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UNIVESIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE DIREITO A DIALÉTICA DE UM DETENTO Uma análise marxista sobre a música “Diário de um Detento” Alef Granjero: 3141140-1 Bruno Carenzi : 413586-3 Pedro Henrique Varrichio da Silva:3147547-7 Marcos Antônio LeForte: 3141078-2 William Pimentel: 3144722-8 SÃO PAULO – SP Novembro - 2014 2 1. INTRODUÇÃO: O escopo do presente trabalho é examinar os precedentes, consequências e razões que levaram o Governo do Estado de São Paulo em 1992, sob o comando do então governador em exercício Luís Antônio Fleury, a autorizar o Massacre da Casa de Detenção de São Paulo ou simplesmente O Massacre do Carandiru que ficou imortalizada na letra “Diário de um Detento” escrita pelo ex-presidiário Jocenir e cantada pelo grupo de rap “Racionais-Mc ” na voz de “Mano Brown”. Encaramos o desafio de apresentar essa pesquisa com muita responsabilidade e forte carga emocional, pois o ocorrido não teve seu desfecho no momento mais trevoso da história brasileira que foi claramente o regime militar com todo seu aparato repressivo, mas sim na roupagem democrática alguns anos após a fundação da Nova República sob a égide da “Constituição Cidadã” que inaugurava em seu bojo a noção dos Direito Fundamentais, bem como o principio maior da Dignidade Humana. A Casa de Detenção de São Paulo foi cenario da batalha mais cruel e visível de uma classe em ascensão que facilmente descartou os indesejáveis para a nova sociedade em construção que ora se assenhorava no horizonte. Alguns, apontavam para um sistema que possuía uma eficiência de concretização dos seus interesses, enquanto outros, marginalizados e tratados como animais, padeciam sob o julgo daqueles que em nome da “ordem, moral e bons costumes ” os satanizavam e reduziam sua história a um conglomerado de artigos penais sem ao menos lançar sobre estes uma luz de esperança e compartilhamento de uma sociedade mais fraterna depois que pagassem por suas faltas. Para a sociedade paulista da época, era um genocídio popular anunciado há muito tempo. A penitenciária que se localizava no bairro do Carandiru, engolia mais corpos e detentos do que sua própria capacidade física poderia suportar, amontoando homens de todas as idades e crimes variados em uma velocidade nunca antes vista na história recente do Brasil. Diga-se, que no dia do Massacre foram mortos, segundo dados oficiais, apenas 111 mortos, no 3 entanto, os sobreviventes afirmam que a violência policial estendida até os dias atuais foi capaz de fazer mais mortos do que o contabilizado. O Rap “Diário de um Detento” foi uma adaptação dos escritos do ex- detento Jocenir que foi capturado pela polícia em 1994 e cumpriu pena no referido presidio após a ocorrência do massacre. Jocenir vinha de classe média, empregou seus conhecimentos e logo foi ganhando notabilidade entre os presidiários por não usar drogas e registrar em um livro de memórias tudo o que se passava dentro da cela e corredores da cadeia, conferindo a ele a alcunha de “Tiozinho da Caneta”. Jocenir conheceu o então “Mano Brown” que cumpria também reclusão, da qual surgiu uma parceria para compor a música em questão que logo atingiria a marca 52 º na Rolling Stones em 1998 e num só contra ponto, se tornaria o hino por excelência dos “manos da quebrada”. Visto o fato sob a perspectiva marxista, é possível deslindar fatores na própria letra cantada pelo grupo de como o Estado e a Sociedade Brasileira, ainda embebidos do autoritarismo herdado do regime militar, tratavam seus próprios delinquentes – observando atentamente as causas sociais que levavam muitos homens a cometer crimes , como se dirá, primários e receber penas tão insuportáveis. A presença do Estado que se fazia conhecido entre as periferias somente através do poder policial, relata uma sociedade que fecha seus olhos para um local que se apresentava propriamente como um bário de pólvora, e mesmo sabendo da gravidade de uma possível rebelião há poucos metros do centro, ignoravam – estavam mais preocupados com seus bens matérias – demonstrando um individualismo levado ao seu limite máximo. Se todo o réu é um oprimido pela conjunção processual na espera da justiça, o detento também o é – pois é visto como um pária e proscrito perante a família, amigos e tem delegado para si um futuro sem esperança e total abandono. 