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Lâminas de serra

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Quando empenada, a lâmina movimenta-
se sobre o volante, de modo que a carga e o corte tornam-se irregulares. 
 
FIGURA 16 - Martelos usados nos trabalhos de manutenção das lâminas de serra. 
 
 
 
Para verificar a presença do empenamento, pendura-se a lâmina como mostrado na Figura 
17, de maneira a formar um laço duplo. Observando-se a lâmina de uma das extremidades, se o 
lado mais próximo do observador desviar-se à direita, significa que esta com empenamento à 
direita. Do contrário, se o lado mais próximo desviar-se à esquerda, o empenamento é à 
esquerda. 
 
FIGURA 17 - Avaliação do empenamento em uma lâmina de serra-fita. 
 
 
 
 
 
 
 
a – lâmina suspensa de modo a formar um laço duplo (double loop) 
b – empenamento à esquerda 
c – empenamento à direita 
 
Para eliminar o defeito, a lâmina devidamente lubrificada deve ser colocada sobre uma 
bigorna limpa, polida e também lubrificada, e aplica-se golpes de martelo diagonalmente no 
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sentido do empenamento. Embora na maioria das vezes o defeito se limite a pequenas partes, 
pode ser necessário realizar o tratamento em toda a lâmina. 
 
4.3.2. Serra circular 
 
Um disco de serra circular, sob o ponto de vista da tensão interna, pode ser dividido, 
basicamente, em três partes, como mostra a Figura 18: as áreas periférica, interna e central. 
Durante o seu funcionamento, a lâmina desenvolve uma força de tração, que aumenta do centro 
para a periferia, onde alcança valores máximos. Esta tração deve-se a ação de uma força 
centrífuga, que eleva-se a medida que a velocidade de rotação é aumentada. A força centrífuga 
aumenta com o quadrado da velocidade de rotação e com o raio da circunferência descrita. Deste 
modo, duplicando-se a rotação do disco, a força centrífuga torna-se quatro vezes maior. Para 
uma mesma velocidade de rotação, quanto maior o diâmetro da lâmina maior será a força 
centrífuga. 
 
FIGURA 18 - Área de tensionamento de uma lâmina de serra circular. 
 
 
 
A lâmina de serra, portanto, se dilata em função da velocidade de rotação e do 
aquecimento a que é submetida durante seu funcionamento. Sob a ação do calor, o aço se dilata e 
as tensões produzidas no metal conduz a deformações transitórias ou permanentes. Estas últimas 
surgem mais freqüentemente nas lâminas finas, que são mais flexíveis à tensão que as espessas. 
A dilatação devido ao aquecimento começa no centro do disco e alcança valores máximos na 
periferia, próximo a zona dentada. 
Caso a lâmina fosse perfeitamente plana e desprovida de tensão, e se fosse ao mesmo 
tempo submetida a uma rotação crescente e sem limite prático no seu trabalho de corte, chegaria 
um momento que a força centrífuga e a fadiga determinada pelo ato de serrar excederiam a força 
de coesão das moléculas do aço, e a lâmina, então, arrebentaria. 
Por esta razão, é necessário que o fabricante ou o laminador da lâmina de serra executem 
o seu tensionamento interno, para que a mesma possa resistir ao esforço resultantes do corte. A 
dilatação da área interna do disco equilibra a distensão produzida durante o desdobro da madeira 
devido a ação do aquecimento e velocidade de rotação. Deste modo, quando atinge sua 
velocidade normal, a lâmina de serra torna-se perfeitamente plana e rígida, produzindo um fio de 
corte retilíneo e peças de madeira bem dimensionadas. 
Vários fatores influem na quantidade de tensão interna das serras circulares, dentre os 
quais pode-se mencionar o diâmetro, a espessura, a velocidade da serra, o número de dentes, o 
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tipo de madeira, a potência disponível e a velocidade de alimentação. Em geral, serras de maior 
diâmetro, mais finas, mais rápidas e submetidas a maiores esforços requerem mais tensão interna 
que aquelas que apresentam características contrárias. 
Para realizar a operação de tensionamento é necessário uma bigorna, um apoio de 
madeira e um martelo arredondado de pena ao contrário, um sistema de fixação da lâmina e duas 
réguas planas, sendo uma de 45 cm e outra de 110 cm. O tensionamento é obtido por 
martelamento da área interna do disco, cujas batidas são efetuadas em círculos concêntricos 
previamente traçados sobre a superfície da lâmina. (Figura 19.) A superfície de trabalho 
arredondada do martelo impede que cantos vivos possam ofender a lâmina. Marcas produzidas 
por golpes do martelo podem dar origem a rupturas que reduzem a vida útil da lâmina de serra. 
 
