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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI TIPOS DE TERAPIA ESPIRITO SANTO TIPOS DE TERAPIA http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_7523104283974825.jpg Existem mais de 200 terapias diferentes o que torna difícil a escolha. No entanto, para simplificar, as psicoterapias podem ser subdivididas pela sua orientação teórica, em 4 grandes famílias. As terapias dinâmico-interpessoais, experiencial-humanistas, sistémica-construtivistas e as cognitivo- comportamentais. Existem cruzamentos p.e. sistémico-interpessoal ou experiencial-construtivista, no entanto, aqueles 4 grupos formam um bom ponto de partida para ajudar a sua escolha. Aqui segue uma curta descrição de exemplos de cada um destes 4 grupos de terapia. Terapias Dinâmico-Interpessoais. Focos: intrapsíquico, conflitos internos, personalidade, infância. Dirigido ao insight, perceber a origem dos problemas e autoconhecimento. Técnicas Comuns: interpretação, associação livre. Geralmente de longa duração Exemplos: -Terapia Psicanalítica (ver terapeutas que praticam este tipo de terapia) -Psicanálise -Terapia Interpessoal Terapias Experienciais-Humanistas Focos: emoções, corpo, experiência no aqui e agora, relação com terapeuta Dirigido à auto realização, crescimento pessoal, transformação emocional. Técnicas Comuns: empatia, representações (enactment), paráfrase. Geralmente de média duração Exemplos: -Terapia Focada na Pessoa -Terapia Focada nas Emoções (EFT) -Focagem -Terapia Gestalt -Terapia Existencial -Psicodrama -Análise Transacional (TA) -Terapia Dinâmica Experiencial Acelerada (AEDP) http://1.bp.blogspot.com/-ZFdLCV_L4Vs/U- 3i778cNuI/AAAAAAAAAQI/x0pw1l7qRVw/s1600/mente-e-cerebro.jpg Terapias Cognitivo-Comportamentais Foco: comportamentos, pensamentos, crenças, tecnicista. Dirigido à mudança de comportamento e pensamentos, abuso de substâncias Técnicas Comuns: Desensitação sistemática, exposição, relaxamento, role-play. Geralmente de curta duração Exemplos: -Terapia Rational-Emotiva (RET) -Terapia Cognitiva -Terapia Comportamental -Terapia Cognitivo-Comportamental (CBT) -EMDR -Terapia Comportamental Dialética -Entrevista Motivacional -Terapia Multimodal Terapias Sistémico-Construtivistas Focos: relações entre membros da família, casal, parentalidade, construção da realidade Dirigido à alteração da interação de um sistema familiar ou casal, alteração construção da realidade. Técnicas Comuns: questionamento circular , genograma, Geralmente de curta duração https://images.endeavor.org.br/uploads/2015/06/coaching.jpg Exemplos: -Terapia Familiar -Terapia Construtivista -Terapia Sistémica -Constelações Familiares -Terapia Narrativa -Terapia Focada nas Soluções (SFT) - Terapia da Coerência Terapia Focada nas Emoções (EFT) Indicada para: A Terapia Focada nas Emoções é reconhecida como intervenção comprovada (APA-Div12) para o tratamento da depressão e conflito conjugal. É indicada para problemas que têm particular expressão emocional como: luto não resolvido, reações emocionais intensas incompreendidas, autocrítica, culpa, vergonha, acontecimentos traumáticos e abusos, dificuldades em esquecer ou perdoar coisas do passado, não conseguir ultrapassar um divórcio ou separação, dificuldades em decidir. http://mundodapsi.com/wp-content/uploads/2015/04/359478-terapia-com-casais.jpg Origens: A Terapia Focada nas Emoções (EFT) (anteriormente designada Terapia Processo-Experiencial; Greenberg et al., 1993; Greenberg, 2002) foi desenvolvida por Les Geenberg e integra o princípio de empatia da Terapia Centrada no Cliente de C. Rogers com o trabalho por tarefas da Terapia Gestalt de F. Perls. Conceitos: Os dois conceitos chave da Terapia Focada nas Emoções são Empatia e Emoções. A empatia consiste na compreensão e aceitação pelo terapeuta dos sentimentos e significados emocionais do cliente. O terapeuta acompanha a experiência imediata do cliente à medida que esta se desenvolve e comunica-lhe esta compreensão (sintonização empática). Simultaneamente, o terapeuta está atento ao surgimento de marcadores emocionais. Exemplos destes são: Reações Problemáticas: A pessoa relata reações emocionais fortes e aparentemente incompreensíveis em resposta a certas situações. P.e. Ficar muito zangado sem perceber porquê. https://encrypted- tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSc9hEJ_h4nl0u_7PjAI_5nLpHtHlQtitIQ_7xy5hkYkfiHAtw_ Sensações pouco Claras: A pessoa sente-se confusa ou perturbada mas não consegue identificar claramente como ou porquê. P.e. sentir-se mal mas sem saber o que é. Split de Conflito (Interno): A pessoa sente-se dividida acerca de uma decisão a tomar, ou é autocrítica. P.e. achar-se feio, burro, preguiçoso ou não saber se deve permanecer numa relação. Split-Interruptivo: A pessoa reprime ou interrompe a sua experiência emocional, ou revela uma resignação aparente. p.e. sentir-se bloqueado, ou não conseguir exprimir zanga ou afeto. Assuntos Inacabados: A pessoa mantém emoções negativas relativamente a um outro significativo do seu passado P.e. zanga com pais ou ex-parceiros, não conseguir perdoar ou esquecer. https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcS7Bvaa- 17_r6FYq8kGA9waBWZ1QofhYoxal1opVfK1AoIoII0sug Técnicas: Para cada um dos marcadores existem técnicas especificas de resolução, como por exemplo: Desdobramento Sistemático: Evocação da experiência para promover o reviver de uma situação, de forma a chegar ao significado implícito da situação que provocou emoções não compreendidas Focagem: O terapeuta guia o cliente para tomar consciência das sensações sentidas no corpo, de forma a conseguir experienciá-las e atribuir palavras à experiência. Ocorre uma mudança nas sensações do corpo bem como a criação de novos sentidos. https://encrypted- tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQtzh1TwF25I215hVijOXrqisJgCVUodjHlFImvUExs6eRze7tv4A Dialogo em Cadeiras: É estabelecido um diálogo experiencial entre partes do self. O diálogo desenvolve-se entre o self e a representação do outro significativo internalizado (e.g. o cliente e um pai abusivo ou ausente) ou entre partes do self que se encontram em conflito (e.g. o self e a parte crítica ou a parte que interrompe a experiência). O terapeuta ajuda o cliente a entrar nos estados emocionais perturbadores não adaptativos e de seguida a reconhecer necessidades emergentes, ou a amplificar emoções subdominantes, encorajando a sua expressão. Isto leva a mudanças experienciais (e.g. o cliente muda de uma zanga intensa para uma tristeza suave, ou de vergonha para auto-aceitação). Terapia Gestalt (TG) http://www.gazetadopovo.com.br/ra/grande/Pub/GP/p3/2012/08/25/Mundo/Imagens/diva_2508d oze.jpg Indicada para: A Terapia Gestalt (TG) é uma terapia fenomenológica – existencial que privilegia a dimensão da experiência, tal como ela é diretamente percepcionada e sentida. De modo a poder aceder-se a esta qualidade vivencial, incentiva-se a suspensão da intelectualização da experiência à medida que esta se vai desenrolando, no momento presente. O objetivo da TG a é desenvolvimento de um contatoautêntico do indivíduo consigo próprio e com o seu meio, através de processos de regulação homeostática. Para que estes processos de regulação ou ajustamento ocorram, é essencial a criação de condições internas para a consciencialização das necessidades que impelem o organismo em direção ao seu equilíbrio ou potencial de realização. Estas condições internas derivam do desenvolvimento de uma consciência (awareness) no aqui-e-agora, de conteúdos (percepções, sensações, sentimentos e comportamentos) que emergem na experiência do individuo, bem como da