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Lâminas de serra

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Inicialmente, a lâmina é fixada numa bancada específica, e marca-se o ponto (dente) 
inicial da operação. O primeiro dente é inclinado para um lado (por exemplo, para a direita), o 
segundo, para o outro lado (para a esquerda), o terceiro, igual ao primeiro, o quarto igual ao 
segundo, e assim sucessivamente, até que o travamento de todos os dentes seja concluído, como 
mostra a Figura 3. 
 
FIGURA 3 - Travamento por torção 
 
 
 
Em alguns casos, todo o terceiro ou quarto dente é deixado reto, sem trava, para servir de 
guia ou para limpar a largura do corte. Contudo, este procedimento é justificado apenas naqueles 
casos pouco comuns, em que madeiras muito macias ou verdes são serradas com lâminas de fita 
largas e a profundidade de corte é grande. Nesses casos, a largura de corte precisa ser tão larga 
quanto possível, até 2,5 vezes a espessura da lâmina. Caso o terceiro ou quarto dente seja 
deixado como guia, a trava dos demais pode ser aumentada, sem que com isso o corte deixe de 
ser retilíneo. 
A quantidade ou valor da trava depende basicamente do tipo de madeira e da espessura da 
lâmina de serra. Para coníferas, o valor da trava pode alcançar até ½ da espessura da lâmina, 
enquanto que para folhosas, este valor atinge, no máximo, 1/3 da espessura. 
Obviamente, todos os dentes travados devem ter exatamente a mesma inclinação em 
ambos os lados. A aferição do valor da trava é realizada através de um instrumento comparador, 
o qual é apoiado lateralmente à lâmina. Dentes que, isoladamente, tem uma trava maior que seus 
vizinhos, produzem um mau acabamento e marcas indesejáveis na superfície de corte. 
Se o valor da trava for superior ao recomendado, há um grande consumo de energia e o 
dente será submetido a esforços e sobrecargas excessivas. Em contrapartida, se a trava for 
demasiadamente pequena, a largura de corte será insuficiente, o que produzirá um atrito entre a 
madeira e a lâmina, com conseqüente superaquecimento desta, resultando em cortes irregulares. 
SANTINI, E.J. Lâminas de serra 
 
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É importante que a inclinação seja restrita a ponta do dente, numa medida correspondente 
a 1/3 da sua altura, aproximadamente. Caso a inclinação exceda a esse limite, ou seja, se a dobra 
for realizada próximo à base do dente (Figura 3), a linha base do dente tornar-se-á ondulada e 
poderão surgir fendas no fundo da garganta do dente. 
 
4.1.2. Travamento por recalque (swage setting) 
 
Consiste na compressão ou esmagamento da ponta do dente, de modo a possibilitar uma 
dilatação lateral, provocando um aumento de sua espessura. O recalcamento do dente é realizado 
em três estágios, como mostra a Figura 4. 
 
FIGURA 4 - Estágios do travamento por recalque 
 
 
a) a extremidade frontal do dente é distendida 
ou dilatada a uma largura maior que a espessura 
da lâmina; 
 
b) os lados de cada dente são comprimidos ou 
moldados uniformemente, na largura e forma 
requeridas, com auxílio do aparelho de 
igualização; 
 
 
c) toda a superfície dos dentes, incluindo o 
dorso, frente e fundo, é retificada com uma 
máquina de afiação, para obter o ângulo de 
corte desejado. 
 
 
 
Antes de proceder o recalcamento, é importante que todos os dentes da lâmina estejam 
perfeitamente retos. Deste modo, se os dentes sofreram qualquer tipo de dano durante sua 
confecção, ou se foram travados por torção anteriormente, devem ser endireitados antes do 
recalque. 
O recalcamento pode ser executado manualmente por meio do recalcador manual (Figura 
5), ou automaticamente com o uso de máquinas especiais. Em ambos os casos, a operação é 
executada por um mandril excêntrico, o qual gira lentamente na parte frontal do dente 
pressionando o aço para trás, para os lados e para cima, de encontro a uma bigorna apoiada no 
dorso do dente (Figura 6). A pressão exercida por essas duas peças da máquina provoca a 
deformação da ponta do dente e um aumento de sua dureza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 5 – Instrumento de recalque (a) e seu posicionamento sobre a lâmina de serra - fita (b). 
 
 
b 
 
 
A bigorna deve sobressair-se à frente da ponta do dente e se ajustar de tal forma que o 
recalque se verifique de 0,5 a 0,7 mm abaixo da ponta do dente. Do contrário, a ponta do dente 
torna-se demasiadamente dura e quebradiça. 
 
