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Corrupção Passiva

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Corrupção Passiva
Trabalho de criminologia
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- Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena- reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1°- A pena é aumentada de um terço, se, em consequência de vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato do oficio ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2° Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influencia de outrem: pena de 3 meses a 1 ano, ou multa
CP. Art. 317 - Corrupção passiva
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Corrupção Passiva como Crime
A corrupção representa um fenômeno social, multidimensional e com múltiplas concepções, o que torna seu tratamento jurídico uma tarefa altamente complicada. Objeto de constantes mudanças legislativas, a criminalidade de natureza corruptiva encontra, ainda, sérias dificuldades acerca do seu devido enquadramento normativos, revelando, muitas vezes, a natureza hipossuficiente das normas penais que tratam da matéria.
O obsoletismo legal, por sua vez, reflete a velocidade com que está espécie de criminalidade se desenvolve, evidenciando a fragilidade da legislação jurídico-penal em tentar, em vão, prever exaustivamente as modalidades correlatas à prática desonesta, o que favorece o surgimento de zonas defasadas, obscuras e lacunosas acerca do tema.
Ainda que sejam constantemente acrescidas novas formas de delitos à legislação, não se consegue controlar o déficit que assola a previsão legal no intuito de coibir o fenômeno da corrupção, pois as próprias inovações legais, na maioria das vezes, se revelam reduzidas, sem que atinjam amplamente os aspectos da corrupção.
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Isto porque, a hiperinflação legislativa detectada nos crimes de corrupção nada mais é que o produto de um Direito Penal extravagante de natureza simbólica e contingente, destinado a oferecer respostas imediatas e emergenciais àqueles fatos dotados de alto grau de danosidade, assim considerados pelo movimento midiático do medo.
Com isso, a política criminal distancia-se, cada vez mais, do plano legislativo, do necessário rigor técnico e da orientação científica, a fim de ceder espaço às inovações legais de cunho meramente punitivo, capazes de despertar o falso sentimento de segurança no ambiente social.
O Direito Penal, no entanto, enquanto principal instrumento de contenção ao fenômeno da corrupção não pode traduzir reações de índole puramente populistas, senão estar assentado em bases democráticas, contornos garantidas e alinhado aos valores fundantes constitucionais, aptos a delinear sua estrutura reitora, na defesa dos direitos fundamentais do cidadão.
Concussão x Corrupção Passiva
Confrontar o crime de concussão com o delito de corrupção passiva é observar uma série de semelhanças como a identidade de tutela do bem jurídico, que é a Administração Pública, a figura do funcionário público como sujeito ativo dos crimes, a natureza formal de ambos, etc. No entanto, o que chama atenção é a flagrante violação à proporcionalidade, naquilo que toca a definição das condutas criminosas e as respectivas sanções penais.
Em que pese às diversas características que aproximam tais delitos, há uma distinção crucial entre a prática da concussão e da corrupção passiva, a qual dará ensejo à afronta da proporcionalidade. Isto é, no crime do artigo 317, a consumação se dá mediante as condutas de solicitar ou receber a vantagem indevida, ao passo que o tipo penal do artigo 316, caput, se perfaz com a exigência, direta ou indireta, da vantagem indevida, por parte do funcionário público.
Sem muito esforço, é possível perceber, a partir deste breve sumário do tipo objetivo dos crimes em apreço, que a conduta exercida pelo autor da concussão é mais gravosa do que a do autor da corrupção passiva, na medida em que, por óbvio, a exigência se mostra mais drástica do que a aceitação, recebimento ou aceitação da promessa
A despeito desta aparente obviedade, o Código Penal tratou com maior rigor o crime do artigo 317, de sorte que previu uma pena de reclusão cujo patamar mínimo é de 02 (dois) anos, com o limite máximo de 12 (doze) anos, além da pena de multa, ao passo que o crime de concussão tem sua sanção penal estipulada em 02 (dois) a 08 (oito) anos de reclusão, acrescida em multa. Ou seja, a pena máxima privativa de liberdade do crime de concussão é sensivelmente inferior àquela cominada ao ato concussivo.
Ora, se, ao estabelecer as penas máxima e mínima, o legislador já previu, em abstrato, o quão danosa poderia ser aquela conduta à sociedade, estipulando a reprovação que entendeu pertinente, não se mostra proporcional, nesta situação, o seu juízo valorativo empregado, uma vez que a concussão, por conta da sua essência drástica, tem maior capacidade em gerar prejuízos ao bom funcionamento da Administração Pública. 
Contata-se, então, uma absurda inversão na gradação legislativa da sanção cominada. A concussão, na qualidade de crime mais grave, recebe punição mais branda, enquanto que o crime de corrupção passiva, comparativamente menos grave, recebe punição consideravelmente mais grave. 
