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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 07

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 07
Cálculo de benefícios. Valores mínimo e máximo. Reajustes, revisões e valor real.
Atualizações em azul
Atualizado em cinza, por Márcio Muniz da Silva Carvalho, em agosto de 2012
CÁLCULO DE BENEFÍCIOS
Salário-de-benefício: É a base de cálculo onde será aplicado coeficiente determinado pela lei e de que resultará a Renda Mensal Inicial - RMI - do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial e o decorrente de acidente de trabalho. Quantia apurada por uma média dos salários–de-contribuição do segurado, sob a presunção de eles indicarem o nível da fonte de subsistência do trabalhador, substituível pela prestação continuada.
Dois benefícios, contudo, não têm esta base de cálculo: o salário-família, cujo valor é o mesmo para todos os beneficiários que a ele fazem jus, e o salário-maternidade, que corresponde à remuneração integral, no caso da segurada empregada ou trabalhadora avulsa em licença-gestante (art.72 da Lei 8.213/91); para a empregada doméstica, o valor do seu último salário-de-contribuição; para a segurada especial, 1/12 do valor sobre o qual incidiu a última contribuição anual; e, para a contribuinte individual e a facultativa, 1/12 da média dos últimos 12 salários-de-contribuição apurados em período não superior a quinze meses (art.73 da Lei 8.213/91).
 	Também excepcionam a regra a pensão por morte e o auxílio-reclusão, pois nunca vão possuir salário-de-benefício próprio. A pensão por morte é apurada com base no valor da aposentadoria que o segurado recebia (caso o falecimento tenha ocorrido após o jubilamento) ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data do seu falecimento (art. 75 da Lei 8.213/91). O auxílio-reclusão é devido com base no valor da aposentadoria por invalidez a que o segurado faria jus, na data do deferimento do benefício (art. 80 da Lei 8.213/91). 
VALORES MÍNIMO E MÁXIMO
 O valor do salário-de-benefício não será inferior a um salário mínimo, nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição na data do início do benefício. (ver ponto 5 – salário-de-contribuição)
Atenção: não há correspondência exata e absoluta entre o valor do salário-de-benefício e o valor do benefício. Este resulta de uma terceira operação aritmética (ver ponto 6 - renda mensal inicial). Quanto ao valor do benefício, a Constituição assegurou que nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (art.201, §5 – redação original, atualmente está no §2). Entretanto, a Previdência Social entendeu que essa norma não tinha aplicabilidade imediata, necessitando de lei regulamentadora, e, por isso, continuou a pagar benefícios em valor abaixo do salário mínimo. A questão chegou ao STF, que se posicionou no sentido da auto-aplicabilidade do §5 do art. 201, sendo que a matéria foi sumulada pelos TRFs (Súmula 23 do TRF1: “São auto-aplicáveis as disposições constantes dos parágrafos 5º e 6º, do art. 201 da Constituição Federal”).
FORMA DE CÁLCULO
O salário-de-benefício consiste:
para a aposentadoria por idade e por tempo de contribuição, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; na aposentadoria por idade, o fator previdenciário é de aplicação facultativa (só se for benéfica ao segurado será aplicada, conforme o art. 7º da Lei 9.876/99)
para os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo (sem aplicação do fator previdenciário).
- Segurado Especial. O salário-de-benefício consiste no valor equivalente ao salário-mínimo (art. 29, §6º, da Lei 8.213/91), salvo se o segurado especial contribuir facultativamente para a Previdência Social, caso em que o cálculo seguirá a regra geral aplicável aos demais segurados (art. 39, II, da Lei 8.213/91).
	
São considerados no cálculo do salário-de-benefício: os ganhos habituais do segurado empregado, a qualquer título (moeda ou utilidades), sobre os quais tenha incidido contribuição previdenciária (exceto o 13º salário).
- Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo.
- O valor mensal do auxílio-acidente integra o salário-de-contribuição, para fins de cálculo do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria (art. 31 da Lei 8.213/91).