4 A prisão, que tem sua origem na própria pena canônica das masmorras da Idade Média, segundo seus fundadores, recebe a herança de fazer até a atualidade o preso refletir sobre sua falta social e procurar nunca mais comete-la – algo completamente impossível, pois a sociedade não aceita de bom grado um ex-presidiário mesmo depois de cumprir sua pena – condenando-o novamente a marginalização e exclusão do sistema. Para realizar esta pesquisa, nos utilizamos do conteúdo bibliográfico disponível, pesquisa sobre os antecedentes e relatos de quem vivenciou a realidade carcerária do Carandiru, bem como reprodução de imagens e análise sistêmica da canção “Diário de um Detento” sob a óptica marxista. Nosso trabalho não tem como meta apontar culpados, acusar qualquer instituição ou até mesmo satisfazer os espíritos mais emocionados com um juízo de valor, pelo contrário, pretendemos lançar luzes sobre este episódio que marcou a história recente da sociedade paulista e brasileira, não permitindo seu esquecimento e indagando, mais uma vez, sobre a própria lógica do sistema carcerário e a possibilidade de outras chacinas. 5 2. HISTÓRICO DO INFERNO: O CARANDIRU A Casa de Detenção de São Paulo foi inaugurada no ano de 1920 com o projeto do arquiteto Samuel da Neves. A penitenciaria já chegou a abrigar mais de 8 mil homens, se configurando como a maior da América Latina em números reais. É valido ressaltar que o presidio foi planejado para atender aos desígnios do Código Penal chancelado em 1890, traduzindo sua referência arquitetônica por atender aos pressupostos pelo direito positivado na época. Vale lembrar a curiosidade de que o próprio Stefan Zweig - amigo pessoal de Sigmund Freud – teceu elogios ao sistema do presidio, apontando novamente como modelo, pois desde a limpeza do presidio até a própria comida, eram atribuídas como trabalho para os reclusos – configurando o presídio como uma grande fábrica de trabalho. O próprio presidio, na época, se tornou até mesmo cartão postal da cidade. A partir do governo Vargas, em 1940, o presidio passa a padecer com a super lotação e a má administração – começando a existir entre os presos maiores tentativas de brigas, rebeliões e fugas. Várias tentativas foram planejadas a fim de conter os problemas que se assomavam no complexo penitenciário, sendo a última, capitaneada por Jânio Quadros em 1956, de construir um complexo adjacente aos pavilhões existentes elevando sua capacidade para pouco mais de 3.560. O problema começa a se agravar com o deferimento do golpe político em 1964 que culminou com a ascensão dos militares ao poder, reprimindo manifestações populares e prendendo em mesma cela homicidas, estelionatários, estuprados e professores universitários contra o sistema. Muitos dos presos, só tiveram contato com educação ou literatura após conviverem mais pessoalmente com estes presos políticos de clara orientação progressista. Com o fim do regime militar e a inauguração da então “Nova República” em 1985, o presídio já havia chego à muito em seu limite 6 máximo e mesmo assim recebia cada vez mais marginais das várias regiões da Grande São Paulo. No entanto, somente em 02 de outubro de 1992, após uma briga que teve sua origem emum desentendimento entre dois reclusos por causa de um pacote de cocaína, foi acionada a política militar do Estado de São Paulo para conter – em uma operação mal planejada e despreparada – a rebelião iniciada no Pavilhão 09 que logo se alastrou por todo o complexo, culminando com o maior massacre de presidiários já presenciado na América Latina, ganhando, na época projeção internacional. A polícia militar de São Paulo, tal como o Governador em exercício, afirmaram que só foi “executado” quem investiu contra os policiais e portavam armas ilícitas, porém, o laudo pericial alega que em todas as celas, as trajetórias dos disparos indicavam atirador posicionado na soleira da porta apontando sua arma para os fundos ou laterais da cela;Não se observou quaisquer vestígios que denotassem reação dos presos, tais como vestígios de disparo na direção oposta aos descritos; Dadas as condições observadas pela perícia, pôde-se inferir que o objetivo principal da operação foi conduzir parte dos detentos à incapacitação imediata (ou seja, morte); O local foi violado antes da chegada da perícia, com a remoção dos cadáveres do local em que foram mortos e com a retirada de inúmeros estojos (cápsulas, no linguajar popular) vazios, notadamente de metralhadora (nenhuma foi encontrado pela perícia). Mesmo após o genocídio do cárcere, a penitenciária continuou funcionando até ser desativada no ano 2000, tendo seus presos transferidos para outros presídios no interior de São Paulo. 