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Avaliação de História Medieval, módulo I, Antiguidade tardia e cristianização do Mundo romano

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
ALUNO: ANDRÉ JUNIOR SOUZA FERREIRA
DISCIPLINA: HISTÓRIA MEDIEVAL
PROFESSORA: MARÍLIA DE AZAMBUJA RIBEIRO
AVALIAÇÃO DO 1° MÓDULO
1. Comente a seguinte frase: A crise do Império Romano é, sem sombra de dúvida, o tema de predileção da historiografia moderna, e de certa forma constitui o “mito” da noção de Alta Idade Média. Para André Piganiol, esse é o mais importante dos problemas da história. Nos últimos trinta anos, historiadores tem questionado as noções de “crise do Mundo Antigo” e de “fim do Império Romano”. De fato, a reavaliação de que é objeto o Império Romano Tardio em trabalhos recentes faz com que esse período seja cada vez menos visto pela ótica da “decadência”. A existência da “crise do século III” vem sendo questionada da mesma forma que a própria noção de “invasões bárbaras”. Poucos historiadores hoje creem que a chegada dos francos, dos burgúndios ou ostrogodos tenha marcado, de fato, uma ruptura com o legado romano.
2. Explique o processo de expansão do cristianismo no Ocidente: da conversão de Constantino ao enraizamento da Igreja na Europa ao longo dos séculos V-VIII. 
RESPOSTAS
1. A frase do enunciado faz uma abordagem inicial dos aspectos que se decorreram no período conhecido na historiografia, como “Antiguidade Tardia”, e avaliando seus impactos dentro do conceito de Alta Idade Média. Os estudos sobre a Idade Média constituem um terreno em plena mutação, os trabalhos que eram feitos a cerca de um século se parecem muito pouco com aquilo que se estuda atualmente. Um dos principais aspectos dessa visão historiográfica, concerne mais precisamente o problema de “Antiguidade Tardia” ou final da Antiguidade. Uma das principais mudanças se diz respeito à atitude que comunidade de historiadores em relação às fontes e documentos, atualmente se leva em conta dentro de um trabalho historiográfico, documentos, como as hagiografias e os relatos de cronistas, tais como os Eusébio de Cesáreia , Agostinho de Hipona e tantos outros, pois eles revelam muito da sociedade e dos pensamentos do homem daquele período.Todos os documentos devem ser analisados dentro de uma perspectiva crítica. Para se entender essa configuração de fim do Mundo Antigo e começo da Idade Média, os estudos se voltam para análise das estruturas políticas e sociais do Império Romano.
 Para Peter Brown, a política utilizada pelos imperadores romanos do Ocidente fez com que os povos bárbaros se estabelecessem dentro do Império, eles “exercem uma pressão silenciosa e persistente sobre a cultura do Império Romano”. Segundo Brown, a estratégia romana para pacificar essas tensões de suas fronteiras incorporando os povos de origem bárbara em seus exércitos, a burocratização do estado, a penetração das fronteiras romanas e uma crise econômica criaram um contexto que favorecerem o enfraquecimento do poder de Roma e consequentemente a sua queda. Sobre a crise do Século III, conceito trabalhado pelo próprio Peter Brown, ele aborda a anarquia militar iniciada com o fim do governo de Alexandre Severo (235) até a subida ao trono de Diocleciano (284), apontando esse período como “inicio” do processo chamado “Antiguidade Tardia” e que se encerraria no fim do século VII. Nos últimos anos, sobretudo na ótica ocidental, graças à noção de “Antiguidade Tardia”, os historiadores passam a acreditar na ideia de que o Mundo Romano não se interrompe, ou melhor, que as instituições, as tradições e costumes romanos não se interrompem no século V, e que eles imprimiram uma influência decisiva a partir de então. 