FATOR PREVIDENCIÁRIO
É uma fórmula criada pela Lei 9.876/99, utilizada no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por tempo de contribuição (obrigatoriamente), e da aposentadoria por idade (facultativamente, se o resultado for mais benéfico para o segurado). Como a proposta de idade mínima para a aposentadoria por tempo de contribuição foi rejeitada durante a votação da EC 20/98, a criação do fator previdenciário foi a forma encontrada pelo legislador para desestimular as aposentadorias precoces, que terão seus valores consideravelmente reduzidos quanto mais cedo forem requeridas. O Plenário do STF, no julgamento da ADI 2.111-MC/DF, Rel. Min. Sydney Sanches, considerou constitucional o fator previdenciário, ao argumento de que “se a Constituição, em seu texto em vigor, já não trata do cálculo do montante do benefício da aposentadoria, ou melhor, dos respectivos proventos, não pode ter sido violada pelo art. 2º da Lei nº 9.876, de 26.11.1999, que, dando nova redação ao art. 29 da Lei nº 8.213/91, cuidou exatamente disso”.
FORMULA DO CÁLCULO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO:
No cálculo do fator previdenciário leva-se em consideração:
a idade do segurado;
o tempo de contribuição do segurado;
a expectativa de sobrevida do segurado (com base numa “tábua de mortalidade” elaborada periodicamente pelo IBGE, a partir de dados estatísticos que estimam a longevidade dos brasileiros).
Atividades Concomitantes
Ocorre quando o segurado exerce mais de uma atividade vinculada à Previdência Social no período básico de cálculo, por exemplo, dois contratos de trabalho concomitantes. A disciplina legal da Lei de Benefícios busca equalizar a repercussão destas atividades no benefício a que o segurado faz jus. 
- Se o segurado contribuir em face das duas atividades que o filiam no RGPS, o salário-de-benefício será calculado pela soma dos salários-de-contribuição das atividades exercidas até a data do requerimento ou do óbito, ou no período básico de cálculo.
- Quando o segurado satisfizer, em relação a cada atividade em separado, as condições do benefício requerido, o salário-de-benefício será calculado com base na soma dos respectivos salários-de-contribuição. Ex: segurado que trabalha, simultaneamente, como empregado e como autônomo: se vem a adoecer, e permanece incapaz por mais de 15 dias, tendo mais de 12 contribuições mensais sem atraso em cada uma das atividades, o valor do salário de benefício do seu auxílio-doença, leva em conta a soma dos salários de contribuição das atividades desempenhadas, obedecida a regra de inclusão no cálculo da “média” dos maiores salários de contribuição equivalentes a 80% do período contributivo.
- Quando o segurado não tiver satisfeito em relação da cada atividade (hipótese supra) as condições do benefício requerido, o salário de benefício corresponderá à soma das seguintes parcelas:
o salário-de-benefício calculado com base nos salários-de-contribuição das atividades em relação as quais já foram satisfeitas as condições; e
um percentual da média dos salários-de-contribuição de cada uma dasdemais atividades (esse percentual é equivalente à relação entre o número de meses completos de contribuição e o número de meses do período de carência do benefício requerido OU, quando se tratar de aposentadoria por tempo de contribuição, à relação entre o número de anos de contribuição e os anos apurados para a obtenção do benefício. Explica-se: como no RGPS não se pode receber mais de uma aposentadoria, se o segurado atinge, em uma ou mais atividades, o tempo necessário para a obtenção do direito à jubilação, embora não em todas as atividades exercidas, e decide pelo recebimento do benefício, terá o salário de benefício calculado sobre a média da soma dos salários de contribuição das atividades em que implementou o tempo exigido, mais uma fração da média dos salários de contribuição das atividades nas quais não completou este tempo exigido, sendo o número de anos de contribuição dividido pelo número de anos considerado para a concessão do benefício (esse percentual não pode se superior a 100% do limite máximo do salário-de-contribuição).
Ex1: segurado que trabalha como empregado e como autônomo, trabalha há 18 meses como empregado, mas conta com apenas 6 contribuições sem atraso como autônomo. Se fica incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias, o seu salário-de-benefício consistirá na média dos salários de contribuição em valores integrais do emprego exercido, mais 6/12 (50%) da média dos maiores salários de contribuição da sua filiação como autônomo.
Ex2: empregado e contribuinte individual que completou 35 anos de contribuição como empregado e 15 como autônomo, o salário-de-benefício de sua aposentadoria consistirá na média aritmética dos maiores salários de contribuição de 80% do seu período contributivo como empregado (ou 28 anos) acrescida de 15/35 avos da média aritmética dos maiores salários de contribuição de 80% do seu período contributivo como autônomo (12 anos), tudo isso multiplicado pelo fator previdenciário. 