7 3. RACIONALIZANDO A PERIFERIA: RACIONAIS MC’S O grupo de Rap, Racionais Mc’s, nasceu em 1988 na periferia de São Paulo, retratando em suas letras a truculência policial, crime organizado, a repressão estatal, discriminação social e a latente exclusão dos jovens negros. O Grupo ganhou grande notabilidade em 1991 quando abriu no parque Ibirapuera o show do grupo norte-americano “Public Enemy”. Com a crescente fama, Racionais Mc’s retratavam em suas letras ritmadas a dificuldade enfrentada pelos moradores da periferia que tinham como saída para sobreviver vender sua força de trabalho para os mais abastados ou encontrar uma solução na vida criminosa. Em 1994, em um show realizado no Vale do Anhangabaú, o líder do grupo conhecido como “Mano Brown”, foi detido pela polícia paulista acusado de incitar a violência entre os jovens. Neste fato, foi sentenciado a cumprir pena na Casa de Detenção de São Paulo – Carandiru. Mano Brown que já gozava de grande popularidade na periferia foi logo recebido com respeito dentre os reclusos, onde conheceu o presidiário Jocenir. Desta parceria, unindo a revolta em comum e a vida tormentosa na cela, nasceu a obra-prima do grupo: “Diário de um Detento”. Retratando o dia-a-dia no presídio, a música atinge seu clímax ao descrever o que foi o “Massacre do Carandiru” no imaginário do presidiário, fornecendo grande carga crítica do modo como os presidiários são tratados tanto pelos internos quanto pela sociedade em si, agravando os traços discriminatórios e reconduzindo, para sua própria necessidade, a volta no crime. “Diário de um Detento” analisa as características do preso em si, acentuando a diferença social e econômica persistente, a discriminação da sociedade em relação o preso e a busca alternativa de se livrar dos párias que incomodam os homens e mulheres de bens. O outro, infrator, é 8 retratado como o ápice da degradação – sendo comparado com o mal moral Católico – Lúcifer. Dividindo outra vez a sociedade entre: Eles e Nós. A música rendeu ao grupo a respeitável classificação no ranking da Rolling Stones de 1998 na posição 52º de 100. Exportando o Rap para fora da periferia e retratando em letras duras a vida ignorada de quem mora em regiões marginais ao Centro. O Grupo não lança há 12 anos nenhum disco, mas já anunciou a volta aos palcos com data marcada para o dia 20 de dezembro de 2014. 9 3.1. LETRA DA MÚSICA: DIÁRIO DE UM DETENTO São Paulo, dia 1º de outubro de 1992, 8h da manhã. Aqui estou, mais um dia. Sob o olhar sanguinário do vigia. Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK. Metralhadora alemã ou de Israel. Estraçalha ladrão que nem papel. Na muralha, em pé, mais um cidadão José. Servindo o Estado, um PM bom. Passa fome, metido a Charles Bronson. Ele sabe o que eu desejo. Sabe o que eu penso. O dia tá chuvoso. O clima tá tenso. Vários tentaram fugir, eu também quero. Mas de um a cem, a minha chance é zero. Será que Deus ouviu minha oração? Será que o juiz aceitou apelação? Mando um recado lá pro meu irmão: Se tiver usando droga, tá ruim na minha mão. Ele ainda tá com aquela mina. Pode crer, moleque é gente fina. Tirei um dia a menos ou um dia a mais, sei lá... Tanto faz, os dias são iguais. Acendo um cigarro, vejo o dia passar. Mato o tempo pra ele não me matar. Homem é homem, mulher é mulher. Estuprador é diferente, né? Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pés, e sangra até morrer na rua 10. Cada detento uma mãe, uma crença. Cada crime uma sentença. Cada sentença um motivo, uma história de lágrima, sangue, vidas e glórias, abandono, miséria, ódio, sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo. Misture bem essa química. Pronto: eis um novo detento Lamentos no corredor, na cela, no pátio. Ao redor do campo, em todos os cantos. Mas eu conheço o sistema, meu irmão, hã... Aqui não tem santo. 10 Rátátátá... preciso evitar que um safado faça minha mãe chorar. Minha palavra de honra me protege pra viver no país das calças bege. Tic, tac, ainda é 9h40. O relógio da cadeia anda em câmera lenta. Ratatatá, mais um metrô vai passar. Com gente de bem, apressada, católica. Lendo jornal, satisfeita, hipócrita. Com raiva por dentro, a caminho do Centro. Olhando pra cá, curiosos, é lógico. Não, não é não, não é o zoológico Minha vida não tem tanto valor quanto seu celular, seu computador. Hoje, tá difícil, não saiu o sol. Hoje não tem visita, não tem futebol. Alguns companheiros têm a mente mais fraca. Não suportam o tédio, arruma quiaca. Graças a Deus e à Virgem Maria. Faltam só um ano, três meses e uns dias. Tem uma cela lá em cima fechada. Desde terça-feira ninguém abre pra nada. Só o cheiro de morte e Pinho Sol. Um preso se enforcou com o lençol. Qual que foi? Quem sabe? Não conta. Ia tirar mais uns seis de ponta a ponta (...) Nada deixa um homem mais doente que o abandono dos parentes. Aí moleque, me diz: então, cê qué o quê? A vaga tá lá esperando você. Pega todos seus artigos importados. Seu currículo no crime e limpa o rabo. A vida bandida é sem futuro. Sua cara fica branca desse lado do muro. Já ouviu falar de Lucífer? Que veio do Inferno com moral. Um dia... no Carandiru, não... ele é só mais um. Comendo rango azedo com pneumonia... Aqui tem mano de Osasco, do Jardim D'Abril, Parelheiros, Mogi, Jardim Brasil, Bela Vista, Jardim Angela, 11 Heliópolis, Itapevi, Paraisópolis. Ladrão sangue bom tem moral na quebrada. Mas pro Estado é só um número, mais nada. Nove pavilhões, sete mil homens. Que custam trezentos reais por mês, cada. Na última visita, o neguinho veio aí. Trouxe umas frutas, Marlboro, Free... Ligou que um pilantra lá da área voltou. Com