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Nomenclatura Zoológica

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Introdução
Nomenclatura zoológica é o sistema de aplicação de nomes científicos a unidades taxonômicas (táxons) de animais extintos ou atuais. É independente de outros sistemas de nomenclatura, e o nome de um táxon animal não é rejeitado porque é idêntico ao de um outro táxon não animal. O International Code of Zoological Nomenclature (ICZN) prescreve as regras e recomendações deste sistema. Os objetivos do ICZN são promover a estabilidade e universalidade dos nomes científicos dos animais e garantir que o nome de cada táxon seja único e distinto. O ICZN vigente está em sua quarta edição de 1999, vigorando a partir de 1° de janeiro de 2000. A International Commission on Zoological Nomenclature é autora deste código. Esta comissão é constituída por um conjunto de pessoas escolhidas num Congresso Internacional de Zoologia, e se reúne para decidir sobre situações omissas ou sobre situações polêmicas, apenas nos casos em que é requisitada. Assim, propostas taxonômicas em voga só recebem parecer da Comissão se esta for acionada formalmente por intermédio de uma moção.
Nomenclatura zoológica não é sistemática, nem taxonomia, nem classificação (lembrando que diferentes conceitos de taxonomia, sistemática e classificação têm sido defendidos por diferentes autores, por ex. Simpson (1961); Blackwelder (1967); Mayr (1969); Nelson (1970); Griffiths (1974); Wiley (1981); de Queiroz (1988)). Porém estas diferentes práticas se correlacionam.
Classificação é o processo pelo qual os organismos são organizados em vários grupos chamados táxons. A posição relativa (ou rank) de um táxon é indicado pelo uso de “categorias”. Como as categorias correspondem a níveis aos quais os táxons estão associados dentro de uma classificação, elas são ditas hierárquicas.
Taxonomia é a prática de reconhecer, nomear e ordenar os táxons em uma classificação consistente com algum tipo de parentesco entre os mesmos; é essencialmente descritiva.
Sistemática é um estudo mais teórico e de escopo mais abrangente que a taxonomia, trata da transformação da forma através do espaço e do tempo e está ligada em grande parte ao conhecimento evolutivo, porém este, por sua vez, depende do conhecimento descritivo. Como diz Amorim (1997): “o conhecimento descritivo é fundamental para qualquer inferência e é a única base de dados para recuperar a informação histórica dos grupos”.
O ponto de partida da nomenclatura zoológica, fixado pelo ICZN, é a 10ª edição do Systema Naturae de Linnaeus, que data de 1758. Esta edição inclui 2 volumes e 823 páginas dedicados aos animais (a primeira edição tinha apenas 30 páginas, 13 delas dedicadas aos animais, consistia num sistema de classificação e nomeação de animais, plantas e minerais que ele foi aprimorando ao longo dos anos). O que chamamos de sistema lineano de classificação contém duas estruturas: o sistema de táxons e o de categorias (explicados acima). O sistema de categorias está baseado nos conceitos aristotélicos de genus (grego — origem, descendência, gênero) e eidos (grego — aspecto exterior, forma, modo de ser). Esses termos indicam posições em uma hierarquia: um nível mais geral que inclui vários elementos é um genus (pl. genera); um nível mais restrito, incluído em um nível maior é um eidos. Estes são conceitos relativos e o que é um genus em um nível, pode ser um eidos em outro. O sistema de Linnaeus (baseado na lógica aristotélica que incluía o conceito de “essências” que podem ser compartilhadas) continha cinco categorias: espécie, gênero, ordem, classe e reino. Linnaeus convencionou que deveriam ser fornecidos binômios latinos aos táxons do nível mais basal na hierarquia de categorias (ou seja, ao táxon do nível de espécie). A lógica do sistema de categorias lineano foi afetada antes mesmo da mudança da ontologia do sistema: de essencialista-criacionista para evolucionista, pois descobriram-se muitos níveis de relações de inclusão entre táxons, e começaram a ser necessárias novas categorias intermediárias — família, tribo, etc.
