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Lâminas de serra

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LÂMINAS DE SERRA 
 
 
Prof. Elio José Santini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTA MARIA – RS 
2007 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
2 
SUMÁRIO 
 
Elio José Santini1 
 
 
LÂMINAS DE SERRA 
 
1. PERFIL DOS DENTES 
2. PRINCIPAIS FORMATOS DE DENTE 
3. ELEMENTOS DOS DENTES DE SERRA 
3.1. Altura do dente 
3.2. Passo do dente 
3.3. Garganta do dente 
3.4. Ângulo de incidência 
3.5. Ângulo de afiação 
3.6. Ângulo de gancho 
4. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS LÂMINAS 
4.1. Travamento 
4.1.1. Travamento por torção 
4.1.2. Travamento por recalque 
4.2. Afiamento 
4.2.1. Afiação com rebolo de esmeril 
4.2.2. Afiação com limas 
4.3. Tensionamento e desempenamento 
4.3.1. Serra de fita 
4.3.2. Serra circular 
4.3.3. Serra alternativa de quadro 
4.4. Soldagem da lâmina de serra-fita 
5. APLICAÇÕES DE REFORÇOS NOS DENTES DE SERRA 
5.1. Revestimento com estelita 
5.2. Pastilha de carbeto ou carboneto 
 
TECNOLOGIA DE CORTE: VARIÁVEIS ENVOLVIDAS 
 
1. Velocidade da serra 
2. Velocidade de alimentação 
3. Avanço por dente 
4. Profundidade de corte 
5. Largura de corte 
6. Volume de serragem 
7. Energia específica de corte 
8. Potência do motor da serra 
8.1. Serra de fita 
8.2. Serra circular 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
1. Engenheiro Florestal, Dr., professor da disciplina de Serraria e Secagem de Madeira do Curso de 
Engenharia Florestal do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria, Santa 
Maria – RS. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
3 
LÂMINAS DE SERRA 
 
 
 
 
1. PERFIL DOS DENTES 
 
A forma e o tamanho dos dentes de serra influem decisivamente sobre o resultado do 
corte da madeira. A escolha do formato mais adequado, que reflete no perfil do dente, é 
governada em primeira instância pelos seguintes fatores: 
 
1.1. Tipo de madeira 
 
Madeira dura e seca requer um formato de dente mais robusto. Madeira macia e madeira 
verde aceitam um dente com perfil menos robusto, resultando um maior espaço da garganta. 
 
1.2. Direção de corte 
 
Serras usadas para executar cortes transversais na madeira requerem dentes mais 
resistentes a esforços do que aquelas usadas para cortes longitudinais. 
 
1.3. Velocidade da serra 
 
Lâminas submetidas a altas velocidades geralmente são associadas ao corte de madeiras 
de coníferas e velocidades de alimentação maiores. Em razão disso, requerem uma área de 
garganta grande. 
 
1.4. Velocidade de alimentação 
 
Altas taxas de alimentação sobrecarregam os dentes, o que requer um formato de dente 
mais robusto. Mas altas velocidades de alimentação também requerem uma área de garganta 
ampla. 
 
1.5. Espessura da lâmina 
 
Uma lâmina fina requer um dente proporcionalmente mais forte do que uma lâmina 
espessa. 
 
1.6. Profundidade de corte 
 
Sob as mesmas condições, um aumento da profundidade de corte requer maior área da 
garganta. Ao mesmo tempo, contudo, a lâmina será submetida a maiores esforços, o que deve ser 
compensado pela redução da velocidade de alimentação. 
 
 
2. PRINCIPAIS FORMATOS DE DENTE 
 
Existem basicamente três formas de dente, as quais envolvem as condições gerais de 
corte da madeira, considerando-se tanto madeira verde como seca. A principal diferença entre 
elas se refere à área da garganta. Essas formas, apresentadas na Figura 1, deveriam ser mais ou 
menos modificadas de acordo com as condições reais de trabalho. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
4 
FIGURA 1 - Formas de dente para lâminas de serra-fita 
 
 
Esta forma é geralmente usada para lâminas de fita 
estreitas, ou seja, larguras de até 50 mm. É um dente 
resistente que pode ser recomendado para madeiras 
excessivamente duras. A área da garganta é 
comparativamente pequena. 
 
Esta forma tem a base do dente plana e uma área da 
garganta grande. É recomendada para madeira com 
grã grosseira e fibrosa e, geralmente, para madeira 
macia. Na opinião de especialistas de serra, a base 
plana do dente reduz os riscos de surgimento de 
fendas nesses locais. 
 
 
É a forma usual para lâminas de fita largas, 
especialmente aquelas com dentes recalcados. 
Devido a forma convexa do dorso do dente, o ângulo 
de incidência é reduzido a um mínimo. 
 
3. ELEMENTOS DOS DENTES DE SERRA 
 
Os principais elementos que compõem os dentes de serra são apresentados na Figura 2: 
 
FIGURA 2 - Principais elementos dos dentes de serra. 
 
 
 
α - ângulo de incidência δ - ângulo de gancho h - altura do dente 
β - ângulo de afiação p - passo do dente r - raio do fundo do dente 
 
 
3.1. Altura do dente (depth of gullet ou tooth height) 
 
Se refere a distância vertical entre a ponta e a base do dente. Para lâminas de serra-fita, 
seu valor deveria ser limitado a um máximo de 43% do passo do dente (ALLEN, 1975). Para 
lâminas com largura entre 100 e 200 mm, a altura do dente pode ser calculada através da 
seguinte equação: 
 
.p
e
e
0,43h
15






= Equação 01. 
 
onde, h = altura do dente, polegadas 
e = espessura da lâmina, polegadas 
e15 = espessura correspondente a 15 gauge = 0,072 polegadas = 1,8288 mm 
p = passo do dente, polegadas 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
5 
Alguns valores de altura de dente, indicados para madeira macia e madeira dura, são 
apresentados na Tabela 1. Os valores mostrados evidenciam que o passo do dente é maior nas 
serras largas do que nas estreitas, porque aquelas comumente operam a velocidades mais altas e 
estão aptas a realizar cortes mais profundos, e deste modo, necessitam gargantas mais espaçosas. 
 
TABELA 1 - Altura do dente em função do seu passo, da largura e espessura da lâmina. 
 
largura da lâmina 
(mm) 
 
 
espessura da lâmina 
(mm) 
m d 
 
passo do dente 
(mm) 
m d 
 
altura do dente 
(mm) 
m d 
101 
 
0,89 - 1,24 
 
44,4 - 25,4 
 
11,1 - 6,3 
127 
 
1,06 - 1,47 
 
44,4 - 38,1 
 
12,7 - 11,1 
152 
 
1,24 - 1,65 
 
50,8 - 44,4 
 
17,5 - 15,8 
178 
 
1,47 - 1,82 
 
50,8 - 44,4 
 
19,0 - 17,5 
203 
 
1,65 - 2,10 
 
57,1 - 44,4 
 
23,8 - 19,0 
m = madeira macia; d = madeira dura 
Fonte: KOCH (1964) 
 
Considerando-se que um eficiente avanço por dente é uma função do travamento (e em 
conseqüência, da espessura da lâmina), é possível expressar a altura do dente como uma função 
da espessura da lâmina e passo do dente. Em outras palavras, uma lâmina fina produz menos 
resíduos do que uma lâmina espessa, e deste modo, necessita menos espaço na garganta. 
 
3.2. Passo do dente (tooth pitch) 
 
É a distância entre as pontas de dois dentes consecutivos . É influenciado pelo tipo de 
madeira, tipo de lâmina, tipo de travamento, velocidade da serra, velocidade de alimentação, 
profundidade de corte, dentre outros. Seu valor geralmente é maior para lâminas largas, 
recalcadas, que funcionam a altas velocidades e realizam cortes profundos na madeira, já que um 
passo grande permite uma maior capacidade da garganta. 
O consumo de energia é inversamente proporcional ao tamanho do passo. Entretanto, se o 
valor for muito grande os dentes podem perder o fio mais rapidamente, uma vez que cada dente 
será mais exigido para cortar o mesmo comprimento de tábua. Um valor de passo pequeno 
produz superfícies de corte mais lisas, porém com um maior consumo de energia. 
O passo do dente está diretamente relacionado com o comprimento da lâmina, no caso da 
serra fita, ou a circunferência da mesma (serra circular), e inversamente proporcional ao número 
de dentes, conforme as equações abaixo:Serra circular 
n
π.Φ
p = Equação 02. 
 
