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Seguridade Social: saúde, previdência e assistência social. Conforme definição da Constituição Federal de 1988 significa: “Conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. (art.) (BRASIL, 1988). O conjunto dos direitos destas três políticas sociais, sendo a previdência social, saúde e assistência social, constitui a Política de Seguridade Social. Estas políticas têm como objetivo o amparo aos cidadãos brasileiros em momentos de dificuldades, especialmente em momentos de nascimento, morte, doenças e desempregos. Este tripé, considerando que são três políticas sociais, constituiu-se com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que trouxe novas concepções sobre a proteção social no país, ampliando a compreensão do direito contributivo e implantando o direito universal a todos os cidadãos brasileiros. A compreensão do direito universal provocou algumas confusões, pois no sistema da Seguridade Social temos o direito contributivo e o direito universal. Os direitos que estão garantidos atualmente foram duramente conquistados pelos trabalhadores, com muita organização e mobilização ao longo do século XX, especialmente a partir de 1923. O Serviço social surgiu na década de 30 do século passado, ou seja, este ano de 2015 estamos fazendo 80 anos de profissão. Mas foi com o fortalecimento da seguridade social que se abriram os maiores campos de atuação desta categoria. Vale destacar que os maiores campos de trabalho do assistente social encontram-se na Política de Seguridade Social, como por exemplo, os hospitais, Centro de Apoio Psicossocial – CAPS da Política de Saúde, os Centros de Referência de Assistência Social – CRAS e Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS da Política de Assistência Social. É muito simples, Seguridade Social é o conjunto de políticas sociais formado pelas políticas sociais de previdência, assistência social e saúde, define-se na Constituição Federal, “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. (art. 194) (BRASIL, 1988) Essas três políticas juntas têm a função da segurança social, ou seja, de assistir, proteger o cidadão e sua família em momentos como a velhice, doenças, nascimentos e desempregos. Caso um destes eventos vier acontecer, a seguridade social deve estar preparada para atender e proteger o cidadão e ou sua família. Resgate da história da construção da proteção social que culminou na seguridade social O que temos referente à seguridade social no Brasil da atualidade é resultado de uma evolução histórica. A seguridade social, nos moldes de hoje, foi instituída no Brasil com a Constituição Federal de 1988 que responsabilizou o Estado pela proteção social a todo cidadão brasileiro, não apenas aos aparados pelo sistema previdenciário pautado por carteira de trabalho e/ou vínculo empregatício formal. Este marco histórico representa as conquistas dos direitos sociais na perspectiva de evoluir para uma sociedade mais justa e igualitária, ou menos injusta e menos desigual. O conjunto destes direitos de proteção é conquista recente na história do Brasil. Registrado na Constituição Federal de 1988, onde foi reservado importante espaço à regulamentação da seguridade social, denominado de Ordem Social, entre os artigos 194 a 204. Nestes artigos são determinadas as políticas sociais que compõem o sistema da Seguridade Social e as responsabilidades no desenvolvimento das ações sejam tanto de responsabilidade dos poderes públicos como da sociedade, ou seja, a responsabilidade não é apenas e exclusiva do Estado, mas de todos. Política de Previdência Social Desde a criação da previdência social, foram muitas as alterações desde grau de cobertura dos benefícios, conceitos, à estrutura de funcionamento, financiamento, critérios e os beneficiários. Para entendermos o modelo previdenciário que temos atualmente, é necessário e importante o conhecimento da trajetória histórica da construção desta política, por isso procuramos identificar nesta parte da unidade os principais acontecimentos que marcaram esta política social. Vamos começar destacando que a previdência social é um dos direitos sociais - considerados fundamentais para o ser humano – registrado no artigo 6º da Constituição Federal de 1988, juntamente com outros direitos. “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988). É muito comum a confusão de seguridade social ser a mesma coisa que previdência social. Não é.A previdência é uma das três políticas que compõe a seguridade social. A previdência social é a mais antiga das três. Temos como importante marco para o desenvolvimento da Política de Previdência Social no Brasil o Decreto nº 4.682 de janeiro de 1923, mais conhecida como Lei Eloy Chaves de 1923. Levou o nome do autor do projeto. Esta iniciativa não foi a primeira no Brasil no que refere à proteção ao trabalhador, mas é ela que é considerada a base do sistema previdenciário no Brasil. A lei estabelecia a criação da Caixa de Aposentaria e Pensões, a CAPs em cada empresa. Mas esta CAPs era para todos os trabalhadores? Não. Esta lei beneficiava, no primeiro momento, apenas os trabalhadores das empresas ferroviárias. Entretanto, a mobilização dos trabalhadores em torno da elaboração e aprovação desta legislação abriu precedentes para que outras categorias profissionais também se mobilizarem para a conquista desses direitos, especialmente os telegráficos, mineradores, portuários etc. Como funcionavam as CAPs? O Poder Público/Estado era responsável pela regulamentação, ou seja, a criação de normativas