O aspecto mais importante de “Antiguidade Tardia” para além da noção de “Antiguidade de Roma”, está no principio segundo o qual, o Mundo Romano entre os séculos III e VIII, ou melhor, o mundo entorno da bacia do mediterrâneo seria o mundo original, com características originais, que muito embora influenciadas pela Antiguidade, possuem características próprias. Outro aspecto de noção da “Antiguidade Tardia”, é a recusa da ideia de decadência. Um dos pressupostos oficiais da historiografia Medieval até a Primeira metade do século XX, é que as invasões bárbaras tenham provocado uma decadência na civilização romana, graças ao conhecimento de continuidade da Antiguidade, as pesquisas que conduziam este conceito, acredita-se que várias dessas várias dessas tradições e instituições romanas, tenham sobrevivido a essas invasões e influenciaram decisivamente a organização dos chamados reinos romano-germânicos entre os séculos V e VIII. . Segundo os textos apresentados durante o primeiro modulo de avaliação, há um corente historiográfica em que os historiadores acreditam, que existiu uma continuidade do Império Romano no Ocidente através desses aspectos conjunturais e estruturais.
Segundo o historiador Marcelo Cândido da Silva, a historiografia francesa aponta que Alta Idade Média poderia ser um “fruto da decadência do Mundo Romano”, porém ele faz esse debate historiográfico do fim Império Romano com os conceitos de ruptura e continuidade. Em seu texto “4 de setembro de 476”, no qual busca entender os principais aspectos desse conceito de fim do Mundo Romano, falando sobre a tese de “assassinato” e “morte biológica”. Os termos usados por Cândido, abordam especificamente o fato histórico da Queda de Roma, o Império Romano estaria em um processo de decadência “morte biológica” ou teve o seu fim de forma Abrupta “assassinato”?
 A periodização é um aspecto fundamental para a pesquisa histórica, e durante muito tempo, os historiadores acreditavam que o final do Império Romano teria ocorrido no final do século V, no fim das instituições romanas e inicio da Idade Média. Porém a tese de decadência vem sendo refutada pelos historiadores, há evidências de que as estruturas romanas permaneceram as invasões. A condição de federados e a permanência de bárbaros dentro das terras do império, fizeram com que houvesse uma penetração cultural, e que esse aspecto fosse colocado diante de estudo crítico pelos historiadores. A afirmação de Peter Brown, que se refere a construção desse império, em meio a muitas invasões, está na visão de incorporação de certos valores romanos por partes dos povos bárbaros; quando ele diz: “O resultado foi às tribos bárbaras entrarem numa sociedade que não era suficientemente fortes para às conservar à margem nem bastante flexível para “manter os seus conquistadores cativos”, mediante a sua absorção na vida romana”. Mostrando também uma afirmação do rei dos ostrogodos, Teodorico (493-526), Brown reforça essa tese de continuidade do Império Romano: “Um godo esperto deseja parecer-se com um romano; só um pobre romano pode desejar parecer-se um godo.” Ao se estabelecer no interior do império, os povos bárbaros incorporam as tradições, a cultura e modo de vida da sociedade romana. Na segunda metade do século XX historiadores como Peter Brown, assumem uma importância muito grande, desenvolvendo o conceito de “Antiguidade Tardia”, afirmando decisivamente este conceito na paisagem historiográfica, fazendo com que a comunidade acadêmica reveja os conceitos de final da Antiguidade clássica.
 Os estudos sobre a origem povos bárbaros e essas dinâmicas com os povos romanos que ocorreram no fim do mundo Antigo, são um dos problemas que se apresentam dentro da historiografia ao longo do tempo, é importante entender que os estudos atendem uma demanda historiográfica do presente. Sobre a origem dos povos bárbaros, próprio Marcelo Cândido da Silva afirma: “Nascida no Século XVIII, na França, a ‘escola germanista’ é uma corrente de pensamento que considera que as instituições e o direito germânico exerceram influência decisiva na formação do mundo medieval.” Cândido continua: “Aqueles que acreditam que as tradições e a herança romana sobreviveram no Ocidente apesar das invasões e da crise do império são adeptos da chamada ‘escola romanista’...”, e ao afirmar isso, ele nos mostra o debate historiográficoacerca da origem dos povos bárbaros e a influências dessas origens no mundo Medieval. A noção de decadência do mundo romano é deixada, e muito mais importante que a noção de continuidade é o que chamamos de concepção de originalidade. 