Kadett vermelho, placa de Salvador. Pagando de gatão, ele xinga, ele abusa com uma nove milímetros embaixo da blusa. Brown: "Aí neguinho,vem cá, e os manos onde é que tá? Lembra desse cururu que tentou me matar?" Blue: "Aquele puta ganso, pilantra corno manso. Ficava muito doido e deixava a mina só. A mina era virgem e ainda era menor. Agora faz chupeta em troca de pó!" Brown: "Esses papos me incomoda. Se eu tô na rua é foda..." Blue: "É, o mundo roda, ele pode vir pra cá." Brown: "Não, já, já, meu processo tá aí. Eu quero mudar, eu quero sair. Se eu trombo esse fulano, não tem pá, não tem pum. E eu vou ter que assinar um cento e vinte e um." Amanheceu com sol, dois de outubro. Tudo funcionando, limpeza, jumbo. De madrugada eu senti um calafrio. Não era do vento, não era do frio. Acertos de conta tem quase todo dia. Ia ter outra logo mais, eu sabia. Lealdade é o que todo preso tenta. Conseguir a paz, de forma violenta. Se um salafrário sacanear alguém, leva ponto na cara igual Frankestein. Fumaça na janela, tem fogo na cela. Fudeu, foi a, se pã!, tem refém. Na maioria, se deixou envolver por uns cinco ou seis que não têm nada a perder. Dois ladrões considerados passaram a discutir. 12 Mas não imaginavam o que estaria por vir. Traficantes, homicidas, estelionatários e uma maioria de moleque primário. Era a brecha que o sistema queria. Avise o IML, chegou o grande dia. Depende do sim ou não de um só homem. Que prefere ser neutro pelo telefone. Ratatatá, caviar e champanhe. Fleury foi almoçar, que se foda a minha mãe! Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo... quem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio! O ser humano é descartável no Brasil. Como modess usado ou bombril. Cadeia? Claro que o sistema não quis. Esconde o que a novela não diz. Ratatatá! sangue jorra como água. Do ouvido, da boca e nariz. O Senhor é meu pastor... perdoe o que seu filho fez. Morreu de bruços no salmo 23, sem padre, sem repórter. sem arma, sem socorro. Vai pegar HIV na boca do cachorro. Cadáveres no poço, no pátio interno. Adolf Hitler sorri no inferno! O Robocop do governo é frio, não sente pena, Só ódio e ri como a hiena. Rátátátá, Fleury e sua gangue vão nadar numa piscina de sangue. Mas quem vai acreditar no meu depoimento? Dia 3 de outubro, diário de um detento." 13 4. A INFRAESTRUTURA DA EXPLORAÇÃO: A VISÃO SOCIAL EM KARL MARX A nossa análise terá como base os ideais marxistas, os quais foram desenvolvidos, durante o século XIX, através da crítica ao pensamento moderno e de seus contemporâneos tais como Hegel e Feuerbach. Marx sai do idealismo alemão como foi próprio de Kant e de toda filosofia alemã, até mesmo de Hegel, e dirige-se à uma instância totalmente diferente, a humana, com uma filosofia concreta, da práxis. Não obstante, ele rompe, também, com o materialismo contemplativo de Feuerbach, elevando seu pensamento a transformação da sociedade. Assim, Alysson Leandro Mascaro exprime no livro "Filosofia do Direito": "Marx atrela a filosofia, necessariamente, a uma postura revolucionária. Essa proposta se choca frontalmente com a tradição filosófica de seu tempo, em especial a alemã [...]. Na verdade, o homem somente o é enquanto se perfaz nas próprias relações sociais, de trabalho." Marx desenvolve uma ferramenta grandiosa: o materialismo histórico, partindo das relações sociais históricas concretas, superando tanto o idealismo e o empirismo, respectivamente, invertendo a filosofia de modo a colocá-la de pés no chão e não esgotando a verdade na matéria no seu sentido físico. Inverte também a dialética de Hegel (negação da negação), pois se seguisse essa lógica, todo novo teria algo do velho, a proposta marxista nessa questão traz o comunismo como algo totalmente distinto do capitalismo. 14 Em seu estudo Marx também desenvolve a ideia da alienação, no sistema capitalista, como um afastamento do homem de si mesmo, sendo propiciada pela condição de trabalhador no processo produtivo. Para Marx a alienação também se apresenta no campo dos valores, dos modos de reflexão do pensamento, da cultura e das ideias, ou seja, a questão da ideologia. Uma infraestrutura (base material concreta) levanta uma superestrutura ideológica, porém essa ideologia não mostra sua real face, a qual protege os interesses de uma minoria exploradora, na verdade, se apresenta como valores universais, tidos como bons e eternos. Sobre a lógica do capital Marx chega a conclusão de que são as específicas relações de produção entre capitalistas e trabalhadores assalariados que determina essa lógica e através da mais-valia o capitalista distancia-se do trabalhador em meios e possibilidades. O acúmulo desenfreado do capital deixa clara as diferentes posições sociais de cada uma das classes e portanto, a lógica do capital descrita por Marx é a lógica da exploração do trabalho assalariado e a lógica da circulação universal de todos as