FIGURA 6 - Ação do mandril excêntrico e da bigorna durante o recalcamento. 
 
 
 
Antes de iniciar o recalcamento, os dentes devem ser lubrificados com óleo ou, 
preferencialmente, com pasta Molikote, a fim de evitar rachadura na ponta dos dentes, uma vez 
que o processo desenvolve grandes esforços em uma reduzida superfície de contato. Além disso, 
podem ocorrer danos na própria ferramenta de recalcar, caso este procedimento não seja adotado. 
O valor de recalque recomendado em função do tipo de madeira, é sugerido na Tabela 2. 
 
 
 
 
 
 
a 
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TABELA 2 - Valor da trava por recalque em função do tipo de madeira. 
 
Tipo de madeira 
 
 
Projeção da trava para cada lado* 
- mm - 
madeira dura 
 
0,30 - 0,35 
madeira semi-dura 
 
0,40 - 0,45 
madeira macia 
 
0,50 - 0,60 
madeira seca 
 
0,40 - 0,50 
madeira verde 
 
0,50 - 0,70 
 * Considerando que após o travamento os dentes são submetidos a uma igualização, o recalque 
 deve ser feito com 0,30 a 0,40 mm a mais. 
 
Os valores de trava resultantes do recalcamento normalmente são desuniformes e 
superiores aos desejados. Para ajustá-los à largura e forma requeridas, deve-se proceder a 
uniformização da trava, o que é realizado através do processo de igualização (equalização, 
igualação). Este pode ser realizado manualmente através do igualizador (Figura 7), ou através de 
dispositivos especiais acoplados a máquinas automáticas de recalcamento. 
A igualização das superfícies laterais do dente, para dar largura igual e corretos ângulos 
radiais e tangenciais, pode ser feita mediante prensagem (com o uso do igualizador) ou 
esmerilhamento (com rebolo). 
 
FIGURA 7 – Instrumento de igualização do recalque (a) e seu posicionamento na lâmina (b). 
 a 
 
b 
 
 
Após a igualização, os dentes devem ser aferidos medindo-se o valor aproximado da 
trava com o uso de um indicador, antes do afiamento da lâmina. 
 
4.2. Afiamento (sharpening) 
 
A afiação é realizada com o objetivo de ajustar os elementos dos dentes de serra às suas 
necessidades de corte, conferindo-lhes formatos e ângulos adequados. Esta operação é realizada 
somente em lâminas previamente endireitadas e tensionadas internamente. Os dentes podem ser 
afiados através de dois métodos: rebolo de esmeril e limas. A operação de afiamento deve ser 
executada depois do travamento. 
Um pré-requisito para o afiamento perfeito é a confecção cuidadosa dos dentes, com 
passos exatos e um mínimo de rebarbas. A vida útil de uma lâmina de serra-fita é altamente 
dependente de uma correta afiação de seus dentes. Na maioria dos casos, fendas no fundo da 
garganta podem ser originadas por uma afiação descuidada, feita com ferramentas inadequadas. 
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4.2.1. Afiação com rebolo de esmeril 
 
A afiação é realizada em máquinas automáticas, com rebolos de óxido de alumínio, cuja 
espessura deve ser aproximadamente 1/3 do passo do dente. É importante que o rebolo usado 
seja relativamente mole, pois quando muito duros ou mal posicionados, desenvolvem excessivo 
aquecimento, obtendo-se têmpera abrasiva na superfície do dente com a respectiva perda de 
dureza. A máquina de afiar deve ser ajustada de acordo com a espessura da lâmina, de forma a 
manter o perfil desejado do dente e permitir o esmerilhamento sem irregularidades. Este 
procedimento se aplica também às lâminas novas, cujo formato
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