Essas regras não se aplicam ao segurado que:
em obediência ao limite máximo do salário-de-contribuição, tenha contribuído somente em relação a uma das atividades;
tenha sofrido redução do salário-de-contribuição das atividades concomitantes em respeito ao limite máximo legal desse salário.
REAJUSTES, REVISÕES E VALOR REAL
VALOR REAL:
A Constituição Federal assegura a irredutibilidade tanto do valor nominal dos benefícios previdenciários (valor de face – art. 194, §ú, IV), quanto do seu valor real (poder aquisitivo – art. 201, §4º, da CF). Embora a CF admita a redução do salário decorrente de convenção ou acordo coletivo de trabalho (art. 7º, VI, da CF), essa exceção não se aplica aos benefícios previdenciários, que jamais podem ter seu valor nominal reduzido (aplicação do princípio da vedação ao retrocesso em matéria previdenciária).
Não há que se confundir o preceito constitucional da manutenção do valor real do benefício com equivalência em número de salários mínimos. Manter o valor real significa reajustá-lo de acordo com a variação inflacionária, de modo a evitar diminuição injusta do seu poder de compra. Em momento algum quis o constituinte vincular a garantia ao salário mínimo. Apenas no período que vigorou o art. 58 do ADCT foi o valor dos proventos fixado em número de salários mínimos. A partir daí os indexadores foram aqueles fixados pelo legislador ordinário. O STF já reformou acórdão do TRF2, que adotou o salário mínimo como critério permanente de reajuste, por ofensa ao art. 7º, IV, da CR (RE 239912).
O STF examinou, no RE nº 376.846-SC, a constitucionalidade dos reajustes dos benefícios previdenciários nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001 (o ano de 1998 não é questionado, pois, neste, o percentual do reajuste aplicado pelo INSS foi superior ao índice cuja aplicação é requerida pelos segurados). Nesse julgamento, o STF entendeu que o Executivo pode fixar um percentual desvinculado de qualquer índice oficial de correção monetária, desde que reflita a inflação do período e não seja inteiramente discrepante dos índices oficiais de correção monetária.
Súmula 36 do TRF1: “O inciso II do art.41, da Lei 8.213/91, revogado pela Lei 8.542/92, era compatível com as normas constitucionais que asseguram o reajuste dos benefícios para preservação de seu valor real” (esse inciso previa o reajuste pelo INPC, índice calculado pelo IBGE e plenamente aceito como válido para refletir a inflação do período).
Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (art. 201, §2º, da CF). De acordo com o art. 42, §ú, do Dec. 3.048/99, o auxílio-acidente, o abono de permanência em serviço, o auxílio-suplementar e o salário-família poderão ter valor inferior ao do salário mínimo (pois não substituem o salário-de-contribuição nem o rendimento do trabalho do segurado).
REAJUSTES E REVISÕES:
	
Refiz inteiramente esta parte, acrescentando as revisões e reajustes mais comuns na prática, e que possivelmente seriam as mais lembradas pelos examinadores.
1) ORTN/OTN:
	Benefícios concedidos após a vigência da Lei 6.423/77 e antes da CF/88 (entre 21/06/77 e 04/10/88): de acordo com a legislação vigente à época, o salário-de-benefício era calculado com base na média dos 36 últimos salários-de-contribuição, mas apenas os 24 primeiros eram corrigidos monetariamente (os 12 mais recentes não eram corrigidos). Ocorre que o INSS não cumpriu o disposto no art. 1º da Lei 6.423/77, que determinava a correção monetária pela ORTN/OTN, aplicando outros índices administrativos.
	A questão restou pacificada pela jurisprudência: “esta Corte já tem pacificado o entendimento de que a aposentadoria por idade ou por tempo de serviço, concedida no sistema anterior, deve ser calculada pela variação da ORTN/OTN, ao largo dos índices fixados pelo MPAS” (STJ EREsp 46106).
