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A Escola como Espaço Social

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Aula 2
A Escola como um Espaço Social
A escola é uma importante referência para a prática da aprendizagem, contudo, aprender não está restrito a conteúdos estanques, mas sim a componentes curriculares vivos que representam as diversidades presentes não apenas em sala de aula, mas na unidade escolar como um todo. Observe a citação das professoras Nilda Alves e Regina Leite Garcia sobre as relações que ocorrem dentro da escola: “Muito se fala sobre a escola, de fora da escola, de longe da escola, muitas vezes a partir de um absoluto desconhecimento em relação ao que acontece dentro da escola a cada dia, quando os profissionais que nela atuam, os alunos e alunas e seus pais, e a comunidade de onde ela está inserida, estão cotidianamente interagindo. A escola da qual tantos falam é uma simplificação a partir de um paradigma reducionista que ignora tudo o que se passa e se cria nesse espaço/tempo de aprender e ensinar, de relações de subjetividades, de encontros e desencontros de socialização.” (ALVES; GARCIA, 2000, p. 7)
A complexidade presente na escola engloba diferentes aspectos e indivíduos que participam de uma multiplicidade de redes de convivência. Toda escola é um espaço de ensino, aprendizagem e toda comunidade escolar é formada por agentes educadores, ou seja, todos os sujeitos envolvidos em seus diversos processos: pais, alunos, professores, funcionários, gestores, etc. Como já afirmado, o aluno não aprende apenas na sala de aula, mas no espaço escolar como um todo: pela maneira como ela é organizada; como funciona; pelas ações que promove; pelo modo como o seus sujeitos se relacionam, pela forma com a escola se relaciona com a comunidade, pela atitude expressa em relação aos problemas educacionais e sociais, pelo modo como nela se trabalha, pelo planejamento político e pedagógico da instituição, dentre outros. Na verdade, a educação é um processo social colaborativo conforme o principio definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
E a participação conjunta, planejada e organizada é que resulta a qualidade do ensino, princípio fundamental para a democratização da educação. É organizada, seguindo as políticas públicas educacionais, sendo uma instituição regida por legislação específica, que delimita e influencia a ação dos seus sujeitos preconizando certa autonomia. Cotidianamente, ocorrem diferentes e diversas situações permeadas por complexas relações entre os envolvidos nos seus diferentes processos, como nas aulas, por exemplo, onde observamos situações de ensino com acordos e conflitos, alianças, imposição de estratégias, disputas de poder e influências.
A influência das características culturais de sua comunidade e desenvolvimento de práticas exercidas pelos autores que no seu interior, ou mesmo em seu entorno, desempenham funções distintas. Portanto, falar da escola como espaço social implica em resgatar o papel dos sujeitos na trama que a constitui, como instituição que, além de ser comprometida com o conhecimento teorizado, busca a formação integral do indivíduo, incluindo-se a formação de valores e atitudes. “A realidade escolar aparece mediada, no cotidiano, pela apropriação, elaboração, reelaboração ou repulsa expressas pelos sujeitos sociais.”
Desde o final do século XIX, com a aceleração da industrialização, a escola vem sendo cada vez mais procurada, ou seja, vive uma explosão quantitativa devido à necessidade crescente de mão de obra. Entretanto, apesar de já ter passado por algumas mudanças, existem algumas características que permanecem iguais às de alguns séculos passados. Vejamos:
horários definidos;
uma sala;
a figura do professor;
alunos sentados em fila;
carteiras;
um espaço quadrado ou retangular;
É importante perceber que esse controle e disciplinarização foram sendo naturalizados e por isso, para a maior parte da sociedade, é difícil pensar em um modelo diferente. Com isso, a separação dos conteúdos, a classe, o espaço da aula, a organização do tempo e a repetição caracterizaram a escola. Dessa forma, para a construção do seu relatório, há uma proposta com diversos itens a serem observados sobre o papel de alguns desses agentes educadores/sujeitos sociais, bem como sobre as práticas desenvolvidas por eles. Na verdade, você começará por observar o espaço físico da escola, pois é claro que ele também influenciará o desenvolvimento das práticas pedagógicas, ainda que estas não estejam apenas condicionadas a ele.