consciência de como são expressos, interrompidos e vividos na relação terapêutica. Uma consequência deste processo é a resolução de experiências prévias inconclusas e o desenvolvimento de formas mais satisfatórias de expressão e regulação. Origens: A Terapia Gestalt foi elaborada por Fritz Perls, juntamente com Laura Perls e Paul Goodman, nos inícios dos anos 40. F. Perls publica em 1942 "Ego, Anger and Agression” e em 1951 "Gestalt Therapy", juntamente com Paul Goodman e Ralph Hefferline. Em 1952 cria o primeiro Instituto de Terapia Gestalt em Nova Iorque. Os primeiros terapeutas deste Instituto (Fritz e Laura Perls, Paul Goodman, Jim Simkin, Isadore Fromm, Erving e Miriam Polster, Joseph Zinker, entre outros) incidiam a sua prática no âmbito da psicoterapia individual. Somente a partir de meados dos anos 60, foram difundidas as intervenções grupais (principalmente no Instituto de Esalen na Califórnia, na sequência de seminários de demonstração e de formação), e mais tarde ainda as intervenções em instituições educativas, sociais, médicas, contextos empresariais e intervenção comunitária. Conceitos: A TG sendo fruto de uma integração de correntes teóricas de diversas áreas de conhecimento, deu origem a um corpo teórico bastante eclético no que concerne aos conceitos que o constituem. Os seus pilares fundamentais são a Psicologia da Gestalt (Von Ehrenfels, Wertheimer, Koffka, Kohler, Goldstein, Lewin, Zeigarnik), a Fenomenologia (Husserl, Scheler, Buber, Jaspers, Heidegger, Merleau-Ponty) e o Existencialismo (Kierkegaard, Binswanger, Arendt, Marcel, Sartre, Beauvoir, Ortega y Gasset), a Psicanálise (Freud, Rank, Adler, Jung, Horney, Reich), a Teoria da Indiferenciação Criativa de Friedlander, a Teoria de Campo de Kurt Lewin, o Psicodrama de Moreno e a Relação Eu-Tu de Martin Buber. Conceitos principais: Regulação Organísmica; Mecanismo Figura – Fundo; Ciclo de Contato; Mecanismos de interrupção do Ciclo – Resistências ou gestalten Inacabadas; Fronteira de Contato; Self como Processo de Ajustamento Criativo; Relação Dialógica; Polaridades; Now and How (Aqui-e- Agora e Como); Fluxo de Awareness A Terapia Gestalt é uma abordagem psicoterapêutica experiencial, baseada na tomada de consciência da experiência atual do ser humano, de uma forma global e holística. Esta tomada de consciência dirige-se tanto para o que se passa dentro como fora do indivíduo (no seu nível corporal, mental, emocional, bem como nas suas relações interpessoais e ambiente envolvente). Este processo de tomada de consciência - também denominado de Awareness - é a metodologia por excelência da Terapia Gestalt. Através da Awareness pretende-se uma ampliação de consciência do indivíduo sobre o seu próprio funcionamento. O que o indivíduo experimenta, o que pensa, a sua postura corporal, a sua respiração, como age, como se bloqueia, exprime-se em contexto clínico através da descrição e vivência subjetiva da realidade interior do indivíduo, sendo abordado sempre no momento presente, no Aqui-e-Agora. O objetivo desta terapia é pois favorecer um contato autêntico do indivíduo consigo mesmo e com o seu meio envolvente, através dos denominados processos de regulação homeostática. Neste contexto, a homeostase é um mecanismo de auto-regulação do organismo total do sujeito, em que as trocas realizadas com o seu ambiente lhe possibilitam a manutenção do equilíbrio físico, psíquico e social. Para que este processo de regulação ou Ajustamento ocorra, é essencial que o indivíduo tome consciência das necessidades que experiência, quer a nível fisiológico, afetivo e/ou social, num dado momento, ou seja, desenvolva a referida Awareness no Aqui-e-Agora. A forma como o indivíduo interrompe o contato com o ambiente e o processo de satisfação de necessidades, poderá levar ao desequilíbrio, desde o desajuste mais fisiológico até perturbações da personalidade. é neste âmbito que se encontra o alvo de intervenção da Terapia Gestalt, visando à integração psíquica, e permitindo ao indivíduo adquirir um desenvolvimento da responsabilidade sobre a sua própria experiência, tornando-se cada vez mais autónomo. Breve Introdução Histórica http://impsi.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/06/sof%C3%A1-div%C3%A31.jpg A Terapia Gestalt foi elaborada por Fritz Perls, juntamente com Laura Perls e Paul Goodman, nos inícios dos anos 40. Fritz Perls (1893 - 1970), judeu de origem alemã, médico psiquiatria, psicanalista, funda a Associação Psicanalítica da África do Sul, onde se exilou (1934), na sequência da 2.ª Grande Guerra Mundial. Aqui também é onde publica, em 1942, "Ego, Anger and Agression", obra que incide na aplicação dos resultados da investigação científica da Teoria da Gestalt à investigação psicanalítica e à prática psicoterapêutica. Esta obra é considerada o marco da concepção da Terapia Gestalt. Emigra aos 53 anos para Nova Iorque, onde publica, em 1951, "Gestalt Therapy", juntamente com Paul Goodman e Ralph Hefferline. Em 1952 cria o primeiro Instituto de Gestalt em Nova Iorque. Os primeiros gestaltistas americanos (Fritz e Laura Perls, Paul Goodman, Jim Simkin, Isadore Fromm, Erving e Miriam Polster, Joseph Zinker, entre outros) praticavam a Terapia Gestalt sob a forma de psicoterapia individual. Só posteriormente se difundiram as intervenções grupais, nomeadamente na sequência do período entre 1964 e 1969, em que Perls promove seminários de demonstração e de formação no Instituto de Esalen na Califórnia (a "Meca da Psicologia Humanista"). Mais tarde surgem as intervenções no âmbito de instituições educativas, sociais, médicas, bem como em empresas e até mesmo na vida social comunitária. A Terapia Gestalt é hoje praticada em contextos diversificados: em psicoterapia individual, em terapia de casais, em terapia familiar, em grupos terapêuticos, em grupos de desenvolvimento pessoal, bem como em instituições e empresas. Para além das diversas áreas de intervenção acima referidas, a Terapia Gestalt tem vindo a participar (devido ao que caracteriza o seu modelo teórico) das tendências contemporâneas de investigação sobre o conceito de Holismo e suas implicações, que atravessam a Física, a Biologia e a Filosofia. Gestalt - palavra alemã, sem tradução direta para português, e que pode ser definida como "forma, estrutura, configuração ou totalidade, cujo todo é mais do que a soma das suas partes." Antecedentes e Precursores da Terapia Gestalt A Terapia Gestalt baseou-se, explícita e implicitamente, na combinação de numerosas correntes filosóficas e terapêuticas de diversas fontes: europeias, americanas e orientais. As mais marcantes foram: a Fenomenologia, o Existencialismo, a Psicologia da Gestalt, a Psicanálise, o Taoísmo e o Budismo Zen. Da Fenomenologia (Husserl, Scheler, Buber, Jaspers, Heidegger, Merleau-Ponty) retiveram-se as seguintes ideias fundamentais: A intencionalidade da consciência e o primado da vivência imediata,tal como ela é percebida ou sentida corporalmente, assim como o processo que se está a desenvolver no Aqui-e-Agora. A percepção que cada um tem do mundo que o rodeia é dominada por fatores subjetivos, que lhe conferem um sentido próprio para cada um. É mais importante descrever do que explicar - Primado do Como sobre o Porquê. No que concerne ao Existencialismo e ao seu tema único da relação Homem - Mundo (Kierkegaard, Binswanger, Arendt, Marcel, Sartre, Beauvoir, Ortega y Gasset), salientam-se em Terapia Gestalt as seguintes noções: Primado da Responsabilidade, ou seja, a participação cativa na construção do projeto de vida. Confiança nas potencialidades inerentes, específicas e únicas de cada indivíduo. A ideia da liberdade como constitutiva da existência