	Como se trata de benefícios muito antigos (concedidos entre 21/06/77 e 04/10/88), muitas vezes nem o autor, nem o INSS, conseguem trazer aos autos os valores dos salários-de-contribuição utilizados no cálculo da renda mensal inicial (RMI). Nestes casos, utiliza-se a Tabela criada pela Justiça Federal de Santa Catarina, que estabelece os meses em que os índices administrativos utilizados pelo INSS foram superiores à variação da ORTN/OTN (casos em que não haveria interesse na revisão do benefício, pois lhe diminuiria o valor). Essa tabela permite uma espécie de “liquidação por arbitramento supletiva”, e só deve ser utilizada quando não for possível obter os reais valores dos salários-de-contribuição do segurado.
	Súmula 38 da TNU: “Aplica-se subsidiariamente a Tabela de Cálculos de Santa Catarina aos pedidos de revisão de RMI - OTN/ORTN, na atualização dos salários de contribuição”.
2) Súmula 260 do extinto Tribunal Federal de Recursos (que deu origem ao STJ):
	Teor da Súmula: “No primeiro reajuste do benefício previdenciário, deve-se aplicar o índice integral do aumento verificado, independentemente do mês da concessão, considerado, nos reajustes subsequentes, o salário mínimo então atualizado”.
	Essa súmula usualmente é dividida em duas partes:
1ª parte: “No primeiro reajuste do benefício previdenciário, deve-se aplicar o índice integral do aumento verificado, independentemente do mês da concessão”. O INSS concedia o primeiro reajuste do benefício proporcionalmente ao mês da concessão, o que gerava uma defasagem no seu valor, eis que o reajuste não refletia toda a inflação ocorrida no período, mas apenas uma “parte” dela.
2ª parte: “Considerado, nos reajustes subsequentes, o salário mínimo então atualizado”. Os benefícios eram enquadrados em “faixas salariais”, de acordo com o seu valor. Quando havia o reajuste do salário mínimo, o INSS considerava o valor pretérito (e não o valor atualizado do salário mínimo) para fins de enquadramento dos benefícios nas faixas salariais, o que, em termos práticos, implicava um reajuste menor para esses benefícios (coisa do capeta mesmo...).
A sistemáticaadotada administrativamente pelo INSS era tão absurda que fica até difícil de compreender, e tudo isso ocorreu numa época em que a inflação no Brasil atingiu patamares alarmantes, de modo que a Súmula 260 gerou talvez a maior avalanche de ações previdenciárias da história deste país (parafraseando o nosso ex-Presidente...), alcançando benefícios concedidos antes da CF/88, e produzindo efeitos até 05/04/1989, quando então passou a vigorar o critério previsto no art. 58 do ADCT (que promoveu uma equivalência do valor dos benefícios com a quantidade de salários mínimos a que correspondiam na data da sua concessão).
Importante notar que “se a última parcela paga a menor, por desobediência ao comando da Súmula n.º 260 do TFR, refere-se a março de 1989, e não havendo reflexos desse erro na renda futura do benefício previdenciário, tem-se que, passados mais de cinco anos dessa data, ou seja, em março de 1994, prescreve o direito de pleitear as diferenças decorrentes da não aplicação do referido verbete, por força do art. 1º do Decreto n.º 20.910/32 e do art. 103 da Lei n.º 8.213/91” (STJ, AgRg no Ag 932051/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 29/11/2007, DJ 17/12/2007).
Súmula 12 do TRF1: “A Lei 7.604/87 não impede a revisão dos cálculos iniciais e dos reajustes posteriores dos valores de benefícios previdenciários (TFR, Súmula 260)”.
Súmula 21 do TRF1: “O critério de revisão previsto na Súmula 260, do Tribunal Federal de Recursos, diverso do estabelecido no art. 58, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal de 1988, e aplicável somente aos benefícios previdenciários concedidos até 04/10/1988, perdeu eficácia em 05/04/1989”.
3) Art. 58 do ADCT:
	Considerando que os benefícios concedidos antes da CF/88 não tinham todos os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente (mas apenas os 24 mais antigos, entre os 36 que eram utilizados no cálculo do salário-de-benefício), e tendo em vista que esse “pequeno detalhe” causava uma defasagem monstruosa no valor dos benefícios (já que a inflação anual chegava a mais de 100%), o art.58 do ADCT previu uma grande revisão para restabelecer o poder aquisitivo desses benefícios, fazendo com que eles voltassem a corresponder ao mesmo número de salários mínimos a que equivaliam na data da sua concessão (uma benesse do constituinte que seria inimaginável nos dias de hoje, mesmo para aqueles aposentados mais sonhadores).
