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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/238089760 Obesidade infanto-juvenil: uma proposta de classificação clínica Infant-juvenile obesity: proposal for a clinical classification... Article CITATIONS 0 READS 1,255 4 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Molecular Basis of Ablepharon Macrostomia Syndrome View project Carlos Alberto Nogueira De Almeida Universidade de Ribeirão Preto 49 PUBLICATIONS 337 CITATIONS SEE PROFILE Victor Ferraz University of São Paulo 29 PUBLICATIONS 209 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Carlos Alberto Nogueira De Almeida on 14 July 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file. All in-text references underlined in blue are added to the original document and are linked to publications on ResearchGate, letting you access and read them immediately. Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 257 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. Revisão e Ensaio Review and Essay Revisión y Ensaio 1 Doutor em Pediatria. Diretor do Departamento de Nutrologia Pediátrica da Associação Brasileira de Nutrologia. Professor de Nutrologia do Curso de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto 2 Doutora em Enfermagem. 3 Doutora em Psicologia. Psicóloga contratada na área de Nutrologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto 4 Doutor em Genética. Professor do Curso de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto Obesidade infanto-juvenil: uma proposta de classificação clínica Infant-juvenile obesity: proposal for a clinical classification Obesidad infante-juvenil: una propuesta de clasificación clínica Carlos Alberto Nogueira de Almeida1, Marina Elisa Costa Baptista2, Graziela Aparecida Nogueira de Almeida3, Victor Evangelista de Faria Ferraz4 Centro de Estudos em Saúde e Nutrição Infantil da Universidade de Ribeirão Preto (CESNI) Resumo Objetivo: propor uma classificação de obesidade infanto-juvenil que sintetize os conhecimentos atuais em relação aos aspectos etiológicos e aos fatores de complicação. Fontes pesquisadas: a proposta de classificação baseou-se nos dados da literatura internacional e nacional, constantes das bases MEDLINE, Lilacs e SCIelo. Os conhecimentos foram organizados de acordo com a experiência de atendimento clínico do Centro de Estudos em Saúde e Nutrição Infanto- juvenil da Universidade de Ribeirão Preto. Síntese dos dados: a obesidade foi classificada inicialmente em dois grandes grupos: com e sem resistência periférica à insulina. O primeiro foi denominado de Obesidade Metabólica. O outro grupo foi subdividido em Obesidade Sindrômica, Obesidade Induzida Endocrinológica, Obesidade Induzida Neurológica, Obesidade Induzida por Fármacos, Obesidade Alimentar Somática e Obesidade Alimentar Psicossomática. Conclusões: a classifica- ção proposta permite individualizar a condução dos casos de obesidade segundo aspectos etiológicos e fatores de compli- cação. Descritores: Obesidade. Perda de peso. Hábitos alimentares. Criança. Adolescente. Abstract Objective: to propose a classification for infant-juvenile obesity that synthesizes current knowledge with regard to the etiologic aspects and to the complication factors. Data source: the proposed classification was based on national and international data obtained from MEDLINE, Lilacs and SCIelo. The information was organized in the light of the clinical experience of the Centro de Estudos em Saúde e Nutrição Infanto-juvenil at the University of Ribeirão Preto. Data synthesis: obesity was classified initially into two major groups: with and without peripheral insulin resistance. The former group was denominated Metabolic Obesity. The latter was subdivided into Syndromic Obesity, Endocrinologic-Induced Obesity, Neurologic-Induced Obesity, Pharmacologic-Induced Obesity, Alimentary-Somatic Obesity and Alimentary-Psychosomatic Obesity. Conclusions: the proposed classification enables an individualized management of each case according to etiologic aspects and complication factors. Keywords: Obesity. Weight loss. Food habits. Child. Adolescent. Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 258 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. Resumen Objetivo: proponer una clasificación de obesidad infante-juvenil que sintetice los conocimientos actuales con relación a los aspectos etiológicos y a los factores de complicación. Fuentes pesquisadas: la propuesta de clasificación se hicieron con base en los datos de la literatura internacional y nacional, constantes de las bases MEDLINE, Lilacs y SCielo. Los conocimientos fueron organizados de acuerdo con la experiencia de atendimiento clínico del Centro de Estudios en Salud y Nutrición Infante-Juvenil de la Universidad de Ribeirão Preto. Síntesis de los datos: la obesidad fue clasificada inicial- mente en dos grandes grupos: con y sin resistencia periférica a la insulina. El primero fue denominado de Obesidad Metabólica. El otro grupo fue subdividido en Obesidad Sindromica, Obesidad Inducida, Endocrinológica, Obesidad Inducida Neurológica, Obesidad Inducida por Fármacos, Obesidad alimentar Psicosomática. Conclusiones: la clasificación permite individualizar la conducción de los casos de obesidad según aspectos etiológicos y factores de complicación. Palabras-claves: Obesidad. Perdida de peso. Hábitos alimenticios. Niño. Adolescente. Introdução A obesidade pode ser definida de forma objetiva como a situação orgânica de excesso de tecido adiposo1. Essa simplificação, entretanto, esconde o complexo espectro de causas que podem levar o ser humano a tornar-se obeso. Dessa forma, para que se possa instituir o tratamento dessa condição, é fundamental que sejam levados em conta seus aspectos etiológicos2. Nessa linha de pensamento, diversas classificações têm sido propostas. O Código Internacional de Doenças, na sua versão mais recente, limita-se a dividir “obesidade devida a excesso de calorias” de “obesidade induzida por drogas”3. Há outras formas de classificação. Freqüentemente divide- se a obesidade em primária e secundária; a primária implicaria em ingestão alimentar excessiva pura, e a secundária na pré-existência de alguma doença que levaria ao excesso de peso4. Também é comum a divisão em exógena e endógena ou extrínseca e intrínseca. As classificações têm como base a fisiopatogenia, em última análise, pois discriminam se o aumento de tecido adiposo deve-se à alimentação excessiva ou a outros fatores que levam ao acúmulo de gordura. Parece-nos que há necessidade de classificação mais abrangente e específica, pois há recentes descobertas quanto à fisiopatogenia, que deveriam ser levadas em consideração. Podem ser destacadas: 1 - a importância crescente que se tem dado à resistência periférica à insulina5; 2 - a descoberta de dezenas de genes ligados, direta ou indiretamente, ao aumento do tecido adiposo6,7; e 3 - a ação de hormônios, especialmente a leptina8. Um indicativo da possível necessidade de uma nova conceituação e classificação da obesidade é o grande insucesso do tratamento tradicional da doença, mesmo nos melhores centros pediátricos9. No tratamento da obesidade, freqüentemente se pode observar que algumas crianças apresentam excelente resposta enquanto outras, sujeitas à mesma abordagem, evoluem de maneira insatisfatória. Mesmo considerando-se as diferenças individuais na aderência ao tratamento, torna-se cada vez mais evidente para os clínicos e pesquisadores o fato de que a obesidade não deve ser tratada como uma doença única. Na verdade, parece hoje indiscutível de que se trata de um quadro sindrômico, em que a manifestação comum é o acúmulo de tecido gorduroso10. Dessa forma, é fundamental que se busquemparâmetros clínicos e laboratoriais que permitam o agrupamento dos casos semelhantes, a fim de que o tratamento possa ser o mais indi- vidualizado possível11. A organização dos conhecimentos em classificações estará sempre sujeita a críticas, uma vez que os critérios são combinações de parâmetros clínicos e laboratoriais imperfeitos ainda. O presente artigo propõe uma classificação da obesidade na infância que possa ser utilizada clinicamente, fornecendo subsídios para auxiliar a instituição do tratamento. Foi delineada a partir da experiência dos autores na condução dos casos de obesidade infanto-juvenil no Centro de Estudos em Saúde e Nutrição Infanto-juvenil da Universidade de Ribeirão Preto (CESNI), em consonância com as evidências científicas nacionais e internacionais das bases de dados MEDLINE, Lilacs e SCIelo. Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 259 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. Descrição da classificação A proposta de classificação apresentada no presente texto está sumarizada na Figura 1. Tem como objetivo principal contribuir com a conscientização de pediatras e nutrólogos para a importância de se atender a criança obesa de forma individual, buscando-se as peculiaridades de cada caso e o adequado direcionamento do tratamento. O primeiro parâmetro utilizado para a classificação dos obesos leva em conta à presença de resistência periférica à insulina (RPI). É conhecido o fato de que o indivíduo obeso quase sempre acaba apresentando algum grau de RPI, independentemente da causa que o tenha levado a desenvolver a obesidade12. A experiência clínica, entretanto, mostra que os indicadores clínicos e laboratoriais, o prognóstico e, principalmente, os resultados do tratamento são quase sempre diferentes, entre os grupos com e sem RPI13,14. Essa divisão inicial não tem por objetivo estabelecer uma idéia de relação causa-consequência, mas de valorizar a RPI, que deve ser investigada no obeso. Quando presente, a RPI, implica em abordagem diferenciada no tratamento. Para efeito de classificação, definiu-se como Obesidade Metabólica aqueles casos em que se observa RPI. Para os outros casos, utilizaram-se as terminologias Obesidade Alimentar (Somática e Psicossomática), Obesidade Induzida (Neurológica, Endocrinológica e Farmacológica) e Obesidade Sindrômica. A seguir, são descritas as principais características de cada uma destas categorias de obesos. 1. Obesidade Metabólica Descrição: quadro caracterizado por obesidade importante em que o componente principal não é a ingestão alimentar excessiva mas sim o distúrbio metabólico de base (RPI), que atua na gênese e/ou na manutenção do quadro. Quadro Clínico: há história pessoal de obesidade de longa data, contínua e crescente. Dificuldade para emagrecer apesar da ingestão alimentar geralmente reduzida frente ao esperado, levando-se em conta o excesso de peso. Presença de antecedentes familiares de diabetes mellitus tipo 2, doença coronariana, hipertensão arterial e acidente vascular cerebral. O exame físico mostra fácies “obesa”, presença de acantose nigricans, estrias freqüentes, sinais de precocidade puberal, pressão arterial elevada e obesidade importante, generalizada, mais pronunciada no abdome. Esse acúmulo de gordura abdominal tem sido considerado importante, na medida em que estudos recentes mostram uma tendência secular de aumento da circunferência abdominal em crianças, mais Figura 1 Sobrepeso e obesidade (IMC > Percentil 85) Sem Resistência Insulínica Obesidade Metabólica Obesidade Alimentar Obesidade Induzida Obesidade Sindrômica Endocrinológica Neurológica Por fármacos Hipotiroidismo Hipercortisolismo Deficiência de GH Hipoparatireoidismo S.O.M.P., etc. Lesões do SNC: Tumores Hemorragias Traumas, etc. Corticóides Psicotrópicos, etc. Prader-Willi Cohen Down, etc. Somática Psicossomática SedentarismoMaus hábitos alimentares Fraco vínculo Compensação Compulsão, etc. Com Resistência Insulínica Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 260 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. pronunciada que a observada para o índice de massa corporal15 . Nas meninas, deve-se sempre considerar a possibilidade de síndrome dos ovários micropolicísticos (SOMP), em que podem ser encontrados também distúrbios menstruais, acne, alopecia e hirsutismo. Estatura: durante a infância geralmente é elevada, tendendo a apresentar desaceleração precoce, com estatura final baixa ou similar ao padrão familiar. Perfil lipídico: quase sempre alterado, sendo a hipertrigliceridemia o distúrbio mais freqüente. Também são muito comuns os aumentos de colesterol total e LDL, sendo reduzidos os valores de