 O mundo da “Antiguidade Tardia” para a opinião desses autores, não é um mundo em plena deterioração, mas um mundo de transformação. Todo esse julgamento a respeito dessa decadência do Império tem a ver com o ponto de vista ao qual se situavam aqueles historiadores, que afirmavam que houve um perecimento da influência do mundo romano. O parâmetro dos que acreditam no enfraquecimento Império, muitas vezes é a Roma Clássica em seu apogeu, segundo esse pensamento tudo que viria depois seria marcado pela “barbarização” e a regressão dos costumes, acentuada em todos os aspectos da vida social daquele período. Nesse sentido, a originalidade intrínseca a noção de perpetuidade das influências romanas, faz com que esse período seja completamente reavaliado e os chamados reinos bárbaros passaram a ser estudados pelos historiadores dentro uma perspectiva diferente. Evidentemente que, o conceito de “Antiguidade Tardia”, embora atualmente, hegemônico na paisagem historiográfica, não é completamente dominante, existe uma série de críticas à ideia de continuidade romana que proliferam dentro campo intelectual. No entanto, apesar das críticas, acredita-se que a continuação da Antiguidade romana, tem grande valor para os historiadores, que é o de pensar e refletir, sobre um período bastante complexo da história da humanidade, recusando certos princípios e certas premissas, que são as de declínio e regressão, que de alguma forma impedem o historiador de olhar com um pouco mais de clareza. 
 Durante muito tempo, acreditava-se que os chamados povos bárbaros constituíam grupos mais ou menos homogêneos do ponto de vista étnico, e mais importante ainda, muitos estudiosos também acreditavam que os bárbaros que invadiram o Império Romano, são ancestrais dos atuais povos que habitam a Europa Ocidental. Dentro dessa concepção, há uma relação causa-efeito que esses historiadores afirmam que existe entre os reinos bárbaros constituídos entre os séculos V e VIII e as atuais nações europeias modernas. Um dos principais problemas dessa interpretação, está no fato de que as entidades bárbaras são muitos mais complexas do que se pode imaginar.
 Os estudos nos mostram que os chamados povos bárbaros são construções culturais e políticas, muito mais do que entidades étnicas. É muito difícil afirmar que francos, burgúndios, visigodos e tantos outros povos ‘invasores’ de Roma, tinham uma origem étnica comum. As chamadas tradições bárbaras, os costumes, as leis ou mesmo os nomes, são muitas vezes construções produzidas séculos depois das instalações desses povos no antigo território romano. Nessa perspectiva, o processo de construção identitária começa com força entre os séculos V e VIII, e muitas vezes esses mitos de origem, são construções que vão dar aos historiadores do século XIX, a impressão de que eles se encontram diante de comunidades étnicas homogêneas, quando na verdade, essas sociedades são imaginadas e construídas com a finalidade de afirmar a legitimidade de um determinado grupo sobre uma determinada parte do território do Império Romano. 
 Os estudos sobre a etnogênese, de fato, nos coloca novos patamares dentro da discussão historiográfica a respeito das origens dos povos bárbaros, ao mesmo tempo, as pesquisas que buscam os primórdios dessas populações, torna-se ainda mais difícil o tipo de associação que é muito comum na historiografia europeia do século XIX, entre esses grupos de pessoas que provinham além de Roma e as sociedades europeias modernas. Não é possível afirmar que os francos são ancestrais dos franceses, e a Europa Ocidental, acima de tudo, é um território bastante submetido a movimentações de povos, esses movimentos migratórios ocorrem muito antes da Idade Média, e essas migrações continuavam muito depois das chamadas “invasões bárbaras”.
 A própria noção de invasão e posta em dúvida, embora tenha havido choque de forças militares e batalhas violentas narradas pelos historiadores desse período e retornadas pelas narrativas modernas, a instalação dos povos bárbaros no território romano nem sempre ocorreu de forma abrupta ou através de força militar. É possível identificar um número de pactos, de tratados realizados entre bárbaros e romanos, que conduz a pensar atualmente, em técnicas de acomodação, em acordos, muito mais do que uma ruptura violenta. Portanto a conquista do Império Romano pelas populações de bárbaros, apresenta-se, de fato como uma construção histórica, criada pela historiografia do século XIX. É muito importante observar, que alguns historiadores no século XX, vão associar o contexto de guerra em que viveram, as invasões bárbaras. Sobretudo, o universo de uma história que ocorreu muitos séculos atrás, o campo da reflexão, da reinterpretação dessas dinâmicas e da natureza dos bárbaros, diz respeito profundamente ao interesse contemporâneo. Esses conceitos e estudos tem um grande impacto na historiografia Medieval, delimitando a própria maneira como se narra, dentro da premissa que atende as demandas historiográficas de uma determinada sociedade. A compreensão deste processo histórico, que é o fim do Mundo Romano e inicio da Idade Média, busca levar as pessoas ao entendimento da configuração dos primórdios da sociedade Medieval Ocidental, bem como um olhar sobre um período histórico especifico, que se apresenta de forma importante para a sociedade contemporânea.