Serra de fita 
n
L
p = Equação 03 
onde, 
p = passo do dente, mm n = número de dentes 
π = constante, 3,1416 L = comprimento da lâmina de serra-fita, m. 
φ = diâmetro do disco, m 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
6 
3.3. Garganta do dente (gullet area) 
 
É o espaço existente entre dois dentes sucessivos, utilizado para alojar a serragem 
produzida durante o corte. A área da garganta é determinada pela altura, passo e formato do 
dente. A capacidade volumétrica, além das variáveis mencionadas, é influenciada pela espessura 
da lâmina ou largura de corte. Consequentemente, qualquer mudança nesses fatores, provoca 
alteração na quantidade de serragem a ser transportada pela mesma. 
A relação entre a altura e o passo do dente deve ficar em torno de 1:2, podendo variar 
com a espécie de madeira e espessura da lâmina. Se a altura do dente for muito grande em 
relação ao passo, podem ocorrer oscilações e vibrações da lâmina, produzindo uma maior largura 
de corte. 
O volume de serragem produzido durante o corte é, normalmente, 3 a 6 vezes maior do 
que o volume de madeira que lhe deu origem. Quando a serra corta madeira verde e de baixa 
densidade, o volume de serragem pode atingir até três vezes mais que o volume de madeira 
original. Entretanto, se a madeira for seca e de alta densidade, o volume de serragem pode ser até 
seis vezes maior. 
É oportuno lembrar que a serragem produzida durante o corte é armazenada e 
transportada pela garganta. Como regra geral, considera-se que a serragem pode ser compactada 
na garganta, em 50% do seu volume a granel sem provocar problemas durante o corte. Deste 
modo, pode-se assumir que a capacidade da garganta oscila entre 1,5 a 3,0 vezes maior do que o 
volume de madeira transformada em serragem. Caso a garganta seja sobrecarregada, a serragem 
será forçada para fora da mesma, e ocupará o espaço entre a lâmina e a madeira. Esta situação 
acarretará uma fricção, e conseqüente aquecimento da lâmina, resultando em prejuízos ao corte. 
Uma serra bem afiada e operada corretamente, produz serragem limpa e bem aparada. 
Caso contrário, se a serra apresentar uma afiação deficiente, a serragem terá uma aparência 
macerada e farinhenta. Neste caso, pode ocorrer da serragem escapar da garganta, alojando-se 
lateralmente e formando uma camada de pó fino. Se a garganta for sobrecarregada, a serragem 
também pode escapar para o espaço entre a lâmina e a madeira, aderindo-se a esta. Entretanto, 
poderá compactar-se na garganta e continuar na lâmina em forma de cavaco compacto. Tanto no 
sobrecarregamento como no insuficiente carregamento da garganta, podem ocorrer oscilações da 
lâmina, produzindo um corte irregular na madeira. Para evitar esses inconvenientes, a capacidade 
da garganta deve ser limitada a 75% de sua área. 
A área da garganta pode ser obtida através da seguinte equação: 
 
a
h.p
A = Equação 04. 
onde, 
A = área da garganta, mm2 
p = passo do dente, mm 
h = altura do dente, mm 
a = valor variável em função do formato do dente, entre 1,65 e 1,75 
 
A capacidade da garganta é calculada da seguinte maneira: 
 
)p5,0D(dG −= Equação 05. 
 
onde, 
G = capacidade da garganta, mm2 D = profundidade de corte, mm 
d = avanço por dente, mm p = passo do dente, mm 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
7 
3.4. Ângulo de incidência (clearance angle) 
 
O ângulo de incidência é formado por uma linha reta que passa pelas pontas dos dentes e 
outra que tangencia o dorso do dente, passando pela sua ponta. O valor do ângulo não deve ser 
muito pequeno (inferior a 5°), porque a fricção resultante do atrito entre o dorso do dente e a 
madeira produzirá superaquecimento no mesmo. Por outro lado, valores muito grande (superior a 
16°) podem enfraquecer o dente, além de comprometer os ângulos de afiação e de chanfro. Por 
ocasião da afiação da lâmina, deve-se tomar o cuidado de afiar também o dorso do dente, de 
maneira a manter o ângulo correto. 
 
3.5. Ângulo de afiação (sharpness angle) 
 
É formado pela ponta metálica que materializa o dente. Também chamado de ângulo de 
ponta, este elemento determina a resistência do dente, razão pela qual deve ser suficientemente 
grande. Usualmente, este ângulo não deve ser inferior a 40°, sendo adotado um valor em torno de 
50° para madeiras duras e próximo de 35° para madeiras muito macias. Na costa do pacífico 
americana, o valor de 44° é considerado padrão para lâminas de serra-fita largas travadas por 
recalque. 
 
3.6. Ângulo de gancho (hook or rake angle) 
 
É formado por uma normal à linha que passa pelas pontas dos dentes e uma reta que 
tangencia a frente do dente, passando pela sua ponta. É um dos fatores determinantes da 
capacidade de corte da serra, e influi decisivamente na sua capacidade de produção. 
O ângulo de gancho precisa ser adaptado em função do tipo de madeira, da velocidade da 
serra, da velocidade de alimentação, da forma e do tipo de dente. Um valor pequeno produz na 
madeira serrada uma superfície mais lisa do que um ângulo maior. Além disso, se o ângulo de 
gancho de uma serra-fita for insuficiente, haverá resistência ao corte, a lâmina será forçada no 
sentido contrário ao movimento dos volantes, e o pó de serra não será adequadamente eliminado. 
Por outro lado, se o ângulo for muito grande para a velocidade de alimentação estabelecida, o 
dente pode penetrar excessivamente na madeira, enfraquecendo-o. Se a velocidade de 
alimentação for baixa em relação ao ângulo, os dentes não desempenharão suas funções, e as 
pontas desenvolverão uma ação de fricção ao invés de corte, resultando perda prematura do fio. 
Esta condição se manifesta principalmente durante o corte de madeiras abrasivas. 
O ângulo de gancho precisa ser mantido dentro de certos limites determinados pela 
experiência. Deve-se evitar valores superiores a 40°, devido ao alto consumo de energia. A 
experiência tem demonstrado que ângulos em torno de 30° produzem um melhor corte, com um 
mínimo consumo de energia. 
 
 
4. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS LÂMINAS DE SERRA 
 
 São as operações realizadas com o objetivo de manter a lâmina de serra em condições 
favoráveis para execução do corte da madeira. 
 
4.1. Travamento (setting) 
 
É uma deformação produzida manual, mecânica ou automaticamente nas pontas dos 
dentes, de maneira que a largura de corte seja maior que a espessura da lâmina de serra. O 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
8 
objetivo desse procedimento é evitar o atrito entre a madeira e a lâmina, fazendo com que esta 
passe livremente através do corte realizado previamente pelos dentes. 
A operação de travamento produz esforços no material que podem ir além do seu limite 
elástico, submetendo-o aos riscos da deformação plástica, o que requer cuidados especiais por 
ocasião de sua realização. 
Os dentes de serra são comumente submetidos a dois tipos de travamentos: torção e 
recalque. Com relação as serras de fita, o primeiro é geralmente empregado para lâminas 
estreitas e de pequena espessura, ao passo que o segundo se aplica às lâminas largas e mais 
espessas. O travamento por torção é geralmente empregado para serras circulares de 
processamento secundário e demais equipamentos utilizados para cortes manuais. 
 
4.1.1. Travamento por torção (spring setting) 
 
Consiste em se fazer a inclinação lateral dos dentes de serra, alternadamente, em direções 
opostas, ora para a direita, ora para a esquerda da lâmina. Esta operação pode ser executada 
manualmente com ferramentas simples conhecidas como alicate de travar ou travador, ou ainda 
através de máquinas automáticas. O travamento com máquinas é mais difícil de ser executado 
em lâminas de fita estreitas que em lâminas mais largas, porque tanto os dentes como seus passos 
são pequenos.Inicialmente, a lâmina é fixada numa bancada específica, e marca-se o ponto (dente) 
inicial da operação. O primeiro dente é inclinado para um lado (por exemplo, para a direita), o 
segundo, para o outro lado (para a esquerda), o terceiro, igual ao primeiro, o quarto igual ao 
segundo, e assim sucessivamente, até que o travamento de todos os dentes seja concluído, como 
mostra a Figura 3. 
 
FIGURA 3 - Travamento por torção 
 
 
 
Em alguns casos, todo o terceiro ou quarto dente é deixado reto, sem trava, para servir de 
guia ou para limpar a largura do corte. Contudo, este procedimento é justificado apenas naqueles 
casos pouco comuns, em que madeiras muito macias ou verdes são serradas com lâminas de fita 
largas e a profundidade de corte é grande. Nesses casos, a largura de corte precisa ser tão larga 
quanto possível, até 2,5 vezes a espessura da lâmina. Caso o terceiro ou quarto dente seja 
deixado como guia, a trava dos demais pode ser aumentada, sem que com isso o corte deixe de 
ser retilíneo. 
A quantidade ou valor da trava depende basicamente do tipo de madeira e da espessura da 
lâmina de serra. Para coníferas, o valor da trava pode alcançar até ½ da espessura da lâmina, 
enquanto que para folhosas, este valor atinge, no máximo, 1/3 da espessura. 
Obviamente, todos os dentes travados devem ter exatamente a mesma inclinação em 
ambos os lados. A aferição do valor da trava é realizada através de um instrumento comparador, 
o qual é apoiado lateralmente à lâmina. Dentes que, isoladamente, tem uma trava maior que seus 
vizinhos, produzem um mau acabamento e marcas indesejáveis na superfície de corte. 
Se o valor da trava for superior ao recomendado, há um grande consumo de energia e o 
dente será submetido a esforços e sobrecargas excessivas. Em contrapartida, se a trava for 
demasiadamente pequena, a largura de corte será insuficiente, o que produzirá um atrito entre a 
madeira e a lâmina, com conseqüente superaquecimento desta, resultando em cortes irregulares. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
9 
É importante que a inclinação seja restrita a ponta do dente, numa medida correspondente 
a 1/3 da sua altura, aproximadamente. Caso a inclinação exceda a esse limite, ou seja, se a dobra 
for realizada próximo à base do dente (Figura 3), a linha base do dente tornar-se-á ondulada e 
poderão surgir fendas no fundo da garganta do dente. 
 
4.1.2. Travamento por recalque (swage setting) 
 
Consiste na compressão ou esmagamento da ponta do dente, de modo a possibilitar uma 
dilatação lateral, provocando um aumento de sua espessura. O recalcamento do dente é realizado 
em três estágios, como mostra a Figura 4. 
 
FIGURA 4 - Estágios do travamento por recalque 
 
 
a) a extremidade frontal do dente é distendida 
ou dilatada a uma largura maior que a espessura 
da lâmina; 
 
b) os lados de cada dente são comprimidos ou 
moldados uniformemente, na largura e forma 
requeridas, com auxílio do aparelho de 
igualização; 
 
 
c) toda a superfície dos dentes, incluindo o 
dorso, frente e fundo, é retificada com uma 
máquina de afiação, para obter o ângulo de 
corte desejado. 
 