pessoas e coisas como mercadorias. Para Marx o Estado se presta apenas para garantir que os interesses capitalistas sejam atendidos e não para manter uma igualdade real, ou para o bem comum. Marx coloca o Estado atual como algo a ser superado (A forma política estatal corresponde à exploração capitalista), já que ele serve apenas para garantir a posição de sujeito de direito (isonomia) e a reprodução e manutenção do sistema capitalista, de modo que todos possam se vender para o capitalista detentor dos meios de produção. Para Marx há de ser feita uma revolução nos meios de produção, numa transição para o socialismo, de tal sorte que se transforme o próprio modo como os trabalhadores se organizam, controlando totalmente a produção de sua vida material. 15 5. DIÁRIO DE UM DETENTO: ANÁLISE CRÍTICA DO MASSACRE DO CARANDIRU Em consonância com o já explicitado, fornecendo os fatos e sobre qual perspectiva iremos comentar a música em questão, podemos com propriedade avançar mais um passo e chegar no ponto fundamental de nosso trabalho que é analisar o “Diário de um Detento” munido do conhecimento até aqui exposto. Frisamos que seguiremos a cronologia da letra em si, buscando sempre apontar uma explicação plausível para materializar a narrativa. Seguimos: • Aqui estou, mais um dia. Sob o olhar sanguinário do vigia. Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK - Metralhadora alemã ou de Israel - Estraçalha ladrão que nem papel: O preso conta com a reprovação moral que a sociedade lhe incumbe ao cumprir pena em regime fechado, pois é considerado perigoso no meio das relações sociais devendo, portanto, pagar com a própria liberdade a lesão que empregou ao bem jurídico de outrem – desta maneira, vive sob um regime carcerário que o reprime submetendo seu psicológico a um constante estado de nervosismo, pois sabe que no menor alarde, o “vigia” não irá pestanejar em descarregar o cartucho da metralhadora em seu corpo, pouco se importando com o processo judicial que corre ou a dor dos parentes, corroborando de que, ali, poderia ser um pai de família preso injustamente. • Será que Deus ouviu minha oração?Será que o juiz aceitou a apelação?: Marx muito bem pontua de que a religião é o ópio que o povo utiliza para aliviar seu sofrimento diário em face da exploração imposta pelo capital, na lógica carcerária, a religião – como também se verá a frente – se assoma como a única companhia do preso e roga-se a uma entidade superior que possa fazer em um “passo de mágica” o juiz reverter toda a situação – a Apelação, refere-se ao recurso processual onde o 16 patrono entra com uma ação de revisão do prolatado em juízo, só quepara uma turma de juízes (desembargadores). O preso espera que sua pena, tal como seu sofrimento, sejam amenizados como resultados das súplicas dirigidas a “Deus”. A incerteza do processo judicial e do futuro depois de cumprida a pena é marcante. • Cada detento uma mãe, uma crença. Cada crime uma sentença: O preso ainda confronta-se com o juízo moral que sua família, desta vez na imagem materna, faz de sua atitude e pensa no sofrimento que impôs aos familiares. Retomando o trecho anterior, não é difícil observar a diversidade religiosa dentro do presídio – tendo a convivência pacifica de católicos, espiritas e até mesmo praticantes de religiões afro descentes – tudo, não passa de uma tentativa de recorrer a uma instância superior, na intenção de que sua pena seja atenuada – No Carandiru, bem como em outras penitenciarias, cada preso gira em torno dos dias contabilizados em sua sentença proporcionalmente ao delito praticado, em uma mesma cela era possível observar alguém que deveria cumprir de 01 ano até outros de 20 anos. As histórias se confundem e todos sabem que estão ali “pagando o que devem para a sociedade” ou como dirá os mais conservadores “paga-se pelo pecado”. • Uma história de lágrima, sangue, vidas e glórias, abandono, miséria, ódio, sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo Misture bem essa química - Pronto: eis um novo detento: O homem não procura o crime por livre e espontânea vontade. É possível apontar que causas sociais o conduzem para cometer algum ato delituoso que muitas vezes tem sua origem direta na desigualdade social em que está inserido – muitos com nada, e poucos com tudo. A centralização do capital e oportunidades para um grupo seleto reflete diametralmente em uma grande margem de excluídos que para sobreviver, só tem como alternativa a prática criminosa – não se dirá, portanto, que este deveria, sob a óptica liberal, trabalhar e se 17 “constituir um homem de bem”; não se lança em defesa do preso, mas acredita-se que esta mesma sociedade que lhe cobra uma postura, é a mesma que não lhe dá condições necessárias para seu próprio desenvolvimento como trabalhador; o exclui, o marginaliza e lhe delega que viva a própria sorte – O presídio, esta estrutura chancelada pelo