2. Depois das perseguições dos romanos, que duraram cerca de três séculos, onde o imperador Constantino acabou se convertendo ao cristianismo, se observa o fator de complexidade ao analisarmos as vicissitudes dos fatos posteriores. O Imperador se converteu numa circunstancia muito interessante, segundo Peter Brown: “A ideia de ‘conversão’ está relacionada com a de revelação” e assim, sobre a Ponte Mílvio, a sua fé cristã supostamente estaria sendo revelada. Muitas incertezas cercam a conversão de Constantino, a guerra civil contra Lícinio (imperador do Oriente) e a dissolução da tetraquia, instaurada por Diocleciano em 293, fizeram dele o soberano absoluto, porém esse episódio pode parecer uma “cruzada cristã”. Levando o cristianismo para o leste, supostamente estaria afirmando seu poder real e a supremacia da religião escolhida por ele, mas é perceptível que o caráter expansionista de Constantino, em nada tem a ver com a sua opção pela fé cristã. Ainda mais que, o berço das comunidades cristãs está na Ásia Menor, às margens da sociedade, que era essencialmente urbana, elas vão fazer parte da origem e da construção do Império Romano do Oriente.
 Ao adotar o cristianismo, Constantino tinha em mãos, um problema, fazer com que houvesse uma convivência social do paganismo, religião oficial do Império, e o cristianismo, religião em importante ascensão. Os cristãos representavam cerca de 10% da população romana no começo do século IV. A busca por equilíbrio entre as religiões, faz da sociedade romana daquele período, um objeto de estudo bastante complexo, onde o imperador aparece como principal porta voz da ideologia cristã. Dando um caráter de uma identidade política este segmento religioso, Constantino mostrou que com esse aspecto da religião, ele poderia unificar o império. A importância dessa conversão, foi um fator preponderante na propagação do cristianismo em Roma, do poder imperial e da influencia na configuração de poder e ascensão dos lideres religiosos e suas comunidades. Brown reafirma esse conceito: “O cristianismo enraizara-se em todas as grandes cidades do mediterrâneo.”. Ele continua: “De fato, a conversão de um imperador romano ao cristianismo (Constantino 312) não se teria certamente dado (ou, se desse, teria significado diferente) se não houve sido precedida, durante gerações, da conversão do cristianismo à cultura e a ideia de mundo romano.”.
 Esses trechos mostram ainfluência anterior e posterior ao período imperial de Constantino e do cristianismo na sociedade romana. Não se sabe ao certo o caráter da conversão do imperador, há essa discussão historiográfica sobre o fator estratégico/político ou a normal/espiritual da conversão de Constantino. Sobre esse aspecto, Paul Veyne nos fala em seu texto “Quando nosso mundo se Tornou cristão?” a seguinte sentença: “Provar sentimentos religiosos é um estado efetivo elementar, crer no fato bruto da existência de um ser, de um deus é uma representação que permanece inexplicável...Portanto, não especularemos sobre a conversão de Constantino, por ser a crença de um estado fé; pode ser um objeto de uma decisão,pode prescindir de qualquer prova e, afinal não tem essa preocupação.” O certo é que, independe de qualquer aspecto relacionado a conversão, a sociedade romana no final do século IV e inicio de século V,já tinha adotado a fé cristã como religião, em sua grande maioria.
 Então, o cristianismo foi uma descoberta de Constantino, de um aspecto ao qual não temos certeza, mas, mais do que isso foi uma força fundamental de união do império, atendendo uma demanda de poder e unitarismo do império. Dentro dessas perspectivas de analise crítica, o Edito de Milão (313), que dava a tolerância ao culto cristão, e posteriormente o Concílio de Nicéia (326), são marcos cronológicos que representam esse avanço e expansão da religião cristã.
