor, parte que esperava a satisfação e não pôde receber por algum motivo.
Contratos bilaterais: resolvido o contrato as partes voltam a situação anterior, devolvendo inclusive o que tiverem pago umas as outras.
A.3) Resolução por onerosidade excessiva (rebus sic standibus)
Ocorre nos contratos comutativos de execução diferida quando, em virtude de acontecimento extraordinário e imprevisível, surge onerosidade que dificulta muito o cumprimento das obrigações de um contratante. Note-se que apenas dificulta, mas não impossibilita a prestação. Requisitos: diferença de valor da prestação no momento da formação para o da execução do contrato; diferença causada por acontecimento imprevisível e extraordinário; contrato comutativo de execução diferida ou periódica.	
Aqui não opera propriamente a resolução, mas sim, quando possível, a intervenção judicial para reequilibrar as prestações.
Cabe a parte que sofre o desequilíbrio requerer pronunciamento judicial antes de seu inadimplemento, e a sentença, caso venha a resolver o contrato, terá efeito retroativo, eximindo o inadimplente inclusive das perdas e dados.
Resilição: 
Extinção dos contratos pela vontade de uma ou ambas as partes. Para que ocorra é necessário acordo das partes neste sentido, partindo a vontade de um ou ambos os contratantes. Por isso falamos em resilição bilateral ou unilateral.
B.1) Distrato:
É a resilição bilateral na qual as partes resolvem, de comum acordo, dissolver o negócio rompendo a relação jurídica. Conforme a expressão de Orlando Gomes, “é um contrato para extinguir outro”. Pode ocorrer através do distrato ou estar prevista no contrato a autorização para que uma das partes dissolva o negócio sem a necessidade da outra (resilição convencional).
O distrato deve tomar a mesma forma do contrato quando esta integra a substância do ato. Caso não integre a forma a substância do contrato, podem as partes seguir a forma que lhes aprouver.
B.2) Resilição unilateral:
Aceita-se a resilição unilateral não obstante o contrato derivar de um acordo de vontade. 
Tal resilição pode ser exercida: 
a) nos contratos por tempo indeterminado; 
b) nos contratos de execução continuada ou periódico; 
c) contratos onde não tenham se iniciado os atos de execução; 
d) contatos benéficos; 
e) contratos de atividade (Ex. Contrato de Trabalho) .
Poder de resilir é um direito potestativo, exercido mediante declaração de vontade da parte a quem o contrato não mais interessa. Tal declaração recebe o nome de denúncia.
A denúncia,

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