Lembre-se de que em nossa primeira aula, esses itens foram apresentados e devem ser observados para a caracterização da escola. Nesse momento é interessante que você detenha-se aos itens 1 e 3. Trabalharemos o item 2 mais à frente. O relatório não deve ser todo desenvolvido de uma só vez; ele será construído aos poucos. Logo, ao longo de suas observações, alguns itens poderão ser revistos, porque suas pesquisas e leituras poderão transformar-se e seu tutor on-line estará sempre disponível para orientá-lo. Por isso, seu procedimento avaliativo é dividido na entrega de 3 trabalhos, onde o terceiro será conclusivo. Pense que na verdade você transformará a prática, ou seja, a observação do cotidiano escolar, em teoria, materializada através do seu relatório.
Vamos Relembrar Quais Eram os Itens 1 e 3:
Item 1: Aspecto Físico, Humano e Material da Escola
Número de salas. A escola possui salas-ambientes? Tem biblioteca? Auditório? Refeitório? Quadras?
Qualidade das instalações
Espaço adequado para os professores
O mobiliário é suficiente? Adequado? Número de turnos, alunos e turmas.
Pessoal disponível: equipe administrativa, equipe técnico-pedagógica, equipe docente, funcionários.
Como são os quadros? Há quadros? Apagadores? Canetas?
Livros e materiais didáticos?  Há papel na escola?
Há computadores? Para quem?  Xerox, mimeógrafo, impressora?  Há material necessário às aulas das diferentes áreas?
Como vimos, a escola como um todo é um local de ensino e aprendizagem, por isso, observar o uso de seus espaços é fundamental para a percepção do que se ensina e como se ensina. A escola deve possuir ambientes favoráveis ao processo de ensino, bem como de bem-estar para sua comunidade interna e externa. Isso é essencial, pois o processo educacional está relacionado não apenas a transmissão de cultura, mas ao despertar de reflexões críticas acerca do cotidiano e da realidade, propiciando a transformação não apenas individual, mas social. A forma como a escola organiza e usa o seu espaço deve buscar condições que favoreçam a aprendizagem. Imagine uma escola onde professores e alunos só possam comer em pé? Onde não haja cadeira suficiente para todos os discentes sentarem? Isso facilita ou atrapalha? Como era o mobiliário da escola onde você estudou? Salas muito cheias atrapalham ou ajudam os processos de ensino? Falta de material influencia ou não na prática pedagógica? Enfim, o espaço escolar facilita ou dificulta as interações pessoais e práticas pedagógicas?
Antes de analisarmos o próximo item, reflita sobre um fragmento do texto da professora Nilda Alves: Decifrando o pergaminho – os cotidianos das escolas nas lógicas das redes cotidianas: Buscar entender, de maneira diferente do aprendido as atividades dos cotidianos escolares ou cotidianos comuns, exige que esteja disposta a ver além daquilo que outros já viram e muito mais: seja capaz de mergulhar inteiramente em uma determinada realidade, buscando as referências de sons, sendo capaz de engolir sentindo a variedade de gostos, caminhar tocando coisas e pessoas e me deixando tocar por elas, cheirando os odores que a realidade coloca a cada ponto do caminho diário. E então? Que tal mergulhar com todos os sentidos nesta pesquisa reflexiva? Vamos observar a terceira parte do nosso relatório e refletirmos sobre ela a partir deste olhar também? Lembre-se de que essas perguntas apresentadas são apenas norteadoras para ajudar ao desenvolvimento de seus trabalhos e, consequentemente, de seu relatório.
Item 3. Algumas Questões Sobre a Escola
Como é o relacionamentoentre alunos? E entre professores? E entre professores e alunos?
Como é o relacionamento entre os funcionários? E entre estes e os alunos?