que estabeleciam o funcionamento, uma cota financeira era de responsabilidade do empregador e a outra do empregado. Vale destacar que a administração era da empresa. Até o final da década de 20 ampliou-se o número de categorias profissionais que conquistaram a implantação das CAPs, lembrando, era por empresa, cada empresa deveria ter a sua. Este modelo funcionou até 1933 quando foi substituído pelo Instituto de Aposentadoria e Pensão, o IAP. No início do Governo de Getúlio Vargas – 1930 – a organização passou a ser não mais por empresa, mas por categoria profissional. Assim inicia o processo de implantação dos Institutos de Aposentadoria e Pensão – IAPs. Uma das grandes diferenças em relação ao sistema anterior foi à forma da gestão destes institutos que passou a ser estatal. A nomeação dos presidentes era de responsabilidade do Governo, ou seja, uma pessoa de confiança do Estado, desta forma o governo tinha voz ativa na administração, exercendo seu caráter centralizador. O Estado também passa, neste momento, a participar do financiamento do fundo dos IAPs. As contribuições passaram a ser tripartite, sendo uma parte do empregador, outra dos trabalhadores (como era antes) e uma terceira parte do Governo. As categorias dos trabalhadores marítimos inauguraram este modelo e logo em seguida as dos comerciários e bancários. Os IAPs passaram a incluir mais categorias de trabalhadores, mas ainda deixarm excluídos os trabalhadores rurais e empregados domésticos. Essas categorias não tinham ainda uma organização para a mobilização e reivindicação de direitos. Este modelo ampliou a cobertura de benefícios como, por exemplo, os problemas de saúde provocados no exercíciodo trabalho. Algumas categorias passaram a ter direito a financiamento de moradias. O modelo dos IAPs perdurou até a década de 60 do século XX. Após 13 anos de debates sobre este assunto, aprovou-se a Lei Orgânica da Previdência Social –LOPS. Em consequência da LOPS padronizou-se os benefícios previdenciários, a forma de custeio e a estrutura administrativa. Em 1966 centralizou-se todos os Institutos de Aposentadoria e Pensão em um único instituto, agora denominado de Instituto Nacional de Previdência Social – INPS. A previdência social enquanto política social é resultado do processo histórico, normatizados por meio das leis, decretos e resoluções. Um dos marcos desta política foi a Lei Orgânica da Previdência Social, nº 3.807, de 26 de agosto de 1960. O novo Instituto reconheceu como beneficiários da Previdência Social todos os trabalhadores urbanos, desde que com carteira profissional assinada por algum empregador. Todos os benefícios dos diferentes IAPs foram unificados, ou seja, os benefícios eram para além da aposentadoria e pensão. Um dos benefícios incorporados e de direito de todos os trabalhadores (de carteira assinada) foi a assistência médica. Para acessar os serviços da assistência médica, era necessário que o trabalhador comprovasse seu vínculo empregatício e a sua condição de contribuinte da previdência social. O documento exigido era a ‘carteirinha do INPS’. Com a unificação de todos os Institutos de Aposentadoria e Pensão em um único, sendo Instituto Nacional de Previdência Social – INPS –, provocou o aumento expressivo de contribuintes, logo de beneficiários. Foi neste contexto que o Governo estabeleceu convênios com médicos e hospitais particulares. O convênio previa o pagamento dos serviços realizados. Polignano (2015) afirma que esta forma de gestão gerou o aumento expressivo no consumo de medicamentos e aparelhamento médico-hospitalares, dando origem a um sistema médico industrial. Diante do crescimento do INPS e com ele a sua complexidade, foi necessária a criação de mais outra estrutura, sendo o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, o INAMPS. A estrutura do INAMPS era exclusiva para o atendimento médico aos beneficiários do INPS, dispunha de estabelecimentos de atendimentos próprios, entretanto a maioria dos atendimentos ainda era realizada pela rede privada, onde o Governo pagava por procedimentos realizados. Este modelo reforçou a lógica do cuidado das enfermidades, assim não havia ações que proporcionassem saúde, de forma preventiva, para que evitassem os problemas com as doenças. Foi neste interim que surge o movimento pela Reforma Sanitária, organizado por trabalhadores da área, estudantes e usuários dos serviços indignados sobre a dramática situação da saúde no país. Assunto que trataremos logo mais. Foram muitos os movimentos sociais desencadeado na década de 70 e 80 do século XX. O Brasil e outros países da América Latina ficaram famosos com as manifestações dos movimentos sociais de oposição aos regimes militares e, especialmente no Brasil, por melhores condições de vida e de trabalho. É inegável que as mobilizações, manifestações e organizações dos movimentos contribuíram decididamente para a conquista de novos direitos que foram reconhecidos pela Constituição de 1988. Previdência Social na Constituição Federal de 1988 As conquistas obtidas na Constituição Federal de 1988 iniciaram muito antes de sua promulgação. As organizações populares, representadas pelos movimentos sociais, incluíram as demandas sociais no período de transição da ditadura militar para a democracia no início da década de 80. A Constituição Federal de 1988 foi considerada como Constituição Cidadã por ser a mais completa, destacando os direitos e condições para o acesso à cidadania. Foi neste documento legal que aparece pela primeira vez o reconhecimento universal dos direitos essenciais para