sistema como método de correção, o preso só tem a si mesmo e convive com os olhares inquisitivos dos outros presos, o abandono da família, a falta de perspectiva, com o tempo deteriorando sua sensibilidade e moral.. • Mas eu conheço o sistema, meu irmão, hã! Aqui não tem santo. Rátátátá: preciso evitar que um safado faça minha mãe chorar: Recorremos novamente aos ensinos de Marx do qual diz que o homem faz a sua própria história, no entanto, não como quer – o preso, na tentativa de buscar, mesmo de forma ilícita uma melhoria momentânea de vida, abraça o crime e tem a consciência de que se torna um perigo em potencial para a sociedade – não se deve esperar que alguém que estruturalmente conviveu com toda a sorte de privações, depois de uma temporada na cadeia com outros malfeitores, vá melhorar necessariamente seu caráter – o autor reconhece que lá, a cadeia, não é lugar de gente boa. A música é rica em onomatopeia “ratata” que reproduz o som da metralhadora e acompanhada da frase seguinte revela o modo como a repressão policial responde as delinquências dos homens na periferia: com a morte. • Ratatatá! Mais um metrô vai passar com gente de bem, apressada, católica, lendo jornal, satisfeita, hipócrita com raiva por dentro, a caminho do Centro. Olhando pra cá, curiosos, é lógico! Não, não é não, não é o zoológico. Minha vida não tem tanto valor - quanto seu celular, seu computador: O som da metralhadora se faz presente mais uma vez, mostrando o olhar externo da sociedade sobre os reclusos do Carandiru. Ao observar as toalhas na janela, lamentos, murmúrios e palavras de revolta que saiam do complexo, é estimulada a curiosidade daqueles que 18 os condenaram a esta condição – o modo como vivem, como comem, como dormem, suas relações sexuais – é a observação externa de outro mundo, que é o presídio com sua população – são outras pessoas. Chega- se a um ponto determinante na teoria marxista, pois diz o filosofo alemão de que não é a consciência do homem quem o termina socialmente, pelo contrário, é seu ser social quem termina sua consciência – considerando de que os presos recebem o olhar incriminador da sociedade, o desprezo dos familiares e a opressão constante dentro da cela, é evidente que sua consciência muda; este agora ocupa outra posição na cena social: a do vilão. Mesmo que venha cumprir pena, “pagar o que se deve”, já há uma construção narrativa e social sobre a figura do presidiário, embutida com grande carga moral negativa da qual será seu estigma. A vida do preso não é importante, sob este mesmo raciocínio, ele é descartável, não é humano e não possui valor no sentido moral do termo – em uma sociedade na qual o materialismo individualista é levado ao seu ponto mais alto, quem não tem capital, bens materiais e chega ao cúmulo de subtrair essas premissas de quem possui, é visto como um inimigo público e não como mais uma vitima da sociedade. • Alguns companheiros têm a mente mais fraca: Não suportam o tédio, arruma quiaca (...) Tem uma cela lá em cima fechada desde terça-feira ninguém abre pra nada. Só o cheiro de morte e Pinho Sol - Um preso se enforcou com o lençol: Há aqui um ponto verdadeiro e cruel na narrativa burguesa – Não há mais espaço para o presidiário na sociedade. Quando o autor retrata sobre “tédio” neste ponto, remete a uma triste realidade de que a prisão não cumpre, por desinteresse dos detentores do capital e Estado, a função de resocializar o infrator dando a este condição necessária para sobreviver ao mercado de trabalho – a deterioração moral e física é latente. Homens amontoados e sem ocupação, no antigo adágio “mente vazia é oficina do diabo”, acabam por se aniquilarem e cumprir uma função que está já prevista – sua própria eliminação social. Não raro, 19 muitos presos morriam na própria cela pelos próprios companheiros. Aqueles que são julgados mais violentos e perigosos para os demais, possuem uma “prisão” dentro da “prisão” denominada: solitária. No caso em tela, o preso se enforcou com o lençol – algo constante, pois o ócio munido ao desespero de viver em condições sub-humanas resultam em atitudes como o suicídio. • A vida bandida é sem futuro. Sua cara fica branca desse lado do muro. Já ouviu falar de Lúcifer? Que veio do Inferno com moral, Um dia no Carandiru, não ele é só mais um comendo rango azedo com pneumonia: Há uma clara confissão de desesperança e descredito no futuro. A própria consciência já alterada pela nova realidade, deixa o preso refletindo sobre sua própria existência e condenação – Mesmo aquele que nas ruas era considerado como invencível e grandioso por suas façanhas criminosas, é imortalizado na imagem do diabo moral, que por mais considerado que fosse no meio, para o Estado não passa de mais um pária e tem o mesmo tratamento inflexível que os demais. Na doutrina Marxista, o Estado tal como se apresenta, não passa de um grande comitê chefiado pelos burgueses