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02 - Crime - Ilicitude - N2

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Crime - Ilicitude 
Conceito 
É a relação de antagonismo que se estabelece entre o fato típico e o 
ordenamento jurídico. Todo fato típico, em regra, é ilícito, exceto se estiver 
presente alguma das excludentes de ilicitude elencadas na lei penal, hipótese 
em que o fato não será considerado criminoso. 
Excludentes de 
ilicitudes 
Existem quatro excludentes elencadas na Parte Geral do Código Penal: 
a) estado de necessidade; 
b) legítima defesa; 
c) estrito cumprimento do dever legal; 
d) exercício regular de direito. 
Estado de necessidade 
Conceito 
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato criminoso para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia por 
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, 
não era razoável exigir-se. Em suma, existe estado de necessidade quando 
alguém, para salvar bem jurídico próprio ou de terceiro, sacrifica outro bem 
jurídico. 
Exige-se, ainda, para o reconhecimento da excludente o conhecimento da 
situação justificante pelo agente. 
Espécies 
a) quanto à titularidade – estado de necessidade próprio ou de terceiro; 
b) quanto ao elemento subjetivo do agente – estado de necessidade real ou 
putativo; 
c) quanto ao terceiro que sofre a ofensa – estado de necessidade defensivo 
ou agressivo. 
Legítima defesa 
Conceito 
Age em legítima defesa quem, usando moderadamente os meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de 
outrem. Só se admite a excludente se ficar demonstrado que o agente tinha 
ciência de que estava agindo acobertado por ela. 
Admite-se 
a) legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa (aquela imaginada 
por erro); 
b) legítima defesa real de legítima defesa putativa; 
c) legítima defesa putativa de legítima defesa real; 
d) legítima defesa contra agressão culposa. 
Não se admite, por não ser injusta, a agressão – legítima defesa real de 
legítima defesa real, estado de necessidade real, estrito cumprimento do 
dever real ou exercício regular de direito real. 
Espécies 
a) quanto à titularidade – legítima defesa própria ou de terceiro; 
b) quanto ao elemento subjetivo do agente – legítima defesa real ou putativa. 
Diferenças 
entre o estado 
de necessidade 
e a legítima 
defesa 
a) no estado de necessidade, há conflito entre bens jurídicos; na legítima 
defesa, ocorre repulsa contra ataque; 
b) no estado de necessidade, o bem é exposto a risco; na legítima defesa, o 
bem sofre uma agressão atual ou iminente; 
c) no estado de necessidade, o perigo pode ser proveniente de conduta 
humana ou animal; na legítima defesa, a agressão deve ser humana; 
d) no estado de necessidade, a conduta pode atingir bem jurídico de terceiro 
inocente; na legítima defesa, a conduta pode ser dirigida apenas contra o 
agressor. 
Exercício regular de direito 
Conceito 
Consiste na atuação do agente dentro dos limites conferidos pelo 
ordenamento legal. O sujeito não comete crime por estar apenas exercitando 
uma prerrogativa a ele conferida pela lei. Ex.: médico que realiza cirurgia 
plástica com autorização do paciente ou de seu representante legal não pode 
ser processado por lesões corporais, exceto se tiver havido erro na cirurgia. 
Estrito cumprimento do dever legal 
Conceito 
A conduta do agente enquadra-se em um tipo penal, porém está autorizada 
por lei, decretos, regulamentos ou atos administrativos fundados em lei e que 
sejam de caráter geral. 
Excesso 
Conceito e 
consequências 
Em qualquer das excludentes de ilicitude, é possível que o agente responda 
pelo excesso doloso ou culposo. O excesso é a intensificação desnecessária 
de uma conduta inicialmente justificada, ou seja, o agente estava, 
inicialmente, agindo acobertado por uma das excludentes de ilicitude, mas, 
em seguida, extrapola seus limites, devendo responder por crime doloso ou 
culposo, dependendo de ter sido o excesso intencional ou não. No caso de 
excesso culposo, a culpa é denominada imprópria. 
Consentimento do ofendido 
Consequências 
 
Nos crimes em que o dissenso é elementar, o consentimento torna o fato 
atípico. Naqueles em que o dissenso não é elementar, o consentimento será 
causa supralegal de exclusão da ilicitude, desde que se trate de bem 
disponível e vítima capaz. Por isso, não há crime de dano quando pessoa 
maior de idade autoriza outra a destruir bem de sua propriedade. 
Discriminantes putativas 
Conceito 
Ocorre quando o sujeito, por erro, supõe estarem presentes os requisitos de 
uma excludente de ilicitude. Trata-se, portanto, de uma excludente putativa, 
suposta. 
Consequência 
 
Se o erro era inevitável, o agente fica isento de pena (art. 20, § 1º). 
Se o erro era evitável, tendo o erro derivado de culpa, o agente responde por 
crime culposo. Trata-se também de espécie de culpa imprópria, em que o 
agente é punido por crime culposo apesar de ter agido com dolo.

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