a vida com dignidade. No que se refere à previdência social, assegurou a todos os trabalhadores e seus dependentes, enquanto um direito social fundamental, a garantia de recursos em momentos em que estarão impossibilitados de trabalhar, como em caso de velhice, doença, morte, nascimento e outros. No entanto, este direito está condicionado à prévia contribuição previdenciária, ou seja, o direito não é para todos os trabalhadores, mas para os trabalhadores que contribuíram para a previdência social, tanto aquele que tem o registro na Carteira de Trabalho ou o que paga de forma autônoma. Estes, apenas estes, podem acessar os benefícios previdenciários que trataremos em aula atividade. A gestão da Previdência Social, no que se refere ao Regime Geral, é de responsabilidade do Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS. O INSS foi criado em 1990 em substituição ao INPS. Como é o financiamento da Previdência Social no Brasil após a Constituição? O financiamento continua sendo tripartite, como era no sistema anterior ao INSS. Todo trabalhador que tem sua carteira de trabalho assinado por um patrão já está automaticamente filiado à previdência social, dele será descontado um percentual em seu salário que varia de 8 a 11%, conforme o rendimento. O patrão faz o pagamento, em forma de recolhimento, conforme a folha de pagamento total, em média 20%. Quanto ao governo cabe o suprimento quando há incapacidades financeiras no pagamento dos benefícios. Vale destacar que a Constituição Federal de 1988 alterou de forma expressiva o sistema previdenciário. Uma das grandes mudanças foi a unificação dos regimes urbano e rural. Além disso, inovou a previdência social como direito social e consagrou na dimensão da seguridade social brasileira. Regimes Previdenciários A Previdência Social no Brasil tem três formatos, ou seja, três regimes. Cada um tem suas características próprias e são autônomos com legislações específicas: Regime Geral de Previdência Social (RGPS): O mais conhecido e o maior é o Regime Geral de Previdência Social – RGPS. É administrado pelo Ministério da Previdência Social e seus benefícios executados pelo INSS, sendo este o maior órgão do MPS. O que isso quer dizer? Quer dizer que a gestão é estatal, é do Estado. Este sistema tem filiação obrigatória e caráter contributivo, ou seja, os trabalhadores assalariados têm a obrigação de filiação na Previdência Social do Ministério da Previdência e ainda deve pagar sua contribuição para acessar aos benefícios. Além dos trabalhadores assalariados, encontram-se neste regime os empregadores, domésticos, autônomos, contribuintes individuais e os trabalhadores rurais. Este sistema acoberta a idade avançada, a incapacidade para o trabalho temporário e ou permanente, a morte, a maternidade e a prisão. Regime Próprio de Previdência Social (RPPS): Este regime também é de filiação e contribuição obrigatórias. Mas é para todos os trabalhadores? Não. Este Regime não é para todos os trabalhadores. Como o nome já diz “Regime Próprio”, próprio para os servidores públicos, tanto os titulares de cargos efetivos das instâncias federais, como dos Estados, Distrito Federal e Municípios. As orientações, supervisões, controle e fiscalização também são executados e de responsabilidade do Ministério da Previdência Social – MPS, como acontece no RGPS, bem como, tem como finalidade criar as condições e garantia do pagamento dos benefícios previdenciários dos segurados e seus dependentes. Regime de Previdência Complementar: Como o nome já diz... é complementar. Esta previdência é um benefício opcional e voluntário que oferece um seguro suplementar. Os benefícios dos regimes geral e próprios têm estabelecidos limites máximos para os benefícios, independente dos valores e salários pagos ao longoda vida. Por isso, e por outros motivos, muitas pessoas que têm condições de pagar, buscam o recurso da Previdência Complementar. No Brasil, há dois modelos de Previdência Complementar, sendo: Previdência Complementar Fechada: ofertadas por organizações, tanto por empresas públicas ou privadas que disponibilizam aos seus trabalhadores como por organizações de classe que oferecem aos seus associados. Previdência Complementar Aberta: ofertada e comercializada por organizações financeiras e também por pessoa física. A Previdência Complementar também segue e deve respeitar as regulamentações. No caso da previdência aberta, é fiscalizada pelos órgãos do Ministério da Fazenda e a previdência fechada é fiscalizada pelos órgãos do Ministério da Previdência Social e pelo Conselho de Gestão da Previdência. Resumo: A história da proteção social no Brasil, iniciada com a Lei Eloy Chaves em 1923 até a Constituição Federal de 1988, com a consagração da seguridade social composta pelas políticas sociais de previdência, saúde e assistência social. A Previdência Social é de extrema relevância para os trabalhadores, mesmo tendo a restrição da contribuição. É por meio do acesso aos benefícios que os trabalhadores mantêm-se consumindo e mantendo a si e sua família. É possível observar que a construção desta política ainda não concluiu e não será concluída, pois, a sociedade está em constantes mudanças e as formas de proteção devem acompanhar. Vale destacar que a participação dos trabalhadores foi fundamental para a construção das políticas sociais, bem como, é fundamental a continuidade da reflexão, debate e participação de toda sociedade para que as garantias das condições de vida e de trabalho sejam protegidas e ampliadas.
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