humana. Respeito pelo ser humano na sua singularidade e originalidade da experiência. Dado a Terapia Gestalt ter estabelecido as suas raízes nas concepções existencial e fenomenológica, participou da corrente precursora da Psicologia Humanista, que tomou corpo por volta de 1954 com Maslow. Esta recolocava o homem total no centro da Psicologia, conferindo-lhe um estatuto de sujeito, responsável pelas suas escolhas e crenças. A Psicologia da Gestalt (Von Ehrenfels, Wertheimer, Koffka, Kohler, Goldstein, Lewin, Zeigarnik) é considerada das influências mais significativas da Terapia Gestalt, enfatizando nos seus trabalhos desde os inícios do séc. XX que "o todo é uma realidade diferente da soma das suas partes". Os psicólogos gestaltistas estudaram essencialmente, num primeiro momento, os mecanismos fisiológicos e psicológicos da percepção e as relações do organismo com o seu meio, nomeadamente o funcionamento do processo Figura-Fundo. Este processo refere-se a uma característica da dinâmica da percepção, e demonstra que todo o campo perceptivo se diferencia num Fundo e numa Figura. A Figura é algo que surge "à vista" salientando-se sobre o Fundo. Esta noção de organização da percepção estendeu-se posteriormente à memória, à inteligência e à expressão. Estes psicólogos salientam os paralelismos entre o domínio biológico e psíquico, que em geral obedecem a leis análogas, e negam qualquer dicotomia entre ambos. Por meio das suas investigações em laboratório, estes psicólogos mostraram que a percepção do objeto depende das necessidades do sujeito. A inovação trazida por Fritz Perls foi à aplicação do princípio de organização acima referido às necessidades ou motivações do indivíduo, levando a um modelo compreensivo da personalidade como um todo. Na Terapia Gestalt todos os fenómenos da experiência (pensamentos, sentimentos, recordações, preocupações, sensações, etc.) organizam-se segundo uma dinâmica de Figura - Fundo. Da Psicanálise Freudiana, retiraram-se e adaptaram-se conceitos como mecanismos de defesa, instâncias psíquicas, compulsão à repetição, trabalho realizado com os sonhos, entre outros. A Terapia Gestalt recebeu a influência de outros psicanalistas como Rank, com a ideia de auto apoio e individuação; Adler, que enfatiza a responsabilidade do individuo e a noção de holismo; Jung com o princípio dos opostos (conceito de sombra), concepção dos sonhos e do respectivo simbolismo como expresses criativas do próprio indivíduo; de Horney destaca-se a importância do contexto sociocultural e das circunstâncias de vida. A importância dada ao corpo na Terapia Gestalt deve-se à influência de Reich. No que diz respeito às influências filosóficas das Filosofias Orientais, poderá dizer-se que estas ocorreram a um nível implícito na elaboração do modelo da Terapia Gestalt. O contexto sociocultural e filosófico (anos 20 - anos 70) da própria vida de Perls foi muito marcado pela entrada do Oriente no Ocidente, inicialmente pela literatura de ensaio e filosófica (no caso de Heidegger, Merleau-Ponty), também nos meios mais académicos (Jung, Rank), e pelos seus próprios analistas (Karen Horney e Reich). Em meados dos anos 50, mestres orientais de meditação começam a fixar-se nos países ocidentais e, em plenos anos 60, a filosofia oriental estava já na moda, introduzida pela geração pacifista da época. No que concerne ao Taoísmo (V a.C.), este poderia dizer-se ser essencialmente uma metafísica da espontaneidade, tolerância e liberdade. Os conceitos convergentes com a Terapia Gestalt são: conceito de polaridades; expressão livre e espontânea; importância do corpo como morada do espírito; libertação de introjecções moralizantes; concentração no aqui e agora; ponto zero de ação ou vazio; teoria paradoxal da mudança; continuum de consciência ou fluxo da experiência. O Budismo surge em VI d.C. mas só no séc. XIII chega ao Japão adoptando o nome de Budismo Zen. Os principais pontos de convergência deste orientalismo com a Terapia Gestalt são: o estado de Awareness; Atenção ao momento presente, focada nos sentidos - o Aqui-e-Agora; o Não - Pensamento ou prática da não-ação mental, como condição para a Fluidez da Experiência; Mente como impeditivo ao contato com a experiência imediata; e Vazio Fértil. Outras influências significativas foram a Teoria de Campo de Kurt Lewin, o Psicodrama de Moreno, e a teoria da Indiferença Criativa de Friedlander. https://minimoeomaximo.files.wordpress.com/2015/07/diva-1.gif Psicoterapia Dinâmica Experiencial Acelerada (AEDP) Indicada para: A Psicoterapia Dinâmica Experiencial Acelerada (AEDP) encontra-se em fase de investigação, mas tem mostrado ter particular eficácia em casos de PTSD complexa, depressão, ansiedade e problemas relacionados com a vinculação, como isolamento, sentimentos de solidão e desconfiança (Fosha, 2000). Origens: A Psicoterapia Dinâmica Experiencial Acelerada (PDEA) foi fundada pela Diana Fosha e integra componentes da Terapia Dinâmica e da Terapia Experiencial, tendo como bases teóricas e práticas os trabalhos de Winnicot, Malan e Davanloo. Conceitos e Técnicas: Os 2 conceitos chave da AEDP são Vinculação e Emoção. O objetivo é ultrapassar as defesas do cliente, proporcionando uma relação de vinculação segura com o terapeuta, e explorar e processar experiências emocionais profundas e dolorosas. Quatro técnicas desempenham um papel importante: Focagem em marcadores somáticos como sorrisos, respirações profundas, e acenos e inclinações da cabeça, de forma a aceder a experiências emocionais dolorosas. Utilização de linguagem imagética , evocativa, sensorialmente significativa, de forma a promover o aprofundamento e intensificação da experiência emocional. Regulação afetiva diádica , que constitui o acompanhamento afetivo momento-a-momento do paciente, ao longo de vários ciclos de sintonização, rutura e reparação. Este processo não- verbal (hemisfério direito) ajuda a regular emoções intensas, e é expresso pelo olhar, tom de voz, ritmo e toque. Retrato (quatro tipos), que constitui uma visualização guiada, envolvendo frequentemente outros significativos, que promove o processamento das emoções. A finalização do processamento é marcada pela emergência de tendências de ação adaptativas e resilientes (e.g. força, poder, assertividade). Nas fases posteriores, verifica-se uma transformação de segunda ordem, dirigida ao alargamento do efeito terapêutico de vinculação segura, ligação e aumento da capacidade de receber e experienciar emoções positivas e valorização positiva do self. Isto é marcado pela emergência de afetos transformacionais (Fosha 2000; 2009), que incluem orgulho, alegria, gratidão, sentir-se tocado pelas suas conquistasemocionais e luto pelo self. Uma técnica chave é o processamento meta-terapêutico, em que o paciente e o terapeuta exploram e refletem sobre o processo transformacional que ocorreu durante as fases anteriores e sobre a experiência da relação paciente-terapeuta no aqui-e- agora. Texto elaborado por Hans Welling - Psicoterapeuta Terapia Cognitiva http://www.promovidaamae.com.br/wordpress2/wp-content/uploads/2015/06/diva.jpg Indicada para: A Terapia Cognitiva constitui uma abordagem ativa, focada no presente, orientada para o alívio dos sintomas e para a obtenção de resultados num prazo curto. A utilização da Terapia Cognitiva (com elementos da Terapia Comportamental) está estudada para situações como: Depressão (distimia, depressão major e comportamento suicida), Ansiedade (ansiedade generalizada, perturbação de pânico, fobias, agorafobia, ansiedade social, ansiedade de desempenho), Perturbação Obsessiva-Compulsiva, Problemas Conjugais, Problemas Sexuais, Luto, Problemas de