	Súmula 25 da TNU: “A revisão dos valores dos benefícios previdenciários, prevista no art. 58 do ADCT, deve ser feita com base no número de salários mínimos apurado na data da concessão, e não no mês de recolhimento da última contribuição”.
	Súmula 687 do STF: “A REVISÃO DE QUE TRATA O ART. 58 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS NÃO SE APLICA AOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS CONCEDIDOS APÓS A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988”.
	Importante destacar que “o critério elencado no artigo 58 do ADCT se aplica aos benefícios em manutenção em outubro de 1988, mas apenas entre abril de 1989 (04/89 – sétimo mês a contar da promulgação) e dezembro de 1991 (regulamentação dos planos de custeio e benefícios)” (STJ, AR 459/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/09/2008).
Súmula 20 do TRF1: “O critério de revisão previsto no art. 58, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal de 1988, é diverso do estatuído na Súmula 260, do Tribunal Federal de Recursos, e aplica-se somente aos benefícios previdenciários concedidos até 04/10/1988”.
4) Benefícios inferiores ao salário mínimo:
	Na extinta Previdência Rural (PRORURAL, regida pela Lei Complementar 11/1971), havia vários benefícios com renda mensal inferior ao salário mínimo, mesmo tendo a função de substituir os rendimentos do trabalhador rural (Ex: aposentadorias por velhice e por invalidez => 50% do salário mínimo; pensão por morte rural => 30% do salário mínimo).
	Com o advento da CF/88, seu art. 201, §5º (atual §2º) dispunha que “nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo”. À época surgiu uma grande discussão acerca da autoaplicabilidade desse artigo, sustentando o INSS que se tratava de norma constitucional de eficácia limitada. O STF, contudo, entendeu que a norma era autoaplicável (RE 192647, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado em 04/02/1997).
Súmula 23 do TRF1: “São autoaplicáveis as disposições constantes dos §§ 5º e 6º, do art. 201, da Constituição Federal”.
5) “Buraco Negro”:
	O STF considerou que a redação originária do art. 201, §3º, da CF (“Todos os salários de contribuição considerados no cálculo de benefício serão corrigidos monetariamente”) era norma constitucional de eficácia limitada, que só se tornou aplicável a partir da edição da Lei 8.213/91, de modo que somente os benefícios concedidos a partir dessa lei tiveram todos os seus salários-de-contribuição atualizados monetariamente para o cálculo da renda mensal inicial.
	Dessa forma, os benefícios concedidos entre 05/10/88 e 04/04/91 não tiveram todos os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente (aplicando-se a regra antiga), e tampouco foram abarcados pela revisão do art. 58 do ADCT (que só atingiu os benefícios anteriores à CF/88), ficando, portanto, no limbo (daí a expressão “caíram no buraco negro”).
	Para esses benefícios, o art. 144 da Lei 8.213/91 previu uma revisão específica, e seu parágrafo único promoveu um verdadeiro “calote” nas diferenças pretéritas anteriores à revisão (e ficou por isso mesmo, pois o dispositivo foi validado pelos Tribunais, sem maiores controvérsias). Essa revisão pelo art.144 da Lei 8.213/91 (chamada de “revisão do buraco negro”) foi promovida administrativamente em muitos casos, mas em outros o INSS não efetivou a revisão, o que obrigou os segurados a uma nova avalanche de ações judiciais, no melhor estilo “ninguém merece o INSS”...
6) Conversão dos benefícios previdenciários em URV (Plano Real):
	Antes da implantação do Plano Real, a URV (Unidade Real de Valor) serviu como instrumento de transição do Cruzeiro Real para o Real. Nessa época, a conversão dos benefícios previdenciários em URV seguiu a sistemática prevista no art. 20 da Lei 8.880/94 (“dividindo-se o valor nominal, vigente nos meses de novembro e dezembro de 1993 e janeiro e fevereiro de 1994, pelo valor em cruzeiros reais do equivalente em URV do último dia desses meses, respectivamente” e “extraindo-se a média aritmética dos valores resultantes”).