que se utilizam do aparado policial por meio da violência para empregar métodos corretivos àqueles que são subjugados e marginalizados: Quem está subvertendo a ordem presente, deve ser tratado como um inimigo. Há um claro desrespeito ao principio da dignidade humana, os presos, além de conviver com um ambiente lúgubre em si, padecem com moléstias derivadas das condições precárias que vivem. • Lealdade é o que todo preso tenta - Conseguir a paz, de forma violenta: O nome do criminoso era sua garantia nas ruas e continua sendo dentro das celas, é uma sentença de morte não se associarcom outros que possuam “moral” neste próprio meio, pois para garantir a sua vida, a única lei que impera no presidio é a do mais forte. A violência se faz necessária para manter uma ordem dentro da ordem. 20 • Fumaça na janela tem fogo na cela. Fudeu, foi além, se pã! Tem refém. Na maioria, se deixou envolver por uns cinco ou seis que não têm nada a perder. Dois ladrões considerados passaram a discutir, mas não imaginavam o que estaria por vir: Através da briga de dois criminosos influentes no complexo, foi deflagrada a rebelião que culminaria no maior massacre da América Latina. Mais uma vez, os presos não tinham opção de reeducação e inserção ao trabalho como em outros tempos: apenas banho de sol, musculação e competições internas de futebol. É claro que as características criminosas nesse ambiente inóspito eram acentuadas através da violência e imposição de força para a sobrevivência.. • Traficantes, homicidas, estelionatários e uma maioria de moleque primário. Era a brecha que o sistema queria avise o IML, chegou o grande dia! : A descrição dos tipos criminosos revela o perfil característico dos reclusos no presidio. Chamando atenção especial para os ditos “calouros” que haviam cometido crimes considerados “leves” em consideração dos homicidas – eram em sua maioria, jovens iniciantes que deveriam ter cometido em sua maioria furto. O desinteresse do Estado em diminuir a pena dos reclusos e inseri-los de volta na sociedade é respondido em rajadas de metralhadora, dizimando homens que poderiam vir a se tornar produtivos para o capital, mas foram descartados. A “brecha que o sistema queria” faz alusão de que a ação policial não foi arquitetada, planejada e executada, pelo contrário, se tratava da oportunidade dourada que o Estado tinha de se livrar em um único ato os homens indesejáveis pela sociedade. “Avisa o IML! Chegou o grande dia” a frase é atribuída ao Coronel Ubiratan que capitaneou a ação policial no Carandiru , com clara alusão de que a polícia não entraria para negociar com os presos e conter a rebelião, mas iria cometer arbitrariamente uma chacina nunca vista se quer no regime militar. 21 • Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo. Quem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio! O ser humano é descartável no Brasil Como modess usado ou Bombril: O Policial , nos dizeres do cantor, é visto como um cachorro assassino pois não fez juízo correto de valor e agiu instintivamente ao disparar tiros, como já comprovado, em todas as celas. Algo muito chamativo é o prêmio que existia (não oficial) dentro da própria policia militar para o soldado que matasse ladrões: O Estado não quer corrigir, mas se livrar dos elementos indesejados pelo corpo conservador e social. É uma clara herança da truculência observada pelo Estado opressor no regime militar. • Cadeia? Claro que o sistema não quis. Esconde o que a novela não diz Ratatatá! Sangue jorra como água, do ouvido, da boca e nariz: Mais uma vez, a cadeia é o amontoado de homens que não entram na lógica burguesa e são reprimidos pela violência policial – para estes, sob a narrativa do dominador, não tem mais chances. Longe de ser uma corporação organizada, a policia militar agiu como uma grande massa enfurecida, como um corpo uníssono, armado e violento destinado a descarregar todo o ódio que a sociedade tinha sobre os moradores da Casa de Detenção de São Paulo. • Cadáveres no poço, no pátio interno. Adolf Hitler sorri no inferno! O Robocop do governo é frio, não sente pena. Só ódio e ri como a hiena. Ratatatá, Fleury e sua gangue vão nadar numa piscina de sangue: A chacina estava feita. Milhares de corpos estavam expostos nos corredores, nas celas e nos pátios com claros tiros de metralhadora – não foi preciso ordens, a polícia militar agiu instintivamente. A sociedade, em um primeiro momento, aplaudiu a atitude do Governador Fleury para conter um problema crescente que era o aumento da população carcerária e reprimir os marginais. Este foi o momento perfeito para reduzir este problema que já se somava anos a fio – O Carandiru ganhava vida própria, 22 uma autofuncionamento, uma grande maquina devoradora de homens e sonhos, que ao invés de ser repensada, pelo contrário, serviu para eliminar o excesso de marginais existentes em São Paulo. Foi sem dúvidas, um