HDL. Avaliação da homeostase metabólica (HOMA): a presença de RPI, no CESNI, é avaliada através da relação entre a glicemia e a insulinemia de jejum, com a utilização do modelo matemático sugerido por Matthews e colaboradores em 198516. Este indicador é, hoje, amplamente utilizado, com a denominação de Homeostasis Model Assessment (HOMA), em que se calcula o produto da glicemia de jejum (em mmol por litro) pela insulinemia de jejum (em U/ml), dividindo- se o resultado por 22,5. Existem outras equações derivadas do mesmo princípio, que são menos utilizadas17,18. Diversos estudos têm mostrado a boa correlação entre os resultados obtidos pelo HOMA e pelo clamp test, aceito como padrão ouro para a medida da RPI19. Mesmo considerando-se a ausência, até a presente data, de valores de referência para o HOMA no decorrer da infância e adolescência, um estudo desenvolvido recentemente por nosso grupo mostrou que, possivelmente, valores superiores a 3,3 sejam sugestivos de RPI20. Barja e colaboradores21 sugerem que se utilize 3,8 como ponto de corte. Obtiveram esse valor acrescentando 3 desvios padrões ao valor médio de HOMA, para uma amostra de crianças eutróficas. O estabelecimento do HOMA normal para a adolescência deve ser feito com cuidado. Isto se deve a algum grau de RPI, fisiológica, que pode ser observada durante o estirão da puberdade. Sendo assim, nos adolescentes em fase de estirão possivelmente serão maiores os valores normais de HOMA. Resposta à dietoterapia: insatisfatória, sendo que pequenas perdas, quando obtidas, são raramente mantidas ao longo do tempo. Os pacientes referem grande dificuldade em restringir a ingestão calórica, sendo comum a queixa de sintomas sugestivos de hipoglicemia durante o tratamento. Tratamento: além das medidas clássicas, recomendadas adiante para a Obesidade Alimentar, em alguns casos mais resistentes pode-se indicar a farmacoterapia, como estratégia para melhorar a sensibilidade à insulina22. A atividade física é fundamental para a obtenção de sucesso porque, independentemente do aumento no gasto energético, há redução da RPI devido à maior atividade da massa magra12. 2. Obesidade Alimentar Somática Descrição: quadro eminentemente alimentar, em que o excesso de tecido adiposo deve-se ao elevado consumo de calorias frente aos gastos de energia. Quadro clínico: há uma história de consumo alimentar excessivo e de sedentarismo. São evidentes os maus hábitos alimentares, como abuso de óleo, açúcar e sal no preparo dos alimentos, ausência de horários para as refeições, e a simultaneidade da alimentação com outras atividades, como assistir à televisão, passeios e reuniões sociais. O inquérito alimentar quase sempre revela o consumo calórico excessivo. Nos antecedentes, o quadro tem início a partir de um momento e um fator desencadeante, freqüentemente bem determinados. Ao exame físico, a criança apresenta fácies de “boa saúde”, não se encontrando outros sinais além do panículo adiposo aumentado. O tecido adiposo está em geral bem distribuído, por vezes mais concentrado no abdome. Raramente estão presentes as estrias.A pressão arterial é normal ou pouco elevada. Estatura: pouco elevada ou seguindo o canal familiar. Perfil lipídico: quase sempre dentro da normalidade, ocorrendo, nos casos mais graves, pequenos aumentos nos valores de colesterol ou triglicerídeos, que rapidamente respondem à dietoterapia. HOMA: valores baixos, habitualmente menores que 3,3. Naqueles casos em que há grande excesso de tecido adiposo, encontram-se valores maiores, que imediatamente tem redução quando se inicia a dietoterapia. Resposta à dietoterapia: quando ocorre boa aderência, observa-se sempre uma redução nos valores do IMC. Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 261 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. Tratamento: é clássico, com associação de dieta hipocalórica, reeducação alimentar e aumento da atividade física. Naqueles casos mais graves, há comorbidades presentes, especialmente em adolescentes acima de 16 anos, pode ser necessário o uso adicional de medicações como a sibutramina23 ou o orlistat24. Para otimizar os resultados, o apoio psicológico é sempre indicado, especialmente naqueles casos em que distúrbios comportamentais sejam observados. Quando presentes, é necessário o tratamento simultâneo das morbidades associadas. 