 Constantino construiu sua própria cidade, ele coloca o cristianismo na legalidade do estado romano. A construção de Constantinopla será considerada uma evidência, um marco inicial de muita importância na constituição do Império no Oriente, ao ponto que a cidade é construída como uma forma de representação do centro de poder. A formação de uma aristocracia senatorial, permeada no meio religioso, numa crescente influência da Igreja, dos bispos eclesiásticos que farão parte dessa sociedade oriental nascente, sobre isso Peter Brown afirma: “No Oriente, ao contrário, o monaquismo não se mantém separado. Penetra diretamente na vida das grandes cidades. Através das províncias orientais, os bispos haviam-se aliado com os monges, a fim de fortalecerem a sua posição.” Os papeis dos monges e bispos se diferenciava, quando a parte monástica tinha alta popularidade e representava a renuncia aos bens e a vida mundana, no meio cristão Oriental, os bispos representavam a instituição, que era a Igreja, a riqueza e o poder político. Nas cidades a popularidade do cristianismo era bastante alta, sua adesão se dá muito fortemente durante os séculos V ao VII. O único período que se tentou recobrar o paganismo foi o do imperador Juliano, o Apóstata (361), Peter Brown fala sobre esse período, reforçando conceito de rápida adesão do cristianismo dizendo: “O rápido alastramento do cristianismo entre as classes inferiores pertubava-o, mas o seu verdadeiro ódio ia para com os gregos da classe superior que se haviam comprometido com o cristianismo dos regimes de Constantino e Constâncio II.”.
A conquista de uma certa estabilidade momentânea, no período do imperador Constantino em meio as ameaças externas, dentro de uma política de assimilação dos povos bárbaros fez com que o cristianismo se apresentasse como um meio de instauração de relações com essas populações. O senso de unitarismo religioso deu coesão e a base necessária para que fosse implementadas as reformas nas instituições romanas, desejadas pelo imperador. Com a conversão de Constantino, e através de seu sucesso como imperador do Mundo Romano, permitiu que o cristianismo, tempos mais tarde, tornar-se a religião oficial do império com o imperador Teodósio, no Edito de Tessalônica (380).
A Queda de Roma, não afetou de certa forma, a expansão do cristianismo, povos bárbaros, como os visigodos, ostrogodos e burgúndios já haviam se convertido ao cristianismo. Um problema se apresentava a partir desse momento, são os movimentos considerados heréticos, que se propagavam entre essas populações. Num momento em que a Igreja firmava suas bases e se estruturava nos cenários de poder desse final do Império Romano, as chamadas heresias aparecem (o gnosticismo e o arianismo) com força. A adesão ao arianismo por parte das populações de origem bárbara, preocupa a Igreja. Durante o Concílio de Nicéia, a cristianismo de origem ariana, que pregava o papel de Jesus Cristo como uma criatura de deus, ao invés de ser o próprio deus, foi considerada uma pratica herética. Esse tipo de paganismo sobreviveu durante um longo período entre os visigodos na Espanha, e entre vários povos bárbaros que habitavam o antigo território romano. Segundo Marcelo Cândido da Silva, os bispos católicos são os herdeiros diretos da aristocracia senatorial romana, o poder dos líderes religiosos dentro da parte Oriental do Império Romano é visível, e se apresenta como fator muito importante para propagação do cristianismo.
 A sociedade europeia, no começo do século VI, passa por transformações relacionadas ao centro de poder, o Oriente, já sem força de influência para impedir uma desintegração política do Império Romano do Ocidente, assiste a lenta e progressiva queda romana, ainda assim, mantém sua ligação com Roma, através dos laços religiosos. Os patriarcas ortodoxos do mundo oriental, continuam mantendo ligações com as comunidades cristãs na península Itálica, e além de crescerem em popularidade, poder e prestígios no Império do Oriente, eles serão os principais privilegiados do estado romano Oriental. As comunidades e dioceses que se encontram no entorno da bacia do mediterrâneo, representam uma parcela quase que dominante, os cristãos e estão presentes em todas as esferas da sociedade. Os principais aspectos dessa crescente do poder dos líderes religiosos cristãos, está no fato de que o ambiente urbano era muito mais propício para se propagar a palavra do que o campo, os camponeses eram vistos dentro das cidades como pessoas atrasadas, rústicas que em sua maioria eram os adoradores de deuses pagãos, resistentes a palavra do deus cristão. Os monges completam esse quadro, seu poder de combater os demônios e sua influencia e popularidade nas camadas mais inferiores da sociedade, fazem com que o cristianismo se torne um dos principais pilares da construção do mundo do entorno do Mar Mediterrâneo. A mendicância e a vida simples, são aceitas na sociedade, como forma de penitencia e conduta moral a serem seguidas. O papel monástico é refletido em personalidades como, Santo Antão, Santo Agostinho e tantos outros, a Igreja que antes pertencia exclusivamente aos mártires e lideres, passa agora a ser a Igreja da conduta, dos pobres que se viam refletidos na pobreza de Cristo. A elite romana deixa de ser o senado, a coluna de sustentação dessa sociedade romana oriental são as comunidades, os bispos e o poder de influência destes, dentro do Império. Além de lideres religiosos com poder, os bispos aparecem como senhores da justiça e que tem o poder de movimentar uma massa de fieis na busca para eliminar práticas heréticas. 