	Os benefícios pagos nesse período (novembro de 1993 a fevereiro de 1994) não obtiveram a correção monetária plena pelo IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo) conforme determinava o art.9º da Lei 8.700/93, o que (para variar) gerou uma grande defasagem no valor real desses benefícios. O que ocorreu depois? Conseguem imaginar? Uma avalanche de ações judiciais, que até obtiveram êxito nos TRF’s, mas depois o STF rechaçou a pretensão dos segurados, validando a sistemática adotada na Lei 8.880/94 (RE 313382).
Súmula 1 da TNU: “A conversão dos benefícios previdenciários em URV, em março/94, obedece às disposições do art. 20, incisos I e II da Lei 8.880/94 (MP no 434/94)”.
7) IRSM de fevereiro de 1994 (39,67%):
	Quando da conversão dos benefícios previdenciários em URV, realizada em 28/02/1994, o INSS não atualizou os salários-de-contribuição do mês de fevereiro de 1994 pelo IRSM daquele mês, da ordem de 39,67%, tal como determinava o art. 21, §1º, da Lei 8.880/94. Ou seja, o INSS desconsiderou uma inflação de quase 40% ao mês (sem qualquer justificativa para tanto), o que levou a uma chuva de ações previdenciárias pleiteando o recálculo da renda mensal inicial desses benefícios. Os idosos chegavam a formar longas filas na porta dos Juizados Especiais Federais nessa época, protocolando uma petição inicial padronizada pelos JEF’s, que gerava uma contestação padronizada, umasentença padronizada, um recurso padronizado, um voto padronizado, e assim por diante... sempre dando continuidade à série “ninguém merece o INSS”...
	Importante destacar que essa revisão só atinge os benefícios que tiveram o mês de fevereiro de 1994 no período básico de cálculo (ou seja, como regra geral, aqueles concedidos entre março de 1994 e fevereiro de 1997, tendo em vista que o cálculo à época considerava os 36 últimos salários de contribuição, num período não superior a 48 meses, o que poderia atingir os benefícios concedidos até fevereiro de 1998, no máximo).
	O direito a essa revisão foi reconhecido pela própria União, que editou a MP 201/2004, convertida na Lei 10.999/2004, que autorizou a revisão de todos esses benefícios, condicionada à celebração de Termo de Acordo ou de Termo de Transação Judicial. Muitos segurados não quiseram celebrar esse acordo (que previa um pagamento parcelado em 12 até 96 prestações), preferindo optar pela via judicial.
	Súmula 19 da TNU: “Para o cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário, deve ser considerada, na atualização dos salários de contribuição anteriores a março de 1994, a variação integral do IRSM de fevereiro de 1994, na ordem de 39,67% (art. 21, § 1º, da Lei nº 8.880/94)”.
8) Pensão 100%:
	Ao longo da evolução história, a alíquota da pensão por morte foi crescendo gradualmente. Em épocas remotas chegou a corresponder a apenas 30% da aposentadoria do de cujus, passando para 50%, depois para 80% (na redação originária da Lei 8.213/91), chegando a 100% do salário-de-benefício com o advento da Lei 9.032/95, que deu nova redação ao art. 75 da Lei 8.213/91. Muitas pensionistas ajuizaram ações previdenciárias pleiteando o aumento de suas pensões para 100%, a partir da Lei 9.032/95.
	Até o início de 2007 a jurisprudência era favorável à tese das pensionistas, inclusive no STJ, mas em 08/02/2007 o STF acatou os argumentos do INSS e rechaçou a pretensão das pensionistas no julgamento do RE 415.454, em que foram acolhidas as teses de violação do ato jurídico perfeito e do art.195, §5º, da CF (ausência de indicação da fonte de custeio total).
	Atenção: foi cancelada a Súmula 15 da TNU, que dizia que “o valor mensal da pensão por morte concedida antes da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, deve ser revisado de acordo com a nova redação dada ao art. 75 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991”.
	Súmula 340 do STJ: “A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado”.
	
9) Revisão do auxílio-acidente para 50% do salário-de-benefício:
	Além de alterar a alíquota da pensão por morte para 100% (conforme visto no item acima), a Lei 9.032/95 também alterou a alíquota e a base de cálculo do auxílio-acidente para 50% do salário-de-benefício (anteriormente a alíquota variava entre 30%, 40% e 60% do salário-de-contribuição vigente no dia do acidente). Quem teve o auxílio-acidente calculado com as alíquotas de 30% e 40% ingressou em juízo requerendo a aplicação da nova lei e o recálculo do seu benefício.
