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O DISCURSO COMPETENTE - Marilena Chaui (Resumo)

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O DISCURSO COMPETENTE – MARILENA CHAUI (RESUMO)
A ideologia é representação imaginária do real que serve à dominação na sociedade, mas também a maneira pela qual os agentes sociais representam para si mesmos a aparência do social, econômico e político, que, de acordo com a autora, é de tal sorte que esta aparência é o ocultamento do real, já que nem sempre o “aparente” é sinônimo de “falso”. O discurso ideológico é aquele que objetiva coincidir com as coisas, fazendo com que os sujeitos sociais se identifiquem com a imagem da classe dominante. As ideias, apesar de serem consideradas como determinantes do processo histórico, na verdade são determinadas por ele, mas isso não quer dizer que elas sejam apenas um reflexo da realidade. 
A autora afirma que a ideologia não possui uma história, não no sentido de ser algo imóvel, mas sim de ter suas transformações decorrer de uma outra história. De acordo com a autora “afirmar que a ideologia não tem história, é, portanto, afirmar que, além de ‘fora do lugar’, nela as ideias também estão ‘fora do tempo’” (p. 16). Para desfazer o paradoxo envolvido na expressão “fora do tempo”, a autora aponta que é necessário a diferença entre saber e ideologia. 
Segundo Chaui, o saber é “o trabalho para elevar à dimensão do conceito uma situação de não saber”. Para que uma ideologia seja eficaz, é necessário que haja a recusa do não-saber da experiência, além da habilidade de neutralizar a história, ocultando suas contradições e abolir as diferenças e tentativa de interrogação. Apesar de na ideologia as ideias estarem fora do tempo, elas estão a serviço da dominação presente. Dessa forma, afirmar que as ideias estão fora do tempo é ver a diferença entre histórico/instituinte e institucional/instituido. Nas palavras da autora, “a ideologia teme tudo quanto possa ser instituinte ou fundador, e só pode incorporá-lo quando perdeu a força inaugural e tornou-se algo instituído”(p. 17). 
Nesse contexto, o discurso competente é aquele que pode ser aceito como verdadeiro pois não se relaciona mais com o lugar e tempo no qual se origina. Dessa forma, o discurso competente é o discurso instituído, no qual a linguagem é restringida de forma que “não é qualquer um que pode dizer a qualquer outro qualquer coisa em qualquer lugar e em qualquer circunstância”. Para a compreensão do discurso competente, a Chaui o atribui ao fenômeno histórico da burocratização, definido como um processo que se impõe ao trabalho, impondo um quadro homogêneo que resulte na criação de uma escala única de status sócio-economico diversificada, realizando-se com o auxílio da ideia de Organização, que serve à de recurso para ocultar a presença total do Estado na sociedade civil. 
Não há dois discursos competentes diversos, e sim duas modalidades de um discurso competente: o discurso do burocrata/poder e o discurso do não-burocrata/conhecimento. À primeira modalidade da competência é submetida à norma restritiva do “não é qualquer um que pode dizer a qualquer outro qualquer coisa em qualquer lugar e em qualquer circunstância”. A segunda modalidade se trata de um discurso instituido, que através da cientificidade oculta a existência real da dominação, sendo necessário que os sujeitos sejam reduzidos à objetos sociais para que seja mantido o discurso da competência. 
Os modelos científicos passam a ser outorgados aos sujeitos, de maneira que serão ensinados a estes como relacionar-se com o mundo e às outras pessoas. Dessa forma, o discurso competente exige que as suas regras sejam interiorizadas, e, caso contrário, o sujeito vê-se como incompetente e anormal. Assim, a ciência é bem-vinda pois “o saber é periogoso apenas quando é constituinte, negador e histórico”, sendo uma arma ao projeto de dominação social e política na sociedade.

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