genocídio e um ataque frontal tanto aos direitos humanos quanto ao recém Estado Democrático de Direito. • Mas quem vai acreditar no meu depoimento? Dia 3 de outubro, diário de um detento : O relato se encerra. A indagação ainda perdura: Quem acreditaria na palavra de um criminoso? A sociedade capitalista que o condenou a dura realidade? A verdade é que até hoje não há condenações para todos os agentes diretos do massacre. Pois este não terminou no dia 03 de outubro de 1992, mas continua até hoje nas periferias, não só de São Paulo, mas das grandes capitais, com o genocídio de jovens negros que são marginalizados pelas condições impróprias que lhe são impostas. Há uma diferença crucial de como o Governador Fleury agiu na época e como o atual Governador, Geraldo Alckmin, encara este episódio: O primeiro, procurou desfazer do excedente carcerário impiedosamente enquanto o segundo conferiu força simbólica ao fato quando ordenou sua demolição. A queda do Carandiru diluiu a micro realidade do cárcere para outros cantos do país, chamando para si o fato de que outros massacres, se depender do aparato burguês, poderão se repetir para garantir a ordem vigente. Não há limite para a repressão Estatal. Para aqueles que sobreviveram, uma vida marcada pela lembrança do vale de sombras, continuando na periferia, vão se regendo pela lei da vida, procurando encarar de algum modo aos caprichos do Capital e dos detentores do poder. 23 6. GALERIA DE FOTOS: Pilha de corpos Noticia de jornal Diário de um Detento Piscina de Sangue 24 7. CONCLUSÃO: É impossível deixar que uma história como esta passe despercebida pelo tempo e caia no abismo do esquecimento. O Massacre do Carandiru tem como principal objetivo alertar a população que caso não haja uma mudança de consciência em face a população marginalizada e uma alteração nos modos de produção – cenas como esta poderão se repetir continuamente nos anos a fio. A letra perdura após 22 anos como um gemido de dor nas noites paulistanas e um eco na busca de respostas para o injustificável. A reflexão que o grupo Racionais Mc’s leva para fora da periferia sobre a situação, principalmente, da população mais carente devido a constante truculência policial é algo marcante em sua letra. Mesmo tento o complexo do Carandiru dinamitado, a sua essência esvaiu-se de um espaço físico e concentrado e passou a ser diluído nas ruas, cidades e grande metrópoles com a observância ainda presente da exploração e discriminação de um grupo social determinado. É preciso pontuar que a letra, ritmada em passos fortes, traz a baila um problema constante no sistema carcerário: A má administração, super lotação e o problema que o Estado encontra em reincluir os seus infratores, optando pela ultima ratio que culmina com o extermínio de um determinado tipo social indesejável. Faz-se necessário, portanto, uma mudança de consciência social e encarar o presidiário como uma vítima das mazelas impostas pelo capital e alguém que também goza dos mesmos direitos do que qualquer outro cidadão – precisando ser reincluso no mercado de trabalho para evitar sua reincidência no crime. 25 As classes dominantes não veem com interesse a reformulação do preso e sempre irá responder em maior tom quanto sentir a sua ordem ameaçada pela subversão de elementos indesejáveis socialmente.Para ser verdadeiramente justa e genuína, a sociedade e o Estado devem por obrigação, tratar todos com o mesmo peso e medida para que massacres como este não voltem a se repetir. É uma mácula que não deve ser esquecida, mas que sirva de exemplo para que as gerações futuras rompam com o ciclo de genocídio que vitimiza a periferia. 26 6. BIBLIOGRAFIA: AZEVEDO, José Eduardo Azevedo;A Penitenciária do Estado: a preservação da ordem pública paulista in Revista do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; Vol. 1, nº 9; Brasília: jan/jun.1997, p. 91-102. CARNEIRO, Silvio. Diário de Um Detento – 20 Anos depois. http://zagaiaemrevista.com.br/diario-de-um-detento-20-anos-depois/ Visitado em 08 de Novembro de 2014 História do Carandiru , http://acessajuventude.webnode.com.br/historia- do-carandiru/ , Visitado em 08 de Novembro de 2014 MASCARO, Alysson Leandro. Estado e forma política. São Paulo: Boitempo, 2013. MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. x, 594 p. N°52 - Diário de um Detento - Edição 37 - (Outubro/2009) - Rolling Stone Brasil Rolling Stone. Visitado em 08 de Novembro de 2014 NIGRINI NETO, Osvaldo. O MASSACRE DO CARANDIRU: A HISTÓRIA ESTAVA ESCRITA NAS PAREDES, disponível em: https://flitparalisante.wordpress.com/2013/04/22/o-massacre-do- carandiru-a-historia-estava-escrita-nas-paredes/, acesso em 09/11/2014. VARELLA, Drauzio. . Estação carandiru. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. ZWEIG, Stefan; Encontros com homens livros e países; Editora Guanabara; 1942
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