Sono, Consumos Excessivos, Perturbações Alimentares, etc. Pode ainda ser utilizada no âmbito da preparação para uma situação pontual considerada difícil ou como ferramenta de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Origens: A designação Terapia Cognitiva é utilizada para designar um grupo de abordagens que se baseiam no conceito de cognição, surgidas nos EUA a partir da década de 60, e que incluem a terapia cognitiva de A. Beck, a terapia racional-emotiva de A. Ellis, e a terapia focada nos esquemas de J. Young. Conceitos: O conceito cognição refere-se, aqui, à forma como percecionamos e interpretamos as situações. Segundo as terapias cognitivas, são as nossas cognições sobre uma situação (e não a situação em si) que desencadeiam as nossas emoções e os nossos comportamentos. Por exemplo, serão os pensamentos relativos a ter cometido um erro (e não o erro propriamente dito) que vão determinar a forma como a pessoa se sente (triste, ansiosa, envergonhada…) e a forma como a pessoa age (desistir, justificar-se, tentar esconder o erro…) Estas cognições podem ser de três tipos: Pensamentos Automáticos, que também podem ser imagens. Ocorrem de forma rápida e espontânea, geralmente sem nos apercebermos deles e, portanto, sem os questionarmos. No exemplo, alguns pensamentos automáticos poderiam ser: «Fiz tudo mal», «Sou incapaz», «O outro está a pensar que eu sou incapaz», «Não devia cometer erros», etc; Esquemas Cognitivos, ou seja, padrões estáveis e duradouros, constituídos pelas nossas crenças e emoções acerca de nós próprios e dos outros. Desencadeiam os nossos pensamentos automáticos. Funcionam, geralmente, fora da nossa consciência e de forma resistente à mudança. No exemplo, um esquema envolvido poderia ser o de Incompetência / Fracasso, ou seja, a crença por parte da pessoa de que é incapaz de ter um desempenho à altura do dos seus pares. Distorções cognitivas, que consistem na forma como a informação é processada à luz dos nossos esquemas cognitivos, de forma a dar origem a determinados pensamentos automáticos. No exemplo: «Fiz tudo mal» - Distorção: Pensamento Tudo ou Nada (se a situação é menos do que perfeita, vê-la como um fracasso total); «Sou incapaz» - Distorção: Etiquetagem (ver um comportamento como equivalendo à pessoa no seu todo); «O outro está a pensar que eu sou incapaz» - Distorção: Leitura da Mente (assumir que os outros estão a reagir negativamente para consigo quando não há factos que apoiem esta ideia); «Não devia cometer erros» - Distorção: Pensamento de Dever (dizer a si próprio que as coisas deviam ser da maneira como gostava que elas fossem) Técnicas: A intervenção é de curto prazo e focada no presente. Frequentemente envolve tarefas a realizar entre sessões. Parte de objetivos definidos com base naquilo que a pessoa deseja mudar, que pode ser uma emoção intensa, perturbadora ou recorrente, ou um comportamento indesejado. Centra-se nas cognições, sendo designada como restruturação cognitiva. Envolve: 1) Identificação de Pensamentos Automáticos: Identificar os pensamentos ou imagens que ocorreram à pessoa, e que apresentam as referidas distorções cognitivas. Serão pensamentos 1) sem consistência lógica; 2) sem objetividade empírica, 3) formulados de forma absolutista e dogmática; 4) que não ajudam a pessoa a atingir os seus objetivos. 2) Formulação de Pensamentos Alternativos: Considerar se a mesma situação poderia conduzir a pensamentos menos perturbadores, e mais realistas, e formular pensamentos alternativos. Estes serão pensamentos 1) logicamente consistentes; 2) empiricamente verificáveis; 3) com um carácter relativo (não absoluto); 3) que ajudam a pessoa a atingir os seus objetivos. No exemplo: «Ter feito um erro não significa que tenha errado em tudo, também fiz coisas certas», «O facto de ter cometido um erro não significa que sou incapaz, significa que sou falível (como todas as pessoas)», «não sei nem posso adivinhar o que o outro está a pensar», «só não cometeria erros se nunca fizesse nada», etc 3) No trabalho com Esquemas Cognitivos, verifica-se o recurso a uma diversidade de técnicas, nomeadamente: Técnicas Cognitivas, que enfatizam a análise das distorções cognitivas derivadas do(s) esquema(s), de forma a construir perspectivas alternativas face às situações problemáticas; Técnicas Comportamentais, em que a pessoa é ajudada a modificar os seus padrões de comportamento de longa data de forma a enfraquecer os comportamentos que perpetuam o(s) esquema(s) e a promover respostas mais adequadas; Técnicas Emocionais, que encorajam a pessoa a experienciar e expressar os aspetos emocionais do(s) seu(s) esquema(s); Técnicas Interpessoais, que sublinham as interações da pessoa com os outros, de forma a que o papel do(s) esquema(s) possa ser exposto; Texto elaborado por Ana Catarina Dias - Psicoterapeuta Terapia Comportamental http://www.dhonella.com.br/images/stories/Imagens_Marcia/psicoterapia.jpg Indicada para: A Terapia Comportamental constitui uma abordagem ativa, focada no presente, orientada para o alívio dos sintomas e para a obtenção de resultados num prazo curto. A utilização da Terapia Comportamental (com elementos da Psicoterapia Cognitiva) está estudada para situações como: Depressão (distimia, depressão major e comportamento suicida), Ansiedade (ansiedade generalizada, perturbação de pânico, fobias, agorafobia, ansiedade social, ansiedade de desempenho), Perturbação Obsessiva-Compulsiva, Problemas Conjugais, Problemas Sexuais, Luto, Problemas de Sono, Consumos Excessivos, Perturbações Alimentares, etc. Constitui uma ferramenta muito útil na modificação de comportamentos indesejados e na aquisição de novas competências – de relaxamento, sociais, parentais… Origens: A designação Terapia Comportamental é utilizada para designar um grupo de abordagens orientadas para a modificação do comportamento. Surgiu na década de 50, a partir de diferentes localizações, nomeadamente dos EUA, através do trabalho de B.F. Skinner sobre o condicionamento operante, e da África do Sul, através do trabalho de J. Wolpe sobre a dessensibilização sistemática. Conceitos: O conceito comportamento refere-se, aqui, à resposta da pessoa face a um estímulo do seu ambiente. Inclui quer as respostas que são observáveis (aquilo que a pessoa faz), quer aquelas que não o são (aquilo que a pessoa pensa e sente). Outro conceito importante é o de aprendizagem. Segundo as terapias comportamentais,os comportamentos constituem respostas aprendidas. Nos casos em que os comportamentos são indesejadas pela pessoa, estes podem ser substituídos, aprendendo outros que sejam mais adequados. Por exemplo, uma pessoa que, face a uma situação geralmente inofensiva, tenha aprendido a vê-la como perigosa, a sentir medo, e a evitá-la / fugir dela, pode substituir esta resposta aprendendo a resposta oposta, de relaxamento. A aprendizagem de comportamentos pode assumir várias formas, nomeadamente: Condicionamento Clássico. Aplica-se à modificação dos comportamentos involuntários. É um tipo de aprendizagem em que se associa um estímulo incondicionado, que desencadeia naturalmente uma determinada resposta, com um estímulo neutro, que não desencadearia essa resposta. Esta associação faz com que, após algumas repetições, o estimulo inicialmente neutro passe, por si só, a desencadear a resposta. Por exemplo, numa consulta de dentista, uma intervenção dolorosa (estimulo incondicionado) gera uma resposta de contração (resposta incondicionada) Esta intervenção dolorosa é acompanhada pelo som caraterístico dos instrumentos (estimulo neutro). Ao fim de algumas consultas, o som dos instrumentos (estimulo condicionado) passa por si só a desencadear a