 
 
Antes de proceder o recalcamento, é importante que todos os dentes da lâmina estejam 
perfeitamente retos. Deste modo, se os dentes sofreram qualquer tipo de dano durante sua 
confecção, ou se foram travados por torção anteriormente, devem ser endireitados antes do 
recalque. 
O recalcamento pode ser executado manualmente por meio do recalcador manual (Figura 
5), ou automaticamente com o uso de máquinas especiais. Em ambos os casos, a operação é 
executada por um mandril excêntrico, o qual gira lentamente na parte frontal do dente 
pressionando o aço para trás, para os lados e para cima, de encontro a uma bigorna apoiada no 
dorso do dente (Figura 6). A pressão exercida por essas duas peças da máquina provoca a 
deformação da ponta do dente e um aumento de sua dureza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
10 
FIGURA 5 – Instrumento de recalque (a) e seu posicionamento sobre a lâmina de serra - fita (b). 
 
 
b 
 
 
A bigorna deve sobressair-se à frente da ponta do dente e se ajustar de tal forma que o 
recalque se verifique de 0,5 a 0,7 mm abaixo da ponta do dente. Do contrário, a ponta do dente 
torna-se demasiadamente dura e quebradiça. 
 
FIGURA 6 - Ação do mandril excêntrico e da bigorna durante o recalcamento. 
 
 
 
Antes de iniciar o recalcamento, os dentes devem ser lubrificados com óleo ou, 
preferencialmente, com pasta Molikote, a fim de evitar rachadura na ponta dos dentes, uma vez 
que o processo desenvolve grandes esforços em uma reduzida superfície de contato. Além disso, 
podem ocorrer danos na própria ferramenta de recalcar, caso este procedimento não seja adotado. 
O valor de recalque recomendado em função do tipo de madeira, é sugerido na Tabela 2. 
 
 
 
 
 
 
a 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
11 
TABELA 2 - Valor da trava por recalque em função do tipo de madeira. 
 
Tipo de madeira 
 
 
Projeção da trava para cada lado* 
- mm - 
madeira dura 
 
0,30 - 0,35 
madeira semi-dura 
 
0,40 - 0,45 
madeira macia 
 
0,50 - 0,60 
madeira seca 
 
0,40 - 0,50 
madeira verde 
 
0,50 - 0,70 
 * Considerando que após o travamento os dentes são submetidos a uma igualização, o recalque 
 deve ser feito com 0,30 a 0,40 mm a mais. 
 
Os valores de trava resultantes do recalcamento normalmente são desuniformes e 
superiores aos desejados. Para ajustá-los à largura e forma requeridas, deve-se proceder a 
uniformização da trava, o que é realizado através do processo de igualização (equalização, 
igualação). Este pode ser realizado manualmente através do igualizador (Figura 7), ou através de 
dispositivos especiais acoplados a máquinas automáticas de recalcamento. 
A igualização das superfícies laterais do dente, para dar largura igual e corretos ângulos 
radiais e tangenciais, pode ser feita mediante prensagem (com o uso do igualizador) ou 
esmerilhamento (com rebolo). 
 
FIGURA 7 – Instrumento de igualização do recalque (a) e seu posicionamento na lâmina (b). 
 a 
 
b 
 
 
Após a igualização, os dentes devem ser aferidos medindo-se o valor aproximado da 
trava com o uso de um indicador, antes do afiamento da lâmina. 
 
4.2. Afiamento (sharpening) 
 
A afiação é realizada com o objetivo de ajustar os elementos dos dentes de serra às suas 
necessidades de corte, conferindo-lhes formatos e ângulos adequados. Esta operação é realizada 
somente em lâminas previamente endireitadas e tensionadas internamente. Os dentes podem ser 
afiados através de dois métodos: rebolo de esmeril e limas. A operação de afiamento deve ser 
executada depois do travamento. 
Um pré-requisito para o afiamento perfeito é a confecção cuidadosa dos dentes, com 
passos exatos e um mínimo de rebarbas. A vida útil de uma lâmina de serra-fita é altamente 
dependente de uma correta afiação de seus dentes. Na maioria dos casos, fendas no fundo da 
garganta podem ser originadas por uma afiação descuidada, feita com ferramentas inadequadas. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
12 
4.2.1. Afiação com rebolo de esmeril 
 
A afiação é realizada em máquinas automáticas, com rebolos de óxido de alumínio, cuja 
espessura deve ser aproximadamente 1/3 do passo do dente. É importante que o rebolo usado 
seja relativamente mole, pois quando muito duros ou mal posicionados, desenvolvem excessivo 
aquecimento, obtendo-se têmpera abrasiva na superfície do dente com a respectiva perda de 
dureza. A máquina de afiar deve ser ajustada de acordo com a espessura da lâmina, de forma a 
manter o perfil desejado do dente e permitir o esmerilhamento sem irregularidades. Este 
procedimento se aplica também às lâminas novas, cujo formatodos dentes pode divergir do 
comando do equipamento de afiação. O sistema utilizado para lâminas de serra de fita, é 
ilustrado na Figura 8. 
Um gabarito do formato do dente deve ser fornecido para assegurar a formação correta do 
contorno do rebolo. O rebolo deve ser desbastado regularmente, checando-o com o gabarito. O 
eixo do rebolo deve estar no mesmo plano da lâmina, e sua inclinação está relacionada ao ângulo 
de gancho desejado. 
O fundo da garganta precisa estar numa posição não mais do que 2 - 3 mm acima do 
sistema de fixação, do contrário o dente vibrará durante a afiação. Qualquer movimento no 
mecanismo provoca irregularidades que precisam ser corrigidas. As rebarbas formadas durante a 
afiação com esmeril não podem ser completamente evitadas, mas devem ser mantidas sob 
controle. 
 
FIGURA 8 - Conjunto de afiação para serra de fita. 
 
 
Serras circulares para desdobro são afiadas em ângulo reto, com exceção do topo do 
dente que é afiado, alternadamente, de forma oblíqua. Serras destopadeiras tem os dentes afiados 
alternadamente oblíquos. Dentes recalcados normalmente são afiados em ângulos retos, em 
equipamentos como os mostrado na Figura 9. Máquinas afiadeiras manuais podem ser usadas 
para afiar serras circulares dotadas de dentes calçados com metal duro. As lâminas precisam ser 
reafiadas periodicamente. Além de aumentar o consumo de energia, a perda de fio produz 
esforços acima do tolerado na lâmina. 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
13 
FIGURA 9 - Dispositivo de afiação para serras circulares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.2.2. Afiação com limas 
 
A afiação manual por meio de limas é o método mais confiável para lâminas estreitas de 
serra-fita, pois elimina os riscos de superaquecimento dos dentes. A limação deve ser realizada 
preferencialmente com uma máquina automática de dupla ação (que executa conjuntamente as 
operações de afiação e travamento), afiando cada dente na direção da sua trava. 
É importante ressaltar que a forma do dente precisa ser mantida. Isto significa que o 
fundo da garganta precisa ser repassado quando os dentes são afiados. Não pode ter qualquer 
aresta pontiaguda ou riscada no fundo da garganta. 
A lima deve ter a forma mais adequada e ajustar-se bem na garganta. Se a lima é muito 
fina, haverá uma crista, a qual reduz o esforço da garganta. Além disso, se a lima correta for 
aplicada posteriormente, ela poderá ser danificada. 
A lima deve ser limpa periodicamente durante a operação. Uma escova de fio de aço fino 
é adequada. Outro método de limpeza consiste em esfregar uma peça de metal macio (alumínio 
ou cobre) ao longo da face da lima. 
Para lâminas de serra-fita estreitas, com a forma de dente normal, limas triangulares 
devem ser usadas, afiando tanto a garganta como a ponta do dente. 
A afiação do dente pode ser melhorada, repetindo-se a operação. No primeiro passo, a 
frente e o dorso são limados. No segundo passo, após a lima ter sido ajustada, o dorso e a ponta 
do dente são levemente melhorados. 
 
4.3. Tensionamento (tensioning) 
 
Por ocasião do desdobro, a parte da lâmina localizada próxima a zona dentada sofre um 
aquecimento, provocado pelo atrito entre os dentes e a madeira, e se dilata. Este fato é 
indesejável por que produz cortes irregulares, resultando em peças com espessuras variáveis. 
Para compensar a dilatação que a lâmina de serra sofre durante o corte é necessário tensioná-la 
internamente, o que é obtido dilatando-se a parte central da lâmina por meio de instrumentos 
apropriados. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
14 
O tensionamento interno da lâmina é realizado de forma diferenciada para cada tipo de 
serra mecânica. Assim, o procedimento é discutido individualmente para serra de fita, circular e 
alternativa de quadro. 
 
4.3.1. Serra de fita 
 
O tensionamento é realizado apenas em lâminas de serra-fita largas, empregadas no 
processamento de desdobro de toras. As lâminas estreitas, normalmente utilizadas em serras 
secundárias, não devem ser submetidas ao tensionamento. Por ocasião de sua fabricação, a borda 
dentada é confeccionada sempre um pouco mais curta que o dorso, para compensar a expansão 
ocasionada pelo seu aquecimento durante o corte. 
A parte central da lâmina é submetida a um alongamento, de modo que as duas bordas da 
fita tornam-se mais curtas que o centro. Em conseqüência, as bordas tornam-se mais rígidas e 
tensas, submetendo-se a esforços de tração, ao passo que o centro adquire esforço de 
compressão. Quando a lâmina está em repouso, esses dois esforços se mantém em equilíbrio, ou 
seja, a soma das forças permanece igual a zero. Além de tornar a borda dentada mais rígida, 
permitindo um corte mais alinhado, a fita adequadamente tensionada ajusta-se melhor a 
convexidade dos volantes. 
O tensionamento da lâmina de serra-fita é realizado em uma bancada de trabalho 
absolutamente plana, confeccionada de madeira dura ou revestida com uma chapa de ferro, com 
2,5 m de comprimento e com uma largura de 10 cm maior que a lâmina mais larga (Figura 10). 
A tensão é aplicada através de um aparelho laminador, constituído de um par de roletes, entre os 
quais passa a lâmina de serra, montados ao longo da bancada (Figura 11). 
 