Referida a técnica , por sua vez, não se deu por acaso. Isto porque, tal distorção decorreu da aprovação da Lei nº 10.763/2003, quando alterou a redação do artigo 317 do Código Penal, fixando esta pena para o crime de corrupção ativa, em razão das constantes denúncias de corrupção, à época, aderindo à lógica do Direito Penal emergencial, simbólico, sem que fosse procedida uma análise acerca de todo o sistema, olvidando, assim, o tratamento legal conferido ao crime de concussão, no que resultou na flagrante afronta à proporcionalidade penal. 
Existem três maneiras de se cometer o crime de corrupção passiva: 
SOLICITAR – A iniciativa é do funcionário público (é pedir). 
RECEBER – A iniciativa é do agente corruptor (é aceitar). 
ACEITAR PROMESSA – A iniciativa é do agente corruptor (ele só vai receber depois do agente corrupto praticar o ato). 
A solicitação pode ser: 
DIRETA – Quando é feita pelo próprio funcionário público. Ele pode fazer por escrito ou verbalmente, de maneira explícita ou implícita (geralmente é implícita). 
INDIRETA – Quando é usada uma terceira pessoa.
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Exemplo do crime de corrupção passiva
Um funcionário público acerta com um comerciante que este lhe dará R$ 
10.000,00 para que não seja praticado um ato (para não lavrar um flagrante contra ele, para não instaurar um inquérito, etc.): o funcionário público solicita e o comerciante aceita. 
O funcionário público combina com um terceiro, para que este vá receber o dinheiro, e ele o faz. 
O funcionário foi autor do crime de corrupção passiva e o comerciante praticou o crime de corrupção ativa. 
O crime se consuma quando do funcionário público solicita e o comerciante aceita. Portanto, o terceiro não poderá ser partícipe deste crime porque ele não aderiu à conduta (não sabia). Nestas situações, este terceiro responderá por favorecimento real (ele ajudou o objeto criminoso a ficar seguro).
O crime de corrupção passiva se consuma, na modalidade "solicitar", com a simples solicitação, independentemente de o funcionário público vir ou não a praticar o ato. Se ele, por exemplo, solicita R$ 10.000,00 para não lavrar uma multa, e ainda assim lavra a multa, continua existindo corrupção passiva. É, portanto, um crime formal – ele se consuma somente com a conduta
Estado-Administração -> vitimização primária
Particular constrangido, desde que não seja o corruptor, o autor da corrupção -> vitimização secundária
Classe generalizada -> vitimização terciária 
Observação: a corrupção passiva nem sempre pressupõe a ativa e vice-versa. Pode-se ter corrupto ou corruptor ou os dois juntos.
Vitimização da corrupção passiva 
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Fatores Condicionais
Psicológicos
Ego Fraco ou abúlico: fraca força de vontade; ”Maria vai com as outras”; pessoas influenciáveis;
pequenos furtos
Desejo de lucro imediato: exigem imediatidade; não suportam esperar;
Necessidade de status ou notoriedade: compulsão para melhorias de nível social; representam um papel que não lhes correspondem;
Espírito de rebeldia: anômicos, rebelam-se na juventude e não conseguem estabilidade emocional querem impor suas regras, quebrando as que existem;
Perturbação de personalidade: antissociais (sem laços afetivos, conflitos recidivos, não tem ansiedade, nem culpa; egocentrismo e baixos valores éticos; agressões explosivas; não apresentam psicoses) ou dissociais (criminoso comum, não é um doente repleto de sentimentos, apresentam descargas de hormônios; aprendem com a experiência; impulsividade contida; forte autocrítica ; relações interpessoais intensas; apego à verdade; inteligentes, planejadores
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Classificação do criminoso segundo Enrico Ferri
Criminoso Ocasional:
eventualmente comete 
crimes.
“ O delito procura o indivíduo “. 
Criminoso Habitual: reincidente na ação criminosa, faz do crime sua profissão; seria a grande maioria, transição entre os demais tipos; começaria ocasionalmente até degenerar-se.
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A corrupção passiva ocorre quando o agente público pede uma propina ou qualquer outra coisa para fazer ou deixar de fazer algo. Por exemplo, o juiz que pede um ‘cafezinho’ para julgar um processo mais rapidamente ou o senador que pede uma ajuda para a campanha em troca de seu voto. Não importa que a outra parte dê o que é pedido pelo corrupto: o corrupto comete o crime a partir do momento que pede a coisa ou vantagem. A outra parte, inclusive, pode/deve chamar a polícia para prender o criminoso.
 Exemplos de casos:
Os PMS envolvidos na liberação do carro que atropelou e matou Rafael Mascarenhas, 18, filhos da atriz Cissa Guimarães, se entregaram.
A prisão administrativa do sargento Marcelo Leal de Souza Martins, que se apresentou ontem, e do cabo Marcelo Bigon (detido no sábado) havia sido determinada pelo comandante da PM do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte. Ele pediu também a prisão preventiva, mas o Tribunal de Justiça do Rio negou. Uma nova solicitação será feita hoje.
Segundo Rafael Bussamra, que dirigia o carro, os PMS cobraram R$ 10 mil para liberá-lo. O pai de Bussamra confessou ter pagado R$ 1.000. Os PMS responderão inquérito por corrupção passiva.