resposta de contração (resposta condicionada) Condicionamento Operante. Aplica-se à modificação dos comportamentos voluntários. É um tipo de aprendizagem em que as consequências de um comportamento influenciam a probabilidade de este voltar a ocorrer. Assim, um comportamento pode ter como consequência a ocorrência de algo agradável (reforço positivo) – por exemplo, o aluno que tem um bom desempenho e é elogiado – ou a remoção de algo desagradável (reforço negativo) – por exemplo, o doente que toma os comprimidos e deixa de ter dores. O reforço aumenta a frequência do comportamento. Ou o comportamento pode ter como consequência a ocorrência de algo desagradável (punição positiva) – por exemplo, a criança que faz uma birra e é repreendida – ou a remoção de algo agradável (punição negativa) – por exemplo, o adolescente que reprova e é proibido de jogar no computador. A punição diminui a frequência do comportamento. Modelagem. Aplica-se á aquisição de novos comportamentos ou à modificação de comportamentos já existentes. É um tipo de aprendizagem através da observação do comportamento dos outros e das suas consequências para eles. Se o observador vê o comportamento do outro ser reforçado, tende a reproduzi-lo – por exemplo, o aluno que vê o colega participar na aula e obter reconhecimento por isso, aumenta a sua participação. Se o observador vê o comportamento do outro ser punido, tende a inibi-lo - por exemplo, uma criança que vê o irmão colocar o dedo na tomada e começar a chorar não coloca o seu dedo na tomada. http://2.bp.blogspot.com/_B1KYqtSJEgA/TIBc8URWyvI/AAAAAAAADV g/yh_Fi29zKss/s1600/200193050-001.jpg Técnicas: A intervenção é de curto prazo e focada no presente. Frequentemente envolve tarefas a realizar entre sessões. Parte de objetivos definidos com base naquilo que a pessoa deseja mudar, que geralmente é um ou mais comportamentos específicos e indesejados. Centra-se na modificação do(s) comportamento(s). Algumas técnicas são: Análise Funcional do Comportamento: Identificar a função do comportamento-alvo articulando o estímulo que desencadeou o comportamento, o comportamento em si, e a consequência desse comportamento, que faz com que este se mantenha. Por exemplo, as birras de uma criança (comportamento) ocorrem no supermercado (estímulo) e terminam quando a mãe compra o objeto pretendido (consequência) Dessensibilização Sistemática: A pessoa é exposta a uma situação temida, seja na imaginação ou na realidade. A exposição é feita de forma gradual. Por exemplo, uma pessoa com agorafobia (medo de locais dos quais é difícil sair) pode imaginar-se ou ir efetivamente a locais progressivamente mais ameaçadores (a sua rua, uma rua no outro lado da cidade, um centro comercial, uma sala de cinema…). Essa exposição, que habitualmente desencadeia uma resposta de ansiedade, é acompanhada por procedimentos de relaxamento, e a pessoa aprende a substituir a primeira resposta pela segunda. Contrato de Contingências: Contrato verbal ou escrito entre a pessoa e o terapeuta que define o comportamento-alvo e as consequências positivas ou negativas para comportamentos desejados e indesejados. Por exemplo, de cada vez que a criança fizer uma birra, deve ser levada para um local sem distrações, onde ficará durante um período de tempo determinado (5-15 minutos), ou até se acalmar. Treino de competências: Abordagem que visa à aquisição e treino de competências de que a pessoa necessite. Por exemplo, treino de competências sociais, treino de assertividade, aquisição de técnicas de relaxamento, educação parental, aquisição de métodos de estudo. Terapia Cognitiva-Comportamental http://extra.globo.com/incoming/9211025-505-ced/w640h360-PROP/2013-631369253- 2013072329487.jpg_20130723.jpg Indicada para: A Terapia Cognitivo-Comportamental constitui uma abordagem ativa, focada no presente, orientada para o alívio dos sintomas e para a obtenção de resultados num prazo curto. A utilização da Terapia Cognitivo-Comportamental está estudada para situações como: Depressão (distimia, depressão major e comportamento suicida), Ansiedade (ansiedade generalizada, perturbação de pânico, fobias, agorafobia, ansiedade social, ansiedade de desempenho), Perturbação Obsessiva-Compulsiva, Problemas Conjugais, Problemas Sexuais, Luto, Problemas de Sono, Consumos Excessivos, Perturbações Alimentares, etc. Constitui ainda uma ferramenta de autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e aquisição de novas competências. Origens: A designação Terapia Cognitivo-Comportamental é utilizada para nomear um conjunto de abordagens que utiliza conceitos e técnicas provenientes quer das Terapias Cognitivas, quer das Terapias Comportamentais. As Terapias Cognitivas, baseadas no conceito de cognição, desenvolveram-se a partir de abordagens como a terapia cognitiva de A. Beck, e a terapia racional-emotiva de A. Ellis. As Terapias Comportamentais, orientadas para a modificação do comportamento, desenvolveram-se a partir de abordagens como o trabalho de B.F. Skinner sobre o condicionamento operante e o trabalho de J. Wolpe sobre a dessensibilização sistemática. Estas duas abordagens apresentam princípios comuns, e começaram a ser utilizadas em conjunto a partir das décadas de 80 e 90. Conceitos: Cognições: Constituem a forma como percecionamos e interpretamos as situações. São os nossos pensamentos sobre uma situação (e não a situação em si) que desencadeiam as nossas emoções e os nossos comportamentos. Exemplo 1: A Ana procurou terapia por se sentir muito triste e apática durante grande parte do tempo. É acompanhada por pensamentos negativos sobre si própria («não faço nada de jeito»), sobre a vida («é tudo demasiado difícil») e sobre o futuro («… e não acredito que as coisas alguma vez vão melhorar») Exemplo 2: O João procurou terapia após constatar que muitas das tarefas do seu quotidiano o deixam muito agitado. Alguns dos seus pensamentos relativamente a essas tarefas envolvem a expetativa de falhar («não vou conseguir cumprir o prazo») e de não ser capaz de o suportar («… e isso vai ser o fim da minha credibilidade profissional») Exemplo 3: A Maria procurou terapia por se sentir frequentemente insatisfeita e «explorada» nas suas relaçõescom os outros. Alguns dos seus pensamentos em situações de conflito são: «se disser o que penso vou desiludir a outra pessoa» e «se desiludir a outra pessoa, ela vai deixar de gostar de mim». Comportamentos: São desencadeados pelos nossos pensamentos, e constituem a forma como respondemos às situações. Muitas vezes, originam consequências que confirmam os nossos pensamentos iniciais. Exemplo 1: A Ana abandonou alguns objetivos profissionais e pessoais, e deixou de realizar atividades que anteriormente lhe davam prazer. Passa grande parte do seu tempo livre na cama ou no sofá. Isto alimenta a sua percepção de impotência. Exemplo 2: O João evita frequentemente as tarefas que o deixam agitado, ou adia-as até ao momento em que é impossível realizá-las. Em outros momentos, tenta fazer todas a 100% e em simultâneo, e não consegue concluí- las de forma satisfatória. Isto confirma a sua expetativa de falhar. Exemplo 3: A Maria cede facilmente à vontade dos outros, e raramente solicita aquilo de que precisa. Fala pouco, num tom de voz baixo, e a sua postura e gestos muitas vezes expressam nervosismo. Isto faz com que frequentemente seja ignorada pelos outros. Técnicas: Cognitivas: 1) Análise dos pensamentos que desencadeiam as emoções e os comportamentos problemáticos. São geralmente pensamentos: a) sem consistência lógica; b) sem objetividade empírica, c) formulados de forma absolutista e dogmática; d) que não ajudam a pessoa a atingir os seus objetivos. 