FIGURA 10 - Bancada de laminação para serra de fita. 
 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
15 
FIGURA 11 - Equipamento de laminação para lâmina de serra-fita. 
 
 
 
 
Os roletes, com diâmetro aproximado de 70 mm e 10 mm de espessura, devem estar 
perfeitamente alinhados um sobre o outro, sendo que o rolete inferior fica no mesmo nível da 
bancada. A pista de rolamento dos mesmos deve ser abaulada e retificada, com um raio de 
curvatura de aproximadamente 200 mm. 
O tensionamento é efetuado de acordo com um plano previamente estabelecido, 
iniciando-se sempre pelo centro da lâmina, onde é aplicada a pressão mais alta. A medida que as 
linhas de laminação afastam-se do centro em direção às bordas lisa e dentada, a pressão aplicada 
pelos roletes diminui gradativamente. A pressão dos roletes é efetuada alternadamente, ora a 
esquerda ora a direita do centro. A distância entre as linhas, dependendo da largura da lâmina 
varia entre 10 a 20 mm, e muitas vezes são marcadas previamente com giz e numeradas. O 
percurso dos roletes não deve aproximar-se demais da borda dentada e do dorso da lâmina, para 
que não ocorram deformações (Figura 12). 
 
FIGURA 12 - Seqüência das linhas de laminação nos dois lados da fita de serra. 
 
 
 
linhas 1 - 5 − lado da frente 
 da lâmina 
 
linhas 6 - 9 − lado de trás da 
 lâmina 
 
 
 
 
Uma vez tensionada uma face, a lâmina é invertida e repete-se o processo, sendo neste 
caso, marcadas as linhas de laminação entre aquelas aplicadas no lado anterior. Os especialistas 
recomendam este procedimento quando não se conhece a direção da curvatura da lâmina (sentido 
de rotação dos volantes). Conhecendo-se o equipamento de desdobro, o tensionamento de apenas 
uma face é suficiente. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
16 
O tensionamento deve ser efetuado preferencialmente antes da soldagem, tanto no caso 
da emenda de lâminas de fitas novas como na recuperação de lâminas que sofreram rompimento. 
O resultado da operação pode ser julgado com maior facilidade em uma lâmina de fita reta do 
que numa previamente soldada. 
Para avaliar a tensão conferida à lâmina de serra-fita, emprega-se comumente uma régua 
metálica plana, com um comprimento superior à largura da lâmina. Procede-se a verificação 
erguendo-se levemente a lâmina para cima, de modo a obter uma curvatura, e colocando-se a 
régua transversalmente sobre sua largura, com uma inclinação de cerca de 45° em relação a 
horizontal. Como resultado, surge entre ambos um espaço, devido a concavidade produzida pelo 
tensionamento,que permite a passagem de claridade, que no seu maior ponto pode alcançar uma 
flecha de décimos de milímetros (Figura 13). O julgamento do tensionamento através da abertura 
de passagem de luz depende da experiência do profissional, e baseia-se apenas na medida ocular. 
É importante, porém que o raio de luz esteja situado simetricamente em torno do centro da 
lâmina. 
Esta avaliação pode ser realizada também através de um calibre de arco, o qual possui 
uma borda convexa que se encaixa perfeitamente na concavidade transversal da lâmina. Neste 
caso, se o tensionamento foi executado corretamente, nenhum raio de luz deve ser visível. 
 
FIGURA 13 - Controle do tensionamento através de régua plana. 
 
O tensionamento correto é estimado comumente com base na experiência do laminador. 
Depende de vários fatores, dentre os quais a largura e espessura da lâmina, diâmetro e eventual 
curvatura dos volantes, a tensão de tração aplicada aos volantes, a velocidade de alimentação e 
tipo de madeira a ser serrada. Volantes abaulados (convexos) exigem mais tensão que volantes 
planos. Madeira dura também requer mais tensão que madeira macia. A avaliação visual do 
tensionamento pode ser verificada pelo posicionamento da lâmina de fita sobre o volante, como 
mostra a Figura 14. 
 
FIGURA 14 - Resultado do tensionamento em lâminas de serra-fita. 
 
 
correto 
 
incorreto 
a) lâminas largas. 
b) lâminas com até 150 mm de largura. 
c) apenas próximo à borda dentada da lâmina se apóia sobre o volante, com risco de fendas no fundo do 
dente. 
d) apenas próximo à borda lisa da lâmina se apóia sobre o volante. A borda dentada vibrará, com 
tendência a desviar-se na madeira, produzindo corte desalinhado. 
e) apenas a parte central da lâmina se apóia sobre o volante. Devido vibrações nas bordas, a lâmina não 
resistirá aos esforços do corte quando trabalha com altas velocidades de alimentação. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
17 
A relação entre largura e espessura da lâmina, raio de abaulamento dos volantes, raio de 
curvatura do calibre e flecha da abertura de passagem de luz em calibre plano, é apresentada na 
Tabela 3. Os valores da abertura de passagem de luz mostrados na referida tabela, referem-se a 
calibres padronizados, e são utilizados para lâminas de serra largas. A máxima abertura para 
passagem de luz para calibre reto também é mencionada. Os calibres devem ter assinalados o 
raio de curvatura. 
Os diversos passos necessários para a execução do tensionamento, comumente são 
efetuados várias vezes antes de obter-se o resultado desejado. Tensionamento realizado com 
demasiada rapidez e intensidade, poderá distender excessivamente a lâmina, e ao longo de certos 
passos, pode ultrapassar os limites de tensão toleráveis. O excesso de tensão é um inconveniente 
difícil de contornar. O aço sofre sobrecarga em alguns pontos, produzindo formações na lâmina 
durante o trabalho, o que eventualmente, pode até resultar em quebra. Tensionamento além do 
limite pode ocasionar também a formação de saliências, diminuindo a vida útil da lâmina. 
 
TABELA 3 - Medição do tensionamento em lâminas de serra-fita. 
 
Dimensões da lâmina 
(mm) 
 
Raio do calibre convexo 
(mm) 
 
Altura (flecha) de passagem de 
de luz (calibre reto) 
largura 
 
espessura 
 
volante abaulado 
 
volante plano 
 
(mm) 
 76 
 
1,07 
 
3700 
 
- 
 
 
102 
 
1,07 
 
5000 
 
5950 
 
 
102 
 
1,25 
 
4750 
 
5950 
 
0,2 
125 
 
1,07 
 
5650 
 
6250 
 
 
125 
 
1,25 
 
5350 
 
6250 
 
 
130 
 
1,07 
 
4500 
 
- 
 
 
152 
 
1,25 
 
5650 
 
6550 
 
 
152 
 
1,47 
 
5350 
 
6250 
 
0,5 
178 
 
1,25 
 
6250 
 
6990 
 
 
178 
 
1,47 
 
5950 
 
6550 
 
 
181 
 
1,47 
 
5200 
 
- 
 
 
203 
 
1,47 
 
6250 
 
6990 
 
0,8 
203 
 
1,65 
 
7500 
 
8100 
 
 
232 
 
1,65 
 
5700 
 
- 
 
1,2 
254 
 
1,65 
 
7500 
 
8100 
 
 
286 
 
1,83 
 
6300 
 
- 
 
1,6 
305 
 
1,83 
 
7800 
 
8400 
 
 
337 
 
2,11 
 
7800 
 
8700 
 
2,1 
387 
 
2,41 
 
7200 
 
- 
 
2,5 
413 
 
2,77 
 
7800 
 
- 
 
2,8 
Fonte: adaptação de UDDEHOLM (1975). 
 
Deve-se ressaltar também, que as reafiações da lâmina aproximam o centro original da 
borda dentada. Como conseqüência, a lâmina deve sofrer novo tensionamento, sendo que este 
procedimento poderá ser repetido várias vezes. Assim, a lâmina não deve ser tensionada em 
demasia sem necessidade, caso contrário sua plasticidade e forma serão esgotadas rapidamente. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
18 
Mesmo que a lâmina de serra de fita esteja absolutamente reta e plana antes do 
tensionamento, ela deverá, após esse tratamento, ser endireitada e aplainada. A retidão é 
examinada puxando-se gradativamente a lâmina ao longo de uma régua sobre a mesa de 
endireitamento. Seja o dorso convexo ou côncavo, deverá ser endireitado cuidadosamente, de 
forma que todos os pontos estejam encostados à régua, como mostra a Figura 15. 
O percurso dos roletes não deve, portanto, aproximar-se mais de 20 a 30 mm das bordas. 
Se o endireitamento provocar uma certa alteração da tensão, a parte correspondente da lâmina 
deverá ser tensionada ainda mais, e o resultado deverá ser novamente controlado. 
Após verificar-se que toda a lâmina está corretamente tensionada e perfeitamente reta, 
talvez seja conveniente alongar-se o dorso uniformemente mais um pouco, dando-se um leve 
passo de rolete entre o centro e o dorso. A ligeira curvatura é controlada com uma régua reta ou 
com um calibre côncavo especial, que deverá ter aproximadamente 1,5 m de comprimento e uma 
concavidade de 0,4 ou 0,8 mm, conforme a curvatura desejada. 
 
