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Profª Drª Janete Eliza de Sá Soares Toxicologia II ( Toxicologia de Alimentos) Departamento de Farmácia FFOE / UFC A cultura pré-histórica era familiarizada com diversos venenos animais e plantas venenosas. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 2 História e Evolução da Toxicologia Noções sobre algo útil ou nocivo eram conhecidas do homem pré-histórico: entendia como alimentos aqueles que lhe eram convenientes e como venenos os que lhe faziam mal. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 3 História e evolução da Toxicologia Venenos animais e plantas venenosas: conhecimento para caçar, para lutar e eliminar pessoas indesejáveis dos pequenos grupos da sociedade primitiva. Na Antiguidade: uma grande quantidade de drogas oriundas de plantas, minerais e animais usados como venenos ou remédios. Destacam-se as culturas antigas grega, romana e egípcia com muitas referências a venenos e antídotos. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 4 História e evolução da Toxicologia No Egito: Cleópatra, 69-30 AC, (supostamente o veneno de uma áspide, Vipera aspis). Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 5 História e evolução da Toxicologia Cicuta (Conium maculatum): veneno oficial grego. Usado na execução de Sócrates (470 - 399 AC). Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 6 História e evolução da Toxicologia Em Roma: o envenenamento de Claudius pela mulher Agripina com o cogumelo Amanita phalloides. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 7 História e evolução da Toxicologia Rei Mitrídates VI (132-163 AC) de Pontus: descobriu um antídoto, supostamente, para todas as substâncias venenosas e, com medo de ser morto, ingeria regularmente uma mistura de cerca de 36 ingredientes para proteger-se de envenenamentos. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 8 História e evolução da Toxicologia História e evolução da Toxicologia Papiro de Ebers (1500 AC) 800 formulações: cicuta, conina, acônito (Aconitum napellus [1]), papaver (Papaver sominiferum [2]), ópio, cânhamo (Cannabis sativa [3]), beladona (Atropa belladona [4]), hioscina, antimônio, chumbo, cobre, etc. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 9 [1] [2] [4] [3] Salomão (972-929 AC) Descreve a embriagues alcoólica. Vedas (incluindo Ayurveda) (900 AC) Citam-se venenos: oleandro (Nerium oleander [1]), arsênio, mercúrio, etc. História e evolução da Toxicologia Antiguidade: Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 10 [1] História e evolução da Toxicologia Antiguidade: Hipocrates (400 AC) Medicina racional e princípios primitivos de toxicologia. Dioscórides (50 AC) Primeira tentativa de classificação dos venenos. Uso de eméticos em envenenamento e agentes cáusticos em picadas de cobras. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 11 História e evolução da Toxicologia Antiguidade: Roma Antiga Morte por envenenamento e os riscos ocupacionais da vida pública. Características epidêmicas dos casos de envenenamento (até séc. IV DC). Lex Cornelia (c. 82 AC) Primeira lei contra casos de envenenamentos. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 12 História e evolução da Toxicologia Idade Média e Renascimento: Na Itália Arte de envenenar e uso político. Cidades de Florença e Veneza e famílias famosas como os Médici (Catherine de Medici) e os Bórgia. Água Toffana: cosmético contendo arsênio. França, Holanda e Inglaterra Envenenamento: ameaça pública. Ponto culminante na França: serviços de Catherine Deshayes (mais de 2000 crianças foram vítimas). Câmara Ardente: comissão judicial especial criada por Luís XIV. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 13 História e evolução da Toxicologia Contribuição da medicina oriental na Idade Média: Avicena (980-1035) Escreve sobre drogas e suas prescrições. Maimonides (1135-1204) Filósofo judeu da Idade Média. Descreve como evitar intoxicações e prescreve o uso de antídotos. Percebe, como Hipócrates, que o leite, a manteiga e cremes podem alterar a “absorção” intestinal. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 14 História e evolução da Toxicologia Da Antiguidade, Idade Média ao Renascimento: Rudimentos da toxicologia experimental Rapidez da resposta, noção de potência, especificidade e local de ação, sinais clínicos e sintomas. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 15 História e evolução da Toxicologia Parte da estrutura atual da toxicologia. Todas as substâncias são venenos. Não existe nenhuma que não o seja. É a dose que diferencia o veneno do remédio. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 16 Paracelso - Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1541) História e evolução da Toxicologia Corolário de Paracelso: 1. Experimentação é essencial na exame das respostas de um agente químico. 2. Distinção entre propriedades terapêuticas e tóxicas da substância. 3. Estas propriedades são algumas vezes, mas não sempre, indistinguíveis, exceto pela dose. 4. Determinação do grau de especificidade da substância e seu efeito terapêutico ou tóxico. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 17 História e evolução da Toxicologia Outras contribuições de Paracelso: 1. Foco no agente tóxico, entidade química, em oposição ao conceito grego de mistura. 2. Introdução do mercúrio como droga de escolha no tratamento da sífilis. 3. Toxicologia ocupacional: intoxicação de mineradores por metais tóxicos. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 18 História e evolução da Toxicologia Toxicologia Moderna: Orfila (1787-1853) Pai da Toxicologia Moderna. Primeiro toxicologista a usar o material de autópsia e a fazer uma correlação sistemática entre agente químico e informações biológicas dos venenos conhecidos como prova criminal. Demonstrou os efeitos dos venenos em órgãos específicos através da análise dos venenos e do dano tecidual associado em material para autopsiar. Desenvolvimento de técnicas analíticas para detecção de venenos. Base da toxicologia forense. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 19 História e evolução da Toxicologia Magendie (1783-1885) Médico e Fisiologista experimental. Estudo do mecanismo de ação da emetina, estricnina e veneno de setas. Pesquisou a absorção e distribuição destes compostos no organismo, resultando em um clássico da Toxicologia e Farmacologia. Claude Bernard (1813-1878) Discípulo de Magendie. Estudo do curare (veneno de setas). Mecanismo de ação do monóxido de carbono. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 20 Toxicologia Moderna: História e evolução da Toxicologia Toxicologia Moderna: Louis Lewin (1850-1929) Cientista alemão. Toxicologia do metanol, etanol, glicerina e álcoois superiores, do clorofórmio, da acroleina, do uso crônico de ópio e de alucinógenos alcaloídicos em plantas. Rudolf Peters, Stockene Thompson (1945) Dimercaprol (BAL= British Anti- Lewisite) – antídoto para gases de guerra contendo arsênio. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 21 História e evolução da Toxicologia Toxicologia Moderna: Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 22 História e evolução da Toxicologia Toxicologia Moderna: Rachel Carson – com o livro Silent Spring (1962) Exposição dos danos ao ambiente causados pelo uso indiscriminado de pesticidas (DDT). Uma tecnologia que parece inócua pode ter efeitos sérios a longo prazo no ambiente. As ações dos humanos tornaram-se a influência ambiental dominante na saúde e bem estar do ambiente. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 23 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: EUA (1929-31) Intoxicação coletiva (+ de 20.000 pessoas) – paralisia. Tricresil-o-fosfato utilizado na preparação de extrato de gengibre. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 24 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: EUA (1937) Elixir de sulfanilamida a 10% em dietilenoglicol para tratamento de faringite estreptocócica. 107 mortes. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 25 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Japão (1953) Caso da baia de Minamata. Paralisia sensorial e motora letal. Mercúrio oriundo de resíduos industriais. Mercúrio metilmercúrio em peixes tiometil- mercúrio metilmercúrio- cisteína nos músculos do peixe (bioacumulado). Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 26 Iraque (1956) Intoxicação maciça por farinha de trigo: grãos tratados com o fungicida etilmercúrio-p- toluenossulfanilida. História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Marrocos (1959) 2.000 pessoas com “paralisia do azeite”: consumo de azeite adulterado com lubrificante usado em aviões, que contem a mistura de 2, 3 e 4-tricresilfosfatos. Holanda (1960) 16.250 intoxicados com a “enfermidade da margarina” alérgica: uso de emulsificante de um éster do ácido maléico e glicerina. EUA: intoxicação paralítica da margarina por papel plastifica que cedeu o- cresilfosfato à margarina. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 27 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Alemanha (1961) 10.000 crianças nascem com focomelias: uso da talidomida como tranquilizante pelas mães gestantes no 3º a 6º mês. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 28 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: EUA (1971) Mulheres jovens de 14-22 anos com adenoma vaginal, cujas mães no 3º mês de gravidez tomaram dietilestilbestrol. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 29 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Costa-Rica (1970-80) 1.500 trabalhadores de plantações de bananas afetados com infertilidade permanente: uso do nematocida DBCP (1,2-dibromo-3-cloro-propano). Correlação dos efeitos com o tempo de exposição. Afeganistão (1975) 35.000 pessoas intoxicados por alimento contaminado com Heliotropium popovi, que contem alcalóides pirrolizidínicos causando a síndrome veno-oclusiva. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 30 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Itália (1976) Escape de tetraclorodibenzo-p-dioxina de uma fábrica de produtos farmacêuticos. Mais de 5000 intoxicados. Autorização de aborto. Índia (1977) 268.000 neuro-intoxicações e porfirinas: consumo de farinha de grãos tratados com o fungicida hexaclorobenzeno. 1956 na Turquia: crianças intoxicadas por causa do pó de talco. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 31 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Espanha (1978) 200 intoxicações com mortes: arsenato de sódio no lugar do citrato de sódio em vinho. Argentina (1980) Crianças com acrodinia (parestesia, sensibilidade nas extremidades, avermelhamento, erupção e esfoliação da pele e afecção renal): roupas de uma lavanderia tratadas com fenilmercúrio como antifúngico. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 32 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Espanha (1981) 24.396 pessoas com “síndrome do azeite tóxico”: azeite de colza (Brassica napus) desnaturalizado com anilina. Afecção pulmonar e cutânea e atrofia muscular e neuropatia periférica. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 33 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Índia (1984) Tragédia de Bhopal: 200.000 pessoas afetadas e 8.000 mortos. Escape de 30 toneladas de vapor de metil-isocianato em uma fábrica de agroquímicos (Union Carbide Corporation). Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 34 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Brasil (1986) Contaminação e Intoxicação com agrotóxicos, como o metamidofós em Ribeirão Preto, mandando aves silvestres. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 35 História e evolução da Toxicologia 36 História e evolução da Toxicologia Desastres tóxicos: Argentina (1987) Contaminação de carne com praguicida arsenical. Uruguai (1992) 118 intoxicações por bromato de potássio em padaria e pastelaria. Transtornos gastrointestinais, auditivos e renais). Espanha (1992) Intoxicação de trabalhadores de uma industria textil: produto da reação de ácido adípico e dietilenotriamina. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 37 Então como pode ser definida a Toxicologia? Definição da Sociedade de Toxicologia Americana: Toxicologia é a disciplina que integra toda a informação científica de modo a preservar e proteger a saúde e o ambiente da periculosidade apresentada por agentes químicos e físicos. Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 38 História e evolução da Toxicologia Profª Janete Eliza de Sá Soares / Toxicologia / UFC 39 História e evolução da Toxicologia Toxicologia Farmacologia Genética Microbiologia Ecologia Patologia Imunologia Epidemiologia Higiene Social Engenharia Estatística Fisiologia Biologia Química Bioquímica Saúde Pública Biologia Molecular
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