2) Formulação de pensamentos alternativos. São geralmente pensamentos: a) logicamente consistentes; b) empiricamente verificáveis; c) com um carácter relativo (não absoluto); d) que ajudam a pessoa a atingir os seus objetivos. Exemplo: As técnicas cognitivas incidiriam sobre os pensamentos negativos da Ana, os pensamentos catastróficos do João e os pensamentos inibidores de assertividade da Maria Comportamentais: Substituição dos comportamentos problemáticos por comportamentos mais adaptativos. Os comportamentos adaptativos permitem obter resultados que ajudam a questionar os pensamentos iniciais. Exemplo 1: A Ana poderia beneficiar de uma programação de atividades suscetíveis de lhe proporcionar uma percepção de competência e de prazer, e que seriam abordadas de forma gradual. Exemplo 2: O João poderia beneficiar quer de um treino de relaxamento, quer de um treino de gestão do tempo, quer de um treino de resolução de problemas. Exemplo 3: A Maria poderia beneficiar de um treino de competências sociais e de comunicação assertiva. Terapia Familiar http://institutovoa.com.br/wp-content/uploads/2014/07/10-motivos-para-fazer-terapia-infantil.jpg Indicada para: A Terapia Familiar constitui uma abordagem que realiza sessões conjuntas com vários elementos da família. É uma abordagem ativa e orientada para a obtenção de resultados num prazo curto. É indicada para as situações em que se deseja uma mudança de funcionamento da família. Alguns exemplos são as situações de: 1) Dificuldades numa relação (dificuldades conjugais, incluindo as sexuais, dificuldades entre pais e filhos ou entre irmãos); 2) Dificuldades de separação / aproximação; 3) Problemas de uma criança ou um adolescente; 4) Crise familiar; 5) Mais do que um elemento da família a necessitar de acompanhamento; 6) Melhoria de um elemento da família que coincide com o desenvolvimento de sintomas em outro ou com a deterioração da relação entre eles. Contudo, é raro que as famílias procurem ajuda em conjunto e queixando-se da forma como funcionam. Mais frequente é que alguém procure ajuda (ou seja trazido até essa ajuda) por causa de determinado sintoma, e que se torne claro que o sintoma dessa pessoa se relaciona com o funcionamento da sua família e/ou «exprime» o sofrimento dessa família. Nestes casos, é o terapeuta quem propõe o envolvimento de outros elementos da família. Origens: Por contraste com as Terapias Individuais, que incidem sobre o que se passa dentro do indivíduo, as Terapias Familiares incidem sobre o que se passa entre os indivíduos. A designação Terapia Familiar é utilizada para nomear um conjunto de abordagens que utilizam sessões conjuntas com os elementos de uma família, com o objetivo de modificar o funcionamento dessa família. A Terapia Familiar desenvolveu-se após a década de 50, partir de um conjunto de abordagens, como a Escola Transgeracional de M. Bowen, C. Whitaker e I. Boszormenyi-Nagy, a Escola Estrutural de S. Minuchin e as Escolas Estratégicas de Milão e de Palo Alto. Conceitos: Todas as abordagens da Terapia Familiar coincidem na visão de um determinado sintoma (por exemplo, a depressão de uma mãe, o alcoolismo de um pai, o comportamento rebelde de um filho…) como produto não de uma patologia individual (da mãe, do pai, do filho…) mas de uma disfunção da família (da forma como eles interagem). As várias abordagens diferem, contudo nos conceitos que utilizam para descrever o funcionamento da família. Nomeadamente: Escola Transgeracional: Vê o sintoma como tendo origem em factos da história da família, e da cultura familiar, transmitidos de geração em geração (os segredos, os mitos, as lealdades…). Por exemplo, um terapeuta transgeracional poderá colocar a hipótese de que a infidelidade de um marido se relacione com aspetos da sua cultura familiar relativamente à relação conjugal («o meu pai, o meu avô e o meu bisavô também tiveram várias mulheres») Escola Estrutural: Vê o sintoma como produto da estrutura da família, ou seja, da forma como os seus elementos se posicionam uns face aos outro (os subsistemas conjugal, parental, filial e fraternal, as fronteiras e limites difusos ou impermeáveis, as alianças e coligações, os conflitos…). Por exemplo, um terapeuta estrutural poderá colocar a hipótese de que o comportamento rebelde de um filho se relacione com um problema de autoridade na família, expresso na coligação do filho com a mãe face ao pai. Escola Estratégica: Vê o sintoma como mantido por padrões de interação específicos e repetitivos entre os elementos da família (o «jogo familiar»). Por exemplo, um terapeuta estratégico, poderá colocar a hipótese de que as dificuldades da filha com a alimentação se relacionem com o facto de a sua recusa em comer gerar discussões entre os pais durante as refeições. Técnicas: A terapia familiar realiza-se em sessões conjuntas com vários elementos da família. A intervenção é de curto prazo e orientada para resultados. Comparativamente com as terapias individuais, as sessões são mais espaçadas entre si. Frequentemente envolve tarefas a realizar pela família entre sessões. Todas as abordagens da terapia familiar partem da formulação de uma hipótese sobre a forma como o sintoma se articula no funcionamento da família, e centram a sua intervenção na mudança desse funcionamento. Escola Transgeracional: Promove a identificação e análise dos padrões repetitivos e disfuncionais do passado, de forma a integrá-los no presente, produzindo mudanças no futuro. Recorre ao genograma, uma representação gráfica da família ao longo de pelo menos três gerações, incluindo a estrutura da família, as informações mais importantes sobre esta e as relações entre os seus elementos. A partir deste trabalho, é possível intervir de outras formas. Por exemplo, considerando a «herança» (simbólica) recebida dos seus antepassados, o marido poderia decidir se a quer para a sua vida e, concluindo que não, optar por a «devolver» (simbolicamente) Escola Estrutural:Promove a alteração das posições relativas de cada elemento na estrutura familiar e, dessa forma, a mudança das suas experiências na família. Recorre ao mapa familiar, que representa as posições relativas dos elementos na família, revelando alianças, coligações e conflitos explícitos e implícitos. A família faz a demonstração na sessão de episódios relevantes, e o terapeuta propõe alterações na estrutura da família. Por exemplo, o terapeuta poderia propor que as decisões relativas ao filho fossem tomadas e comunicadas por ambos os pais em conjunto. Escola Estratégica: Promove a mudança dos padrões de interação específicos e repetitivos que agem de forma a manter o sintoma. Recorre ao questionamento circular, em que cada elemento da família é questionado sobre a forma como vê a relação entre outros dois, e é suscitada informação mais detalhada sobre os padrões de interação habituais. Pode envolver a prescrição de tarefas que permitam uma experiência nova dos padrões de interação habituais. Por exemplo, o terapeuta poderia propor que, até à sessão seguinte, as dificuldades da filha com a alimentação fossem geridas pela mãe nos dias ímpares e pelo pai nos dias pares. Terapia Narrativa http://s8.postimg.org/6ixg92c8l/psicoalanis_terapia_psicologica_guadalajara_jali.jpg Indicada para: Esta abordagem é utilizada no âmbito da Terapia Familiar , que é indicada para as situações em que se pretende uma mudança no funcionamento da família, e que é desenvolvida em sessões conjuntas com vários elementos da família. É também utilizada no âmbito da Terapia Individual, que é indicada para as situações em que se pretende uma mudança individual. Pode ainda ser utilizada no âmbito do Trabalho