FIGURA 15 - Checagem do endireitamento de lâminas de serra de fita 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a - dorso côncavo 
b - dorso convexo 
c - linhas de dilatação para eliminar concavidade no 
dorso 
d - linhas de dilatação para eliminar convexidade no 
dorso 
e - pequenas saliências que devem ser limadas 
 
Após o endireitamento, quando necessário procede-se o aplainamento. As imperfeições 
como abaulamentos, saliências e rugosidades devem ser eliminadas por meio de golpes de 
martelos especiais, os quais são apresentados na Figura 16. Os aparelhos laminadores não são 
adequados para estes trabalhos, pois as imperfeições se manifestam em diversas direções, e 
geralmente são muito pequenas. 
Todos os martelos devem ter a superfície de trabalho ligeiramente abaulada, para evitar 
golpes com os cantos da ferramenta, os quais devem ser levemente arredondados. Marcas 
produzidas pelas batidas do martelo podem originar rupturas, que influem na vida útil das 
lâminas de serra. Para aplicar corretamente os golpes, segura-se o cabo do martelo levemente, a 
fim de que as batida seja suave e elástica. Golpes muito fortes ou incorretos podem ser 
prejudiciais à lâmina, pois em virtude da têmpera por golpe, a estrutura torna-se irregular e a 
lâmina tende a formar trincas quando sob grandes tensões de curvatura durante o trabalho. 
O tensionamento, o endireitamento e o aplainamento são apresentados como 
procedimentos individuais, executados em uma certa seqüência. Na prática, porém, eles não são 
realizados, necessariamente nessa ordem, podendo-se por exemplo, efetuar um endireitamento 
antes do tensionamento. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
19 
O empenamento de uma lâmina de serra-fita pode ter várias causas: volantes fora de 
prumo, volante superior desalinhado, golpe contra um corpo estranho qualquer, manipulação 
descuidada, tensionamento e endireitamento incorretos.Quando empenada, a lâmina movimenta-
se sobre o volante, de modo que a carga e o corte tornam-se irregulares. 
 
FIGURA 16 - Martelos usados nos trabalhos de manutenção das lâminas de serra. 
 
 
 
Para verificar a presença do empenamento, pendura-se a lâmina como mostrado na Figura 
17, de maneira a formar um laço duplo. Observando-se a lâmina de uma das extremidades, se o 
lado mais próximo do observador desviar-se à direita, significa que esta com empenamento à 
direita. Do contrário, se o lado mais próximo desviar-se à esquerda, o empenamento é à 
esquerda. 
 
FIGURA 17 - Avaliação do empenamento em uma lâmina de serra-fita. 
 
 
 
 
 
 
 
a – lâmina suspensa de modo a formar um laço duplo (double loop) 
b – empenamento à esquerda 
c – empenamento à direita 
 
Para eliminar o defeito, a lâmina devidamente lubrificada deve ser colocada sobre uma 
bigorna limpa, polida e também lubrificada, e aplica-se golpes de martelo diagonalmente no 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
20 
sentido do empenamento. Embora na maioria das vezes o defeito se limite a pequenas partes, 
pode ser necessário realizar o tratamento em toda a lâmina. 
 
4.3.2. Serra circular 
 
Um disco de serra circular, sob o ponto de vista da tensão interna, pode ser dividido, 
basicamente, em três partes, como mostra a Figura 18: as áreas periférica, interna e central. 
Durante o seu funcionamento, a lâmina desenvolve uma força de tração, que aumenta do centro 
para a periferia, onde alcança valores máximos. Esta tração deve-se a ação de uma força 
centrífuga, que eleva-se a medida que a velocidade de rotação é aumentada. A força centrífuga 
aumenta com o quadrado da velocidade de rotação e com o raio da circunferência descrita. Deste 
modo, duplicando-se a rotação do disco, a força centrífuga torna-se quatro vezes maior. Para 
uma mesma velocidade de rotação, quanto maior o diâmetro da lâmina maior será a força 
centrífuga. 
 
FIGURA 18 - Área de tensionamento de uma lâmina de serra circular. 
 
 
 
A lâmina de serra, portanto, se dilata em função da velocidade de rotação e do 
aquecimento a que é submetida durante seu funcionamento. Sob a ação do calor, o aço se dilata e 
as tensões produzidas no metal conduz a deformações transitórias ou permanentes. Estas últimas 
surgem mais freqüentemente nas lâminas finas, que são mais flexíveis à tensão que as espessas. 
A dilatação devido ao aquecimento começa no centro do disco e alcança valores máximos na 
periferia, próximo a zona dentada. 
Caso a lâmina fosse perfeitamente plana e desprovida de tensão, e se fosse ao mesmo 
tempo submetida a uma rotação crescente e sem limite prático no seu trabalho de corte, chegaria 
um momento que a força centrífuga e a fadiga determinada pelo ato de serrar excederiam a força 
de coesão das moléculas do aço, e a lâmina, então, arrebentaria. 
Por esta razão, é necessário que o fabricante ou o laminador da lâmina de serra executem 
o seu tensionamento interno, para que a mesma possa resistir ao esforço resultantes do corte. A 
dilatação da área interna do disco equilibra a distensão produzida durante o desdobro da madeira 
devido a ação do aquecimento e velocidade de rotação. Deste modo, quando atinge sua 
velocidade normal, a lâmina de serra torna-se perfeitamente plana e rígida, produzindo um fio de 
corte retilíneo e peças de madeira bem dimensionadas. 
Vários fatores influem na quantidade de tensão interna das serras circulares, dentre os 
quais pode-se mencionar o diâmetro, a espessura, a velocidade da serra, o número de dentes, o 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
21 
tipo de madeira, a potência disponível e a velocidade de alimentação. Em geral, serras de maior 
diâmetro, mais finas, mais rápidas e submetidas a maiores esforços requerem mais tensão interna 
que aquelas que apresentam características contrárias. 
Para realizar a operação de tensionamento é necessário uma bigorna, um apoio de 
madeira e um martelo arredondado de pena ao contrário, um sistema de fixação da lâmina e duas 
réguas planas, sendo uma de 45 cm e outra de 110 cm. O tensionamento é obtido por 
martelamento da área interna do disco, cujas batidas são efetuadas em círculos concêntricos 
previamente traçados sobre a superfície da lâmina. (Figura 19.) A superfície de trabalho 
arredondada do martelo impede que cantos vivos possam ofender a lâmina. Marcas produzidas 
por golpes do martelo podem dar origem a rupturas que reduzem a vida útil da lâmina de serra. 
 
FIGURA 19: Marcação das linhas de tensionamento de uma serra circular. 
 
 
 
Quando se martela ou lamina uma determinada parte do disco, esta perde sua rigidez, 
tornando-se frouxa. Com isso, procura-se conferir maior rigidez possível à borda dentada sem 
provocar um afrouxamento exagerado da parte central do disco. 
Se a lâmina for excessivamente tensionada, o centro perde sua rigidez, tornando a mesma 
côncava ou convexa. Ao mesmo tempo, a borda dentada torna-se muito rígida, o que requer a 
aplicação de marteladas diretamente sob a base dos dentes. 
O tensionamento das serras circulares é avaliado através da altura da passagem de luz 
pelo espaço deixado entre a concavidade da lâmina e uma régua plana. Quando a régua é 
encostada à lâmina, a abertura de luz medida no centro do disco deve apresentar determinados 
valores, que variam em função do diâmetro da serra, como mostra a Tabela 4. 
 
TABELA 4 - Controle do tensionamento em serras circulares. 
 
Diâmetro da lâmina 
(mm) 
Altura de passagem de luz 
(mm) 
400 0,3 - 0,5 
600 0,6 - 0,8 
1000 1,6 - 1,8 
1400 2,4 - 2,6 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
22 
As serras circulares depois de tensionadas, apresentam, quando em repouso, o formato de 
um disco côncavo, e quando em movimento, em razão das forças de dilatação e centrífuga, 
tornam-se planos. O perfil apresentado pelo disco de serra em diferentes situações de uso, é 
mostrado na Figura 20. 
 
 
FIGURA 20 - Comportamento da lâmina de serra circular em função do tensionamento aplicado. 
 
 
 
 
a) lâmina corretamente tensionada, em repouso 
 
b) lâmina com excessiva curvatura causada, 
possivelmente, por desgaste nas falanges 
 
c) deformação da lâmina causada por excesso de 
tensionamento para a velocidade que a serra 
opera 
 
d) funcionamento da lâmina a uma velocidade 
superior àquela a que foi tensionada. 
 
 
Os fabricantes de serra circular já fornecem a lâmina devidamente tensionada. Entretanto, 
se a serra for utilizada para uma velocidade diferente daquela prevista, deve ser novamente 
tensionada para esta nova situação. 
Após a operação de tensionamento, é comum encontrar partes da lâmina abauladas ou 
salientes. Essas imperfeições são detectadas com a régua plana já mencionada, e devem ser 
eliminadas com o uso do martelo especial. 
Algumas vezes pode acontecer que a lâmina de serra, em razão de sua tensão, vacila no 
momento de ser posta em movimento, mas quando alcança plena velocidade trabalha 
normalmente. Entretanto, se estas oscilações ocorrem sempre, significa que a lâmina está muito 
distendida. Neste caso, é necessário dar umas marteladas no corpo da lâmina, próximo da zona 
dentada, para torná-la um pouco mais rígida no centro. 
Para obter um rendimento perfeito, é indispensável que a lâmina de serra tenha uma 
tensão proporcional à velocidade do eixo no qual ela funciona. Em conseqüência, nunca deve ser 
utilizada uma mesma lâmina para duas ou mais máquinas, cujos eixos tem velocidades 
diferentes. Pela mesma razão, uma lâmina que teve seu diâmetro reduzido pelo uso, não terá 
mais a tensão adequada que apresentava quando nova. Nesse caso, será necessário proceder 
novamente seu tensionamento, ou aumentar a velocidade do eixo motor. 
 