Durante 80 anos após a 10ª edição do Systema Naturae de Linnaeus não havia ainda nenhuma regra ou recomendação que regulasse a nomeação dos animais. A realidade é que até 1840, cada espécie tinha muitos nomes atribuídos (e qual usar?) e muitos sistemas de classificação propostos. Em meio a este caos, o ornitólogo Hugh Edwin Strickland (1811-1853), propôs, em 1842, regras para a nomenclatura zoológica. Quase todos os preceitos mais importantes do código de nomenclatura atual tiveram origem nas idéias de Strickland.
No prefácio da 4ª edição do ICZN, lemos que a hierarquia lineana convencional não estará apta a sobreviver sozinha: ela terá que coexistir com as idéias e terminologia da sistemática filogenética (cladística). De uma perspectiva cladística, a nomenclatura tradicional (proposta pelo ICZN) é vista como muito prescritiva e muito permissiva ao mesmo tempo. Muito prescritiva porque força todos os táxons (e seus nomes) a se encaixarem em categorias hierárquicas arbitrárias; muito permissiva porque é aplicável tanto a grupos monofiléticos como a parafiléticos. Mas na 4a ed. do ICZN lemos também que apesar dos novos desenvolvimentos, não será possível, ou desejável, se desfazer de 250 anos de taxonomia e nomenclatura zoológica lineana.
De qualquer forma, outro código de nomenclatura está sendo concebido, visando orientar a nomeação de partes da árvore da vida (espécies e clados) através de referência explícita à filogenia, é o “Phylocode” (www.ohiou.edu/phylocode). Pretende-se que este código possa ser utilizado juntamente com outros códigos, que são baseados em nomenclatura hierárquica, entre eles, o código de nomenclatura zoológica. O Phylocode começou a tomar forma num workshop realizado na Harvard University em 1998, um segundo workshop sobre o Phylocode aconteceu na Yale University, em 2002. Foi estabelecida uma International Society for Phylogenetic Nomenclature. Em Paris, no Muséum National d’Histoire Naturelle, realizou-se o “First International Phylogenetic Nomenclature Meeting”, em julho de 2004. O Second International Phylogenetic Nomenclature Meeting” foi realizado de 28 de junho a 2 de julho de 2006 na Yale University. Já existe um extensa literatura tratando da idéia de uma classificação filogenética e de um código filogenético de nomenclatura, são trabalhos publicados desde 1988, sendo que no final dos anos 90 e nos anos 2000, essa lista começou a aumentar, e inclui artigos de críticas à nomenclatura filogenética e de respostas à estas críticas.
O ICZN não tem força de lei nacional ou internacional, sua aceitação é voluntária, no entanto, sua inobservância resultaria no caos da nomenclatura. A força do ICZN está no fato de ser um documento adotado pela comunidade zoológica internacional, representada pelos Congressos Internacionais de Zoologia, pela International Comision on Zoological Nomenclature e pela International Union of Biological Sciences (IUBS). O ICZN atualmente em vigor (www.iczn.org/iczn/index.jsp) está divido em 18 capítulos e é composto de 90 artigos. Abaixo tópicos que se referem aos mais importantes preceitos do ICZN.
Categorias
O ICZN se ocupa de táxons classificados em algumas categorias congregadas em três grupos, a saber:
— Grupo da família: superfamília, família, subfamília, tribo e qualquer outra categoria abaixo de superfamília e acima de gênero que for conveniente adotar em determinada classificação.
— Grupo do gênero: gênero e subgênero.
— Grupo da espécie: espécie e subespécie.
Tipos
Cada táxon nominal do grupo da família, gênero ou espécie tem um tipo portador de nome. O “tipo” é um padrão de referência. Quando uma espécie ou subespécie é descrita, um dos espécimes (quando houver mais de um) deve ser escolhido como “espécime padrão” desta espécie, isto é, como “espécime-tipo”, ou, como se diz comumente, como o “tipo portador do nome”. O tipo portador do nome de uma espécie ou subespécie é denominado holótipo na descrição original da espécie. Os outros espécimes são denominados como: alótipo — um espécime escolhidoque seja do sexo oposto ao holótipo (é um termo não regulamentado pelo código e não tem função de portador de nome); parátipo — qualquer espécime de uma série-tipo (conjunto de espécimes no qual um autor baseia a descrição de uma espécie), além do holótipo; síntipo — qualquer espécime de uma série-tipo da qual não tenha sido designado um holótipo ou lectótipo (os síntipos coletivamente constituem o tipo portador do nome); lectótipo — espécime, dentre os síntipos, designado como espécime-tipo de uma espécie, posteriormente à publicação original desta; paralectótipo — qualquer espécime dentre os síntipos, além do lectótipo; neótipo — espécime único designado como espécime-tipo de uma espécie cujos tipos (holótipo, lectótipo, parátipos ou síntipos) tenham sido perdidos. O tipo portador do nome de um gênero, ou subgênero, é denominado “espécie-tipo”. A espécie-tipo de um gênero não pode passar para outro gênero. O tipo portador do nome de uma família é denominado “gênero-tipo”.