Causas
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Por se tratar de fenômeno complexo e com causas políticas, sociais e culturais, a corrupção não é fácil de combater, principalmente quando não se tem armas adequadas ou uma boa estratégia. A atuação das instituições nacionais de controle é decisiva na boa governança, em termos do uso regular das finanças públicas e do desempenho do Estado como propulsor do desenvolvimento econômico e social. Atualmente, essas instituições vêm sendo provocadas, interna e externamente, a contribuírem de forma mais intensa e decisiva no combate à corrupção. 
 
A corrupção é um sério obstáculo ao normal funcionamento das instituições. Quer no setor público, quer no setor privado, trata-se de um fenômeno que assume caráter transnacional, e que constitui, atualmente, uma das grandes preocupações não apenas dos diversos Estados, mas também de organizações internacionais de âmbito global e regional. Revelam-se como uma ameaça as estados de direito e prejudica gravemente a fluidez das relações entre os cidadãos e a administração.
Formas de prevenir a Corrupção
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Com o objetivo de auxiliar o funcionário público e o cidadão em geral a atuarem ao sentido de fomentar uma relação mais correta e no sentido de relações mais transparentes, recomenda-se:
Os serviços de administração Pública devem:
Melhorar os sistemas de controle interno, nomeando promovendo com regularidade, auditorias aos seus departamentos.
Promover entre seus funcionários e agentes, uma cultura de responsabilidade e de observações estritas de regras éticas e deontológicas.
Assegurar que os seus funcionários e agentes estão conscientes das suas obrigações, nomeando no que se refere à obrigatoriedade de denúncia de situações de corrupção.
Promover uma cultura de legalidade, clareza e transparência nos procedimentos, nomeadamente no que se refere à admissão de funcionários.
Promover o acesso público e tempestivo a informação correta e completa.
OS FUNCIONÁRIOS E AGENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DEVEM:
Atuar respeitando as regras deontológicas inerentes às suas funções
Agir sempre com isenção em conformidade com a lei
Atuar de forma a reforçar a confiança dos cidadãos na integridade, imparcialidade e eficácia dos poderes públicos.
OS FUNCIONÁRIOS E AGENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NÃO DEVEM:
Usar a sua posição e os recursos públicos em seu benefício
Tirar partido da sua posição para servir interesses individuais, evitando que os seus interesses privados colidam com as suas funções públicas.
Solicitar ou aceitar qualquer vantagem não devida, para si ou para terceiro, como contrapartida do exercício das suas funções (caso de ofertas).
Diretrizes da Prevenção da Corrupção:
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As fraudes em licitações, os superfaturamentos em contratos administrativos, o desperdício de recursos públicos e a impunidade dos agentes infratores demonstram a necessidade de medidas mais enérgicas no combate à corrupção.
O crime de corrupção passiva deve ser combatido de forma eficaz, retribuindo com penas severas tais condutas delitivas visando à repressão ao agente infrator, bem como a prevenção da empreitada criminosa.
Contudo, buscar uma ação conjunta entre todos os órgãos de investigação, além do Ministério Público para elidir, de forma satisfatória, a ação de agentes corruptos, atendendo às expectativas daqueles que almejam uma Administração Pública proba, em prol do bem comum.
Formas de inibir e coibir a Corrupção
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A ocorrência de ação criminosa gera uma reação social (estatal) em sentido contrário, no mínimo proporcional àquela. Da evolução das reações sociais ao crime prevalecem hodiernamente três modelos: dissuasório, ressocializador e restaurador (integrador).
Modelo dissuasório (direito penal clássico): repressão pro meio da punição ao agente criminoso, mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo. Aplica-se a pena somente aos imputáveis e semi-imputáveis, pois aos inimputáveis se dispensa tratamento psiquiátrico.
Modelo ressocializador: intervém na vida e na pessoa do infrator, não apenas lhe aplicando uma punição, mas também lhe possibilitando a reinserção social. Aqui a participação da sociedade é relevante para a ressocialização do infrator, prevenindo a ocorrência de estigmas.
Modelo restaurador (integrador): recebe também a denominação de “justiça restaurativa”; procura restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo ante, visando a reeducação do infrator a assistência à vitima e o controle social afetados pelo crime. Gera sua restauração, mediante a reparação do dano causado pelo crime.
Formas de Ressocializar
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Ranking de países mais corruptos
A corrupção é um crime grave que enfraquece a democracia e a sociedade. A corrupção:
→ Impede o desenvolvimento social e econômico e agrava a pobreza ao desviar investimentos internos e externos das áreas mais necessitadas;
→ Enfraquece os sistemas de educação e saúde, privando as pessoas das condições básicas para uma vida digna;
→ Prejudica a democracia ao distorcer o processo eleitoral e minar a credibilidade;
→ Aprofunda as desigualdades e as injustiças, desvirtuando o Estado de Direito e punindo vítimas do crime por meio de julgamentos corruptos.
Consequências da Corrupção:
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