4.3.3. Serra alternativa de quadro 
 
As lâminas de uma serra alternativa raramente necessitam de tensão interna, poisdurante 
seu funcionamento são submetidas a uma grande tensão dada pela própria máquina. As lâminas 
normalmente trabalham sob uma tensão de tração que varia entre 12 a 25 kgf/cm2, o que 
corresponde a aproximadamente 2 a 3 vezes a tensão de tração das serras de fita para desdobro, 
cujo valor é de aproximadamente 7 kgf/cm2. 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
23 
4.4. Soldagem da lâmina de serra-fita (joining) 
 
A lâmina de serra-fita normalmente é adquirida no comércio em rolos de comprimento 
variável, e para ser utilizada nos equipamentos de desdobro, precisa ser cortada na dimensão 
correta. Feito isso, as extremidades da lâmina devem ser unidas através da soldagem. 
A soldagem da lâmina pode ser realizada através de diferentes meios: soldagem forte, 
soldagem elétrica, soldagem a gás e soldagem a topo. Quando efetuados corretamente, qualquer 
um desses métodos oferece costuras de solda boas e seguras. Fitas estreitas são soldadas, de 
preferência, com máquinas elétricas, enquanto que em lâminas largas, o método mais empregado 
na Europa e, provavelmente, no Brasil, é a soldagem com liga de prata. 
Os materiais necessários e os procedimentos adotados por ocasião da soldagem de uma 
lâmina de serra-fita, são descritos a seguir: 
 
4.4.1. Metal de solda 
 
A liga de prata é o material geralmente empregado porque permite baixas temperaturas de 
fundição e fusão. Uma liga típica é constituída de 45-65% de prata, aproximadamente 25%, 
10% e 5-10% de cobre, zinco e cádmio, respectivamente. A inclusão do cádmio permite reduzir 
ainda mais as temperaturas. A temperatura de fusão desse metal de solda oscila entre 670 e 
720°C, portanto, abaixo da temperatura de têmpera do aço. 
O metal de solda é encontrado na forma de uma lâmina com espessura entre 0,10 e 0,12 
mm, largura sempre um pouco maior do que o chanfro, geralmente em torno de 20 mm, e com 
comprimento alguns milímetros a mais que a largura da lâmina. A Aplicação desses metais é 
normatizada, sendo que a ASTM recomenda o uso de metais de solda com até 72% de Ag e até 
24% de cd. Ensaios de tração em juntas soldadas da lâmina apresentaram uma resistência em 
torno de 100 kgf/mm2. A ruptura, contudo, normalmente ocorre fora do local onde foi realizada a 
soldagem. 
 
4.4.2. Fundente 
 
O fundente é uma substância pastosa a base de boro, aplicado nas extremidades 
chanfradas e no metal de solda com o objetivo de facilitar o seu espalhamento, bem como 
proteger as superfícies do aço contra a oxidação do ar. 
Pastas de solda como Castolin 181, Eutector Flux 1600B, Prata Flux, são os tipos mais 
utilizados. O bórax dissolvido em um pouco de água, forma uma pasta apropriada para lâminas 
estreitas. Para lâminas largas, porém, é mais indicado o uso de um líquido como o ácido 
clorídrico diluído ou uma solução de cloreto de zinco misturada com cloreto de amônio. A 
corrosão do aço pode ser evitada através de lavagem com uma solução de soda. 
 
4.4.3. Aparelho de soldagem 
 
O equipamento deve ter uma constituição robusta, possuir um conjunto de presilhas para 
fixação da lâmina, e um par de ferros de soldar para efetuar a soldagem (Figura 21). 
 
 
 
 
 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
24 
FIGURA 21 - Aparelho de soldagem para lâminas de serra de fita. 
 
 
 
Os principais componentes de um aparelho de soldagem são mostrados na Figura 22. 
Depois de aquecidos, os ferros de soldar são posicionados encima e embaixo da área da lâmina a 
ser emendada e mantidos sob pressão até o final do processo. Devem ser fabricados de um aço 
resistente ao calor, ligado com aproximadamente 23% de Ni e 25% de Cr, para evitar o seu 
descascamento de oxidação, o que tornaria o aquecimento da lâmina desigual. Os ferros de solda 
devem ser levemente mais compridos que a largura da fita. São previamente aquecidos em forja 
ou forno elétrico a uma temperatura em torno de 850°C (até adquirir cor vermelho claro), o que 
corresponde a 100-150°C acima da temperatura de fusão do metal de solda, para compensar a 
perda de calor ocasionada pelo manuseio. 
 
FIGURA 22 - Componentes de um aparelho de soldagem. 
 
 
 
1 - ferro de soldar superior 
2 - ferro de soldar inferior 
3 - lâmina de serra 
4 - cunha móvel 
5 - encosto 
6 - mesa 
 
 
 
 
4.4.4. Preparativos, soldagem e operações complementares 
 
Os extremos da lâmina são cortados em ângulo reto com as bordas, através de uma 
guilhotina especial, tendo-se o cuidado de deixar a junta exatamente no centro do dente. Com 
esse procedimento, obtém-se uma maior área de soldagem e, em conseqüência, maior resistência 
na junta. É importante que a seqüência dos dentes permaneça inalterada, mantendo-se o mesmo 
passo dos demais, de modo a possibilitar a afiação com máquinas automáticas. 
` Após o corte, executa-se o chanfro dos extremos com uma inclinação de 1:10 (Figura 
23). Esta relação significa que uma lâmina com 1,5 mm de espessura deve ter um chanfro de 15 
mm de largura. 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
25 
FIGURA 23 - Chanfro para soldagem da lâmina de serra-fita 
 
Para realizar essa operação, aconselha-se o uso de uma esmeriladora especial, com rebolo 
afiado e não muito duro. O emprego de máquinas chanfradeiras permite realizar com precisão 
essa operação, resultando uma superfície plana e sem abaulamentos em toda a sua extensão. O 
chanfro pode ser executado manualmente através de limas, que é uma alternativa menos precisa 
e mais demorada. Neste caso, deve-se ter o cuidado de fixar o extremo da lâmina através de 
grampos ou de torno, para minimizar as imprecisões provocadas pela influência humana. Em 
ambos os casos, os extremos chanfrados não devem formar cantos agudos, sendo que os mesmos 
devem ter aproximadamente 0,1 mm de espessura, para evitar superaquecimento. 
As superfícies a serem soldadas às vezes são tratadas com uma lixa grossa para que se 
tornem ásperas e facilitem a soldagem. Nesse estágio não devem ser mais tocadas com as mãos, 
pois óleos, graxas, gorduras ou qualquer vestígio de impureza prejudica a soldagem. 
A preparação da soldagem, os extremos da lâmina são colocados sobre o aparelho de 
soldar, de forma que o seu dorso fique apoiado no encosto. As extremidades chanfradas são 
aproximadas, colocadas sobre o entalhe existente no centro do aparelho, e então, ambos os lados 
da lâmina são pré-fixados pelos parafusos de aperto. Após, separa-se um pouco as extremidades 
chanfradas, espalha-se o fundente sobre as suas superfícies, e posteriormente, introduz-se o metal 
de solda na posição exata. Antes do aperto definitivo dos parafusos fixadores da lâmina, o passo 
dos dentes dever ser novamente conferido. 
O metal de solda deve exceder em aproximadamente 3,0 mm, tanto na largura do chanfro 
como na largura da lâmina (Figura 24). Este excesso contribui para uma boa soldagem, e pode 
ser eliminado após a operação. 
Em linhas gerais, após a colocação da lâmina de serra-fita no aparelho, a soldagem deve 
ser executada, considerando-se os componentes apresentados na Figura 22, através dos seguintes 
passos: 
♦♦♦♦ apertar os parafusos fixadores nos dois lados da lâmina; 
♦♦♦♦ colocar o ferro de soldar inferior sobre a cunha móvel, embaixo da área de soldagem, e 
posicioná-la de forma a elevar ligeiramente as extremidades da lâmina; 
♦♦♦♦ introduzir o ferro superior na sua posição, alinhado com o ferro inferior e a cunha; 
♦♦♦♦ apertar rapidamente o conjunto por meio do parafuso central; 
♦♦♦♦ afrouxar os parafusos fixadores da lâmina para que a fita possa dilatar-se livremente; 
♦♦♦♦ consumada a soldagem, soltar o parafuso central e retirar os ferros de solda. 
Se os ferros de solda tiverem grande capacidade calorífica, a lâmina de serra pode ser 
superaquecida, e alcançar a temperatura de têmpera, o que deve ser evitado. Temperatura 
superior a recomendada pode tornar o metal de soldamuito líquido, provocando uma fuga da 
junção. 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
26 
FIGURA 24 - Posição do metal de solda na área chanfrada. 
 
 
Após o esfriamento da lâmina de serra, elimina-se o excesso de metal de solda, bem 
como a espessura excedente deixada por ocasião da chanfradura, com uma máquina esmeriladora 
ou manualmente através de lima. Caso a operação de soldagem produza alguma deformação nas 
bordas da lâmina de serra, deve-se proceder o seu endireitamento com o aparelho de laminação 
ou com o martelo especial. 
 