Comunitário. Origens: As Terapias Narrativas distinguem-se das outras abordagens terapêuticas na forma como olham para o discurso das pessoas (as suas narrativas). Enquanto as outras abordagens veem o discurso das pessoas como meio para chegar aos fenómenos psicológicos relevantes (ou seja, olham através da narrativa), as terapias narrativas veem esse discurso como sendo o próprio fenómeno psicológico relevante (ou seja, olham para a narrativa) Desenvolveu-se após a década de 70, a partir dos trabalhos de M. White, na Austrália, e de D. Epston, da Nova Zelândia. Conceitos: O conceito Narrativa refere-se aqui às histórias que utilizamos para descrever a nossa realidade. Estas histórias (estruturas narrativas) têm personagens (quem), uma intriga (o quê) e uma encenação (onde e quando), que são regulados pela moral da história (o tema), sendo que esta moral impede que a história tenha uma interpretação diferente. Por exemplo, «O nosso pai recorreu ao amigo (quem) para o ajudar a resolver aquele problema (o quê) na empresa, durante o ano passado (onde e quando), e o amigo enganou-o. Isto prova que não se pode confiar em ninguém fora da família (o tema). As nossas histórias determinam a nossa consciência de nós próprios e dos outros, a forma como definimos prioridades e como escolhemos ou renunciamos a deveres e a direitos. Quanto maior o número e a densidade das nossas histórias, maior é a nossa capacidade de adaptação aos vários contextos das nossas vidas. As Terapias Narrativas distinguem: http://www.viu.es/download/oferta-docente/masteres-oficiales/terapias-3G/cabecera-master- terapias-3G.png Narrativa Dominante: É a narrativa que suporta o problema. A narrativa é restrita a um único tema, e independentemente das mudanças da situação de vida da pessoa/família, as narrativas produzidas são sempre variações desse tema. Isto consolida o problema e inviabiliza percursos alternativos. Por exemplo, na depressão, a narrativa é restrita ao tema da tristeza; na ansiedade, a narrativa é restrita ao tema do “estar em perigo”; numa família a narrativa é restrita a um determinado aspeto do funcionamento da família, etc. Narrativa Alternativa: Utiliza elementos provenientes de uma ou mais das narrativas que a pessoa / família trazia consigo, mas inclui também novas experiências, novos temas, novas interações. Retira dominância à história que contém o problema, que pode ser redefinido como suscetível de receber soluções, como um não-problema ou até como um benefício escondido. Em qualquer um dos exemplos, a intervenção passaria por um alargamento do leque de temas disponível. Técnicas: A intervenção explora a forma como são organizadas e contadas às narrativas dominantes da pessoa/família, e produz uma transformação na natureza dessas histórias e/ou na forma de as contar, alterando a sua força na manutenção do problema. Algumas técnicas são: Externalização: Procura situar o problema não na pessoa/família mas como algo separado e que exerce uma influência sobre a pessoa/família. A pessoa/ família não é o problema, é alguém que mantém uma relação com o problema. «Que influência tem este problema sobre si? Em casa, na escola / trabalho, nas suas relações com os outros? Na sua percepção de si mesmo? Como vê esta influência? É algo positivo ou negativo?» Questões sobre Resultados Únicos: Os resultados únicos são os acontecimentos que contradizem a narrativa dominante. As questões sobre resultados únicos procuram conhecer as situações em que foi possível vencer o problema, ou em que ele não dominou completamente a vida da pessoa/família. «Quais foram às exceções? Estas exceções têm significado para si? Este significado é positivo ou negativo?», Se positivo «Porque o vê assim?» Amplificação da Narrativa Alternativa: Parte dos resultados únicos e procura valorizar a sua importância na construção da narrativa alternativa, proporcionando à pessoa/família uma experiência diferente de si próprio/a. «Qual é a história destas exceções? O que sugerem acerca de si/da família? O que indicam potencialmente acerva das suas/vossas capacidades? O que sugerem potencialmente acerca do vosso futuro?» Texto elaborado por Ana Catarina Dias - Psicoterapeuta Terapias Breves Centradas na Solução http://www.psicocentral.com/wp-content/uploads/2012/01/terapiapsicologica.jpg Indicada para: Esta abordagem é utilizada no âmbito da Terapia Familiar , que é indicada para as situações em que se pretende uma mudança no funcionamento da família, e que é desenvolvida em sessões conjuntas com vários elementos da família. É também utilizada no âmbito da Terapia Individual, que é indicada para as situações em que se pretende uma mudança individual. Neste contexto, outros elementos da família poderão estar presentes, funcionando como um apoio da pessoa acompanhada face ao problema, ou a pessoa acompanhada poderá apresentar-se para as sessões sozinha. Origens: As Terapias Breves Centradas na Solução contrastam com outras abordagens no sentido em que se centram não nos problemas que levaram a pessoa a procurar terapia mas antes nas soluções que gostaria de desenvolver e naquelas de que já dispõe. Assume que uma abordagem centrada no problema «desenvolve» o problema, e que uma abordagem centrada nas soluções «dissolve» o problema. Desenvolveu-se após a década de 80, a partir dos trabalhos de S. de Shazer e I. Kim, no Brief Family Therapy Center, nos EUA. Conceitos: Estas terapias são descritas como Breves no sentido em que defendem a realização de um número mínimo de sessões, com o maior intervalo possível de tempo e «nem uma sessão a mais do que o necessário». Esta brevidade assenta num modelo que assume que: 1) o trabalho sobre pequenas mudanças é suficiente para deixar a pessoa/famílianuma posição mais favorável; 2) a pessoa/família tem recursos e a capacidade de os utilizar; 3) a terapia deve abster-se de intervir sobre áreas não problemáticas - «se funciona, não repare»; 4) a terapia deve suportar o que já se tiver revelado produtivo para abordar as áreas problemáticas - «se funciona, continue»; 4) a terapia deve promover a mudança do que se tiver revelado improdutivo para abordar as áreas problemáticas - «se não funciona, faça outra coisa». São descritas como Centradas na Solução no sentido em que utilizam um discurso solucionista, que procura e enfatiza: 1) as soluções (as estratégias que já mostraram ser produtivas para lidar com o problema); 2) as exceções (os momentos em que o problema não acontece ou acontece com menor intensidade); 3) os recursos (os aspetos pessoais e sociais sobre os quais a pessoa/família se pode apoiar para resolver o problema); 4) os aspetos positivos (aquilo que a pessoa/família gostaria que não mudasse). Esta ênfase assenta num modelo que assume que é natural que a pessoa/família se queixe do problema, mas que as histórias contadas contém igualmente as soluções que já estão presentes na sua vida. O modelo defende ainda que os problemas são desenvolvidos pela atenção que se lhes dá, e dissolvidos pela atenção que se dá às soluções. Por exemplo, face a uma queixa de episódios de ansiedade, o terapeuta poderia perguntar sobre: 1) Soluções - «Que estratégias resultam para se acalmar?»; 2) Exceções - «Quais os momentos em que se sente descontraído?»; 3) Recursos - «O quê em si / quem à sua volta o ajuda a ficar mais calmo?»; 4) Aspetos Positivos - «O que gostava que não mudasse na sua vida?» Técnicas: A intervenção é de curto prazo, e focada no presente e no futuro. Promove-se a construção de uma visão do futuro desejado, e atende-se aos momentos do presente em que a pessoa está mais próxima desse futuro, e ao que é diferente nesses momentos. Algumas técnicas são: Prescrição Invariante: Questão sobre os aspetos positivos do presente. «Até à próxima sessão, observem-se de uma forma muito especial, de forma a que me possam falar acerca do que se passa na vossa família que desejariam ver continuar (não acerca do que vos corre mal)» Pergunta Milagre: Questão sobre as diferenças no futuro desejado. «Suponha que a nossa sessão acaba, vai para casa, e faz o que planeou para o resto do dia, e, à noite, vai deitar-se. Adormece e, durante o sono, acontece um milagre e o problema que o trouxe até cá fica resolvido. Como o milagre aconteceu durante a noite, quando você e todos os outros estavam a dormir, ninguém sabe que ele aconteceu. Na manhã seguinte, como vai começar a descobrir que o milagre aconteceu? (…) E que mais vai notar?» Escalas de Progresso, Motivação, Esperança: Procuram identificar diferenças relativas em questões relevantes. Por exemplo, «Numa escala de 0 a 10 em que 10 representa a maneira como as coisas estão na manhã do milagre e 0 corresponde ao momento em que as coisas estiveram pior, onde está agora?» Ajudam também a identificar: 1) o futuro desejado - «Que grau da escala corresponderia a estar suficientemente bem? Em que grau da escala saberia que já não precisa destas sessões? Como seria um dia nesse grau da escala?»; 2) as exceções - «Num dia em que está no grau seguinte da escala, o que é diferente?»; 3) os recursos - «O que o está a impedir de descer para o grau anterior da escala?» Perguntas sobre Exceções: Visam descrever os momentos em que o problema não aconteceu ou aconteceu com menor intensidade, de forma a identificar quais as diferenças em termos das circunstâncias ou daquilo que a pessoa/família fez. Perguntas sobre Recursos: Visam identificar recursos pessoais e sociais sobre os quais a pessoa/família se pode apoiar para resolver o problema. Terapia de Coerência Procedimentos A Terapia da Coerência (anteriormente Depth Oriented Brief Therapy) foi desenvolvida por Bruce Ecker e Hulley Laurel (Ecker & Hulley, 1996), que estudaram Terapia Gestalt, Constructivista, Estratégica e Familiar-Sistémica. A Terapia da Coerência integra a terapia construtivista com a terapia experiencial e consiste em 4 fases. Começa pela identificação do sintoma: o terapeuta fica a conhecer os comportamentos específicos, humores, emoções, pensamentos e circunstâncias que o cliente quer mudar. O terapeuta pede ao cliente para reviver (não apenas recontar), uma situação recente em que ocorreu o problema, focalizando aspectos específicos da experiência (por ex. sentir, pensar, comportamento, etc.). Na segunda fase, de descoberta, o objetivo é descobrir a aprendizagem emocional subjacente, de acordo com o que exige o sintoma. Mais uma vez, o terapeuta promove o acesso a essa "verdade emocional do sintoma" de uma forma experiencial. Exemplos de técnicas muitas vezes utilizadas nesta fase são: Privação do Sintoma: o cliente visualiza como é viver e comportar-se sem o sintoma. Isso traz um desconforto que, quando surge plenamente, revela um sofrimento que é evitado pelo sintoma; Completar frases: por ex. um cliente sub-“realizado” é convidado a visualizar os seus pais e a dizer-lhes: "Parte de mim espera que quando vocês vêm que eu estou a falhar, vocês vão ..." Ele diz isso e as palavras que surgem para completá-lo são , "cuidar de mim, por uma vez." Muitas vezes o cliente vai trazer espontaneamente, associações ou lembranças de situações do início da sua vida em que a necessidade de adaptação dos sintomas é claramente mais reconhecível. O reviver dessas situações, ao invés de falar sobre elas, pode ser útil, para entender porque, o sofrimento que se espera na ausência do sintoma é muito pior que o sofrimento que o sintoma em si está a causar. Na terceira fase de integração, o objetivo é que a verdade emocional do sintoma se integre na consciência quotidiana do cliente. Técnicas nesta fase incluem: 1.Afirmação explícita: O cliente é convidado pelo terapeuta para dar a voz à verdade emocional do sintoma. Por ex., o cliente acima descrito veria a imagem dos seus pais e dir-lhes-ia: "Espero que quando vocês vêm que eu estou falhar, cuidem de mim, finalmente. Se eu pareço bem, nunca cuidam de mim.” 2. Cartões de bolso: o propósito subjacente do sintoma é escrito num cartão e dado ao cliente para leitura diária. 3. Reconhecimento em tempo real: a ocorrência de sintomas, entre sessões é usada como um sinal para lembrar e re-experienciar a necessidade do sintoma. O resultado da integração das construções emocionais (aprendidas) exigindo o sintoma, é uma alteração na forma como o cliente experiência o problema. Em vez de ver o sintoma como patológico, estranho e fora de controle, o paciente ganha uma sensação de controle e propósito na sua produção. Na quarta fase, de transformação, a experiência da construção de sintomas está emparelhada com a experiência de alguns conhecimentos de vida incompatível. Esta justaposição visceralmente experienciada tem como resultado o fim permanente do sintoma . Enquadramento Teórico A Terapia da Coerência conceitua a mudança dentro de um quadro construtivista. O seu princípio central é a coerência do sintoma: "um sintoma ou problema é produzido por uma pessoa porque esta abriga ... [uma] construção inconsciente da realidade ... em que o sintoma é necessário, apesar do sofrimento ou dificuldade causados por tê-lo "(Ecker & Hulley, 2000). A fim de mudar uma construção que gera o sintoma ou o esquema emocional, esta construção tem de ser primeiro descobertae depois integrada para que o cliente realmente experiencie a necessidade de ter o sintoma. As construções-chave que compõem este esquema emocional, bem como a necessidade do sintoma estão, então, diretamente disponíveis para a mudança. Um processo natural de mudança que consiste numa justaposição experiencial foi descoberto por Ecker & Hulley (1996) ao examinar as sessões dos seus próprios clientes”. Eles descobriram que quando duas crenças emocionalmente vivas estão juntas na consciência, e ambas não podem ser verdade simultaneamente, a construção anterior é refutada e desaparece. Em artigos mais neurológicos este processo é referido como de potenciação (Ecker & Toomey, 2008). Esta é uma versão totalmente experiencial de um processo mais cognitivo descrito anteriormente na teoria de Festinger dissonância cognitiva (1957) e nas ideias de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo (1971). É importante notar que a mudança não é simplesmente cognitiva, tal como na reformulação racional ou no insight intelectual, mas uma revisão experiencial da realidade. (cf Ecker, 2002a) BIBLIOGRAFIA Texto completo Disponível no site: http://www.psicologos- lisboa.com/pages/Terapia-Coerencia.php BRAGHIROLLI, E. M. et al. Psicologia geral. 14. ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 1997. CARDELLA, B. H. P. O amor na relação terapêutica: uma visão gestáltica. 3. ed. São Paulo (SP): Summus, 1994. ENGELMANN, A. A psicologia da gestalt e a ciência empírica contemporâ- nea. Teoria. e Pesquisa. 2002, vol.18, no.1, p.1-16. ERTHAL, T. C. S. Treinamento em psicoterapia vivencial. São Paulo (SP): Livro Pleno, 2004. GINGER, S., GINGER, A. Gestalt: uma terapia do contato. 2. ed. São Paulo (SP): Summus, 1995. ________. Gestalt-terapia de curta duração. 2. ed. São Paulo (SP): Summus, 1999. MÁRQUEZ, G. G.Cem anos de solidão. Editora: Record , 2009. SCHULTZ, D. P., SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. 14. ed. São Paulo (SP): Cutrix, 2001. PERLS, F. S., HEFFERLINE, R., GOODMAN, P. Gestalt-terapia. Tradução Fernando Rosa Ribeiro. 2. ed. São Paulo (SP): Summus, 1997. 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