3. Obesidade Alimentar Psicossomática Descrição: o excesso de tecido adiposo deve-se à ingestão alimentar com elevado teor calórico frente ao gasto de energia, em decorrência de questões emocionais. Os principais aspectos psicológicos envolvidos nestes casos de obesidade são do início da vida. Normalmente, a mãe ou a pessoa que cuida do bebê, ao fornecerem o alimento, supre não somente as necessidades fisiológicas, mas também outras, emocionais. Estas constam de atenção, cuidado, e carinho, que indicam amor e afeto pela criança. A presença da mãe, sua disponibilidade no momento da alimentação/amamentação, a tranqüilidade e controle emocional, são fundamentais neste aspecto. A mãe deve adquirir sensibilidade suficiente para discriminar os diferentes desconfortos do bebê. Esta aprendizagem é influenciada por características da mãe e do bebê, e por condições ambientais que dão contexto à interação. Ao deparar-se com dificuldades em diferenciar as necessidades de seu filho, a mãe pode fazer uso inadequado da alimentação, por descuido, excesso de atenção, culpa, medo ou ainda por ansiedade. Há utilização do alimento de forma indiscriminada, a qualquer sinal de desconforto manifestado pela criança. Diante disso, o bebê, que ainda é psicologicamente imaturo, experimenta um estado de confusão que dificulta a diferenciação entre fome e outras necessidades biológicas e afetivas. Em etapas posteriores da vida, isto pode levar a hábitos alimentares inadequados, aprendidos na tenra infância, e que favorecem o desenvolvimento da obesidade25. Um outro fator que pode estar associado ao ganho de peso desde a infância, diz respeito ao uso de mamadeiras. Esta forma de alimentação, além de não favorecer a proximidade e satisfação geralmente obtida com a amamentação, pode levar a um aumento no consumo de leite e outras bebidas. As mães, por razões emocionais, tendem a querer que o filho tome todo o leite preparado, o que, muitas vezes, leva à superalimentação e pode ter implicações no comportamento alimentar futuro, com o conseqüente aumento no peso da criança26. Quadro clínico: na anamnese, é relevante a história de vida da criança, incluindo questões relativas a: gestação, parto, desenvolvimento neuropsicomotor, relacionamento familiar e social, bem como aspectos relativos à alimentação da criança desde o seu nascimento. Importante, também, é a avaliação dos aspectos ligados ao vínculo estabelecido entre a criança, a mãe e a família27. O exame físico revela-se semelhante à Obesidade Alimentar Somática, podendo haver, entretanto, sinais de ansiedade e depressão, bem como prejuízos importantes na percepção da auto-imagem. Estatura: pouco elevada ou seguindo o canal de crescimento familiar. Perfil lipídico: quase sempre dentro da normalidade, podendo ser observado, nos casos mais severos, pequenos aumentos nos valores de colesterol ou triglicerídeos. Estes, rapidamente têm redução frente a um tratamento bem sucedido. HOMA: valores baixos, habitualmente menores que 3,3. Naqueles casos em que há grande excesso de tecido adiposo encontram-se valores maiores, que rapidamente decrescem quando se inicia a dietoterapia associada à psicoterapia. Resposta à dietoterapia: insatisfatória, pois em estados emocionais diversos tendem a buscar a comida, como uma forma de alívio à tensão. Tratamento: além do tratamento clássico proposto para Obesidade Alimentar Somática, deve ser feita psicoterapia do paciente, e freqüentemente de familiares, buscando fortalecer o vínculo criança- família. A farmacoterapia não deve ser descartada, desde que prescrita e monitorada por profissional especializado. 4. Obesidade Induzida Neurológica Descrição: quadro resultante de lesão do núcleo ventromedial do hipotálamo, com perda da regulação fisiológica do sistema fome-saciedade; há hiperfagia, queda na taxa metabólica, descontrole autonômico e deficiência de hormônio de crescimento28. Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 262 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. Quadro clínico: a anamnese revela a ocorrência de doença neurológica adquirida, como hemorragia intracraniana neonatal, trauma, neoplasia, e/ou tratamento que levou à lesão do sistema nervoso central, como cirurgia e radioterapia. As alterações no exame físico dependem da extensão da lesão neurológica que pode afetar simultaneamente diferentes áreas do sistema nervoso central. Em relação à obesidade, o mais comum é a presença de IMC bastante elevado, resultado da ingestão de grandes quantidades de alimento; o comer é compulsivo, devido à falta da saciedade, a principal característica desse tipo de obesidade. Estatura: acompanha o padrão familiar ou é pouco mais elevada, quando a lesão é de instalação tardia (segue o padrão da Obesidade Alimentar); ou é maior durante a infância tendendo a apresentar desaceleração precoce com estatura final baixa ou no canal familiar, quando é de instalação precoce (à semelhança da Obesidade Metabólica). Perfil lipídico: normal ou discretamente alterado. HOMA: baixo, podendo elevar-se paulatinamente com o agravar da obesidade. Resposta à dietoterapia: em geral é bastante insatisfatória, devido à dificuldade de obter-se a melhora do quadro neurológico e, conseqüentemente, no padrão alimentar. Tratamento: além do tratamento clássico, é bastante difícil a abordagem específica do distúrbio neurológico primário. Em alguns casos, o comportamento compulsivo pode ser diminuído através de farmacoterapia29; quando há deficiência de hormônio de crescimento, é recomendada a reposição28. 5. Obesidade Induzida Endocrinológica Descrição: devido a doenças endocrinológicas como o hipotireoidismo, hipercortisolismo, hipoparatireoidismo e deficiência de hormônio de crescimento. O quadro clínico depende da doença de base, mas um dos principais dados é a presença de baixa estatura, comum à maior parte das doenças endocrinológicas que cursam com obesidade1 . Quadro clínico: habitualmente a obesidade aparece como o primeiro sintoma a levar a família a procurar ajuda para doença endocrinológica não reconhecida. Nesses casos, é de extrema importância que o clínico esteja atento à história, levando em conta uma série de sintomas que podem revelar o distúrbio de base. É incomum o diagnóstico prévio da doença endocrinológica, quando a associação com a obesidade é facilitada. Nos casos de hipotireoidismo, pode-se encontrar mixedema, atraso da idade óssea, letargia, pele seca, bradicardia e bradipnéia30. O hipercortisolismo leva a hirsutismo, fácies de lua cheia, distribuição centrípetada adiposidade, estrias, acne, pletora, osteoporose e masculinização31. O hipoparatireoidismo cursa com anormalidades dentárias, pele seca, unhas quebradiças e tetania32. Na deficiência de hormônio de crescimento a baixa estatura é muito evidente e há redução na velocidade de crescimento33. A SOMP foi incluída no tópico “Obesidade Metabólica”, por apresentar freqüen- temente RPI e hiperinsulinismo, mais do que distúrbios primariamente hormonais34-35. É doença exclusiva de meninas34. Estatura: geralmente abaixo do canal familiar. Perfil lipídico: depende em parte da doença de base. Quando a obesidade é muito grave, entretanto, o aumento do colesterol e triglicerídeos são encontrados. HOMA: em geral baixo, podendo elevar-se quando a obesidade torna-se mais grave. Resposta à dietoterapia: quando a doença de base é tratada simultaneamente, a resposta é satisfatória. Tratamento: deve ser dirigido primordialmente à doença endócrina de base, com reposição hormonal nos casos de hipotireoidismo e deficiência de hormônio de crescimento. O controle do hipercortisolismo depende da etilogia, podendo ser cirúrgico nos casos dos tumores. 