Um dos grandes problemas já citados nesse texto, foram as práticas heréticas dentro das sociedades bárbaras no antigo território romano, sobre isso era necessário a conversão dos líderes desses povos e consequentemente aumentar o poder da Igreja nessas sociedades. A necessidade de instalar o cristianismo nos povos germânicos fez com que a Igreja buscasse uma liderança militar, especialmente para ver garantida a manutenção de seu poder. Após a perda militar para os logombardos na península Itálica, por parte do Oriente de Justiniano, o bispo de Roma precisava garantir que as instituições da Igreja não sofreriam retaliações em meio a povos que tinham a práticas heréticas, tendo arianismo como uma das religiões a serem fortemente combatidas. Foi então que o clero local se manifesta em busca da conversão dos francos, oportunidade que favoreceria ambos os lados. Sobre isso Jérôme Baschet afirma: “...os francos, ainda pagãos no fim do século V, fazem uma escolha politicamente mais pertinente: oseu rei Clóvis, que percebe muito a força adquirida pelos bispos de seu reino, decide converter-se ao cristianismo (católico) e faz-se batizar, em companhia de 3 mil soldados...”. As dificuldades encontradas pela Igreja para eliminar os costumes pagãos e instaurar o cristianismo, fez com que fossem enviadas missões coma finalidade de converter esses povos. Para Baschet, o cristianismo começa a se importar em povos distantes, como os celtas e os povos da Bretanha, ele afirma: “Entretanto, se o cristianismo finca o pé no mundo celta, é preciso esperar o fim do século VI para que ele se torne a fé exclusiva dos clãs aristocráticos da ilha.”. O processo dessas conversões era lento, pois não havia continuidade das crenças nas gerações seguintes, e principalmente, uma resistência ao abandono de seus próprios cultos. Ao analisar o poder que os bispos conquistam, há essa percepção, de que se cria dentro dos centros urbanos uma aristocracia, uma captação do antigo poder dos senadores. Baschet fala: “Essa aristocratização da Igreja, bastante saliente na Gália do sul e na Espanha, assegura uma rede de cidades episcopais nas mãos de homens bem formados, escorados por famílias poderosas e que sabem governar. O bispo é, então, a principal autoridade urbana, concentrando em si poderes religiosos e políticos...”.
 A conversão se apresenta lenta no norte europeu, porém é importante destacar o papel dos pregadores, que se dispõem a propagar a fé em terras distantes, fazendo assim, o papel que fizeram os mártires, pregadores das comunidades cristãs originais do começo do século I. A igreja católica e a sua ideologia cristã, se apresentam como um dos pilares essenciais na formação dos valores, da cultura e da sociedade ocidental, sobretudo na formação social da Idade Média. A construção da filosofia durante esse período, configura-se dentro de um quadro historiográfico específico, relacionado diretamente com a religiosidade e a moral, construídos nesse período. O enraizamento do cristianismo serve de base para entendermos na historiografia medieval, como esse processo influenciou de forma essencial no modo de vida das pessoas. Para os historiadores, todo um conjunto de ideias apresentadas nesse período de cristianização do Ocidente são aspectos vem nos dar substancia para compreender o processo de formação de uma hierarquia social da Idade Média, e principalmente, das relações entre religião e política, elas constituem um objeto importante para historiografia.

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