 
5. APLICAÇÕES DE REFORÇOS NOS DENTES DE SERRA 
 
A vida útil das lâminas de serra de fita, circulares e alternativas múltiplas é influenciada 
por uma série de fatores relacionados aos cuidados de manutenção das mesmas, bem como ao 
tipo de matéria-prima e às suas condições de armazenamento Algumas dessas causas podem ser 
neutralizadas adotando-se algumas providências para evitar o contato direto da madeira com o 
solo, descascamento e umidificação periódica das toras. Entretanto, a presença de substâncias 
abrasivas como cristais de sílica, encontrados em madeiras de guajuvira e angelim pedra, e a 
resistência ao corte oferecida por madeiras de alta densidade, podem reduzir substancialmente a 
vida útil das lâminas de serra. 
Para contornar o problema, os fabricantes de lâminas de serra desenvolveram alguns tipos 
de materiais duros para serem adaptados aos dentes, de modo a conferir-lhes maior resistência 
nas pontas. Dentre os materiais mais comumente aplicados nas pontas dos dentes, destacam-se a 
estelita e o carboneto. Ambos conferem maior vida útil às ferramentas de corte, quase na mesma 
proporção em que aumenta a sua dureza. Entretanto, conforme a dureza aumenta, cresce também 
a fragilidade. Os custos também aumentam proporcionalmente. O carboneto é um material tão 
duro sem ser tão frágil para resistir ao impacto de cargas, o que não significa que os outros 
materiais tenham menos importância. Esses custam menos e apresentam menor manutenção. 
Porém, as pastilhas de carboneto não se aplicam a algumas situações e circunstâncias. Por 
exemplo, as serras de fita são mais adaptáveis ao revestimento com estelita. Onde a perda de 
dente é alta devido à fragmentação de metal, o custo de substituição do carboneto pode tornar-se 
proibitivo. 
As principais alternativas comumente adotadas para aumentar a vida útil dos dentes de 
serra, são descritas a seguir. 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
27 
5.1. Revestimento com estelita (stellite tipping) 
 
O revestimento da ponta dos dentes com uma liga de metal resistente como a estelita n. 
12, propicia um aumento substancial da vida útil das lâminas de serra-fita. As vantagens 
aparecem quando do desdobro de madeiras duras e abrasivas, como mogno e teca, e outras 
espécies refratárias, muitas vezes impregnadas de componentes siliciosos, os quais podem tirar o 
fio da lâmina rapidamente. 
Madeiras que contenham corpos estranhos deveriam ser serradas com lâminas cujas 
pontas dos dentes de serra são revestidas com estelita. Para madeiras macias, contudo, o 
revestimento dos dentes com estelita usualmente não é vantajoso. 
Considera-se normalmente que dentes de aço bem retificados adquirem melhor afiação e 
possibilitam um avanço por dente mais adequado. 
O revestimento com estelita é um processo que consome muito tempo e raramente é 
aplicável, exceto para lâminas de serra-fita largas, com espessura superior a 1,0 mm, e pode ser 
usado apenas para dentes recalcados. 
Lâminas de serra-fita que se destinam ao revestimento com estelita requerem atenção 
especial durante os procedimentos de bancada, já que de outro modo, o aumento da vida útil dos 
dentes não será aproveitado. 
 
Preparação dos dentes 
 
Os dentes devem ser estampados da forma usual e, então, pré-retificados. A ponta não 
precisa, necessariamente, estar totalmente afiada, mas é imperativo evitar qualquer 
superaquecimento durante o esmerilhamento, e também dar-lhes um perfeito acabamento, 
principalmente no fundo do dente, para evitar fendas prematuras nesse local. Os dentes são então 
recalcados, para produzir o formato desejado. 
 
Aplicação da estelita por soldagem 
 
A lâmina deve estar disposta sobre os volantes, de maneira que a face do dente a ser 
estelitado permaneça numa posição horizontal e a uma altura favorável quando o operador esta 
convenientemente sentado. Uma pequena gota de estelita é derretida sobre o dente, tomando-se o 
cuidado de não fundir o aço. A operação precisa ser feita rapidamente antes que o aço oxide e 
impeça a estelita de espalhar-se. 
 
 
5.2. Pastilha de carbeto ou carboneto (carbide tipping) 
 
O uso de pastilhas de carboneto na implantação de dentes de serras circulares ou outras 
ferramentas de corte já vem sendo praticado há muitos anos. É fato conhecido que este material 
reduz o desgaste dos dentes em até 8 vezes. Recentemente, foram introduzidas no mercado 
pastilhas de carboneto pré-afiadas. Neste processo, a ponta inteira é substituída, pré-afiada na 
largura de corte exata. A pastilha é unida a ponta do dente com solda forte e polida. 
O uso de carboneto para pontas de dentes sólidos de serra circular tem se tornado mais 
popular a medida que tem aumentado o processamento de toras pequenas, uma vez que elas são 
mais adaptáveis às serras de pequeno diâmetro que os tipos de serra com dentes postiços. 
 
 
 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
28 
VARIÁVEIS ENVOLVIDAS NA TECNOLOGIA DE CORTE 
 
1. Velocidade da serra (saw speed) 
 
Velocidade com que a lâmina de serra se movimenta durante o processo de corte, 
geralmente expressa em metros/minuto. Sua determinação é realizada em função do tipo de 
serra. 
Para serras circulares, a velocidade é determinada através da equação: 
 
c = π.Φ.N Equação 6. 
 
onde, 
c = velocidade periférica, m/min 
π = constante, equivalente a 3,1416 
Φ = diâmetro do disco, m 
N = número de rotações do motor/min. 
 
O produto π.Φ corresponde à circunferência ou perímetro do disco de serra. 
Multiplicando-se este resultado pelo número de rotações do motor, obtém-se a velocidade 
periférica da serra circular. 
A partir desta equação pode-se depreender que o aumento da velocidade da serra é 
diretamente proporcional à rotação do motor, e ao diâmetro do disco. Existe, naturalmente, uma 
relação entre o diâmetro do disco e a velocidade de rotação do motor. 
Os valores comumente utilizados, variam de acordo com o tipo de madeira. Para 
madeiras de folhosas, entre 2400 e 2700 m/min, enquanto que para coníferas, entre 3000 e 3300 
m/min. 
Para serras de fita, a velocidade da lâmina pode se calculada através da seguinte relação: 
 
c = ℓ.N Equação 7. 
 
onde, 
c = velocidade da fita, m/min 
ℓ = comprimento da fita, m 
N = número de rotações do motor/min. 
 
A experiência com o emprego de lâminas de fita largas para desdobro de madeira indica 
que velocidade de10000 fpm (3000 m/min) são adequadas para madeiras mais macias, tais como 
Pinus sp. Comparativamente, madeiras mais duras podem usar velocidades entre 8000 e 9000 
fpm (2400 e 2700 m/min). Para madeiras muito duras ou congeladas, em geral velocidades entre 
6000 e 7000 pé/minuto (1800 a 2100 m/min) são empregadas. 
 
2. Velocidade de alimentação (feed speed or feed rate) 
 
Se refere a distância que a madeira avança de encontro a serra por unidade de tempo. Nos 
equipamentos que dispõem de carro transportador, é dada pela sua velocidade. 
Para serras de fita, a velocidade de alimentação é calculada por meio da seguinte 
equação: 
 
p
c
dF = Equação 8. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
29 
onde, 
F = velocidade de alimentação, m/min 
d = avanço por dente, mm 
c = velocidade da serra, m/min 
p = passo do dente, mm. 
 
A velocidade de alimentaçãoé influenciada por vários fatores, sendo diretamente 
proporcional ao número de dentes, avanço por dente, velocidade da serra, e inversamente 
proporcional ao passo do dente. 
No caso das serras circulares, a velocidade de alimentação pode ser obtida a partir da 
distância que a madeira avança para cada revolução da lâmina de serra. Pode ser calculada, 
também, através das equações abaixo: 
 
F = d.n (revoluções/min) Equação 9. 
 
ou 
 
F = d.n.N (m/min) Equação 10. 
 
onde, 
F = velocidade de alimentação, m/min 
d = avanço por dente, mm 
n = número de dentes 
N = número de rotações/min. 
 
É comum a madeira apresentar em sua superfície serrada, marcas visíveis provocadas 
geralmente por travas de dente um pouco saliente em relação aos demais. Em razão disso, a 
velocidade de alimentação pode ser obtida, medindo-se a distância entre as marcas deixadas na 
superfície serrada da madeira. 
 
3. Avanço por dente (bite per tooth) 
 
Se refere a distância linear que cada dente de serra penetra na madeira, ao passar pela 
mesma, como ilustrado na Figura 25. É determinado pela interação de algumas variáveis, como 
número de dentes, velocidade da serra e velocidade de alimentação. De acordo com o tipo de 
serra, o avanço por dente pode ser calculado por meio das seguintes equações: 
 
Serra de fita: 
D
A
75,0d = Equação 11. 
 
Serra circular: 
)p75,0D(7,0
A
d
−
= Equação 12. 
 
onde, 
d = avanço por dente, mm 
A = área da garganta do dente, mm2 
D = profundidade de corte, mm 
p = passo do dente, mm 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
30 
FIGURA 25 - Avanço por dente 
 
 
O avanço por dente é uma variável usada no balanceamento operacional das serras. 
Valores grandes requerem garganta do dente com capacidade adequada para armazenar e 
remover os resíduos do corte, sendo que o volume de madeira removido por dente é igual ao 
produto entre o avanço por dente, a profundidade de corte e a largura de corte. Avanços por 
dente grandes são comumente empregados em serras de desdobro, onde a superfície da madeira 
serrada resulta áspera. Valores pequenos são mais usados por ocasião do beneficiamento da 
madeira, em que o acabamento fino é importante. Por outro lado, a serragem produzida durante o 
corte não deve ser muito fina para não penetrar no espaço entre a lâmina e a madeira. Caso isso 
ocorra, a lâmina se aquece devido o atrito com a madeira, perde a tensão e a estabilidade, 
resultando num fio de serra ligeiramente curvo, desalinhado. 
Existe um certo consenso que um avanço por dente de 3,17 mm é apropriado para 
madeiras de coníferas, e que 2,54 mm é geralmente usado para folhosas. Entretanto, 2,79 mm é o 
valor padrão usual para cálculos de potência da serra circular. Uma regra prática, com base nas 
limitações de resistência, considera bom avanços por dente variando entre 25 e 50% da largura 
de corte, atingindo no máximo 80% da mesma. 
O avanço por dente é empregado em modelos ajustados para estimar a energia específica 
de corte, a qual compõe a equação utilizada para calcular as necessidades de potência da serra. 
 