6. Obesidade Induzida Farmacológica Descrição: quadro desencadeado e/ou mantido pela utilização de fármacos que podem atuar aumentando a fome, agravando a resistência insulínica, aumentando a deposição de gordura ou reduzindo o metabolismo basal. Quadro clínico: a anamnese revela a relação Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 263 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. entre o uso do fármaco e o surgimento ou o agravamento da obesidade. Os mais envolvidos são: corticóides, antipsicóticos (valproato de sódio, olanzapina, risperidona, quetiapina, clorpromazina), antidepressivos (amitripitilina, tricíclicos e inibidores da monoamino oxidase), estabilizadores do humor (carbonato de lítio, ácido valpróico e carbamazepina), sulfoniluréia, alguns antineoplásicos e estrógenos36,37. No exame físico podem ser, eventualmente, observados sinais relativos à doença que levou à utilização do fármaco. Em geral, obedece ao padrão da obesidade alimentar. Estatura: no canal familiar. Perfil lipídico: normal ou discretamente alterado. HOMA: em geral baixo, mas pode elevar-se quando a obesidade fica acentuada. Resposta à dietoterapia: a resposta é boa quando o fármaco é suspenso ou substituído. Tratamento: a suspensão ou substituição do fármaco implicado está sempre indicada, apesar de não ser sempre possível. Em seguida, é necessária a instituição do tratamento clássico, pois, em geral, a obesidade instalada não regride espontaneamente. 7. Obesidade Induzida Sindrômica Descrição: a obesidade acompanha uma síndrome congênita. Podem-se considerar dois grupos. No primeiro, a obesidade é parte do quadro clínico principal do paciente, como nas síndromes de Prader- Willi, Cohen, Alstrom, Bardet-Biedl, Borjeson- Forssman-Lchmann, Beckwith-Wiedemann, entre outras6. Um outro grupo é o das síndromes onde a obesidade é uma complicação comum, tendo como exemplo clássico a síndrome de Down. Quadro clínico: observam-se malformações congênitas de variado grau, dismorfias faciais, distúrbio de crescimento (hiper ou hipocrescimento), atraso de desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência mental, história familiar para problemas semelhantes (embora ocorram casos esporádicos), e consangüinidade. A história do excesso de peso pode ter início desde o período neonatal (onde devem ser avaliadas as síndromes de hipercrescimento) ou aparecer com o avançar da idade. No exame físico, encontram-se malformações graves e/ou leves, dismorfias faciais, baixa ou alta estatura e alterações neurológicas. No caso específico da Síndrome de Prader-Willi, que pode ser considerada como o principal modelo de Obesidade Sindrômica, encontra-se hipotonia e dificuldade de alimentação no primeiro ano de vida e, posteriormente, aparecem o hipogonadismo, retardo mental, redução na velocidade de crescimento e hiperfagia intensa38. Estatura: pode ser variada, de pequena a elevada. Perfil lipídico: normal ou alterado. HOMA: em geral baixo, podendo ter elevação quando a obesidade torna-se mais grave. Resposta à dietoterapia: o controle pode ser difícil, quando da presença de hiperfagia de causa central (como na síndrome de Prader-Willi) e nos casos de hipotonia/hipoatividade (como na síndrome de Down), que pode ter reduzido gasto calórico. A deficiência mental pode interferir no controle da dieta. Tratamento: na maioria das vezes, a doença de base não pode ser curada. A abordagem da obesidade deve ser feita por educação do paciente e da família, restrição dietética, exercícios físicos e, eventualmente, medicamentos que, em geral, tem pouca efetividade. Considerações finais Uma possível crítica à classificação apresentada está no fato de partir da presença ou ausência de RPI. Esse fato leva seguramente a alguns problemas. O primeiro refere-se ao fato de que essa definição implica eventualmente em abordagem laboratorial cara e nem sempre disponível, tornando difícil sua utilização no atendimento primário. Por outro lado, as características clínicas da Obesidade Metabólica, descritas acima, permitem muitas vezes que se faça o diagnóstico de alta probabilidade, especialmente se estiverem presentes o componente familiar, a adiposidade abdominal e a acantose nigricans15,39. A tabela 1 apresenta as principais características clínicas que permitem, geralmente, diferenciar a Obesidade Alimentar e a Obesidade Metabólica. Outro problema da classificação deve-se ao fato de que ainda persiste uma grande dúvida na literatura cientifica sobre o papel da RPI, havendo tanto