	O tema hoje encontra-se pacificado, e segue a mesma linha de raciocínio utilizada no caso da pensão por morte. Confira-se: “Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça relativamente ao aumento do percentual do auxílio-acidente, estabelecido pela Lei n.º 9.032/95, lei nova mais benéfica que alterou o § 1º do art. 86 da Lei n.º 8.213/91, em sintonia com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, firmada no julgamento do RE n. 613.033/SP, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, de repercussão geral da questão constitucional nele suscitada, não é possível a aplicação retroativa da majoração prevista na Lei n. 9.032/1995 aos benefícios de auxílio-acidente concedidos anteriormente à vigência do referido diploma legal” (STJ, AgRg no Ag 1346415/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/08/2012).
	Atenção para o fato de que as revisões de benefícios decorrentes de acidente de trabalho devem ser julgadas pela Justiça Estadual, e não pela Justiça Federal, por força do art. 109, I, da CF: “É firme a compreensão do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, compete à Justiça Estadual processar e julgar a ação mediante a qual se discute a concessão, restabelecimento ou revisão de benefício previdenciário decorrente de acidente de trabalho” (STJ, AgRg no CC 112.208/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/10/2011)
10) Aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença:
	A controvérsia surgiu em razão de uma aparente contradição entre o art. 29, §5º, da Lei 8.213/91 (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal...”) e o art. 36, §7º, do Dec. 3.048/99 (“A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez concedida por transformação de auxílio-doença será de 100% do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral”).
	A contradição é apenas aparente. A TNU chegou a formar jurisprudência no sentido da inaplicabilidade do Decreto, por ser norma hierarquicamente inferior à lei ordinária e dispor de maneira diversa. Contudo, o STF acolheu as razões do INSS e sedimentou a questão, apontando a diferença entre as duas situações: 1) Se o auxílio-doença é automaticamente convertido na aposentadoria por invalidez (ou seja, a pessoa não retornou mais ao trabalho), aplica-se o art.36, §7º, do Dec. 3.048/99; 2) Já “o § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra proibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situações em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária” (STF, RE 583834, Relator(a):  Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011).
11) Revisão baseada em sentença trabalhista:
	São muito comuns os pedidos formulados na Justiça Federal de revisão de aposentadorias para incluir tempo de serviço reconhecido em reclamação trabalhista, ou mesmo de majoração dos salários-de-contribuição em razão do reconhecimento de horas extras ou adicional de insalubridade na Justiça do Trabalho. Normalmente o INSS não aceita essas revisões, alegando que não fez parte da demanda trabalhista, e por isso a coisa julgada não lhe seria oponível, além do fato de serem muito frequentes os acordos simulados na Justiça Trabalhista, exatamente para a obtenção de benefícios previdenciários.
	O entendimento que prevalece hoje é de que “a sentença trabalhista pode ser considerada como início de prova material, mostrando-se hábil para a determinação do tempo de serviço previsto no artigo 55, § 3º, da Lei nº 8.213/1991, desde que fundada em elementos que evidenciem o exercício da atividade laborativa na função e períodos alegados na ação previdenciária, ainda que o INSS não tenha integrado a respectiva lide” (STJ, AgRg no REsp 1053909/BA, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, julgado em 19/08/2008).
	Súmula 31 da TNU: “A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários”.
12) Novos tetos fixados pelas EC’s 20/98 e 41/03:
O art. 14 da EC 20/98 aumentou o teto do salário-de-benefício de R$ 1.081,50 para R$ 1.200,00, e o art. 5º, da EC 41/03 promoveu novo aumento desse teto de R$ 1.869,34 para R$ 2.400,00. Surgiu então a controvérsia acerca da aplicabilidade dos novos tetos aos benefícios concedidos anteriormente a essas emendas constitucionais.
A questão foi decidida pelo STF no RE 564.354 (julgado em 08/09/2010), queasseverou que “Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdência estabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto constitucional”.
O INSS noticiou a revisão administrativa de mais de 130.000 benefícios em cumprimento à decisão proferida pelo TRF3 nos autos da ação civil pública 0004911-28.2011.4.03, que igualmente reconheceu o direito à revisão, na mesma linha do STF.

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