Existe cooperação, trabalho de equipe?
As reuniões entre os professores têm uma periodicidade sistemática?
Como a escola organiza o tempo e o espaço? 
Como se avalia na escola? Quem avalia? Para que se avalia?
Como se organizam os planejamentos dos professores? Os professores planejam?
Estudamos no início dessa aula que a escola é um espaço social, por isso é importante perceber como é o funcionamento desse espaço, a fim de conseguir localizá-lo historicamente e notar que seus agentes são responsáveis por seu funcionamento. A escola influencia e é influenciada pela sua comunidade e possui uma importância nesse contexto. Para isso, é fundamental perceber quais as suas características, inclusive de sua gestão. Aos poucos, estamos compreendendo que a prática docente se gesta em uma gama de materialidades onde as turmas, conteúdos escolares, tempos, localização, espaço, organização do trabalho escolar e políticas educacionais são fios desse cotidiano que tecem o ofício de ser professor.
Atualmente, as gestões escolares, são orientadas a trabalharem com práticas participativas e democráticas, estabelecendo alianças e parcerias para a busca de soluções para os diversos tipos de problemas do dia a dia escolar. Entretanto, a gestão democrática, como temática histórica, não vem sido utilizada, sobretudo devido a nossa trajetória política, na qual os gestores se pautam por uma relação autoritária. Paternalismo e suas variantes, autoritarismo e congêneres são formas de pensar e agir sobre o outro para que ele não seja reconhecido como igual. Vale lembrar que saímos há pouco de uma ditadura civil/militar, além das reminiscências de uma sociedade escravocrata que contribuiu para a formação de nossa cultura. Temos ainda muito para transformar e, como futuros professores, um longo caminho pela frente!
O estágio consiste em proporcionar aos alunos uma visão reflexiva e um conjunto de saberes significativos sobre a realidade na qual atuará. Para tal, é fundamental desenvolver postura e habilidades de pesquisadores, elaborando projetos que lhes permitam compreender, problematizar e intervir nas situações observadas. O papel do aluno-pesquisador durante a prática do estágio supervisionado em História não deve ser de um observador passivo, pois a escola é um campo intenso de ação e reflexão e, portanto, o estagiário deve ter um papel ativo na construção e transformação da realidade. Não esqueça de que a pesquisa deve ser uma constante em sua carreira para o aperfeiçoamento de sua própria prática e que ela não deve ser feita apenas através da leitura de textos teóricos de sua área, mas através da observação cotidiana das atividades planejadas e oferecidas aos alunos durante os diversos momentos vividos nas aulas. Veja que pertinente a citação de Paulo Freire: ““O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da história, mas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar.”
O responsável pelo estágio na unidade escolar deve ser visto como contribuidor para a sua formação, por isso é necessário que ambos sejam parceiros durante esse processo. É possível que o estagiário discorde dos procedimentos da escola ou da atuação do professor, identificando contradições entre o que está observando e a teoria estudada durante o curso.
Lembre-se: não existe observação neutra. Tanto observador quanto observado estão diante de uma relação em que cada um estará observando e acompanhando o outro, a partir da compreensão que possui da realidade, portanto, é importante fazer considerações que contextualizem a prática considerada inadequada e que o estagiário faça o exercício constante de se colocar no lugar do outro, buscando compreender o contexto histórico-social que o constituiu profissionalmente.
“A tarefa do formador tem de ser vista sempre como uma parceria e uma produção conjunta com os professores em formação que acompanha”. (BORTONI-RICARDO, 2008, p. 72).
Lembre-se de que esta disciplina busca aprimorar a compreensão, pelo aluno/estagiário das relações estabelecidas na escola e de como elas são produzidas em um contexto interdisciplinar mais amplo de relações econômicas, políticas, filosóficas e culturais da sociedade na qual está situada. Portanto, a escola deve ser bem conhecida e valorizada por todos que nela atuam ou desejam atuar futuramente.
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