Os tipos portadores de nomes de táxons nominais podem ser estabelecidos por: designação original — é a designação de um tipo portador do nome de um táxon nominal quando este é estabelecido (= quando, na descrição original do táxon o autor cita explicitamente determinado gênero, espécie ou espécime, como sendo tipo deste táxon); monotipia — acontece em dois casos: 
1. quando um gênero ou subgênero novo é descrito com uma só espécie e esta passa automaticamente a ser o tipo do gênero; 2. quando um autor baseia um táxon nominal do grupo da espécie em um único espécime, mas não designa explicitamente este espécime como holótipo e este passa a ser o holótipo por monotipia; designação subseqüente — é a designação de um tipo portador do nome de um táxon nominal em uma publicação posterior àquela em que o táxon foi descrito não consta no glossário do código... ver; monotipia subseqüente — quando uma espécie nominal é a primeira a ser subsequëntemente incluída em um gênero ou subgênero nominal estabelecido antes de 1931 sem nenhuma espécie incluída e passa a ser automaticamente a espécie-tipo (e também quando um autor tira todas as espécies de um gênero e só fica uma que passa a ser o tipo? Procurar p/ ver se tem no código).
Nomes dos táxons
Os nomes dos táxons devem ser sempre latinos ou latinizados. Os nomes dos táxons do grupo da família são coordenados, ou seja, são baseados no nome do gênero-tipo e formados pela adição de um sufixo à raiz do nome do gênero-tipo. A raiz do nome genérico em geral pode ser descoberta pela simples eliminação da terminação do nome no genitivo singular. Ás vezes é necessário recorrer ao dicionário para verificar qual é o genitivo do nome. Os sufixos oidea, idae, inae, ini e ina são usados para os nomes dos táxons das categorias superfamília, família, subfamília, tribo e subtribo, respectivamente.
Os nomes dos táxons podem ser:
Uninominais — consistem de apenas uma palavra e servem para nomear as categorias supraespecíficas. Nomes supragenéricos são substantivos no nominativo plural. Nomes de gêneros e subgêneros são substantivos no nominativo singular e podem pertencer a um dos três gêneros gramaticais: masculino, feminino e neutro. Os nomes supragenéricos são escritos com inicial maiúscula e não são grifados. Ex. Malacostraca (Classe), Isopoda (Ordem) Oniscidea (Subordem) Armadillidae (Família). Se o nome do táxon é um gênero, é escrito com inicial maiúscula e grifado (sublinhado quando escrito a mão ou em itálico quando digitado). Ex. Venezillo. O nome de gênero não pode ser repetido (dois animais não podem ter o mesmo nome de gênero).
Binominais — o nome científico de uma espécie é uma combinação de dois nomes, o primeiro sendo o nome genérico (escrito com inicial maiúscula) e o segundo sendo o nome específico (com inicial minúscula). Ex. Armadillidium vulgare. O termo específico pode ser repetido, desde que seja em gêneros diferentes. O termo específico de um nome científico pode mudar de gênero, desde que não corresponda à espécie-tipo do gênero. O nome da espécie deve ser grifado.
Trinominais — são adotados para táxons da categoria subespécie. Ex. Homo sapiens sapiens. A subespécie é citada após o nome da espécie e com inicial minúscula. O nome da subespécie deve ser grifado
— Os nomes específicos e subespecíficos, podem ser: um adjetivo no nominativo singular, concordando com o gênero gramatical do nome genérico; um substantivo no nominativo singular, usado em aposição; um substantivo no genitivo (singular ou plural). Os nomes em aposição e os genitivos não se alteram de acordo com o gênero gramatical do nome genérico (não necessitam concordar com este).