4. Profundidade de corte (depth of cut) 
 
Corresponde ao diâmetro da tora no caso de desdobro de madeira roliça, ou a espessura 
da peça no caso de corte para dimensionamento da madeira serrada. Pode ser obtida por meio das 
seguintes equações: 
 
Serra de fita 
d
A
75,0D = Equação 13. 
 
Serra circular p75,0
d7,0
A
D += Equação 14.
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
31 
onde, 
 D = profundidade de corte, mm 
A = área da garganta, mm2 
d = avanço por dente, mm 
p = passo do dente, mm 
 
A profundidade de corte máxima recomendada é aquela que permite o preenchimento da 
garganta, a um especificado avanço por dente. Caso sejam serradas maiores profundidades, o 
avanço por dente precisa ser reduzido através da diminuição da velocidade de alimentação. Caso 
este princípio não seja observado, podem ocorrer sobrecargas no eixo motor da serra e cortes 
curvos, e diminuição da velocidade da lâmina. Em condições extremas, a serra pode “engasgar” 
e parar totalmente no corte. 
 
5. Largura de corte (kerf) 
 
Corresponde ao fio de corte produzido pela trava dos dentes durante a passagem da 
lâmina pela madeira. É outra variável importante uma vez que, junto com o avanço por dente, 
determina a capacidade da garganta, influi na resistência e rigidez da lâmina devido a sua relação 
com a espessura da mesma, e influencia também nas necessidades de potência. 
Na prática, a largura de corte (k) é praticamente igual ao valor da trava do dente, a qual 
corresponde ao dobro da espessura da lâmina (e). 
 
k = 2.e (mm) Equação 15. 
 
Como regra geral para serra circular, a cada 1/32” (0,8 mm) de mudança em largura de 
corte produzirá uma alteração de 11% na potência requerida. 
 
6. Volume de serragem (volume of wood removed by a single tooth) 
 
O volume de madeira (serragem, resíduo) removido por único dente durante sua 
passagem através da tora, pode ser calculado da seguinte maneira (dente travado por recalque): 
 
 k.D.dV = = 
c
k.D.F.p
 Equação 16. 
onde, 
V = volume de madeira removida por dente, mm3 
d = avanço por dente, mm 
D = profundidade de corte, mm 
k = largura de corte, mm 
F = velocidade de alimentação, m/min 
p = passo do dente, mm 
c = velocidade da serra, m/min 
 
Dentes de serra de fita largas geralmente são travados por recalque, ao passo que nas 
serras de fita estreitas algumas vezes são travados por torção. Neste caso, são necessários dois 
dentes para consumar a largura de corte (k) considerada na equação acima. 
 
 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
32 
7. Energia específica de corte (Specific cutting energy) 
 
Definida como a energia requerida para remover uma unidade de volume de madeira 
sólida da largura de corte em uma determinada unidade de tempo. Em outras palavras, é a 
potência necessária, em Hp, para remover um metro cúbico de madeira por minuto, expressa em 
hp/m3/min ou hp/pe3/min. 
A energia específica de corte é obtida a partir do avanço por dente, através do modelo de 
regressão multiplicativo (y = a.xb), ajustado em função da espécie de madeira. Entretanto, até o 
presente foram desenvolvidas equações para poucas espécies, sendo conhecidas as seguintes: 
 
Pinus sulinos: Ps = 8,366.d-0,47095 Equação 17. 
 
Nogueira: Ps = 13,134.d-0,39453 Equação 18. 
 
Western hemlock: Ps = 3,127.d-0,76782 Equação 19. 
 
onde, 
Ps = energia específica de corte, hp/pe3/min. 
d = avanço por dente, pol. 
 
A relação entre d e Ps estabelecida através de modelos ajustados para pinus sulinos e 
nogueira está representada na Figura 26, onde uma relação inversamente proporcional é 
observada entre as variáveis. 
 
FIGURA 26 - Relação entre energia específica de corte e avanço por dente para nogueira e pinus 
sulinos. 
Avanço por dente (mm)
E
n
e
rg
ia
 e
s
p
e
c
íf
ic
a
 d
e
 c
o
rt
e
(H
p
/m
3
/m
in
)
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
2250
2500
2750
3000
0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Nogueira - Ps = 1660,995*d
-0,394465
Pinus - Ps = 1354,508*d
-0,470977
 
 Adaptado de Willistom (1976). 
 
 
8. Potência do motor da serra (cutting horsepower) 
 
A potência da serra é determinada de modo diferente com relação ao tipo de serra de 
desdobro. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
33 
8.1. Serra de fita 
 
A potência necessária para uma serra de fita de desdobro pode ser dividida em duas 
partes: 
 
♦ potência para acionamento da serra 
♦ potência para serrar a madeira 
 
A potência para acionamento da serra é uma função linear datensão aplicada pelos 
volantes, sendo definida a partir da tensão específica aplicada à lâmina de serra. A necessidade 
desta potência é devido apenas à fricção. 
Em testes realizados por um fabricante de serra de fita de alta tensão, por ocasião do 
desdobro de madeiras de folhosas, foi observada a seguinte relação entre a força aplicada nos 
volantes e a potência devido à fricção, como mostra a Tabela 5. 
 
TABELA 5 - Relação entre força dos volantes e tensão devido à fricção 
 
Força aplicada nos volantes 
(kgf) 
Potência devido apenas à fricção 
(Hp) 
2504 13,40 
4463 18,09 
6387 21,44 
8309 26,80 
 Fonte: Willistom (1976) 
 
A tensão de tração da lâmina e a força aplicada nos volantes da serra de fita, são 
ilustradas na Figura 27. Observa-se que a força resultante da tensão de tração da lâmina (σ) é 
dada por uma grandeza igual e contrária, aplicada no volante superior da serra (f). 
 
FIGURA 27 - Representação esquemática da força aplicada nos volantes (f) e tensão de tração da 
lâmina (σ). 
 
 
 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
34 
 
A tensão de tração aplicada na lâmina de fita é obtida através da seguinte equação: 
 
2.L.e
f
=σ Equação 20. 
onde, 
σ = tensão de tração da lâmina, kgf/mm2 
f = força aplicada nos volantes, kgf 
L = largura da lâmina de serra, mm 
e = espessura da lâmina de serra, mm. 
 
Da Equação 20, resulta: 
 
f = 2σ.L.e Equação 21. 
 
De posse dos valores de f, e com o uso da Tabela 5, obtém-se diretamente ou por 
interpolação, os valores da potência devido à fricção. 
A potência necessária para serrar a madeira é uma função da profundidade de corte (D), 
da largura de corte (k), da velocidade de alimentação (F), e da energia específica de corte (Ps). É 
calculada através do produto entre essas variáveis, conforme equação abaixo: 
 
 
P = D . k . F . Ps Equação 22. 
 
onde, 
P = potência do motor, Hp 
D = profundidade de corte, m 
k = largura de corte, m 
F = velocidade de alimentação, m/min 
Ps = energia específica de corte, Hp/m3/min. 
 
Exercício prático: 
 
O proprietário de uma serraria que desdobra toras de Pinus com diâmetro máximo de 60 
cm, precisa conhecer a potência que o motor deve ter para acionar a serra de fita empregada no 
processamento da madeira. Para auxiliar nos cálculos, são informados os seguintes dados sobre a 
lâmina de serra: 
 
♦ espessura = 1,65 mm 
♦ largura = 30 cm 
♦ passo do dente (p) = 5,08 cm 
♦ altura do dente (h) = 2,15 cm 
♦ área da garganta (A) = 980 mm2 
♦ largura de corte (k) = 3,3 mm 
♦ avanço por dente (d) = 1,22 mm 
♦ velocidade da lâmina (c) = 3048 m/min 
♦ tensão de tração (σ) = 6,45 kgf/mm2 
 
Determinar: 
Energia específica de corte (Ps), avanço por dente (d), velocidade de alimentação (F), potência 
devido à fricção (Pf) e potência total (Pt). 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
35 
8.2. Serra circular 
 
Esse mesmo procedimento de cálculo talvez possa ser empregado para as serras 
circulares. O problema, no entanto, é que a energia específica de corte é conhecida somente para 
serra-fita, e mesmo assim, para poucas espécies de madeiras. 
O “Canada Forest Products Laboratory” elaborou uma tabela de potência para serra 
circular, mostrada na Tabela 6, baseada nas seguintes variáveis: 
Rotação do motor (N) = 700 rpm 
Velocidade de alimentação (F) = 52 m/min 
Massa específica = 0,34 a 0,56 g/cm3 
 
TABELA 6 - Potência da serra circular em função da rotação, velocidade de alimentação, 
profundidade de corte e massa específica da madeira (em HP). 
 
Profundidade de corte (cm) 
Massa específica 
(g/cm3) 
5 10 15 20 25 30 35 
0,34 10 20 29 39 49 59 68 
0,48 14 29 44 59 73 88 102 
0,55 16 33 48 65 79 95 111 
0,56 18 37 54 71 89 106 123 
Fonte: adaptado de Kollmann & Côté (1968). 
 
Em geral, pode-se considerar suficiente para a serra circular de desdobro, uma potência 
de 100 HP para profundidades de corte de até 30 cm 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
KOCH, P. Wood machining processes. New York : The Ronald Press Company, 1964. 530p. 
 
KOLLMANN, F.F.P; CÔTÉ Jr, W.A. Principles of wood science and technology - I. solid 
wood. New York : Springer-Verlag, 1968. 592p. 
 
LUNSTRUM, S.J. Circular sawmills and their efficient operation. Atlanta, USDA Forest 
Service, State and Private Forestry, 1972. 86p. 
 
UDDEHOLM wood bandsaw blade manual. Stockholm, Sweden : Uddeholm Aktiebolag, [ca. 
1975]. 48p. 
 
WILLISTON, E.M. Lumber manufacturing: the design and operation of sawmills and 
planer mills. San Francisco : Miller Freeman Publications, 1976. 512p.

Outros materiais