demonstrações de que ela antecede a obesidade como de que ela é apenas mais uma conseqüência dessa Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 264 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. condição40,41. Também se discute se o hiperinsulinismo (principal responsável pela elevação do HOMA) é uma conseqüência da RPI, como tradicionalmente se acredita, ou se ele antecede os demais eventos42. A favor da valorização da RPI na obesidade, e na classificação proposta, está o fato de que, independentemente da seqüência de eventos, a presença de RPI implica em obesidade de difícil tratamento, e elevado risco de doenças como diabetes e aterosclerose43. No mesmo sentido, o aumento dos casos de diabetes não insulino dependente entre crianças44, e o conhecimento de que as doenças ligadas à aterosclerose iniciam-se precocemente45, têm valorizado o tratamento durante a infância e adolescência dos distúrbios metabólicos associados à obesidade46,47. Outra possível importância da classificação proposta é terapêutica. Uma vez detectada a RPI é provável a evolução do obeso para o diabetes mellitus tipo 2, aumento de incidência da dislipidemia, e ocorrência de outros componentes da síndrome metabólica48. A conduta terapêutica pode ser modificada, sendo que têm sido observados efeitos benéficos da farmacoterapia, especialmente do uso da metformina, como coadjuvante no tratamento de casos mais resistentes à abordagem tradicional37,49,50. Deve-se ressalvar, porém, que é possível a conversão de obesidade com resistência insulínica para quadro sem resistência insulínica e vice-versa, pois crianças com aumento importante do tecido adiposo, independentemente da causa, podem desenvolver algum grau de RPI. Por outro lado, aquelas com RPI ao diagnóstico, ao perderem um pouco do peso podem tornar-se sensíveis à insulina, mesmo estando, ainda, obesas. A SOMP, nesse particular, constitui um clássico quadro de difícil classificação. Acreditava-se, a princípio, que haveria uma alteração dos hormônios do eixo hipotálamo- hipófise-ovário, mas, evidências recentes sugerem a possibilidade de uma etiologia comum entre a SOMP e a SíndromeMetabólica, revelada pela alta freqüência de RPI em mulheres portadoras desse distúrbio51. A classificação apresentada não pretende acrescentar fatos novos ao já extenso, apesar de incompleto, conhecimento sobre a obesidade na infância. Objetiva apenas organizar os conhecimentos existentes, com a finalidade principal de facilitar a tomada de conduta, reforçando a regra cada vez mais aceita de que o tratamento das doenças em geral, e da obesidade em especial, deve ser individualizado. Deve respeitar as características peculiares de cada caso e a diferente forma de apresentação de cada quadro, resultado da interação das particularidades de cada indivíduo com o meio ambiente. A detecção das informações presentes em uma anamnese completa, no exame clínico minucioso e em uma avaliação laboratorial bem indicada, permitirá que o diagnóstico, muitas vezes restrito à Tabela 1 - Características clínicas dos casos de obesidade alimentar e obesidade metabólica. Características Obesidade Alimentar Obesidade Metabólica Estatura no canal familiar Aceleração do crescimento História familiar não obrigatória evidente Fator desencadeante presente ausente Distribuição da gordura distribuição global predominante abdominal Resposta à dietoterapia rápida má Resposta ao aumento da atividade física discreta Excelente História alimentar compatível incompatível Fácies “criança que engordou” “criança obesa” Hipertensão arterial pouco freqüente muito freqüente Maturação sexual no tempo normal precoce História familiar de Diabetes Mellitus não obrigatória freqüente Ganho de peso em período determinado de longa data, contínuo e crescente Pediatria (São Paulo) 2004;26(4):257-67 265 Obesidade: proposta de classificação clínica de Almeida CAN, et al. Referências 1. Damiani D, Carvalho DP, Oliveira RG. Obesidade. In: Setian N. Endocrinologia pediátrica. 2ª ed. São Paulo: Sarvier; 2002. p.567-82. 2. Kopelman PG. Obesity as a medical problem. 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