— Nos nomes binominais e trinominais, a primeira palavra é sempre o nome do gênero a que pertence a espécie ou subespécie.
Nomes interpolados — podem ser: 1. Nomes de subgêneros — o nome de um subgênero, quando usado com um binômio ou trinômio, deve ser interpolado entre parênteses entre o nome genérico e o nome específico, ele não conta como uma das palavras do binômio ou trinômio. O nome do subgênero deve iniciar com maiúscula. 2. Nomes de agregados de espécies ou subespécies — um nome específico pode ser adicionado entre parênteses após o nome do grupo do gênero, ou ser interpolado entre parênteses entre o nome do grupo de gênero e o nome específico, para denotar um agregado de espécies dentro de um táxon do grupo do gênero; e um nome subespecífico pode ser interpolado entre parênteses entre os nomes específico e subespecífico para denotar um agregado de subespécies dentro de uma espécie. Tais nomes devem iniciar sempre com minúscula e ser escritos por extenso, e não fazem parte do binômio ou trinômio.
— Um autor que deseje denotar um agregado, deve colocar uma alusão ao significado deste agregado dentro dos mesmos parênteses do nome interpolado, na primeira ocasião em que a notação do agregado for utilizada em qualquer trabalho. Ex. no gênero de borboleta Ornithoptera Boisduval, 1832 a espécie O. priamus (Linnaeus, 1758) é o membro nomeado mais antigo de um agregado de espécies vicariantes que inclui também O. lydus Felder, 1865 e O. croesus Wallace, 1865. O significado taxonômico para o agregado de O. priamus deve ser expresso na notação “Ornithoptera (super-espécie priamus)” e os membros do agregado pelas notações “ O. (priamus) priamus (Linaeus, 1758)”, “O. (priamus) lydius Felder, 1865” e “O. (priamus) croesus Wallace, 1865”.
Homonímia
Chama-se homonímia o fato de um mesmo nome ser aplicado a dois ou mais táxons do mesmo grupo. O ICZN proíbe homônimos dentro do grupo da família e do gênero. No grupo da espécie, o termo específico pode ser repetido desde que seja em gêneros diferentes. Por ex., Platyprosopus bruchi e Bledius bruchi não são homônimos. Também não são homônimos o nome genérico Ensifera (aves), o nome específico Ensifera ensifera e o nome da subordem ou ordem Ensifera (insetos ortopteróides) (exemplos de Bernardi, in Papavero, 1994). No grupo do gênero e da espécie, basta a diferença de uma letra para que não ocorra homonímia. No grupo da família, são homônimos nomes cuja única diferença seja o sufixo.
Sinonímia
Chama-se sinonímia a circunstância de um táxon ter dois ou mais nomes distintos. É proibida pelo ICZN, mas é muito comum, e, quando descoberta, deve ser corrigida. Ocorre por exemplo, quando alguém propõe um nome para o que pensa ser uma espécie nova, sem se dar conta de que a mesma não é uma nova espécie e já tem um nome prévio. A sinonímia pode ocorrer em todos os níveis taxonômicos.
Princípio da Prioridade
Para resolver os casos de homonímia e sinonímia, o ICZN lança mão do princípio da prioridade. Este é o princípio mais importante do ICZN — de dois ou mais sinônimos ou homônimos, vale o mais antigo. O ICZN estabelece que após 1758, toda determinação de prioridade deve ser estabelecida pela averiguação das datas de publicação dos nomes em questão. Ou seja, quando há vários nomes “disponíveis” (em utilização, com autoria e data de publicação) para um mesmo táxon (da categoria família, gênero ou espécie)o nome válido é o nome mais antigo aplicado a ele. É então chamado de sinônimo sênior o nome válido e sinônimo júnior o nome que deve ser descartado. No caso de homonímia, o táxon que tem o homônimo sênior é privilegiado e fica de posse do nome, o táxon que possui um homônimo júnior deve receber um nome novo.ver Papavero (1994) págs. 175-6

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