FIGURA 19: Marcação das linhas de tensionamento de uma serra circular. 
 
 
 
Quando se martela ou lamina uma determinada parte do disco, esta perde sua rigidez, 
tornando-se frouxa. Com isso, procura-se conferir maior rigidez possível à borda dentada sem 
provocar um afrouxamento exagerado da parte central do disco. 
Se a lâmina for excessivamente tensionada, o centro perde sua rigidez, tornando a mesma 
côncava ou convexa. Ao mesmo tempo, a borda dentada torna-se muito rígida, o que requer a 
aplicação de marteladas diretamente sob a base dos dentes. 
O tensionamento das serras circulares é avaliado através da altura da passagem de luz 
pelo espaço deixado entre a concavidade da lâmina e uma régua plana. Quando a régua é 
encostada à lâmina, a abertura de luz medida no centro do disco deve apresentar determinados 
valores, que variam em função do diâmetro da serra, como mostra a Tabela 4. 
 
TABELA 4 - Controle do tensionamento em serras circulares. 
 
Diâmetro da lâmina 
(mm) 
Altura de passagem de luz 
(mm) 
400 0,3 - 0,5 
600 0,6 - 0,8 
1000 1,6 - 1,8 
1400 2,4 - 2,6 
 
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As serras circulares depois de tensionadas, apresentam, quando em repouso, o formato de 
um disco côncavo, e quando em movimento, em razão das forças de dilatação e centrífuga, 
tornam-se planos. O perfil apresentado pelo disco de serra em diferentes situações de uso, é 
mostrado na Figura 20. 
 
 
FIGURA 20 - Comportamento da lâmina de serra circular em função do tensionamento aplicado. 
 
 
 
 
a) lâmina corretamente tensionada, em repouso 
 
b) lâmina com excessiva curvatura causada, 
possivelmente, por desgaste nas falanges 
 
c) deformação da lâmina causada por excesso de 
tensionamento para a velocidade que a serra 
opera 
 
d) funcionamento da lâmina a uma velocidade 
superior àquela a que foi tensionada. 
 
 
Os fabricantes de serra circular já fornecem a lâmina devidamente tensionada. Entretanto, 
se a serra for utilizada para uma velocidade diferente daquela prevista, deve ser novamente 
tensionada para esta nova situação. 
Após a operação de tensionamento, é comum encontrar partes da lâmina abauladas ou 
salientes. Essas imperfeições são detectadas com a régua plana já mencionada, e devem ser 
eliminadas com o uso do martelo especial. 
Algumas vezes pode acontecer que a lâmina de serra, em razão de sua tensão, vacila no 
momento de ser posta em movimento, mas quando alcança plena velocidade trabalha 
normalmente. Entretanto, se estas oscilações ocorrem sempre, significa que a lâmina está muito 
distendida. Neste caso, é necessário dar umas marteladas no corpo da lâmina, próximo da zona 
dentada, para torná-la um pouco mais rígida no centro. 
Para obter um rendimento perfeito, é indispensável que a lâmina de serra tenha uma 
tensão proporcional à velocidade do eixo no qual ela funciona. Em conseqüência, nunca deve ser 
utilizada uma mesma lâmina para duas ou mais máquinas, cujos eixos tem velocidades 
diferentes. Pela mesma razão, uma lâmina que teve seu diâmetro reduzido pelo uso, não terá 
mais a tensão adequada que apresentava quando nova. Nesse caso, será necessário proceder 
novamente seu tensionamento, ou aumentar a velocidade do eixo motor. 
 
4.3.3. Serra alternativa de quadro 
 
As lâminas de uma serra alternativa raramente necessitam de tensão interna, pois
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